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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4954 Data: 25 de setembro de 2014
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OS ASTERISCOS DO DIECKMANN
Dieckmann não é dado ao envio de cartas
à nossa redação, embora vez ou outra nos chegue uma carta sua. Ele costuma
mesmo é mandar seus recados através de asteriscos. Primeiramente, vamos à
história dos asteriscos.
A palavra vem do latim asteriscum,
mas a origem é grega com o significado de “estrelinha”. Esses dados se acham no
wikipédia e ainda não foram deturpados pelos petistas aloprados, embora fale de
“estrelinha”. Falando no símbolo do PT, não tenho mais visto... será que a
estrela sumiu na lama?...
Agora,
a nossa historinha particular do asterisco. Um amigo meu e do Dieckmann
colocava uns pitacos no texto deste periódico a que chamava de cacos. Ora, o
redator do BM guarda umas semelhanças com o personagem do Gary Cooper, no filme
“The Fountainhead” (“Vontade Indômita”), de 1949, um arquiteto que
explodiu um prédio que ele construíra porque, à sua revelia, acrescentaram, se
a memória não me trai, umas varandas.
Dieckmann disse que, quanto a ele, não
havia problemas, não mexeria em nada, mas faria comentários, quando coubessem,
por meios de asteriscos e assim foi feito. Neste número, vamos nos referir a
alguns deles. Quanto ao outro amigo, faz observações por mensagem eletrônica.
“(*) O Distribuidor do seu
O BISCOITO MOLHADO suspeita que a pronúncia tenha sido “vangôgui” quando o
certo é “vangohr”. Apenas belgas, holandeses e cariocas têm a habilidade
lingual (a anatômica mesmo) para usarem e abusarem dos fonemas guturais, mas é
factível supor que o populacho da Praça Mané não exerça essa habilidade.”
No caso acima, ele tece
comentários sobre o exemplar do Biscoito Molhado que tratou de uma conversa do
redator com um taxista sobre a pronúncia dos nomes das ruas nas proximidades da
Praça Manet, mormente franceses, pelos moradores. Dieckmann, no seu asterisco,
os chama de populacho. Por que essa palavra tão dura? Por pouco não os tratou
de “patuleia” como o Paulo Francis, que nunca primou pela cortesia nas suas
apreciações. Mas passemos à questão principal. (*)
O mencionado BM fala da
pronúncia equivocada dos nomes franceses dos logradouros, por parte dos
moradores de Del Castilho, critica-os até chegar à Rua Van Gogh. Como se trata
de um nome holandês, a crítica não seguiu adiante. Foi aí que o Dieckmann
entrou em cena com o seu asterisco. Como vemos, ele esculhambou a todos nós pela falta de “habilidade” de não pronunciarmos “Vangohr”.
Caramba, se sou visto como pernóstico
por pronunciar “Manê” em vez de “Mané”, imaginem se pronuncio “Vangohr”, como o
Dieckmann quer: ou serei expulso do táxi, ou levado para Ricardo de
Albuquerque.
“(*) Andrea é uma craque;
além disso, foi vizinha do Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO, na Rua
Triunfo, durante muitos anos e era um privilégio ouvir – baixinho – suas
práticas. Vez por outra vai à feira da Rua General Glicério. Nota 10.”
Nós escrevemos,
recentemente, três BMs sobre a presença da flautista Andrea Ernest Dias no
programa Rádio Memória. Dieckmann, cujo saco de confetes nos parecia vazio de
uns cinco anos para cá, nos surpreendeu com os elogios que fez à artista; não,
porque ela não merecia, mereceu. Outro fato raro é um vizinho se deliciar com
os ensaios de um músico; até mesmo Beethoven teve problemas com a vizinhança
quando dedilhava o piano em busca das notas exatas de uma nova composição.
Sérgio Fortes, que
participou desse programa com a exímia instrumentista, citou, em um Rádio
Memória anterior, o Bolinha dos gibis que agredia os ouvidos de todas as
pessoas próximas quando estudava violino. O próprio Sérgio Fortes é citado na
biografia do seu pai, escrita por Rogério Barbosa Lima. Nela, Paulo Fortes dá
aulas de canto ao filho, que pretendia ser tenor e o deixa mudo durante todo o
dia seguinte. Já imaginaram como os vizinhos dos Fortes sofreram com os dós de
peito do Sérgio?
Falando nele, aludiu certa
vez, também no Rádio Memória, que o gato do João Gilberto preferiu o suicídio,
atirando-se pela janela do apartamento, depois do músico da Bossa Nova tentar
pela milésima um acorde no violão.
Certamente, isso é lenda,
mas o que aconteceu com o celebrado saxofonista John Coltrane teve várias
testemunhas e foi para as páginas de jornais e livros. Ensaiando, eternamente,
numa espelunca dos Estados Unidos, deixou uma garçonete ensandecida com o seu
trombone; ela deixou o prato que carregava se espatifar, enquanto dizia, com as
mãos nos ouvidos, que não aguentava mais aquilo. Mas voltemos ao asterisco do
Dieckmann.
Ele, renomado pela sua falta
de delicadeza, haja vista o “populacho” (**) do primeiro asterisco, nos
surpreendeu com os confetes que jogou na Andrea. O troglodieck –
codinome que recebeu dos amigos do tempo do Colégio Militar – se amansou com a
flauta da artista.
Concordamos inteiramente com ele, “Andrea
é uma craque”. Acreditamos que o Sérgio Forte e o Jonas Vieira, que tomam
cerveja na Rua General Glicério, enquanto dividem pasteizinhos com os pássaros,
param todos os comes e bebes para ouvir a sua arte quando ela lá aparece.
A edição 2695 do Biscoito
Molhado levou o Dieckmann a redigir o seguinte asterisco:
“(*) O rato Mickey surgiu no
desenho “Steamboat Willie” de 1928, e foi personagem de uma série de desenhos
animados que foram incorporados outros personagens. Daí para os quadrinhos, foi
um pulo e o auge dessa produção esteve nas décadas de 50 e 60; hoje, as aparições
não se dão em histórias e a aposentadoria dele veio em forma de mestre de
cerimônias, quando teria sido melhor um par de bengalas. Certamente, as crianças
de hoje não entendem o porquê do Mickey.”
Aqui, um pequeno... que
palavra usarei para evitar flashback? Está difícil com tantos
estrangeirismos no nosso dia a dia. Ah, sim: recapitulação. Aqui, uma pequena
recapitulação. Numa festa infantil, o animador sabatinou a criançada com várias
perguntas, uma delas esta: “Qual é o rato de filmes do cinema que é muito
famoso e rico?” A petizada respondeu Ratatouille e até Stuart Little, ninguém
citou o Mickey. E para culminar, a mãe de uma das crianças, ao ouvir o nome do
personagem do Walt Disney, se surpreende e surpreendeu a todos nós com a
pergunta: “Mickey é um rato?...”
Divulgamos esse fato no
Biscoito Molhado nº 2695. Dieckmann, que é colecionador de gibis do Mickey,
postando todos os sábados no Facebook, páginas das aventuras de um dos maiores
personagens fictícios do século XX, não pôde deixar de comentar esse caso. Justifica o desconhecimento das crianças e
poupa a mãe de uma delas pela ignorância. Ele tem toda a razão; por que os
Estúdios Walt Disney não aposentaram o Mickey, em vez de colocá-lo no
degradante papel de mestre de cerimônias?
Por hoje, é só.
(*)
Ilação precipitada do redator do seu O BISCOITO MOLHADO. O populacho a que o
Dieckmann se refere não é composto pela vizinhança da Praça Manet, mas sim por
quem a chama de Mané, more onde morar.
(**)
Vide o (*).
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