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segunda-feira, 11 de julho de 2022

3123 - Objetos Bizarros (Reedição)


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 285                                        Data: 14 de setembro de 2004

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MUSEU DE OBJETOS BIZARROS


Foi notícia nos jornais ingleses e aqui no Brasil chegou através da internet: o Museu de Ciências de Londres exibe aquela que é considerada uma das mais bizarras coleções científicas do mundo. São 170 mil objetos espalhados por seis andares de um prédio vitoriano. 

Lá se encontram inúmeros telescópios, incluindo aquele em que o Capitão Cook descobriu a Austrália, e avistou, certamente, o primeiro canguru.  Entre tantos objetos não poderiam faltar as antigas cadeiras de dentista. Quem costumava ver os filmes mudos do Carlitos, recorda-se naturalmente que a cadeira de dentista era uma geringonça tão estranha, naquele tempo que em uma extração de dente exigia anestesia geral, que o artista descobriu comicidade no que para muitos seria uma cadeira de torturas. Não só Charles Chaplin descobriu comicidade, também W.C. Fields, aquele que bebia tanto que atuava com um copo na mão, e disse que encontraram hemácias no seu exame de uísque. Pois W.C. Fields teve de largar o copo para segurar um boticão na cena de um filme em que arrancava o dente de uma paciente de maneira meio desajeitada, meio safada, que quase transforma a cadeira de dentista em cama. No Museu de Ciências de Londres, as cadeiras de dentistas são, pelo que se deduz, anteriores aos avôs de Charles Chaplin e W.C. Fields, e devem guardar semelhanças assustadoras com as cadeiras da Inquisição.

Elas estão na seção de equipamentos médicos do Museu, e lá também se acham as furadeiras usadas para fazer buraco no crânio das pessoas a fim de deixar saírem os demônios. Parece incrível, mas não é. Eis um uso que permanece atualíssimo: fazer buracos nos crânios alheios para saírem os demônios que, certamente, não precisam de chifres, de pata e de cheiro de enxofre, pois eles são vistos sob os mais diversos disfarces pelos fazedores de buracos, que são muçulmanos, cristãos, judeus, etc. As furadeiras foram para os museus pela pouca eficiência em comparação com armas bem mais sofisticadas para esburacar crânios, não resta dúvida.

O Museu de Ciências de Londres se situa no bairro de Kensington, oeste de Londres – informa o texto da internet já prevendo o número de turistas curiosos de verem tantos objetos que, bem ou mal, contam a história da humanidade através de um largo tempo. Não sei se algum leitor do Biscoito Molhado se aventuraria por Londres com a finalidade de visitar tal exposição, já que a nossa moeda perdeu a antiga força. Na Copa do Mundo de 1998 na França, um grupo de brasileiros batucou pagodes e comeu churrasco à beira do Sena – graças ao real, todos se recordam – mas poucos meses depois das eleições de outubro desse mesmo ano, quando a banda cambial deu lugar ao câmbio flutuante, ficou praticamente impossível para a turma da farofa viajar e fazer também uma churrascada com pagode à beira do Tâmisa. Evidentemente que essa não seria a motivação para os leitores do Biscoito Molhado irem a Londres além da visita ao Museu; eles, como nós, são simpatizantes das manifestações populares, mas não praticantes.  

Com os recursos escassos que temos, seríamos nós capazes de realizar uma exposição de objetos curiosos que contasse pelo menos a história dos últimos dez anos que envolveram as autoridades da marinha mercante brasileira? Eis uma idéia maluca que me ocorreu, e que só dá mesmo para desenvolver nestes meus dias ociosos de férias. Alguns desses objetos bizarros até seriam facilmente localizados para uma exposição nos moldes do Museu de Ciências de Londres:

1- Faixa de Miss Conteudoless. 
Dieckmann recebeu a citada faixa dos seus antigos colegas do Colégio Militar e a deixou exposta na sua sala, enquanto se comemorava o seu aniversário.
2- Flecha de Cupido
Todas as flechas que Cupido desferiu no coração do Diretor-Geral atingiram o alvo, com exceção de uma, que foi recolhida  pelo Djalma, que já se prontificou a cedê-la a nós para a referida mostra. Aqui, uma explicação: Cupido só errou uma flecha, porque o Cupido da Amazônia tem uma mira muito mais eficiente do que o da Grécia.
3- Flanela de apagar quadro negro.
Na época em que o Dieckmann, como coordenador-geral de Transportes Marítimos, promovia palestras, tivemos uma sobre a qualidade ISO. O palestrante, ao tomar conhecimento da falta de um apagador, solicitou uma flanela e uma garrafa de álcool. Depois de embeber a flanela com álcool e por-se a apagar o giz do quadro negro, ainda ouviu piadas que o comparavam a rebolativa Alcione Mazzeo da Escolinha do Professor Raimundo. Essa flanela ainda apagou quadros de muitas outras palestras e é fácil recuperá-la, mas a garrafa de álcool, não poderemos pegar para a nossa exposição, porque logo sumiu: um conhecido borracho da Coordenadoria de Arrecadação já bebeu tudo - dizem.    
5- Fronha Molhada
A fronha molhada apareceu no meio do Curso de Regulação Econômica, quando ele se pôs a imitar Keynes com trejeitos e voz fina:
- “Com gente aqui que morde a fronha, e o professor agindo desse jeito... sexualmente incorreto”.- comentou-se.
Bem, não será difícil nós conseguirmos aqui mesmo, seja com funcionário estatutário ou terceirizado, uma fronha molhada para a nossa exposição.
6- Latinha da cerveja Xingu bebida pelo Zé Maria
Os professores do curso acima citado, não deixavam de citar a distribuição de cerveja como o exemplo mais à mão de “dificuldade à entrada no mercado”, no caso, mercado de bebidas. Isso estimulava a sede da Luiza, que bradava no meio das aulas:
- “Professor, o senhor já tomou Xingu?... É cerveja pra macho”.
E, assim, Luiza levou um dia uma latinha para o Zé Maria, o professor que confessara nunca ter bebido “cerveja pra macho” até aquele dia.

Bem, nós poderíamos listar inúmeros objetos que contam a história das autoridades marítimas brasileiras, como as sapatilhas com que o doutor Barreiros dançou no nosso happy-hour em dezembro de 1999, mas cansaríamos os nossos leitores. Encerramos, então, por aqui, com a certeza, agora, de que essa exposição  seria factível.

















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