O BISCOITO MOLHADO
Edição 5345 D
Data: 08 de janeiro de 2017
FUNDADOR: CARLOS EDUARDO
NASCIMENTO - ANO: XXXV
RODA GIGANTE QUENTE
Adoro cinema. E adoro comédias. Neste particular, agora no
fim do ano, fiquei bem feliz de rever o filme de Billy Wilder, Quanto Mais
Quente Melhor. Talvez um dos poucos títulos em Português melhor do que o
original. Junto a esse diretor, exportação austríaca dos tempos negros, outro judeu,
Woody Allen, que recheou bem o meu apetite por comédias durante muito tempo.
Devo ter visto quase todos os seus filmes.
Acabei de ver Roda Gigante, sua última produção. É um drama
grego ambientado nos anos 50, quase todo em um parque de diversões, em Coney
Island. Não gosto dos dramas de Woody Allen, porque ele sempre quer virar
Bergman, mas este filme não só me manteve atento, como apresentou um Jim Belushi, o
irmão menor do doidão John Belushi em um papel sério e denso, e transformou
a Kate Winslet em uma linda Maureen O’Hara, louca e ruiva, como John Ford e
John Wayne nunca viram. Nenhum desses dois caberiam num filme do Bergman e isso
já garantiu uma certa originalidade.
Ambos os filmes são retratados em épocas passadas, um no final da Lei Seca e o outro no
pós-guerra. Um é em preto e branco, todo o jeito de cinema noir, com fumaças,
vapores e contra-luz; o outro é colorido, uma cor das fotos Kodak que não se
vêem mais, com vermelho, azul e amarelo nítidos; ou seja, em ambos há um capricho
excepcional na fotografia.
Ambos têm um destaque como artista, um feminino Jack Lemmon,
tão feminino como poderia ser uma dama, carregando carinhosamente Tony Curtis e
Marilyn Monroe e, em Roda Gigante, Kate Winslet em monólogos enlouquecidos de
ciúme e carência. Frases que nós todos já ouvimos, de perto, ou não, mas
absolutamente cabíveis e geradoras de tensão.
Jack Lemmon é um capítulo à parte, parece uma tia solteirona
e esbanja expressões, corporais, faciais, de todo o tipo.
Ambos os filmes rondam o crime, os mafiosos, mas um descamba
para a comédia e o outro para o drama conjugal, familiar. Aliás, botar um
garoto incendiário infernizando as boas almas foi uma pitada de ótimo tempero.
Do mesmo jeito, quem temperaria melhor uma queima de arquivos, fazendo os herois entrarem numa orquestra feminina para fugir da situação? E quem botaria George Raft
ironizando um aprendiz de gangster, que jogava moeda para o alto, um clichê
repetitivo, logo ele, gangster histórico?
Em ambos, a falta de dinheiro é um fator determinante na
vida dos personagens. Em ambos, pequenos roubos são realizados e encarados
normalmente. Em ambos, há um sonho por uma vida longe dos problemas, em um a
vida resolve; no outro, o problema ganha.
Olhando a produção dos diretores, Billy Wilder fez 27 filmes
e Woody Allen, 54 até agora. Dois filmes de Woody Allen merecem destaque, por
marcarem muito bem a transição entre filme e fantasia dentro do filme: A Rosa
Púrpura do Cairo e Meia–Noite em Paris. Vi ambos apenas uma vez e não me parece
que os veria novamente. Já o Escorpião de Jade e Os Trapaceiros, o filme da
loja de rosquinhas vizinha ao banco, vi algumas.
Seria covardia comparar que diretor eu vi repetidas vezes.
Só Quanto Mais Quente Melhor, umas 20. Testemunha de Acusação,10, Amor na
Tarde, Sabrina, Stalag 17, Sunset Boulevard, Billy Wilder ganha disparado. Aliás, já
que mencionei os filmes diferentes do outro, que tal lembrar que Sunset
Boulevard começa com o narrador do filme falando já morto na piscina? Ou que os
suprimentos do Afrika Korps (Cinco Covas no Egito) estavam enterrados embaixo
de cada letra de EGYPT em um mapa? Quem enterraria suprimentos na areia do
deserto? Só inteligências inferiores e assim Billy Wilder deu um tapa nos
nazistas que o fizeram emigrar a tempo.
Tantas coincidências depois, que roda gigante é essa que me
fez juntar dois filmes tão diferentes?
Danou tudo. Vou ter que ir ao cinema, assistir a essa tal roda gigante. Não faço isso desde a estreia de Ben Hur. Farei isso para confirmar o que antecipadamente já sei : A crítica do Dieckmann certamente supera em muito o filme.
ResponderExcluirSergio, não precisa ir. Ontem, no Bondinho, todo mundo disse que odiou. Eu também não gostei, mas o que está aí é verdade. O que é bem pouco. E a Elvira, hein, cadê?
ResponderExcluirRetificando,
ResponderExcluiro que é pior...
crítica
Boa tarde, Biscoito. Ainda estou aqui. rs
ResponderExcluirQuando o Sergio for avô, além de assistir aos épicos assistirá filmes da Disney, Mulher Maravilha (2017) e que é pior, achará ótimo!
Estou ansiosa para assistir Fala sério, mãe, da Ingrid Guimarães.
Parece que faz séculos que eu ia aos "cult", do Odeon.
É, acho que estou vivendo minha última infância.
Terceira dimensão não via desde o tempo do Cineac. Curti mais do que as netas.
O jornal O Globo não sabe o que está perdendo por não ler o Biscoito Molhado.
Bárbara morreu e acabou critica de arte no jornal. Triste.
Fora de foco:
Vi um documentário sobre Alexander Shulgin e Ann Shulgin e coloquei no Google Sacha e Ann para saber mais sobre eles. Só deu a filha de Xuxa e o namorado. É, tá difícil!
Biscoito,
ResponderExcluirO meu comentário desaparece após alguns minutos. No site da minha neta também. No dela vai para Spam no email. Não sei o que acontece. Preciso chamar um técnico.
Abç.
Ótimo, Elvira, agora seus preciosos comentários estão visíveis. Sérgio já é avô de um sem número de netos e netas. Também, com um sem número de casamentos prolíficos...
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirQuem bom!
É tamanha a jovialidade que passa o Sérgio que pensei tratar-se de um quarentão.
Fico feliz por ele.
Retificando:
ExcluirQue bom!
Bob Dieck é conhecido como o Rei da Intriga. Sou avô de Tom Fortes clein, filho de minha filha Rosana e do Alexander, cidadão inglês criado em Porto Alegre.Tom, ruivo, é conhecido como "cenoura". Breve vai ganhar a companhia do Bento, Possivelmente mais um ruivo na família.
ResponderExcluirParabéns!
ExcluirCadê o FM?
ExcluirESTOU FALNDO SOBRE BEETHOVEN, O GÊNIO. fm
ResponderExcluirQue bom!
ResponderExcluirNa nossa idade quando desaparecemos, mesmo por pouco tempo, criamos expectativas "não muito católicas", expressão muito usada pelo meu pai.
Amei a crônica do dia 13, inteligente, divertida.
O Biscoito Molhado é um oásis em meio aos blog's na NET.
O Sergio tem toda razão; o texto do Dieckmann supera em muito o filme. Sem a pretensão de traçar qualquer outro paralelo entre os dois famosos diretores, aliás totalmente dispensáveis depois do brilhante texto do editor, limito-me a lembra que enquanto Wilder parece "garimpar" graça na fantástica e absurda da vida, Allen curte descer nem que seja na última cena, uma neblinazinha malandra, maquiavélica.. Branca Euler
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