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O BISCOITO MOLHADO
Edição
4935 Data: 30 de agosto de 2014
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CARTAS DOS LEITORES
Não sou apenas ouvinte do
“Rádio Memória” da Roquette Pinto, também sintonizo essa emissora das segundas
às quartas-feiras, 9 da noite, para desfrutar “Choros, Chorinhos e Chorões”.
Sobre esse programa, tenho duas reclamações a fazer: por que só é citado o nome
do Chico Buarque como autor de “Meu Caro Amigo” e também quando é tocado “Gente
Humilde”? Omitir o nome do Garoto é imperdoável. Luca
BM: Mesmo com esses senões, é um ótimo programa,
principalmente quando são desarquivados os tesouros de tempos pretéritos.
Clarice Azevedo, a jovem
apresentadora, possui uma elogiável locução; ela, que chegou à Rádio Roquette
Pinto como estagiária, alcançou esse cargo com mérito. Como é filha do
compositor pernambucano, Geraldo Azevedo, herdou o bom gosto do pai.
Quanto às suas
reclamações, Luca, já notei por várias vezes as falhas que você apontou.
No caso do “Meu Caro
Amigo”, a gravação que vai sempre ao ar, nos “Choros, Chorinhos e Chorões”, é
instrumental, ou seja, ouvimos a parte que foi composta pelo Francis Hime,
contudo, ele é esquecido nos créditos.
Falha ainda mais gritante
ocorre com “Gente Humilde”. Garoto, morto prematuramente com 40 anos, em 1955,
compôs essa obra-prima para violão. Muitos anos depois, Vinícius de Moraes
colocou uma letra e, reza a lenda, chamou o Chico Buarque para completá-la com
uns poucos versos, assim, eles dois seriam parceiros do compositor e violonista
que tanto admiravam. O que acontece nos “Choros, Chorinhos e Chorões”? Vinícius
de Moraes é colocado à parte e, muitíssimo pior, Garoto, também; e só o Chico
Buarque é citado como autor.
Artur da Távola, que
reestruturou a programação da Rádio Roquete Pinto, quando secretário das
Culturas , melhorando consideravelmente o seu nível artístico, está no além
muito zangado com essas omissões, temos certeza.
Alertada, acreditamos que
a competente Clarice Azevedo desfará essas injustiças do seu programa.
Ah,
sim; para relaxar os nervos após os jogos do seu time, recomentamos “Tempo de
Jazz” de Ana Lúcia Bizinover, aos domingos, 18 horas.
Não só li o Biscoito Molhado que repercutiu o
Rádio Memória com o David Ganc como convidado, também dediquei uma hora da
manhã de domingo para pôr os ouvidos à escuta do programa com toda atenção.
- Isso posto, pergunto: por que a redação desse
periódico omitiu a parte em que Jonas Vieira se referiu aos candidatos desta
campanha eleitoral de 2014? FDR
BM: Pois é, nós conhecemos o CAT, que não é o Carlos Alberto Torres,
o grande capitão da Copa de 70 e o FDR, que não é o Franklin Delano Roosevelt,
sem falar no RD, que não é o Robert Duvall e sim, o Roberto Dieckmann.
Mas vamos aos
esclarecimentos; por questões de edição, eram mais de 1500 palavras, foi
cortado o trecho em que houve referência aos senhores candidatos que buscam uma
sinecura na próxima eleição. Agora, não existe este problema, por isso,
tentaremos reproduzir o que o editor tesourou.
-Gente, é época de
eleição – disse o Jonas Vieira em tom solene, mesmo com o Simon Khoury ao seu
lado.
E prosseguiu com a mesma
gravidade na voz:
-O pior de tudo é o voto
nulo, o voto em branco, pois, com eles, são favorecidos os corruptos. Isso é
uma coisa, agora, outra.
E voltou-se o Jonas
Vieira para o seu convidado, o compositor, flautista e saxofonista David Ganc.
-Quantos candidatos são,
David?
-25.366.
Depois da rápida resposta
que lhe foi dada, o titular do programa Rádio Memória se pôs a classificar
(alguns desclassificáveis) esses candidatos.
-2.321 são empresários;
1481, professores; 1376, advogados; 1544, policiais; 23, moto-boys; 2,
coveiros...
-Algum para defender a
classe artística? - interrompeu-o o seu convidado, enquanto o Simon Khoury se
mantinha calado.
-8 artistas, mas todos de
circo.
É o efeito Tiririca. -
diria o Sérgio Fortes se lá estivesse, imaginamos.
-Agora, os nomes de
alguns deles. - anunciou o Jonas Vieira.
-Hora do Rango, Chiclete,
Chupa-Cabra, Cição Bandido, Barack Obama, Mister M, Filho do Padre, Eu Te Amo,
Bagunça. Isto é brincadeira!
-Não, caro leitor, “Isto
é brincadeira” não é nome de candidato, mas a reação do Jonas Vieira diante de
tanta bizarrice.
E arrematou solicitando
mais uma vez ao eleitorado que votasse seriamente.
-Vamos fazer a nossa
parte.- foi a sua conclamação patriótica a que fazemos couro.
Foi este trecho, meu caro
FDR, que a Rádio Roquette Pinto transmitiu no domingo do Rádio Memória que nós
só logramos escrevê-lo nesta edição.
-E o furdunço do avião do
Campos? Não será mais canonizado... Leu no Góes sobre o cacique cobrando votos?
Sem apito? Voltando ao ex-fututo santo, talvez ele não soubesse que havia
irregularidade. Isso depõe contra o tirocínio do mesmo, e, para governar bem um
país é necessário supra crepitam. Lembre-se do acidente com Ted Kennedy em que
a moça se afogou e ele demorou muito a resolver a parada? Queimou para sempre a
candidatura que iria manipular guerras frias e quentes. Rosa
Grieco
BM: Com toda a certeza, minha cara Rosa, você manuscreveu esta carta
antes de a Marina Silva ser entrevistada (ou interrogada) pelo William Bonner
no Jornal Nacional.
Antes de mais nada, consultei
os latinistas para entender inteiramente o seu texto antes de respondê-lo.
Como a citada locução
latina sutor ne ultra crepidam pode ser traduzida por “não vá o sapateiro além das sandálias”,
ou seja, não vá um sujeito se meter numa matéria de que ele não entende,
acredito que, ao retirar a negação e citar supra crepitam, a sua intenção era de que o o Eduardo Campos deveria ir além da sua função de
presidenciável (de sapateiro) e se inteirar das funções exercidas pelos seus
companheiros de campanha. É um trabalho terrível para os candidatos a
presidente da República que já tem mil afazeres, convenhamos.
Como você me escreveu no
desenrolar das investigações sobre o avião, tudo leva a crer que o Eduardo Campos o obteve de
maneira ilícita, com participação direta. Assim, ele não será mais canonizado,
você tem toda a razão.
Voltamos agora, à
entrevista, ou interrogatório, a que o William Bonner submeteu Marina Silva, a
substituta do finado. Ele se fixou no fato de ela ser conhecida pela sua honestidade
e, assim, teria obrigação de indagar sobre a origem do avião.
Minha cara, Rosa, você já
imaginou a Marina Silva, que chegou ao PSB como uma convidada, digamos,
inquirindo sobre todas as pessoas e coisas do partido? Por muito menos, membros do PSB já a haviam
mandado cuidar da REDE dela, e um deles chamou-a de “hospedeira”, desconhecendo
totalmente o seu significado em biologia, pois a intenção era ofensiva.
Resumindo, se ela, lá no
PSB, exigisse toda a documentação da aeronave, como o William Bonner, no papel
de advogado do diabo queria, e papéis do partido que a “hospedou”, seria vista
como uma chata e o acordo político entre ela o Eduardo Campos não duraria uma
semana.
Vamos incriminar as
pessoas certas, mesmo que já estejam mortas, não é Rosa?
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