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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

2715 - Dia das Crianças


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 4965                                 Data: 14 de  outubro de 2014

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RÁDIO MEMÓRIA DAS CRIANÇAS AO ORLANDO SILVA

1ª PARTE

 

-Rádio Memória...

-Comemorando o nosso dia, o das crianças. - emendou o Sérgio Fortes as palavras do Jonas Vieira.

-Voltamos a ser bebês.

Os dois me levaram ao Benjamin Button, personagem do escritor americano Scott Fitzgerald, para quem o tempo correu em sentido contrário: nasceu idoso e morreu bebê.  Essa história ficou mais conhecida num filme com Brad Pitt, “O Curioso Caso de Benjamin Button”.

-Vamos ao calendário. - sugeriu o Sérgio Fortes.

E fomos ao calendário.

Começou citando a data que tínhamos de decorar desde o curso primário, hoje, ensino fundamental:

-12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo chegou a Ilha Salvador, nas Bahamas, convencido que havia chegado às Índias.

Pelas nossas pesquisas eleitorais não era de se espantar, pois, pela margem de erro, ele estaria entre a Argentina e a China. O comentário do Jonas Vieira foi em outro sentido:

-Colombo foi de turista.

Como Sérgio Fortes citou Bahamas, é provável que fosse depositar numa conta o que recebeu do financiamento da viagem dos reis de Espanha.

O Homem-Calendário seguiu com os anos:

 -Em 1808, Dom João VI fundou o Banco do Brasil.

-O Brasil começou com Dom João VI.

Jonas Vieira estava com toda razão, nesse adendo, embora Dom João VI, ao voltar para Portugal, faliu o banco porque levou todo o dinheiro consigo. O Barão de Mauá, no Segundo Império, refundou o Banco do Brasil e ele dura até hoje, sobrevivendo uma pilhagem aqui, outra acolá.

-Em 1822, o Brasil declara oficialmente a sua independência de Portugal e Dom Pedro I é proclamado imperador. Lá, em Portugal, seria Dom Pedro IV.

Como dizia o humorista português, Raul Solnado: Dom Pedro I no Brasil e Dom Pedro IV, em Portugal, por uma questão de fuso horário.

-Em 1901, Santos Dumont, com o seu Balão nº 6, dá a volta em torno da Torre Eiffel, percorrendo 11 quilômetros.

Incrédulo, Sérgio Fortes se voltou para o Jonas Vieira:

-11 quilômetros?... O relógio dele estava descalibrado.

-Foi longe… - ironizou o Jonas Vieira.

Como vivemos o febril clima eleitoral, de novo nos ocorre as pesquisas de intenção de votos do IBOPE e da DATAFOLHA: pela margem de erro, o percurso do Balão nº 6 estava entre 500 metros e 15 quilômetros.

-Em 1931, foi inaugurado o monumento do Cristo Redentor.

Em seguida, vieram os comentários do Sérgio Fortes:

-Legal, pertinho do nosso reduto.

Como os ouvintes assíduos do Rádio Memória sabem, os seus apresentadores têm um reduto onde bebem cerveja e comem pastéis que, franciscanamente, dividem com os passarinhos.

-Em 1936, foram apresentados três protótipos do primeiro Fusca.

-Na Alemanha, o carro do povo. - aditou o Jonas Vieira.

Colecionador de carros, Sérgio Fortes não se mostrou um fuscólogo como o presidente Itamar Franco e tanta gente espalhada por este mundo, pois não se deteve na criação de Ferdinand Porsche.

-Em 1964, Leonid Brejnev substituiu Nikita Khruschev como secretário-geral do Partido Comunista.

O sobrenome do líder destituído foi pronunciado com um “r” entre cada letra, o que pressionou o seu parceiro:

-Sérgio, seu russo está impecável.

Igual ao pai, Paulo Fortes, ele bisou como na ópera.

Acostumado a citar nomes de compositores da Rússia, no seu programa OSB, da Rádio MEC, e de cantores, como o baixo, Dmitri Hvorostovsky, Sérgio Fortes não encontrou dificuldade alguma em bisar.

-Em 1968, a polícia invadiu o Congresso da UNE, em Ibiúna, e prendeu 1400 estudantes...

-Todo o mundo matando aula. - acrescentou.

-Estavam num comício. - disse o Jonas Vieira.

Seu parceiro prosseguiu com o fato:

-Entre eles, o líder dos estudantes José Dirceu. Ou seja, o José Dirceu tem uma certa experiência com esse negócio.

Não foi citado o presidente da UNE, Vladimir Palmeira, que não foi longe, quando empreendeu a sua fuga, porque sofria de asma.

-Vamos aos nascimentos. - anunciou.

-Em 1798, Dom Pedro I, um dos maiores reprodutores desde a pré-história.

Não, caro leitor que perdeu o Rádio Memória do dia 12 de outubro de 2014, Sérgio Fortes parou no primeiro, não se referiu em momento algum aos filhos que o nosso imperador fez até com as freiras.

-Em 1922, Leon Eliachar.

Voltou-se, novamente, para o seu parceiro:

-Lembra-se dele, Jonas? Um humorista.

-Lembro-me demais.

Foi assassinado por um marido traído, mas o clima descontraído do programa não era propício a tal assunto.

-Em 1923, Fernando Sabino.

Fernando Sabino, que se dedicava a crônicas, escrevendo poucos livros, o que levou Guimarães Rosa a incentivá-lo a fazer pirâmides em vez de biscoitos. Nós, particularmente, preferimos biscoitos e molhados.

-Em 1935, Luciano Pavarotti.

Que teve como dama de leite a mesma do soprano Mirella Freni, o que nos leva a crer que esse leite foi maravilhoso para as cordas vocais.

-Falecimentos.

Com a mesma tonalidade na voz, Sérgio Fortes passou para os mortos.

-Em 1924, Anatole France.

Chegou a ser o escritor da moda entre os intelectuais brasileiros no início do século XX, hoje, só encontramos seus livros em sebões.

-Sonja Henie.

Pelo entusiasmo do Sérgio Fortes, suspeitamos que ela alimentou os sonhos eróticos do Sérgio na sua fase infanto-juvenil.

E continuou:

-Minha mãe falava muito nela. Era famosa e bonita.

Jonas Vieira confessou que não a conhecia, o que levou o seu parceiro a afirmar que se tratava de uma falha na sua formação.

-Em 1922, Ulysses Guimarães.

Depois dos breves elogios ao político, o Homem-Calendário prosseguiu:

-Ray Conniff.

Não foi dito a cidade da Califórnia em que o band-leader faleceu, Escondido, talvez, porque não resistiria a um trocadilho infame. Resumindo: a cidade ficou escondida na sua relação.

-Em 2007, Paulo Autran.

No Rádio Memória não se fala em Paulo Autran sem vir à mente o Simon Khoury. São tantos os causos com o grande ator narrados pelo Simon Khoury, que eles ficaram umbilicalmente unidos.

-12 de outubro é o dia das Crianças, o dia da Nossa Senhora da Aparecida.

-Saudações à Nossa Senhora da Aparecida e às crianças.- bradou o Jonas Vieira.

Encerrado o calendário, o tom da voz do titular do programa se tornou séria.

 

 

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