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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

2438 - farinhas, papas e diretores



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4238                              Data:  27 de  julho de 2013
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SABADOIDO PAPAL

-E o Papa Francisco?
Sim, esta pergunta estava no ar, durante o Sabadoido, mas ela não foi verbalizada por algum tempo. Falamos, primeiramente, de cinema, enquanto o Luca não chegava e a ausência do Vagner era tida como certa devido ao frio – não iria ele sair do seu iglu.
-Claudio, eu tinha mesmo de assistir ao “Lincoln”, em DVD, pois tantas são as palavras para a costura política da votação da abolição da escravatura nos estados Unidos, que eu perderia metade delas. Não consigo escutar alguém falando por mais de dez minutos sem devanear. Com o DVD, sempre que eu ficava perdido no meio daquela enxurrada verbal, eu voltava a fita e revia até entender. Se fosse um livro, em vez de um filme, eu voltaria as páginas para reler.
-Disseram os críticos que o filme é monótono. - lembrou meu irmão.
-Votar pela liberdade dos negros no meio de uma guerra civil e de tantos preconceitos nada tem de monótono.
 -O Steven Spielberg tem altos e baixos; filmou obras-primas e porcarias, como “Jurassic Park” e “Minority Report”. Parece que Stanley Kubrick foi cogitado antes para levar à tela “Minority Report”, provavelmente faria um filme melhor.- comentou.
Voltei ao “Lincoln”:
-Nos extras do DVD, há uma entrevista com o Spielberg. Ele informa que ao saber que a escritora Doris Kearns se dedicava à biografia de Abraham Lincoln, ele comprou os direitos de filmagem. Em seguida, o roteirista reduziu o livro para umas cento e tantas páginas. O diretor conta que só com uma minissérie da HBO aproveitaria todo aquele material; a solução que encontrou foi se restringir apenas aos quatro últimos meses da vida do presidente, quando foi votada pela Câmera dos .Representantes. a 13ª Emenda da Constituição, a liberdade dos escravos.
-O filme do Spielberg de que gostei muito, mas não fez sucesso, foi “Amistad”.
-Muito bem lembrado, Claudio.
-Eu não vi ainda o “Lincoln”, mas o Spielberg poderia formar uma trilogia racial:  “A Cor Púrpura”, “Amistad” e “Lincoln”. - comentou.
-No “Amistad”, os negros que estavam sendo transportados da África para os Estados Unidos, se amotinam tomam o navio e acabam capturados. O julgamento deles chegou à Suprema Corte.
-Recordo-me bem. - frisou.
-Quem os defendeu foi John Quincy Adams, que havia sido o quinto presidente dos Estados Unidos.
-O Anthony Hopkins. - citou o ator.
-Ele era filho do Quincy Adams, um dos pais da nação americana.
-Houve uma minissérie na HBO sobre o Quincy Adams.
-Excelente minissérie, Claudio; ele foi vice-presidente do George Washignton e, depois, se tornou presidente.
 -Pai e filho presidentes, como o Bush. - comparou.
-E, como Bush pai, Quincy Adams não foi reeleito, mas a comparação para por aí, pois os Adams foram extraordinários, principalmente o pai.
-O Bush Primeiro raspou a cabeça em solidariedade ao filho de um segurança que passa por um tratamento de leucemia, um grande gesto.
-Confesso que ele me surpreendeu admiravelmente. - revelei.
Nesse instante, meu sobrinho cruzou a cozinha desviando-nos da política e do cinema.
-Daniel, como você está enfrentando esse frio polar? - perguntei.
-Carlão, eu vou virar picolé sem pauzinho.
-Tenho lido que a temperatura mínima foi em Santa Cruz. - acrescentei.
-Lá, é o bairro dos extremos, ou esquenta muito ou esfria. Eu, para ir ao banheiro, é um sufoco.
-Ligam o ar condicionado na Casa da Moeda? - interessei-me.
-Para eu ir ao banheiro, tenho de passar por uma porta que fica aberta e por onde entra uma  friagem que nem os pinguins aguentam.
Na época do cruzeiro e do cruzado, o calor era tanto em Santa Cruz, que a moeda derretia. - pensei, mas não me manifestei.
-Vou dar uma esquentada no meu carro. - anunciou.
-Daniel, esqueci em casa uns remédios...
-Vamos lá. - prontificou-se.
Fomos, na volta, reclamou porque um carro ocupava um espaço da calçada.
-Tenho espaço para estacionar, mas o Luca vai ter de procurar outra vaga.
Ao chegar, nós nos deparamos com a Gina, já emperiquitada para sair com a irmã.
-E o velho? -perguntou ele.
-O Claudio sai e não diz para onde. - respondeu.
Para a marcha dos peregrinos, não foi; daqui a pouco, está de volta para recepcionar o Luca. - imaginei.
E acertei; quando o Luca telefonou, anunciando que se encontrava no portão, foi meu irmão que atendeu.
Luca apareceu com um flexor na altura da panturrilha, falando de dores que o obrigam a tomar um antiinflamatório de apenas quatro letras, mas de grande potência.
-PACO.
Bem, eu sei que Paco é o apelido que os espanhóis dão aos xarás do Papa Francisco; apenas isso.
-PACO é paracetamol com codeína.
-E você tem jogado pingue-pongue, Luca?
-Tenho, Carlinhos, apanho muito; mas prefiro perder para quem sabe; aprendo, assim. O Gordo tem vencido muito, ele joga à  beça.
- Jogam lá na AABB?
-Sim, Claudiomiro; e lá a mesa é de madeira de lei, ou seja, a bola fica mais rápida. São precisos quatro para transportá-la de um lugar para outro.
-As mesas que se vê, comumente, é de compensado.- intervim.
-È como no tênis em que a quadra de saibro é lenta e a de cimento é rápida.
-O Rafael Nadal se dá muito bem na quadra de saibro, por isso, ganha todos os torneios de Roland Garros. - manifestou-se o Claudio.
-O nosso tenista não era também especialista  na quadra lenta? -perguntou o Luca.
-Sim, o Guga ganhou três vezes em Roland Garros, e a última grande vitória dele, cheio de dores na coluna, foi lá, sobre o Roger Federer.
-Martina Navratilova, como não atuava bem na quadra lenta, ausentava-se de Roland Garros e ficava treinado para o torneio de Wimbledon na quadra de grama. - lembrei.
Houve, em seguida, uma pequena discussão sobre os torneios disputados no piso de grama, até que se mudou de assunto.
-Acordei com uma notícia no rádio que me fez pensar que eu ainda dormia: os paulistas saíram às ruas pedindo a saída do Sérgio Cabral.
-Carlinhos, o que o Cabral andou fazendo atravessa as fronteiras do Rio de Janeiro. - explicou  o Luca.








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