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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4255 Data: 22 de
agosto de 2013
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CARTAS DOS LEITORES
-Você e o Elio tiveram o privilégio de
testemunharem os acontecimentos que redundaram na ascensão do comunismo na
Rússia, em 1917 e procuraram ver Tolstoi e Rasputin... Ora, ora, por que não a
Anastácia?... Poderiam elucidar, de uma
vez por toda, se ela sobreviveu ou não à chacina. Vocês dois não assistiram,
certamente, ao filme em que a formosa Ingrid Bergman fez o papel da única
sobrevivente da dinastia Romanov, senão, não perderiam essa oportunidade.. Dieckmann.
BM: Meu caro Dieckmann, o Cinema Cachambi, dos velhos
tempos, colocava em cartaz os últimos lançamentos, por isso, eu assisti
“Anastácia,a Princesa Esquecida” com menos de dez anos de idade, mas não me
esqueci da calva do Yul Brynner e da beleza da sueca. Elio, certamente, viu
também essa película.
A família Romanov, depois da queda,
passou de prisão a prisão em cidades diferentes. Foi em Ecaterimburgo, na madrugada
de 16 para 17 de julho que os bolcheviques executaram da maneira mais cruel a
dinastia Romanov, ou seja, nessa data, eu e Elio já tínhamos viajado para país
e século distantes.
Quanto à carnificina, além do czar, da
czarina, do filho e das filhas deles, também foram supliciados o médico da
família imperial, um servo, a camareira e o cozinheiro. Se esses últimos não
escaparam, o que dizer da princesa Anastácia?... Só mesmo Hollywood para tornar
charmosa toda essa tragédia.
-Como
nos tempos em que eu já estava no Departamento de Marinha Mercante às 8 horas
da manhã, acordei cedo, no domingo e ouvi, com bastante atenção, o Rádio
Memória em que o Jonas Vieira homenageou os grandes artistas da música popular
falecidos em agosto e o Sérgio Fortes os da chamada música clássica. Fiquei maravilhado com o trecho da Turandot
que foi tocado, é a minha ópera de Puccini preferida. Dieckmann.
BM: Meu caro, Dieckmann, essa também é a ópera pucciniana de que mais
gosto. Confesso que já fui volúvel nas minhas predileções. Cheguei a considerar
“Madame Butterfly” a melhor, hoje, fujo dela porque fico deprimido com a carga
emocional que Puccini colocou nas notas musicais. Nessa questão, até pareço
você, que evita a arte depressiva.
Prosseguindo, já considerei que “La Boheme” levava a dianteira
sobre todas as outras, a obra que mereceu elogios até de Bernard Shaw, que,
como crítico musical, descia a ripa em tudo, até no “Fausto”, de Gounod. Mas
continuo gostando dela, como da Manon Lescault, porém, desde muitos anos, “Turandot”
se tornou, para mim, a ópera das óperas do Puccini.
Falando desse programa do Rádio Memória,
Sérgio Fortes pediu Non Pingere, Liù, que, apesar da pequena intervenção
do soprano, é uma ária. Ele homenageou o tenor Eugenio Fernandi, que morrera em
8 de agosto de 1991. O soprano, como dissemos, participa, vocalmente, pouco
nesse trecho, mas como se tratava da legendária Elizabeth Schwarzkopf, Sérgio
Fortes lhe dedicou um longo comentário. Ele, na verdade, com uma única
gravação, homenageou dois artistas que se foram, pois Elizabeth Schwarzkopf
morreu em 3 de agosto de 2002.
-O Biscoito Molhado fala do Gelol que o
Sérgio Fortes passou no corpo, cita um personagem do Jerry Lewis que sofria do
mesmo mal: Síndrome da Empatia Compulsiva, mas não diz de que filme se
trata?...Assim, muitos assinantes que desejarem assistir a ele em DVD não
poderão fazê-lo. Aqui vai a crítica
construtiva, pois, embora eu seja engenheiro, só construo navios. Dieckmann.
BM: Esse filme, de 1964, recebeu, no Brasil, um título tão
bizarro que nós poupamos os leitores, mas como você insiste, aqui vai: “O
Bagunceiro Arrumadinho”. O nome original, meio surrealista, é “The Disordely
Ordely”.
Jerry Lewis encarna um personagem que
não consegue estudar Medicina porque sente os sintomas de que sofrem os
pacientes, no hospital onde trabalha de enfermeiro.
Jerry Lewis reclamava que, no único
filme em que ele não teve trabalho algum, pois não dirigiu nada e ainda
representou a si próprio, “O Rei da Comédia”, de Martin Scorcese, foi premiado
pelos americanos. Nas fitas em que trabalhou duramente como ator e diretor, a
ponto de ficar numa tenda de oxigênio por causa de um desses filmes, os
cinemeiros da sua nacionalidade não lhe reconheceram o valor. Ao contrário dos
franceses, que sempre o enalteceram.
Jean-Luc Godard o considerou um comediante superior a Charles Chaplin.
Ah,sim, o filme em que o Jerry Lewis
baixou hospital, ficando numa tenda de oxigênio, foi “Cinderelo Sem
Sapato.” Subiu em poucos segundos
dezenas de degrau de uma escadaria e caiu desacordado.
-Biscoito, você conversou com o Gaguinho
em duas corridas de táxi sobre o final de basquete masculino do Pan Americano
de 1987 e não disse o resultado da partida. Quanto foi? Dieckmann.
BM: O épico jogo de basquete do Pan americano de 1987
terminou 120 a
115 para o Brasil. No término do primeiro tempo, os Estados Unidos venciam por 68 a 54, mas no segundo tempo,
fizemos 66 pontos e eles, 47. Ou seja, o Oscar, com 45 pontos na partida fez
quase o mesmo número de todo o time americano na segunda metade do jogo.
O grande trunfo do Brasil foi a cesta de
3 pontos, que existia nas disputas da NBA, mas que só foi implantado no esporte
amador 5 anos atrás.
Com essa derrota, a primeira dos
americanos dentro de casa, em Indianópolis, eles passaram a disputar as
olimpíadas com os profissionais, o Dream Team. O mais famoso deles foi o
das Olimpíadas de Barcelona, em 1992,
com Magic Johnson, Larry Bird, Charles Barkley, Karl Malone, David
Robinson e Michael Jordan.
Nas Olimpíadas de 2004, em Atenas, os hermanos
conseguiram um êxito ainda mais épico do que o nosso: derrotaram o “Dream Team”
daquela época por 89 a
81.
O
jeito, para o Brasil, foi trazer para cá o técnico argentino campeão olímpico,
Rubén Magnano, para trabalhar nossos jogadores de basquetebol.
-Biscoito, no seu passeio com o Elio
pela Rússia no meio da revolução de 1917, você escreveu que os bolcheviques
prometiam à plebe retirar o país da Primeira Guerra Mundial e que, por isso, a
Alemanha permitiu que Lênin, exilado na Suíça, passasse por lá num trem
especial até a estação Finlândia em Petrogrado. No poder, os comunistas cumpriram a
promessa? Dieckmann.
BM: Sim, através do Tratado Brest-Litovski, assinado com a Alemanha em
março de 1918, a
Rússia saiu da guerra, abrindo mão do poder que exercia sobre a Finlândia, a
Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Polônia, a Ucrânia e a Georgia. Com a derrota
da Alemanha na Guerra, os bolcheviques abocanharam de volta quase todos esses
territórios.
Resumindo: com o czarismo e com o
comunismo, a Rússia continuou imperialista.
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