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segunda-feira, 27 de outubro de 2014

2722 - balalaika 3


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 4972                            Data: 23 de  outubro de 2014

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ORLANDO SILVA PARA SEMPRE NO RÁDIO MEMÓRIA

PARTE III

 

Jonas Vieira contestava a assertiva do Simon Khoury que o Orlando Silva não é conhecido por quem está na faixa dos 20 aos 40 anos de idade. (*)

-Eu já encontrei vários, inclusive no ônibus, um rapaz de uns 30 anos, mais ou menos, cantava uma música do Orlando.  Eu me surpreendi com ele cantando “Pela Primeira Vez”.

Passou da prosa para o canto, e entoou um trecho da música.

-Eu parei e perguntei a ele se conhecia a música, disse que gostava muito.

E prosseguiu mais afirmativo:

-Orlando é um dos poucos, ele, Carmen Miranda, Noel Rosa, Ary Barroso, conhecidos até hoje por todos.

Em seguida, Jonas Vieira se reportou ao ator Tuca Andrade que, vivendo  o cantor, no musical “Orlando Silva, o Cantor das Multidões”, baseado no seu livro, logrou juntar mais de 10 mil pessoas no teatro.

-Tuca Andrade ficou três anos e meio em cartaz, ninguém chegou a esse nível, nem Carmen Miranda conseguiu. A Elis Regina ficou um ano somente, e ela é bem mais recente do que o Orlando.

Simon Khoury insistiu:

-Isso é um fenômeno. O negócio é o seguinte: o rádio brasileiro não divulga, não toca.

-Aí eu concordo com você. - disse o Jonas.

Sérgio Fortes interveio:

-Eu entendo o que o Simon quer dizer; na velocidade que a gente vai, o esquecimento, se agrava muito.

-O Sérgio tem razão, os tempos velozes são cruéis. – corroborou o Ricardo Cravo Albim.

Sérgio Fortes aludiu ao calendário, mesmo não tendo sido listado os acontecimentos do dia, como normalmente acontece, e citou a atriz Elza Gomes, nascida em 19 de outubro de 1910, que foi muito elogiada pelo Arthur da Távola, quando ele escrevia no Globo.

-Se você fizer uma enquete, ninguém sabe quem foi Elza Gomes.

A palavra foi para o Ricardo Cravo Albim:

-Ainda há pouco, em conversa com o Simon Khoury, falamos de nomes da nossa contemporaneidade, em termos de massa, grandes artistas como a Carolina Cardoso de Menezes. Ela é um exemplo de absoluto  desterro da memória. Foi uma pianista excepcional, louvada por todo o mundo, por Radamés  Gnattali, por todos os demais, e simplesmente morreu mesmo.

-É verdade. – concordou o Sérgio.

Ricardo Cravo Albim prosseguiu:

-É importante que se fale de certos vultos que a gente não pode deixar esquecer.  Seria ideal falarmos de todos, mas, nos tempos de agora, como você citou, Sérgio, seria imprescindível pelo menos falar de quem a gente pode.

De novo, o Simon Khoury:

-Ricardo, uma mulher que você amou, que ajudou, Carmela Alves. Ela levou a música brasileira para o mundo inteiro, morreu solitária na Casa dos Artistas.

-Eu a levei para a Casa Dos Artistas porque ela estava literalmente abandonada num apartamento no Shopping de Copacabana. Ela , realmente, foi um caso de desterro da memória. Era uma grande artista, uma grande figura e, no meu caso especial, eu até me emociono, uma grande amiga.

Já era hora de ouvirmos mais música, e Jonas Vieira tomou a palavra.

-Bom, atendendo agora a um pedido do Simon Khoury e meu, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz…

-E deu a vez ao Simon Khoury:

-Qual é a música, Simon?

-“A Felicidade Perdeu Meu Endereço”; uma obra-prima, eu acho bachiana a parte final. É Bach puro.

Em seguida, para ratificar a sua afirmação, Simon Khoury cantarolou esse trecho.

Lembramos aqui, na redação do Biscoito Molhado, que Antonio Hernandez, saudoso, crítico do Globo, se referiu, certa vez, à semelhança entre o início de “Copacabana”, do Tom Jobim, com uma frase musical do “Evangelho Segundo São Mateus”, de Bach.

-Ainda tem coragem de cantar. – criticou o Jonas.

Ricardo Cravo Albim veio em sua ajuda:

-O Simon encanta, não só canta.

Finalmente, entrou no ar a canção que, pela beleza, pode ser ouvida dez vezes seguidas sem saturar.

-Maravilha!

-Maravilha sobretudo pelos seus autores, Pedro Caetano e Claudionor Cruz, que  fizeram sucesso com o Orlando Silva. Alguns grandes clássicos do Orlando são dessa dupla. Eu os conheci muito bem, sobretudo o Pedro Caetano; são encantadores e adoravam o Orlando. - observou o Ricardo Cravo Albim.

Nesse instante, entraram, intempestivamente, as propagandas eleitorais e de alguns programas da emissora.

 

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO discorda. A Disney escolheu a sua segunda sede justamente por isso, ignorando a opinião deste mesmo Distribuidor. Segunda sede? Sim, somente os mais velhinhos vão se lembrar da “velha” Disneylândia.

 

   

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