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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4972 Data: 23 de outubro de
2014
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ORLANDO SILVA PARA SEMPRE NO RÁDIO MEMÓRIA
PARTE III
Jonas Vieira contestava a
assertiva do Simon Khoury que o Orlando Silva não é conhecido por quem está na
faixa dos 20 aos 40 anos de idade. (*)
-Eu já encontrei vários,
inclusive no ônibus, um rapaz de uns 30 anos, mais ou menos, cantava uma música
do Orlando. Eu me surpreendi com ele
cantando “Pela Primeira Vez”.
Passou da prosa para o
canto, e entoou um trecho da música.
-Eu parei e perguntei a ele
se conhecia a música, disse que gostava muito.
E prosseguiu mais
afirmativo:
-Orlando é um dos poucos,
ele, Carmen Miranda, Noel Rosa, Ary Barroso, conhecidos até hoje por todos.
Em seguida, Jonas Vieira se
reportou ao ator Tuca Andrade que, vivendo
o cantor, no musical “Orlando Silva, o Cantor das Multidões”, baseado no
seu livro, logrou juntar mais de 10 mil pessoas no teatro.
-Tuca Andrade ficou três
anos e meio em cartaz, ninguém chegou a esse nível, nem Carmen Miranda
conseguiu. A Elis Regina ficou um ano somente, e ela é bem mais recente do que
o Orlando.
Simon Khoury insistiu:
-Isso é um fenômeno. O
negócio é o seguinte: o rádio brasileiro não divulga, não toca.
-Aí eu concordo com você. -
disse o Jonas.
Sérgio Fortes interveio:
-Eu entendo o que o Simon
quer dizer; na velocidade que a gente vai, o esquecimento, se agrava muito.
-O Sérgio tem razão, os
tempos velozes são cruéis. – corroborou o Ricardo Cravo Albim.
Sérgio Fortes aludiu ao
calendário, mesmo não tendo sido listado os acontecimentos do dia, como
normalmente acontece, e citou a atriz Elza Gomes, nascida em 19 de outubro de
1910, que foi muito elogiada pelo Arthur da Távola, quando ele escrevia no
Globo.
-Se você fizer uma enquete,
ninguém sabe quem foi Elza Gomes.
A palavra foi para o Ricardo
Cravo Albim:
-Ainda há pouco, em conversa
com o Simon Khoury, falamos de nomes da nossa contemporaneidade, em termos de
massa, grandes artistas como a Carolina Cardoso de Menezes. Ela é um exemplo de
absoluto desterro da memória. Foi uma
pianista excepcional, louvada por todo o mundo, por Radamés Gnattali, por todos os demais, e simplesmente
morreu mesmo.
-É verdade. – concordou o
Sérgio.
Ricardo Cravo Albim
prosseguiu:
-É importante que se fale de
certos vultos que a gente não pode deixar esquecer. Seria ideal falarmos de todos, mas, nos
tempos de agora, como você citou, Sérgio, seria imprescindível pelo menos falar
de quem a gente pode.
De novo, o Simon Khoury:
-Ricardo, uma mulher que
você amou, que ajudou, Carmela Alves. Ela levou a música brasileira para o
mundo inteiro, morreu solitária na Casa dos Artistas.
-Eu a levei para a Casa Dos
Artistas porque ela estava literalmente abandonada num apartamento no Shopping
de Copacabana. Ela , realmente, foi um caso de desterro da memória. Era uma
grande artista, uma grande figura e, no meu caso especial, eu até me emociono,
uma grande amiga.
Já era hora de ouvirmos mais
música, e Jonas Vieira tomou a palavra.
-Bom, atendendo agora a um
pedido do Simon Khoury e meu, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz…
-E deu a vez ao Simon
Khoury:
-Qual é a música, Simon?
-“A Felicidade Perdeu Meu
Endereço”; uma obra-prima, eu acho bachiana a parte final. É Bach puro.
Em seguida, para ratificar a
sua afirmação, Simon Khoury cantarolou esse trecho.
Lembramos aqui, na redação
do Biscoito Molhado, que Antonio Hernandez, saudoso, crítico do Globo, se
referiu, certa vez, à semelhança entre o início de “Copacabana”, do Tom Jobim,
com uma frase musical do “Evangelho Segundo São Mateus”, de Bach.
-Ainda tem coragem de
cantar. – criticou o Jonas.
Ricardo Cravo Albim veio em
sua ajuda:
-O Simon encanta, não só
canta.
Finalmente, entrou no ar a
canção que, pela beleza, pode ser ouvida dez vezes seguidas sem saturar.
-Maravilha!
-Maravilha sobretudo pelos
seus autores, Pedro Caetano e Claudionor Cruz, que fizeram sucesso com o Orlando Silva. Alguns
grandes clássicos do Orlando são dessa dupla. Eu os conheci muito bem,
sobretudo o Pedro Caetano; são encantadores e adoravam o Orlando. - observou o
Ricardo Cravo Albim.
Nesse instante, entraram,
intempestivamente, as propagandas eleitorais e de alguns programas da emissora.
(*) O
Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO discorda. A Disney escolheu a sua
segunda sede justamente por isso, ignorando a opinião deste mesmo Distribuidor.
Segunda sede? Sim, somente os mais velhinhos vão se lembrar da “velha” Disneylândia.
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