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terça-feira, 7 de outubro de 2014

2709 - um compositor em 28 de setembro 4


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 4959                                        Data: 04 de  outubro de 2014

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SIMON KHOURY BRILHA NO RÁDIO MEMÓRIA

4ª PARTE OU OS PAPÉIS INVERTIDOS

 

A “Pausa para Meditação”, crônica de Fernando Milfont” versou sobre os mistérios do universo.

-E como tem mistérios!...

-Nós somos um grande  mistério.

Depois dessas intervenções, em tom descontraído dos dois apresentadores do Rádio Memória, reinou a locução empostada do José Maurício.

Encerrada a Pausa, vieram os comentários do Jonas Vieira.

-Dizer que o universo é produto do acaso é uma grande estupidez. Há por traz disso tudo uma inteligência maior.

Jonas Vieira ia ao encontro do pensamento de Voltaire que dizia que o relógio prova a existência do relojoeiro como o universo a de Deus.

E ele prosseguia com veemência:

-Para chegar a essa realidade, os cientistas já estudam a matéria, os neutrinos, que são corpos criados que atravessam a luz... O homem é muito vaidoso, se acha o cérebro de tudo. Nós somos uma partícula micro...

-Micro, micro, micro. - corroborou o Sérgio Fortes.

-Este era o meu medo, Jonas, eu sabia que você ia acabar descobrindo o meu segredo.

A metafísica pode angustiar muitas pessoas, não o Simon Khoury.

-A benção, Deus. Vou ganhar um dinheirinho com isso. - reagiu à piada com outra

Entraram os reclames eleitorais, enfadonhos, como tudo que é obrigatório e o Rádio Memória retornou.

-Quando será o lançamento do disco?- indagou o Jonas Vieira.

-Estou vendo a Sala Baden Powell, a ABI, o Monte Líbano...

Sérgio Fortes tomou a palavra:

-Na faixa em que você homenageia a Suely Franco, eu me lembrei muito do meu pai, que era fã desde que ela surgiu na TV Tupi. Ele reputava a Suely Franco como uma atriz extraordinária; era absolutamente deslumbrado por ela. Eu me lembro da Suely Franco, não se ela vai lembrar... O seu pai colecionava trens elétricos e eu também.

Sérgio Fortes, como vemos, tinha uma afinidade com o Frank Sinatra, que também colecionava trens elétricos. Feito esse parêntese, prossigamos com o depoimento do filho do Paulo Fortes.

-Por isso, eu fui à sua casa conversar com o seu pai.

Então, dirigiu-se exclusivamente a ela:

-Suely, Paulo Fortes era o seu fã incondicional.

 Agora, a palavra passava para o Simon Khoury:

-Eu fiz essa canção para ela, que chorou. O seu amigo da OSB Diató...

-Dhyan Toffolo. - corrigiu o Sérgio Fortes.

Outro parêntese: espero que o Sérgio Fortes também me corrija urgentemente, pois entendi Dias Tóffoli.

De novo o Simon Khoury, depois de o Sérgio ter informado que ele é violinista e violista:

-O seu amigo pediu para repetir a gravação três vezes e chorou durante a gravação. O som do clarinete...

-O clarinetista é o Cristiano Alves da Orquestra Sinfônica Brasileira. -interveio o Sérgio Fortes para citar o nome do seu outro amigo músico.

”Uma Triste Canção Para Uma Dama Alegre”, finalmente, foi ouvida. Era o Simon Khoury no seu melhor momento como compositor.

-Que beleza! - exclamaram.

-Onde encontramos o seu disco?

-Na Arlequim, que tem uma discoteca completa.

-A Arlequim é classuda. - louvou-a o Jonas Vieira.

-Fica, aqui, ao lado da Roquette Pinto. - acrescentou o Sérgio Fortes.

-Senhores ouvintes, nós recomendamos prazerosamente o disco do Simon Khoury.

Às palavras do Jonas Vieira, seguiram as do seu parceiro de apresentação do Rádio Memória:

-O disco é excelente.

-Agora, uma piada que me contaram muito boa.

Como escrevemos páginas atrás, era um domingo inusitado: o Simon Khoury passou de entrevistador a entrevistado e, agora, o Jonas Vieira se tornava contador de piadas. Os papéis foram invertidos. Vamos à piada:

-Um sujeito, não confiando nas pesquisas eleitorais, achando todas elas fajutas, resolveu ele mesmo fazer a sua própria pesquisa. Ligou para centenas de pessoas, entre 4 e 6 horas da manhã, perguntando em quem iam votar para presidente. Ganhou a mãe dele, disparado.”

Evidentemente que, assim, o Jonas Vieira não inspiraria o Simon Khoury a compor outro “Irresistível Obsceno”, mas, acreditamos, ainda assim, faria a Anna Khoury rir.

-E agora, Simon? - voltou-lhe a seriedade.

-Eu tenho uma sobrinha (sobrinha-neta) que adoro. Ela gosta de rock, de umas coisas estranhíssimas da música moderna que eu não entendo. As músicas relacionadas como as mais tocadas do ano passado, eu nunca ouvi falar.

Em seguida, narrou uma história dessa sobrinha que é digna do livro “Criança Diz Cada Uma.”, do Pedro Bloch.

-Ela não queria que a mãe matasse uma barata, porque a considerou bonitinha. Como a mãe lhe falou dos malefícios que as baratas trazem, ela se convenceu, mas rogou que, então, a matasse bem devagarzinho.

Sem pausa, foi adiante:

-Eu a chamo de “lambisgoia” e fiz um choro para elas chamado “Lambisgoia”. “Não quero esse nome, não, tio.” “Vou, então, colocar o nome “Desenxabida”.

E a menina concordou com o nome anterior.

-Há uma coisa genial nesse arranjo: o diálogo entre o pistom e o trombone. Vittor Santos está endiabrado como trombonista.

Jonas Vieira concordou com o Simon Khoury e disse que o Tommy Dorsey bateria palmas para o Vittor Santos.

-O trompetista é o ...?

Sérgio Fortes, depois de uma ligeira consulta ao CD, matou a curiosidade do Jonas Vieira: Naílson Simões.

 Simon Khoury, referindo-se à próxima música, disse que era para uma mulher que ama de paixão, a Fernanda Montenegro, mas ainda citou a Tônia Carrero.  O nome lhe foi inspirado pelo beijo que a Fernanda Montenegro deu na boca da Camila Amado para afrontar o pastor Marcos Feliciano.

-É uma valsa “O Beijo de Fernanda e Camila”. Vittor Santos colocou o piano e a flauta dialogando, mais orquestra de cordas. Vamos ouvir?

Depois do “Beijo”, Jonas Vieira avisou que o programa talvez não fosse ao ar dia 5 de outubro por causa da cobertura da eleição pela emissora, Aproveitou para louvar a democracia e chamar a atenção para os males da ditadura.

-Sentimos até hoje o reflexo da ditadura.

Após a concordância do Sérgio Fortes, prosseguiu:

-Na democracia, você pode chiar, gritar, espernear, Na ditadura, você não esperneia, não faz nada, se fizer, é preso pelo guarda da esquina. É doloroso. Por duas vezes, escapei, porque o meu anjo da guarda estava de plantão. Mas isso é outra história.

E votou-se para o astro desse Rádio Memória.

-Vamos fechar com o quê?

-”Aroeira”, que dediquei a um chargista. Ele chorou, choramos todos.

Essa composição não era inédita; foi tocada quando o David Ganc foi o convidado (ver Biscoito Molhado nº 2683/2685).

Soada a última nota, Sérgio Fortes se manifestou:

-Por quer o Simon Khoury perdeu tanto tempo?... O teste vocacional dele é compositor e o correio extraviou.

-Podem me chamar de Simon Morricone.

A voz grave do titular voltou:

-Muito bem. Estamos combinados, senhores ouvintes: domingo, talvez haja o programa, talvez não.

Lembrando que os admiradores de música instrumental encontrarão as inspiradas criações na Arlequim, encerramos, por aqui, este Biscoito Molhado.

-Um demorado abraço, senhores leitores.

  

 

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