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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

2711 - Wagner e admiradores


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 4961                                     Data: 08 de  outubro de 2014

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SABADOIDO NA VÉSPERA DA ELEIÇÃO

2ª PARTE

 

-Vou sair. - avisou o Daniel com a chave do carro na mão.

-Decida-se até amanhã. - aludi à eleição.

-Carlão, está difícil escolher o menos ruim. - disse atravessando a porta.

-Vê-se que ele não assistiu ao debate, ontem, na Globo.

-Nem eu perdi o meu tempo. - repetiu a Gina de mau humor.

-Eu não vi, na televisão, um só programa eleitoral, tomava conhecimento, depois do que foi dito pelo noticiário; a mesma coisa com os debates.

-Eu ainda assisti a alguns programas eleitorais na televisão. - manifestou-se o Claudio.

-Só abri uma exceção com o debate na Globo; gravei na quinta-feira, e vi na sexta.

 -Aprendeu muito?... - ironizou a Gina.

-Aqueles sete debatedores inspirariam ótimos personagens a um Balzac, a um...

-Ele escreveria, então, livros humorísticos. - interrompeu-me a Gina.

-Balzac, Shakespeare, Eça de Queirós, Dostoiévski, entre outros grandes criadores, concederam generosos espaços para o humor nas suas obras.- retruquei.

-Prefiro assistir ao bang-bang “Sete Homens e Um Destino”. - brincou o Claudio.

-Ali, na TV Globo, eram mais de “Três Homens em Conflito”, eram sete. - aproveitei a piada cinematográfica.

-Não esqueçam que havia lá, entre os debatedores, três mulheres.- alertou a Gina.

-”Três Mulheres em Conflito”. - era a vez de o Claudio lançar mais uma piada.

-Falando nas debatedoras e em cinema, a Luciana Genro parece a personagem daquele filme “Adeus, Lênin”, que ignorava a queda do Muro de Berlim, o fim do comunismo. Ela não desembarcou, ainda, no século XXI.

-E há muitas pessoas que ainda não desembarcaram, Carlinhos. - manifestou-se meu irmão.

-Vou citar um político do seu apreço, Darci Ribeiro. Ele disse que se lê pessoas como se lê livros. Nesse debate, havia sete pessoas bastante interessantes para ler.

-Algumas delas se fossem livros, eu jogava no lixo. - retornou o mau humor da Gina.

Discordei prontamente e apresentei algumas razões do meu interesse por aqueles debatedores:

-Veja, por exemplo, a Dilma. Nos 80 anos do Fernando Henrique Cardoso, ela escreveu uma carta em que disse que ele é o acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano que debelou a hiperinflação. Agora, ela diz que o Fernando Henrique Cardoso quebrou o Brasil três vezes e ficou de joelhos diante do FMI; ou seja, com a eleição, ela deixou de ser a Dilma para virar personagem do marqueteiro João Santana.

-Ela é personagem para o João Santana, não para o Balzac. - lançou a Gina mais uma das farpas do seu estoque interminável.

-Ele já elegeu um monte de candidatos. - lembrou o Claudio.

-Na mão dos marqueteiros, os políticos se transformam em mercadorias e os eleitores em consumidores; ideias, que é o que interessa, ficam para o segundo plano.

E provoquei a Gina, que costuma contestar as afirmações por birra.

-Concorda comigo?

-Os candidatos expõem as ideias deles, erradas, muitas vezes, mas expõem.

-Não são sempre ideias deles, muitas vezes são dos marqueteiros, eles mexem os cordéis.

 Meu irmão, que acabara de ler o jornal, entrou na questão.

-”Lulinha, paz e amor”, que elegeu o Lula em 2002, foi invenção do Duda Mendonça. O Lula verdadeiro é este raivoso que estamos vendo.

-Ele saliva ódio porque não tem a mesma popularidade de antes, ficou difícil para ele eleger postes. Vocifera tanto, nos discursos, que a voz some.

-É por causa, também, da doença. - ponderou a Gina.

-A Marina poderia pegar esses elogios da Dilma ao Fernando Henrique Cardoso e essa crítica de agora, e perguntar qual a Dilma verdadeira.  A Dilma não fez outra coisa que não fosse mostrar as contradições da Marina.

Depois de uma breve pausa, meu irmão completou:

-O Aécio também fez isso.

Retomei a palavra:

-Cláudio, as críticas do Aécio à Marina são mais do que normais entre dois opositores que pretendem ir ao segundo turno, mas o que os petistas fizeram foi torpe. Eles desvirtuavam as palavras da Marina, recorriam às mentiras.

-Uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade.

-Esse era o lema do ministro da Propaganda do Hitler, Joseph Goebbels. - completei as palavras do Claudio.

-Diga uma mentira do PT agora contra a Marina. - provocou-nos a Gina.

-Há várias; dizer que a ´Marina é comprometida com os grandes  banqueiros porque a Neca Setúbal, do Banco Itaú, é ligada a ela; ora a Neca trabalha com educação e até  foi convidada para a secretaria de Educação do Fernando Haddad em São Paulo. - falou inflamadamente o Claudio.

-Outra mentira era de a política da Marina para o Banco Central prejudicar os bancos do governo e beneficiar os banqueiros. E pior, ainda fizeram filmes em que uma voz falava da independência do Banco Central dada pela Marina, enquanto os pratos de comida e livros eram retirados das mesas dos pobres. Uma canalhice, ainda mais que os petistas tinham doze minutos para atacar, e ela, só dois minutos para se defender.

-Isso foi coisa do marqueteiro., Carlinhos. - disse meu irmão.

-A Dilma estava garantida no segundo turno, mas, com toda essa vilania petista contra ela, só se for sem-vergonha apoiará a Dilma no segundo turno.

-E você crê que o Aécio passará para o segundo turno? - perguntou-me a Gina.

-Aécio Neves esteve excelente no debate, não é a toa que é neto do Tancredo Neves, além disso, ele está em ascensão enquanto a Marina está em queda.

-Esse marqueteiro já errou quando previu que a Dilma venceria no primeiro turno porque os outros candidatos, que chamou de anões, se comeriam entre si. - lembrou o Claudio.

-Em qualquer país avançado em que o governante fracassa na gestão econômica, ele não é reeleito nem com o apoio divino. Quanto aos países atrasados, não acontece isso, mas será que o Brasil está tão atrasado assim?... Veremos nesta eleição.

-Lá, no nordeste, está bem atrasado. - respondeu-me a Gina.

-E como anda a campanha eleitoral na pracinha? - teve curiosidade o Claudio.

-Você deve ter visto que põem uma cobertura na quadra de basquete, vôlei e, principalmente, espaço para pagodes às sextas-feiras. No meio da construção, há galhardetes enormes de dois candidatos, um a deputado federal e outro a estadual. Colocaram também, como você já sabe, uma academia da terceira idade onde era o ringue de patinação, no entanto, não está lá nem um retrato 3 por 4 da Cristiane Brasil, que é a idealizadora desse projeto.

-Ela é filha do Roberto Jefferson.

-Como o Brasil tem uma dívida enorme com ele, pois nos livrou do José Dirceu, votarei nela. - garanti.

-Essas propagandas todas da pracinha, como as que estão próximas do colégio da Roberta, serão retiradas pela fiscalização antes de começar a votação. - previu acertadamente a Gina.

-Carlinhos, você viu o candidato Hitler Vagner Cândido de Oliveira?

-Claudio, o pai dele deve ter sido um fanático pelo partido nazista; além de batizar o filho de Hitler, Wagner era o compositor máximo dos nazistas por ter sido antissemita e cultor da Alemanha.

-Pois esse candidato usa, na campanha dele, apenas o Hitler do nome, porque é mais conhecido.

-Preferem Hitler a Wagner, fazer o quê?... -lamentei.

E o Sabadoido prosseguiu com amenidades, sem se tocar mais em política.

 

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