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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

3132 - Gafes no Oscar (cont 3130)

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O BISCOITO MOLHADO
   Edição 2243                                        Data: 17 de Janeiro de 2005       
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AS GAFES NO OSCAR
PARTE II

Tantos artistas loucos pelo Oscar e o seu nome nasceu de uma piada... Contam que uma funcionária da livraria da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e eventual diretora-executiva, Margareth Herrick, achou aquela figura dourada de um homem nu de corpo atlético, que representava o troféu, tão parecido com o seu Tio Oscar, que não se conteve:
- “Mas é o Tio Oscar...”
Sidney Skolsky, um jornalista especializado em Hollywood, soube da sugestiva semelhança e, na sua coluna, em 1934, escreveu com intenções maliciosas que o Oscar de melhor atriz foi para Katherine Hepburn, apelidando, assim, a estatueta pela vez primeira. A partir de 1939, a Academia passaria a chamar a estatueta de Oscar, consagrando o apelido.
O prêmio mais famoso do cinema fora criado, no entanto, bem antes; em 1927, e apenas para premiar os principais atores, atrizes e diretores da indústria cinematográfica.
O escolhido para desenhar a estatueta foi o diretor de artes dos estúdios Metro-Goldwin-Mayer, Cedric Gibbons, que sempre negou que o tio da Margareth Herrick lhe servira de modelo.
- “Nem sequer o conheci...” - dizia.
As primeiras versões da estatueta foram de bronze, mas com o esforço de guerra – a Segunda Guerra Mundial, naturalmente – não houve metal para o entretenimento e, por isso, o Oscar passou a ser confeccionado em gesso. 
Ultrapassados os tempos difíceis, o Oscar saiu do gesso, e agora é banhado em ouro e prata nos seus 34 centímetros de altura que perfazem 3,85 quilos. Desde o nascimento do Oscar, ele sofreu apenas uma modificação na sua forma: a inclusão, em 1945, de um pedestal.
Depois de tanta história, e de sabermos que o Oscar é, na acepção da palavra, uma piada, passemos para algumas gafes cometidas por artistas que o ganharam, ou que assim imaginaram.
Eu ainda peguei o tempo do Bob Hope como mestre de cerimônia da entrega da estatueta... Eu, Dieckmann, Causídico Verborrágico... Mas o Will Rogers como mestre de cerimônia, só mesmo o doutor Barreiros viu ...
Will Rogers não foi esquecido em algumas das nossas edições sobre os Roosevelt: animou as convenções do Partido Democrata que indicaram Franklin Delano Roosevelt como adversário do presidente Herbert Hoover. Como humorista, Will Rogers levava a extremos a máxima “o humor nunca é a favor”.  Ele foi, com as suas piadas cáusticas, um sucesso na época da grande depressão. E essa foi a principal razão para animar a noite mais esperada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
O estilo de humor “nunca a favor” do Will Rogers concorreu para que alguns artistas vitimados pelas piadas cometessem sérias gafes. Foi, por exemplo, o caso de Frank Capra, logo ele, o diretor do cinema americano que simbolizava a volta por cima dos menos favorecidos, o otimismo da Era Roosevelt.    
O ano era 1934. Frank Capra era o franco favorito para a estatueta de melhor diretor pelo filme “Dama por um Dia”.  Sabendo  disso, Will Rogers olhou para a   papeleta que indicava o vencedor e, em vez de  anunciar o premiado, fez um chamamento bem coloquial:
- “Venha buscá-lo, Frank”.
Radiante, Frank Capra ergueu-se da sua cadeira e rumou  para o palco. Mas o Frank agraciado como melhor diretor era outro: Frank Lloyd, pelo filme “Cavalgada”. Frank Capra, com os passos vacilantes, acusou o golpe, enquanto voltava para o seu lugar com as mãos vazias.
- “Foi a mais longa, triste e difícil caminhada da minha vida”.- registrou Frank Capra na sua autobiografia. 
Não se dando ainda por satisfeito, Will Rogers, nessa mesma noite de 1934, tentou fazer novas vítimas; chamou simultaneamente May Robinson e Diana Wynyard como ganhadoras do prêmio de melhor atriz. As duas não se mexeram das suas respectivas cadeiras, e aguardaram; foi a melhor coisa que fizeram, caso contrário, repetiriam a dolorosa caminhada de volta ao assento como o Frank Capra. Rindo um riso de sadismo esvaziado, Will Rogers anunciou a vencedora de fato: Katherine Hepburn, pela atuação em “Manhã de Glória”. Foi com esse prêmio – repetimos – que se usou pela primeira vez o apelido Oscar para a estatueta.
Humphrey Bogart, quem diria, engrossou o alentado volume sobre as gafes cometidas na entrega do Oscar. Foi em 1943. Favorito, por sua atuação em Casablanca, ergueu-se da cadeira com a intenção de ir ao palco quando mal abriram a boca para pronunciar a primeira letra do nome do vencedor do Oscar de melhor ator...  Paul Lukas do filme “Horas de Tormenta”. Humphrey Bogart sorriu amarelo, um amarelo Van Gogh, e, para não dar na vista, continuou de pé, aplaudindo.  Mas todos perceberam a gafe, pois ele era o único, entre centenas de pessoas presentes, que aplaudia Paul Lukas de pé.
Poucos anos depois, 1952, Shelley Winters, que disputava o Oscar por “Um Lugar ao Sol”, não pensou duas vezes; ela, aliás, nem pensou, antes mesmo de o apresentador Roger Colman olhar para o papel com o nome da melhor atriz, ela foi para o palco receber a estatueta. Ao ouvir que o nome da agraciada era, na realidade, Vivien Leigh, por “Uma Rua Chamada Pecado”, Vittorio Gasmann, marido da imaginária vencedora, puxou-a pelo braço. Resultado: os dois caíram.
- “Isso é que dá casar com americana pretensiosa”.- pensou, certamente, Vittorio Gasmann, com a bunda no chão. 
Ou, como declarara Napoleão, retirando-se da Rússia:
- “Do sublime ao ridículo a distância é de um passo”.
Em 1964, foi a vez da Rita Hayworth, que nunca disputou um Oscar, deixar a sua gafe na festa de premiação como apresentadora do melhor diretor daquele ano. Embora míope, não quis usar óculos e, assim, chamou um inexistente “Donny” para receber o Oscar. O nome que não conseguira ler era do diretor do filme “As Aventuras de Tom Jones”, Tony Richardson. A mancada da “Gilda” só não foi mais escandalosa porque o  diretor não se achava presente.
Para finalizar a edição de hoje, a gafe do jovem Steve Spielberg, na cerimônia do Oscar de 1976. Tão certo da vitória estava, que contratou uma equipe de filmagens particular para registrar o seu instante de glória. Quando foi anunciado “Um Estranho no Ninho” como vitorioso, e não “Tubarão”, Steve Spielberg nem procurou disfarçar a decepção: segurou a cabeça com ambas as mãos, e soltou um “I don't  believe”. Está tudo registrado pelas TVs e também pela equipe de filmagens contratada pelo diretor derrotado.
Cá, entre nós, o Oscar... ou o Tio Oscar, começou como uma piada, mas “Tubarão” vencer de “Um Estranho no Ninho” seria uma piada que nem o Will Rogers ousaria.

                        


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