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segunda-feira, 10 de junho de 2013

2395 - cartas atualizadas


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4195                                  Data:  26 de  Maio de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

-“Olá, acabei de ler o Biscoito Molhado com a “resenha” sobre o programa de domingo. Fiquei feliz com seus comentários e mais feliz ainda em fazer o programa – na verdade, participar dele. Sentar àquela mesa de gente tão entendida foi um desafio, mas uma oportunidade imperdível, além do prazer de ouvir a seleção de músicas. Um abraço amigo.” Branca Euler
BM: Branca, a sua participação no Rádio Memória foi ótima, mormente quando você solicitou a gravação “Boogie Woogie Bugle Boy” com “The Andrews Sisters”. Eu, que desconhecia tudo, fiquei tão impressionado que comentei a sua solicitação com uma colega de trabalho, a mais culta entre todas, a Lourdes. Ao ouvir o nome da canção, a impressão que sentiu, pelo que percebi, só pode ser narrada por Marcel Proust quando comeu o bolo Madeleine. O sentido era outro, audição em vez do paladar, mas o afloramento da memória involuntária foi parecido.
Disse ela.
-Essa música ouvi num filme que passou na televisão... Eu assistia a muitos filmes, principalmente cômicos, ao lado do meu avô.
Como ainda estivesse dubitativa, pediu que eu cantarolasse “Boogie Woogie Bugle Boy”. Não o fiz, pois seria um desastre. Procuramos, então, escutá-la no computador. Tentamos três ou quatro sites, mas estavam bloqueados. Mas os censores da informática da ANTAQ cochilaram e nós conseguimos o que tanto queríamos. Seu rosto se iluminou:
-É essa mesma. E o filme a que assisti com meu avô era com a dupla Abbot & Costello.
Como você disse que ficou feliz, concluímos que houve uma felicidade geral.

-“O preclaro “mitron” exagerou no Luiz Felipe que disse “I”. O Rei Cidadão não era numerado, foi único. Se houvesse outro este seria o “II”, o que sucede com o Papa Francisco, ainda não se cogita de um segundo. O Polonês mereceu a numeração adequadamente. Há trezentos anos li uma biografia da Rainha Elizabeth, sei lá o nome do autor, e escrita no início do século XX, não lhe dava o número, o.k.?”
“Sobre o Vespasiano, muito aprecio a criação de mictórios públicos que até hoje, pelo menos na Europa, recebem o seu nome. Quando o Tito reclamou da ideia que reputou malcheirosa, ele esfregou uma moeda no nariz do filho, sabiamente declarando: Pecunia non olet. É vero.”
“Vi um documentário na TV 2 (aliás, todas que exibiram eram ótimas) em que Michael Palin (do Monty Python) refez “A volta ao mundo em 80 dias”, achando que os trens e barcos mais velozes lhe dariam vantagem. Ledo engano. Esbarrou com a modernidade das greves. Releve-me a letra, estou disputando a mesa com o Calígula.”
“Além do Miojo, fabrico uma aberração que lembra uma sogra.”
“P.S. Na página 138, a dama do cerimonial fala do Rei Juan Carlos I. Agora estou intrigada para valer. Estou errada? Não tenho como apresentar provas do que digo.”Rosa

BM: Vamos por parte, iniciando com o post scriptum. A dama do cerimonial é Claudia Matarazzo, irmã de Andrea Matarazzo, que foi embaixador do Brasil na Itália no governo Fernando Henrique Cardoso. Ela, por sua vez, foi Chefe do Cerimonial do Governo do Estado de São Paulo e escreveu o livro “No Palácio” em que conta as suas experiências – presente que a nossa missivista me deu através do Luca.
Alude ela ao jantar que o governador Mário Covas ofereceu a Sua Alteza Real, Felipe, Príncipe das Astúrias, filho do Rei Juan Carlos I da Espanha no Palácio Bandeirantes. Narra que, no momento da sobremesa – hora em que se fala de amenidades – o governador, que era de origem espanhola, estranhou que o Príncipe comia o sorvete com o garfo e, não podendo conter a sua curiosidade, perguntou-lhe se isso era um costume do norte.
“Na verdade não é, governador, mas não encontrei a colher de sobremesa entre os talheres, de modo que estou usando o garfo.”
Bem, a Rosa que foi tão severa ao me chamar a atenção que não cabia o “primeiro” no Rei-Cidadão, deixou passar o “I” do Juan Carlos. Mas não quero que ela deixe de criticar os meus textos. Como diz o Dieckmann, “nada de jornal chapa branca, pau na administração.”
Rosa me chama de “mitron”, aprendiz de padeiro em francês, não sei se à vera ou de brincadeirinha, de qualquer maneira aceito o epíteto com o meu avental sujo de farinha de trigo.
Ela se reporta à reportagem sobre o meu encontro e o do Elio Fischberg com Balzac, às vésperas da encenação da segunda peça teatral do autor de “A Comédia Humana”.
Rosa, a nossa polimata, trata com muita intimidade Sua Santidade João Paulo II. Falando nisso, numa das suas epístolas, disse que polimata é a minha avó. Como não adjetivou avó com um “torta”, não me senti ofendido.
Em seguida, ela fala das Elizabeth rainhas da Inglaterra e de um livro do início do século XX. Certo, a filha do rei do filme oscarizado, assumiu o trono em 1952 e, no ano passado, comemorou o seu Jubileu de Ouro.
Agora, Rosa se refere à edição deste periódico sobre o Coliseu. A frase do Imperador Vespasiano, citada em latim, virou nos dias de hoje um princípio do Direito Tributário, aquele em que o Estado diz que o dinheiro não tem cheiro.
O sanguinário Nero virou um prosaico nome de cachorro, dizia Nélson Rodrigues. Digo isso para esclarecer que Calígula é um dos gatos da Rosa, que lhe atrapalhou a redação da sua missiva.



  “Dessa vez, não há dúvida, imaginou o Dieckmann a este distribuidor, era mesmo eu! Dia sem nuvens na capital do fog, só comigo a bordo.” Dieckmann
BM: Os leitores não se espantam mais, sabem que o Dieckmann é porta-voz de si mesmo. Ele se reporta à viagem que fizemos pelo tempo, ano 1943, em plena Segunda Grande Guerra Mundial, precisamente sobre essa frase que escrevi sob o efeito do medo dos aviões da Luftwaffe:
Olhei para o céu e nada vi que assustasse, nem mesmo nuvens negras anunciando chuva.
Bem, nunca estive realmente em Londres, mas, pelos livros que li e filmes que vi, não tenho dúvidas que lá chove. Pensei também em citar a corrida de Fórmula 1, que passa na televisão, quando uma as maiores preocupações dos profissionais envolvidos nela é a previsão meteorológica; mas me corrigi a tempo: na Inglaterra, a Fórmula 1 é disputada na cidade de Silverstone(*).
Voltando ao Dieckmann, o que depreendi do seu texto é que o fog impede a entrada do cumulus nimbus em Londres. Ou não entendi o Dieckmann? Bem, ele diz que não me entende, estamos quites, então.

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO acompanha a Formula 1 e desconfiou da afirmativa biscoital, pois achava que haveria alternância entre duas pistas. Mas o redator está certo, Silverstone é exclusiva desde 1987. Segue um resumo da Wikipédia, que explica a desconfiança do Distribuidor:
Prova automobilística realizada no Reino Unido, disputada pela primeira vez no ano de 1948. No Brasil, é denominada erroneamente de Grande Prêmio da Inglaterra, quando a designação correta deve ser Grande Prêmio da Grã-Bretanha, versão em português para a expressão British Grand Prix, nome oficial da corrida.
O Grande Prêmio da Grã-Bretanha é hoje uma prova válida pelo calendário do Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA, sendo atualmente disputado no Circuito de Silverstone, perto da cidade de Silverstone, em Northamptonshire. O Grande Prêmio britânico, ao lado do GP italiano, são as duas únicas corridas a figurar, ininterruptamente, em todas as temporadas do Campeonato Mundial de Fórmula 1, desde 1950.
Há uma divergência quanto ao ano de surgimento do Grande Prêmio da Grã-Bretanha. Alguns apontam o ano de 1926, quando foi disputada, em Brooklands, a primeira corrida denominada "British Grand Prix", criada graças às vitórias obtidas pelo piloto britânico Henry Segrave, que havia triunfado no Grande Prêmio da França, em 1923, e no Grande Prêmio da Espanha, no ano seguinte, despertando o interesse de seus compatriotas pelo esporte a motor. Essa primeira corrida foi vencida pela equipe francesa de Louis Wagner e Robert Sénéchal, pilotando um Delage 155B. Em 1927, houve uma segunda e última edição dessa corrida de Brooklands, vencida pelo francês Robert Benoist, igualmente a bordo de um Delage 155B.
Desde então, não mais ocorreu, no Reino Unido, nenhuma outra corrida automobilística sob a denominação de "British Grand Prix", salvo após o fim da II Guerra Mundial, quando foi disputada, em Silverstone, no dia 2 de outubro de 1948, o chamado "I RAC British Grand Prix", considerado por outros como a verdadeira origem do Grande Prêmio britânico.
A partir de 1950, o GP da Grã-Bretanha passou a integrar o calendário da Fórmula 1, tendo sido a primeira corrida válida pelo Campeonato Mundial daquele ano. Entre 1955 e 1886, outras duas pistas alternaram com Silverstone o privilégio de sediar o GP britânico, sendo elas Aintree (mais conhecida pela disputa hípica) e Brands Hatch. A partir de 1987, Silverstone passou a abrigar a corrida com exclusividade.
Antes de ter passado por modificações, em 1991, a pista de Silverstone era uma das mais rápidas do calendário da Fórmula Um.


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