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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4965 Data: 14 de outubro de
2014
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RÁDIO MEMÓRIA DAS CRIANÇAS AO ORLANDO
SILVA
1ª PARTE
-Rádio Memória...
-Comemorando o nosso dia,
o das crianças. - emendou o Sérgio Fortes as palavras do Jonas Vieira.
-Voltamos a ser bebês.
Os dois me levaram ao
Benjamin Button, personagem do escritor americano Scott Fitzgerald, para quem o
tempo correu em sentido contrário: nasceu idoso e morreu bebê. Essa história ficou mais conhecida num filme
com Brad Pitt, “O Curioso Caso de Benjamin Button”.
-Vamos ao calendário. -
sugeriu o Sérgio Fortes.
E fomos ao calendário.
Começou citando a data que
tínhamos de decorar desde o curso primário, hoje, ensino fundamental:
-12 de outubro de 1492,
Cristóvão Colombo chegou a Ilha Salvador, nas Bahamas, convencido que havia
chegado às Índias.
Pelas nossas pesquisas
eleitorais não era de se espantar, pois, pela margem de erro, ele estaria entre
a Argentina e a China. O comentário do Jonas Vieira foi em outro sentido:
-Colombo foi de turista.
Como Sérgio Fortes citou
Bahamas, é provável que fosse depositar numa conta o que recebeu do
financiamento da viagem dos reis de Espanha.
O Homem-Calendário seguiu
com os anos:
-Em 1808, Dom João VI fundou o Banco do
Brasil.
-O Brasil começou com Dom
João VI.
Jonas Vieira estava com
toda razão, nesse adendo, embora Dom João VI, ao voltar para Portugal, faliu o
banco porque levou todo o dinheiro consigo. O Barão de Mauá, no Segundo Império,
refundou o Banco do Brasil e ele dura até hoje, sobrevivendo uma pilhagem aqui,
outra acolá.
-Em 1822, o Brasil declara
oficialmente a sua independência de Portugal e Dom Pedro I é proclamado
imperador. Lá, em Portugal, seria Dom Pedro IV.
Como dizia o humorista
português, Raul Solnado: Dom Pedro I no Brasil e Dom Pedro IV, em Portugal, por
uma questão de fuso horário.
-Em 1901, Santos Dumont,
com o seu Balão nº 6, dá a volta em torno da Torre Eiffel, percorrendo 11
quilômetros.
Incrédulo, Sérgio Fortes
se voltou para o Jonas Vieira:
-11 quilômetros?... O
relógio dele estava descalibrado.
-Foi longe… - ironizou o
Jonas Vieira.
Como vivemos o febril
clima eleitoral, de novo nos ocorre as pesquisas de intenção de votos do IBOPE
e da DATAFOLHA: pela margem de erro, o percurso do Balão nº 6 estava entre 500
metros e 15 quilômetros.
-Em 1931, foi inaugurado o
monumento do Cristo Redentor.
Em seguida, vieram os
comentários do Sérgio Fortes:
-Legal, pertinho do nosso
reduto.
Como os ouvintes assíduos
do Rádio Memória sabem, os seus apresentadores têm um reduto onde bebem cerveja
e comem pastéis que, franciscanamente, dividem com os passarinhos.
-Em 1936, foram
apresentados três protótipos do primeiro Fusca.
-Na Alemanha, o carro do povo.
- aditou o Jonas Vieira.
Colecionador de carros,
Sérgio Fortes não se mostrou um fuscólogo como o presidente Itamar Franco e
tanta gente espalhada por este mundo, pois não se deteve na criação de
Ferdinand Porsche.
-Em 1964, Leonid Brejnev
substituiu Nikita Khruschev como secretário-geral do Partido Comunista.
O sobrenome do líder
destituído foi pronunciado com um “r” entre cada letra, o que pressionou o seu
parceiro:
-Sérgio, seu russo está
impecável.
Igual ao pai, Paulo
Fortes, ele bisou como na ópera.
Acostumado a citar nomes
de compositores da Rússia, no seu programa OSB, da Rádio MEC, e de cantores,
como o baixo, Dmitri Hvorostovsky, Sérgio Fortes não encontrou dificuldade
alguma em bisar.
-Em 1968, a polícia
invadiu o Congresso da UNE, em Ibiúna, e prendeu 1400 estudantes...
-Todo o mundo matando
aula. - acrescentou.
-Estavam num comício. -
disse o Jonas Vieira.
Seu parceiro prosseguiu
com o fato:
-Entre eles, o líder dos
estudantes José Dirceu. Ou seja, o José Dirceu tem uma certa experiência com
esse negócio.
Não foi citado o
presidente da UNE, Vladimir Palmeira, que não foi longe, quando empreendeu a
sua fuga, porque sofria de asma.
-Vamos aos nascimentos. -
anunciou.
-Em 1798, Dom Pedro I, um
dos maiores reprodutores desde a pré-história.
Não, caro leitor que
perdeu o Rádio Memória do dia 12 de outubro de 2014, Sérgio Fortes parou no
primeiro, não se referiu em momento algum aos filhos que o nosso imperador fez
até com as freiras.
-Em 1922, Leon Eliachar.
Voltou-se, novamente, para
o seu parceiro:
-Lembra-se dele, Jonas? Um
humorista.
-Lembro-me demais.
Foi assassinado por um
marido traído, mas o clima descontraído do programa não era propício a tal
assunto.
-Em 1923, Fernando Sabino.
Fernando Sabino, que se
dedicava a crônicas, escrevendo poucos livros, o que levou Guimarães Rosa a
incentivá-lo a fazer pirâmides em vez de biscoitos. Nós, particularmente, preferimos
biscoitos e molhados.
-Em 1935, Luciano
Pavarotti.
Que teve como dama de
leite a mesma do soprano Mirella Freni, o que nos leva a crer que esse leite
foi maravilhoso para as cordas vocais.
-Falecimentos.
Com a mesma tonalidade na
voz, Sérgio Fortes passou para os mortos.
-Em 1924, Anatole France.
Chegou a ser o escritor da
moda entre os intelectuais brasileiros no início do século XX, hoje, só
encontramos seus livros em sebões.
-Sonja Henie.
Pelo entusiasmo do Sérgio
Fortes, suspeitamos que ela alimentou os sonhos eróticos do Sérgio na sua fase
infanto-juvenil.
E continuou:
-Minha mãe falava muito
nela. Era famosa e bonita.
Jonas Vieira confessou que
não a conhecia, o que levou o seu parceiro a afirmar que se tratava de uma
falha na sua formação.
-Em 1922, Ulysses
Guimarães.
Depois dos breves elogios
ao político, o Homem-Calendário prosseguiu:
-Ray Conniff.
Não foi dito a cidade da
Califórnia em que o band-leader
faleceu, Escondido, talvez, porque
não resistiria a um trocadilho infame. Resumindo: a cidade ficou escondida na
sua relação.
-Em 2007, Paulo Autran.
No Rádio Memória não se
fala em Paulo Autran sem vir à mente o Simon Khoury. São tantos os causos com o
grande ator narrados pelo Simon Khoury, que eles ficaram umbilicalmente unidos.
-12 de outubro é o dia das
Crianças, o dia da Nossa Senhora da Aparecida.
-Saudações à Nossa Senhora
da Aparecida e às crianças.- bradou o Jonas Vieira.
Encerrado o calendário, o
tom da voz do titular do programa se tornou séria.
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