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sexta-feira, 21 de junho de 2013

2413 - mais calado do que nunca 2




O BISCOITO MOLHADO
Edição 4213                                   Data:  20 de  junho de 2013

A RÁDIO J.B. NO RÁDIO MEMÓRIA
2ª PARTE

Como o Simon Khoury já tinha citado, de passagem, o Carlos Kroeber, o Carlão, como produtor da peça “Computa, computador, computa”, quando Fernanda Montenegro cantou “Flor Amorosa”, agora, detinha-se nele. Carlão – disse – ia ser o rival do Tarcísio Meira na novela “Roda de Fogo”, que era chamada pelos mais íntimos, segundo o narrador, de “Cu em Brasa”. O ator seria rival de Tarcísio Meira e, como estava gordo, precisava emagrecer para que os espectadores ficassem convencidos do seu papel. Assim, procurou um médico, amigo seu de muitos anos, o Doutor Praxedes, que era homossexual, para uma consulta.
O Galeno lhe receitou, então, uma dieta, mas Carlão engordou dois quilos com ela. O Doutor Praxedes mudou o receituário, mas o rival do galã Tarcísio Meira não emagreceu, pelo contrário. Voltou, então, ao médico e o encontrou acamado, combalido; quando ele lhe contou que assim estava porque escorregara e caíra com o ânus bem em cima do gargalo de uma garrafa, Carlão exclamou:
-Que pontaria!
Chegara o momento da pausa da meditação, mas com as histórias que o Simon Cury contava, não havia tempo para meditar. O próprio titular do Rádio Memória o incentivava:
-E agora?
-Simon Khoury discorreu, então, sobre o programa que produziu que tinha como atração maior um questionário com perguntas a serem elucidadas pelos ouvintes, cujo prêmio, para quem acertasse tudo, era uma coleção história da Polygram. Não havia e-mail, computador, mas eram muitos os que concorriam, frisou.
-Ninguém acertou. Alguns ficavam perto, dez respostas certas, onze. - informou.
E exemplificou com uma questão sobre um compositor de música erudita que, no seu enterro, choveu e os acompanhantes se dispersaram, com isso, não se soube mais onde foi enterrado.
Expressando uma surpresa regressiva, exclamou:
-Não houve um que acertasse.
Se a pergunta fosse feita depois de 1984, ano em que foi lançado o filme “Amadeus”, de Milos Forman, certamente muitos acertariam. - imaginei.
Lembro-me do meu irmão Claudio, todo animado, porque acertou uma dessas perguntas do Simon Khoury, e o prêmio, anunciado depois, era uma viagem no ônibus espacial Challenge, aquele que explodiu com seus tripulantes.
Sempre gozador...
Agora, o apresentador da saudosa Rádio Jornal do Brasil mostrava outra preciosidade, a gravação de uma entrevista com Paulinho da Viola. Ele lhe pergunta se, no fundo do poço, só com uma guitarra elétrica por perto, tocaria. Paulinho, com a sua voz que relaxa os nossos nervos, respondeu que sim, tocaria guitarra elétrica, mas não garantiu que o faria com prazer. Diante da insistência do seu interlocutor sobre o assunto, afirmou que considera válido que pessoas toquem esse instrumento, mas que ele, particularmente, apenas não viu necessidade de fazê-lo. E, então, cantou “Guardei minha viola”.
-Maravilha! - extasiou-se o Jonas Vieira.
-A voz do Paulinho da Viola é uma grife. - pontuou o Sérgio Fortes.
Simon Khoury voltou aos casos.
-E a gafe do Jorge Veiga... Certa vez, num hospital de tísicos, que visitava, fez um pequeno discurso: “Ilustríssimos senhores, digníssimas senhoras, amigos tuberculosos...
Quando anunciou mais uma ocorrência, agora com o Orlando Silva, Jonas Vieira, amigo do grande cantor, já prevendo o que vinha pela frente, estrilou:
-Orlando Silva, não...
Simon Khoury seguiu adiante:
-Estavam juntos Paulo Gracindo e Orlando Silva, quando Paulo Gracindo disse: “Que canícula!” Orlando Silva reagiu indignado: “Canícula o cacete! Isto é seda pura.”
Com as gargalhadas do Sérgio Fortes ao fundo, Jonas Vieira negava, com veemência, que o seu grande amigo tenha dito isso.
Sérgio Fortes, aproveitando as raras pausas que apareciam, falou de um amigo dele e do Dieckmann que, na hora de pagar as despesas, puxa um talonário do BANERJ (*). Sorte do Sérgio, que não conhece outro amigo do Dieckmann; esse recolhe os cartões de crédito dos homens para obrigá-los a pagar a conta das mulheres. Mas isso não é assunto para uma hora de descontração.
Mais sério, Simon Khoury passou para outra raridade: a gravação sua com Durval Ferreira  e Maurício Einhorn. Perguntou-lhes o que houve, na música popular do Brasil depois da Bossa Nova. Responderam que nada, que houve a Tropicália, porém nada de novo surgiu com ela, diferentemente da Bossa Nova, que exportou música popular brasileira. Simon Khoury estabeleceu uma analogia entre Jazz e Bossa Nova e quis saber se eles seriam capazes de improvisar. E assim foi, com belos solos de harmônica do Maurício Einhorn.
Terminada a gravação, foi lamentada a morte de tanta gente, mas Jonas Vieira reagiu prontamente:
-Maurício Einhorn está vivo e virá ao nosso programa brevemente.
Sempre gozador, o convidado do Rádio Memória contou que deu início a uma entrevista com Tom Jobim perguntando se ele recorria ao Viagra. Tom Jobim disse que não, mas reportou-se a um fato esquisito que lhe aconteceu. Compusera para um filme, na Europa, com o ator e cantor Charles Aznavour. No coquetel, seus amigos lhe chamaram a atenção para a deslumbrante atriz Candice Bergen, que não parava de olhar para ele. Constatou, então, que ela, realmente, flertava com ele. Abordou-a e os dois passaram a noite juntos. No café da manhã, os cupidos, prenhes de curiosidade, perguntaram-lhe como foi. “Dei duas broxadas maravilhosas” - respondeu Tom Jobim.
Não satisfeito com as risadas que provocou, Simon Khoury passou para outra história.
-Carlos Kroeber, o Carlão, adorava o Tom Jobim; em retribuição, ele compôs “Chora, Coração” para o filme “A Casa Assassinada”. Eu conhecia o Carlão e o José Lewgoy, seu amigo inseparável. Um dia, levei os dois ao Plataforma, no Leblon, para apresentá-los ao compositor. E lhe disse: “Aqui, estão dois grandes amigos, unha e carne; corda e caçamba; cu e cueca. Carlão estendeu a mão para o Tom e disse: “A cueca, muito prazer.”
Após tantas gargalhadas, veio, através de outra gravação rara, a voz sussurrante da Marisa Gata Mansa. Contou ela uma viagem de avião com a Dolores Duran, ao seu lado e de como lhe expressou o seu medo, o que inspiraria uma letra à sua amiga, em plena voo, que Ribamar, posteriormente, musicou. E cantou “Não me culpe.”
-Marisa Gata Mansa, uma pessoa tão doce...
-Lembro-me dela na TV Tupi. - juntou o Sérgio Fortes suas palavras às do Jonas Vieira.
A palavra retornou ao Simon Khoury que, depois de relembrar o grande artista que foi Paulo Fortes, citou o desafio que propôs à Elizeth Cardoso, que o deixou com o rabo entre as pernas. A prova estava na gravação que foi ao ar: ele duvidou que ela cantasse “Estrada Branca” a capela.  Não sei se foram 30 anos depois, sei que daqui a 60, 100, 200 anos quem ouvir esse momento da Elizeth Cardoso ficará, como nós, naquele domingo, encantado.
Sérgio Fortes explicou que não foi ao Sul para se embebedar, como dissera o Dieckmann e sim para visitar o filho e, em seguida, tratou de uma reportagem que lera no Jornal Zero Hora sobre “Tatuzinho”, um artista que se casaria com a “Divina” e, no entanto, foi vencido pelo alcoolismo.
O Rádio Memória se aproximava do final e Jonas Vieira se fixou nos livros da série “Os Bastidores”, que tratam de grande parte da nossa história recente. Simon Khoury informou, com orgulho, é claro, que participou de mais de 600 entrevistas cobrindo todo o espectro da vida artística daquela época.
Jonas Vieira prometeu que, no próximo domingo, prosseguiriam as recordações da Rádio Jornal do Brasil e o Simon Khoury prometeu que escarafuncharia ainda mais o seu valioso arquivo.

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO também conhece a mencionada figura. Trata-se de Henri, o atual presidente do Veteran Car Club do Rio de Janeiro. Na verdade, não se sabe se é do BANERJ, pois ninguém nunca viu a cor do cheque.

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