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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

3144 - INSS do Bismarck (R)



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O BISCOITO MOLHADO


Volume 1 Edição 1827                           Data: 07 de Maio de 2003

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AINDA O DESENCAIXE ATUARIAL


Iniciemos com a frase de uma escritora inglesa com sobrenome italiano, Maria Corelli:

-“Nunca me casei porque nunca precisei. Tenho três bichinhos em casa que, juntos, perfazem um marido: um cachorro que rosna de manhã, um papagaio que fala palavrões o dia todo e um gato que volta de madrugada para casa.”

Se vou falar de déficit da Previdência, até com o eufemismo desencaixe atuarial, por que iniciei dessa maneira? Ah, sim: maridos como os da frase da Maria Corelli, foram provavelmente aqueles que levaram sofrimento à Cynthia quando, trabalhando na Delegacia do Ministério dos Transportes, teve de cortar pensões de velhinhas porque os falecidos tiveram outras companheiras e, muitas vezes, filhos em relações extraconjugais.

Criado em 1923... no Brasil, evidentemente, pois a previdência social veio com Bismarck, o chanceler prussiano que falsificou um telegrama para provocar a guerra contra a França em 1870 e que, antes, em 1866, já fizera a guerra contra a Áustria... Fujo do assunto, talvez porque o assunto guerra é mais ameno.   Criado em 1923, no Brasil, o sistema oficial de previdência andou direitinho até o Juscelino Kubitschek resolver levar a fortuna de 6 bilhões dos seus cofres para a construção de Brasília. 

-“Sua avó, que sempre recebeu certinha a pensão do pai, teve de voltar com as mãos abanando das filas, na época do Juscelino.” – lembrava-me disso meu pai quase todas as vezes que eu falava em Brasília.

-“Não, pai, eu não quero elogiar Brasília, eu quero dizer que o trabalhador brasileiro, quando exigido, corresponde. Resolve-se construir uma capital federal em três anos, e o povão constrói. O Barão de Mauá teve todas aquelas idéias e, graças aos trabalhadores daqui, elas saíram do papel, e até incomodaram o poderio dos Rothchild,”

É isso aí: os políticos brasileiros é que arrastam o país para trás. E, assim, raspou-se mais ainda os cofres da Previdência Social para a construção da ponte Rio-Niterói, Transamazônica. Transamazônica, meu Deus!... Eugênio Gudin escrevia que, ao ouvir o Mário Andreazza, parecia que via ali o Juscelino. 

Hoje, contudo, Juscelino Kubitschek está reabilitado, a ditadura militar que tanto o perseguiu, conseguiu essa proeza. Vimos agora, por ocasião da campanha eleitoral de 2002, os quatro candidatos viajarem até Brasília para as homenagens do seu centenário. Todos estavam lá: Lula, José Serra, Ciro Gomes e Garotinho. Juscelino, que Nélson Rodrigues denominara o “canalha dionisíaco”, passara a ser cabo eleitoral com o seu "formidável" governo e nenhum candidato a presidente da República deixaria de aproveitar.

Samuel Wainer, quando escreveu o seu livro de memórias, insurgiu-se contra a calúnia de corrupção que lançaram sobre o presidente Getúlio Vargas, lembrando que até de bonde os seus filhos andavam. Quanto ao Juscelino, todas as vezes que a Última Hora necessitava de recursos, lhe indicavam um empreiteiro que era conhecido como “o empreiteiro do Juscelino”. Mais um argumento que nos leva a crer que, com Brasília, além da inflação, surgia a corrupção em larga escala, aliás, uma vem conjugada à outra.

-“A história fez justiça ao Juscelino.” – bradam hoje os seus admiradores.  

Cabe, então, citar essa frase de Napoleão Bonaparte:

-“A história é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo.”

Falando em Napoleão, em conversa com o Leozinho por telefone anteontem, não deixamos de comentar as confusões que o Lula comete com o imperador.

-“Carlinhos, você viu: o Lula mais uma vez falou do Napoleão na China.”

-“Pois é, Léo; já foi aquele desacerto todo a invasão de Napoleão a Moscou, já imaginou ele invadindo Pequim? ”

Leozinho riu; afinal Napoleão não iria perder tempo na China para apenas visitar as Muralhas.

-“Léozinho, o Lula não estaria confundindo Napoleão com Gengis Khan? Ele, sim, invadiu a China lá por 1215.”

-“Ou Tamerlão, Carlinhos. Este pretendia invadir a China quando morreu  com cerca de 70 anos. Dizia-se descendente de Gengis Khan, mas era filho de turcos. Teve o seu valor no segundo império mongol. Não possuiu a China e a Mongólia como Gengis Khan, mas conquistou a Síria, a Índia e a Anatólia.”

-“Tamerlão...Napoleão... Creio, Leozinho, que dá para o Lula confundir.”

O diabo é que o Lula, alimentando mais o corpo do que o espírito, não deve conhecer o Tamerlão, e sim o Requeijão.

Falamos de o Napoleão descer numa sessão espírita, reclamando dessas incongruências do presidente brasileiro e desligamos. Retornei, então, os meus pensamentos à previdência.

Numa Veja de 1988, lemos que só o Brasil paga aposentadorias milionárias. O teto no Reino Unido é 1 060,00 reais, e o da França 1 350,00. Ora, esses não são países ricos como o Brasil que ainda pode dar-se ao luxo de ter 2 contribuintes por aposentado. Mas com toda essa “riqueza” do Brasil, quem deve a previdência tem que pagar, a começar pelos bancos.

 Ufa!... Como é difícil arrancar algum humor desse assunto. Paro aqui, e vou ordenhar pedra que é uma tarefa mais aprazível.  


5 comentários:

  1. [13/10 16:03] Roberto: Falando de BSB, os vidros dos palácios foram fornecidos por um português que morava na Travessa Poty, cujo filho era o Guilherme ( contemporâneo do meu irmão). Tinha um Cadilac verde garrafa metálico.
    [13/10 17:28] Dieckmman: Você não gostaria de por esse comentário lá?

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    Respostas
    1. Comentário auto-explicativo e respondítivo.

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  2. Comentário de alta transparência, auto-explicativo e respondítivo.

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