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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4959 Data: 04 de outubro de 2014
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SIMON KHOURY BRILHA NO RÁDIO MEMÓRIA
4ª PARTE OU OS PAPÉIS INVERTIDOS
A “Pausa para Meditação”,
crônica de Fernando Milfont” versou sobre os mistérios do universo.
-E como tem mistérios!...
-Nós somos um grande mistério.
Depois dessas
intervenções, em tom descontraído dos dois apresentadores do Rádio Memória,
reinou a locução empostada do José Maurício.
Encerrada a Pausa, vieram
os comentários do Jonas Vieira.
-Dizer que o universo é
produto do acaso é uma grande estupidez. Há por traz disso tudo uma
inteligência maior.
Jonas Vieira ia ao
encontro do pensamento de Voltaire que dizia que o relógio prova a existência
do relojoeiro como o universo a de Deus.
E ele prosseguia com veemência:
-Para chegar a essa
realidade, os cientistas já estudam a matéria, os neutrinos, que são corpos
criados que atravessam a luz... O homem é muito vaidoso, se acha o cérebro de
tudo. Nós somos uma partícula micro...
-Micro, micro, micro. -
corroborou o Sérgio Fortes.
-Este era o meu medo,
Jonas, eu sabia que você ia acabar descobrindo o meu segredo.
A metafísica pode
angustiar muitas pessoas, não o Simon Khoury.
-A benção, Deus. Vou
ganhar um dinheirinho com isso. - reagiu à piada com outra
Entraram os reclames
eleitorais, enfadonhos, como tudo que é obrigatório e o Rádio Memória retornou.
-Quando será o lançamento
do disco?- indagou o Jonas Vieira.
-Estou vendo a Sala Baden
Powell, a ABI, o Monte Líbano...
Sérgio Fortes tomou a
palavra:
-Na faixa em que você
homenageia a Suely Franco, eu me lembrei muito do meu pai, que era fã desde que
ela surgiu na TV Tupi. Ele reputava a Suely Franco como uma atriz
extraordinária; era absolutamente deslumbrado por ela. Eu me lembro da Suely
Franco, não se ela vai lembrar... O seu pai colecionava trens elétricos e eu
também.
Sérgio Fortes, como vemos,
tinha uma afinidade com o Frank Sinatra, que também colecionava trens
elétricos. Feito esse parêntese, prossigamos com o depoimento do filho do Paulo
Fortes.
-Por isso, eu fui à sua
casa conversar com o seu pai.
Então, dirigiu-se
exclusivamente a ela:
-Suely, Paulo Fortes era o
seu fã incondicional.
Agora, a palavra passava para o Simon Khoury:
-Eu fiz essa canção para
ela, que chorou. O seu amigo da OSB Diató...
-Dhyan Toffolo. - corrigiu
o Sérgio Fortes.
Outro parêntese: espero
que o Sérgio Fortes também me corrija urgentemente, pois entendi Dias Tóffoli.
De novo o Simon Khoury,
depois de o Sérgio ter informado que ele é violinista e violista:
-O seu amigo pediu para
repetir a gravação três vezes e chorou durante a gravação. O som do
clarinete...
-O clarinetista é o
Cristiano Alves da Orquestra Sinfônica Brasileira. -interveio o Sérgio Fortes
para citar o nome do seu outro amigo músico.
”Uma Triste Canção Para
Uma Dama Alegre”, finalmente, foi ouvida. Era o Simon Khoury no seu melhor
momento como compositor.
-Que beleza! - exclamaram.
-Onde encontramos o seu
disco?
-Na Arlequim, que tem uma
discoteca completa.
-A Arlequim é classuda. -
louvou-a o Jonas Vieira.
-Fica, aqui, ao lado da
Roquette Pinto. - acrescentou o Sérgio Fortes.
-Senhores ouvintes, nós
recomendamos prazerosamente o disco do Simon Khoury.
Às palavras do Jonas
Vieira, seguiram as do seu parceiro de apresentação do Rádio Memória:
-O disco é excelente.
-Agora, uma piada que me
contaram muito boa.
Como escrevemos páginas
atrás, era um domingo inusitado: o Simon Khoury passou de entrevistador a
entrevistado e, agora, o Jonas Vieira se tornava contador de piadas. Os papéis
foram invertidos. Vamos à piada:
-Um sujeito, não confiando
nas pesquisas eleitorais, achando todas elas fajutas, resolveu ele mesmo fazer
a sua própria pesquisa. Ligou para centenas de pessoas, entre 4 e 6 horas da
manhã, perguntando em quem iam votar para presidente. Ganhou a mãe dele, disparado.”
Evidentemente que, assim,
o Jonas Vieira não inspiraria o Simon Khoury a compor outro “Irresistível
Obsceno”, mas, acreditamos, ainda assim, faria a Anna Khoury rir.
-E agora, Simon? -
voltou-lhe a seriedade.
-Eu tenho uma sobrinha
(sobrinha-neta) que adoro. Ela gosta de rock, de umas coisas estranhíssimas da
música moderna que eu não entendo. As músicas relacionadas como as mais tocadas
do ano passado, eu nunca ouvi falar.
Em seguida, narrou uma
história dessa sobrinha que é digna do livro “Criança Diz Cada Uma.”, do Pedro
Bloch.
-Ela não queria que a mãe
matasse uma barata, porque a considerou bonitinha. Como a mãe lhe falou dos
malefícios que as baratas trazem, ela se convenceu, mas rogou que, então, a
matasse bem devagarzinho.
Sem pausa, foi adiante:
-Eu a chamo de
“lambisgoia” e fiz um choro para elas chamado “Lambisgoia”. “Não quero esse
nome, não, tio.” “Vou, então, colocar o nome “Desenxabida”.
E a menina concordou com o
nome anterior.
-Há uma coisa genial nesse
arranjo: o diálogo entre o pistom e o trombone. Vittor Santos está endiabrado
como trombonista.
Jonas Vieira concordou com
o Simon Khoury e disse que o Tommy Dorsey bateria palmas para o Vittor Santos.
-O trompetista é o ...?
Sérgio Fortes, depois de
uma ligeira consulta ao CD, matou a curiosidade do Jonas Vieira: Naílson
Simões.
Simon Khoury, referindo-se à próxima música,
disse que era para uma mulher que ama de paixão, a Fernanda Montenegro, mas
ainda citou a Tônia Carrero. O nome lhe
foi inspirado pelo beijo que a Fernanda Montenegro deu na boca da Camila Amado
para afrontar o pastor Marcos Feliciano.
-É uma valsa “O Beijo de
Fernanda e Camila”. Vittor Santos colocou o piano e a flauta dialogando, mais
orquestra de cordas. Vamos ouvir?
Depois do “Beijo”, Jonas
Vieira avisou que o programa talvez não fosse ao ar dia 5 de outubro por causa
da cobertura da eleição pela emissora, Aproveitou para louvar a democracia e
chamar a atenção para os males da ditadura.
-Sentimos até hoje o
reflexo da ditadura.
Após a concordância do
Sérgio Fortes, prosseguiu:
-Na democracia, você pode
chiar, gritar, espernear, Na ditadura, você não esperneia, não faz nada, se
fizer, é preso pelo guarda da esquina. É doloroso. Por duas vezes, escapei,
porque o meu anjo da guarda estava de plantão. Mas isso é outra história.
E votou-se para o astro
desse Rádio Memória.
-Vamos fechar com o quê?
-”Aroeira”, que dediquei a
um chargista. Ele chorou, choramos todos.
Essa composição não era
inédita; foi tocada quando o David Ganc foi o convidado (ver Biscoito Molhado
nº 2683/2685).
Soada a última nota,
Sérgio Fortes se manifestou:
-Por quer o Simon Khoury
perdeu tanto tempo?... O teste vocacional dele é compositor e o correio
extraviou.
-Podem me chamar de Simon
Morricone.
A voz grave do titular
voltou:
-Muito bem. Estamos
combinados, senhores ouvintes: domingo, talvez haja o programa, talvez não.
Lembrando que os
admiradores de música instrumental encontrarão as inspiradas criações na
Arlequim, encerramos, por aqui, este Biscoito Molhado.
-Um demorado abraço, senhores
leitores.
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