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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

3016 - O tique-taque da relógia


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O BISCOITO MOLHADO

 

Edição 5265L                                Data: 15 de fevereiro de 2016

 

FUNDADOR: CARLOS EDUARDO NASCIMENTO - ANO: XXXIII

 

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A MULHER, O TEMPO E O ESPELHO

 

Estatísticas indicam que aumentou a perspectiva de vida da população brasileira. Que bom! Há que se ter mais tempo para se procurar, se encontrar e, finalmente, se perder nas delícias do que procurou.

Mas por onde andam a sensualidade de Marília, a candura de Lídice, a ousadia de Cristina e o fogo de Berenice e, acima de tudo, como se encontram os hormônios e a libido de todas elas?

Penso nas mulheres que enviuvaram, nas que, apesar das bodas comemoradas, se separaram, pelas rotinas desgastantes e nas outras, que, após criarem e formarem seus filhos, encerraram desejos ainda latentes.

São questionamentos que me tomam, como se eu fosse entrevistador de institutos de pesquisas sobre comportamentos de mulheres que se encontram nas faixas dos cinquenta a setenta anos de idade. 

Elas logo se queixam que a causa de certos desinteresses é a lida que enfrentam. Defendem-se com argumentos que antes, quando mais jovens, não eram diagnosticados, por essa variedade de males que apareceram com a vida moderna. Padecem de tantos, que possuem síndromes para todos os tipos de especialistas.

Por que isso me preocupa de tal modo a entrar neste tema? Será porque fazem parte de um grupo que me desperta interesse e curiosidade?

A grande verdade é que a vida continua para elas com todas as reações físicas, biológicas e metafísicas, só que com outra performance e com visão diferente.

Então elas abafam, escondem, desprezam, isso quando não abolem definitivamente o que não deveria ser abolido.

A própria Medicina, que concluiu que aqueles conjuntos de sintomas mostravam uma nova enfermidade, ela mesma dará conta de curá-los, com a ajuda abundante da indústria farmacêutica.

Sempre que posso e, quando a consideração e a intimidade permitem, sugiro que não se recolham, muito pelo contrário, deem-se, é lógico, a quem de direito ou a alguém que se habilite com o devido respeito e, que depois de habilitado, chegue sem cerimônia e já podendo faltar um pouco com o empecilho do respeito.

Mas outra reflexão me leva à conclusão de que o grande vilão nessa trajetória é a ação do tempo. Ele vem que vem, com tudo, implacável e, às vezes, cruel.

As marcas que ele produz e a experiência que certas mulheres mostram, dão-lhes autoridades que talvez não quisessem, pois lhes tiram também a mansidão da presa, em troca do ímpeto bravio do predador. Mas, de qualquer forma, fazem todas se encontrarem no mesmo patamar etário, conhecidas carinhosamente como “coroas”, que ainda “dão um caldo” e “pegam uma meia sola”. Em síntese, valem a pena.

Precisamos da consciência de que, ficar mais tempo na festa e no espetáculo da vida, é um bônus que haverá de ser bem usado.

O espelho só reflete a estampa que lhe põem na frente – não consegue mostrar a beleza e a disposição do corpo e da cabeça que lhe dão as costas e saem inseguras.

Cecília Meireles, em “O retrato”, cunhou esta pérola: “Em que espelho ficou perdida a minha face?”

É apenas poesia, ela viveu a vida toda com encantos e graça que a época ditava.

As mulheres me tiram o sono, me adormecem e me despertam. Em qualquer desses estágios, me sinto bem.

Para que tudo que aqui foi dito possa aparecer bendito, encerro com Artur Azevedo:

“Vem ! ... que o sangue férvido reaja !

Amemo-nos, amor, que a vida é breve,

E outra vida melhor talvez não haja!”

 

 

5 comentários:

  1. De "A MULHER, O TEMPO E O ESPELHO" para "O tique-taque da relógia"
    Prezado Edicktor do BM, ainda que seu rebobtismo do título não seja exatamente glamouroso, nós leitores dO BISCOITO MOLHADO, agradecemos a oportunidade de rebutar os reflexos literários de Luca no gênero, timing e autoimagem adequados.

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  2. Prezado leitor, a distribuição do seu O BISCOITO MOLHADO agradece a sua participação, percebe a ironia embutida no redator e aplaude a iniciativa, seja lá o que isto queira dizer.

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  3. O Prezado e eDICKtor percebeu mas para os que não, fui livremente inspirado no seu comentario do BM 5264SX, seja lá o que ele quis
    (des)dizer.

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