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O BISCOITO MOLHADO
Edição
4947 Data:
16 de setembro de 2014
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MAIS CARTAS DOS LEITORES
-”Li a reportagem dos dois correspondentes do
Biscoito Molhado em séculos passados sobre o exílio do imperador Dom Pedro II e
demais familiares próximos. Os dois, porém, contam a história a partir de um
domingo, 17 de novembro de 1889. Eu gostaria de saber do que aconteceu dois
dias antes, quando foi proclamada a República. José de Arimateia
BM: Caro leitor, a máquina do tempo largou nossos dois correspondentes
no passado, como você leu, diretamente no cruzador Parnaíba, com isso, eles só
puderam falar do exílio. Mas como você quer saber, pelo que entendi, sobre a
reação da família imperial ao golpe militar, consultamos os alfarrábios e não
nossos correspondentes que, parece, estão no meio de uma batalha entre o Rei
Ricardo Coração de Leão e o sultão Saladino.
Dom Pedro II estava em Petrópolis, no dia 15
de novembro de 1889, quando recebeu do Visconde de Ouro Preto, presidente do
Conselho de Ministros, uma carta sobre uma sublevação militar em São Cristóvão.
Sem ideia da gravidade do problema, o imperador colocou a carta no bolso da
casaca e nada disse, nem mesmo aos seus melhores amigos, que lá estavam com
ele, o Conde Mota Maia e o Conde de Aljezur.
O telegrama que recebeu, depois do almoço, do
ministro Ouro Preto, continha notícias para arrancá-lo da abulia: o ministério
havia sido deposto pelos rebeldes. Ordenou, então, que se
preparasse um trem especial para trazê-lo ao Rio de Janeiro. Na viagem, lia jornais
e revistas científicas, dizendo ao preocupado Conde Mota Maia, ao seu lado, que
tudo se resolveria a contento.
A Princesa Isabel, com o seu consorte, quando
tudo começou, estava no Palácio Laranjeiras. Eram 10 horas da manhã, quando
correram para lá, alvoroçados, o Barão de Ivinheíma e o Visconde da Penha. As
notícias eram as piores possíveis; tropas republicanas revoltadas e o ministro
da Marinha, o Barão de Ladário, monarquista empedernido, morto, ou ferido
gravemente. Em pouco tempo, chegavam ao Palácio amigos da família imperial e
informações terríveis.
Ao saber que Deodoro e Quintino Bocaiuva
lideravam os sublevados no Quartel General do Exército, o Conde D' Eu se tornou
pálido e disse que a monarquia estava perdida.
O engenheiro André Rebouças, amigo de todas as
horas, e o Visconde de Taunay lá chegaram com um plano de resistência; no
mesmo, Dom Pedro II deveria permanecer em Petrópolis, ladeado por grandes nomes
da monarquia e formar um governo de enfrentamento aos rebelados. O Conde D' Eu,
com a experiência de quem substituiu Caxias na Guerra do Paraguai, aprovou o
plano. Tentaram, em seguida, contatar o imperador por telefone, mas não
conseguiram; naquele tempo, os telefones funcionavam pessimamente para
monarquistas e republicanos.
Apesar de heroica, pelos terríveis partos que
enfrentou, a princesa Isabel não continha o desespero. Era filha da
sobrinha-neta da rainha Maria Antonieta e conhecia bem o seu destino. Embora
soubesse também que os brasileiros não eram truculentos como os revolucionários
franceses, temia bem mais pelos filhos e quis que os três fossem para longe
dali. E seu marido acedeu: os meninos foram enviados para Petrópolis, isso foi
o porquê da espera do cruzador Parnaíba, naquela madrugada de domingo, dois
dias depois, como já vimos.
Os pais seguiriam logo depois para Petrópolis,
mas, nesse ínterim, receberam um telegrama com a notícia que Dom Pedro II já
partira de lá. Assim sendo, rumaram para o Paço da Cidade e se depararam com o
imperador, surpreendentemente tranquilo, afirmando que tudo não passava de fogo
de palha. O Conde D' Eu ficou ainda mais surpreendido quando ele lhe disse que
bastava dissolver as tropas rebeladas; seu genro argumentou que havia
necessidade, antes de mais nada, de constituir um novo
governo, pois o anterior se demitira. Dom Pedro, fora da realidade, bradou que
não aceitaria demissão alguma.
O Visconde de Ouro Preto apareceu, enfim e
logo informou ao imperador que não tinha mais a mínima condição de exercer o
cargo de ministro. Quando todos concluíram que a República era irreversível,
Dom Pedro se conformou dizendo que aceitava a aposentadoria, que já trabalhara
muito e que, agora, iria descansar.
O jantar foi servido às 5 horas da tarde, como
era costumeiro, e o imperador, diferentemente dos demais, saboreou cada porção
de comida e cada gole que bebia.
A noite avançava e a Orincesa Isabel e o Conde
D' Eu pressionaram o monarca até que, perto da meia-noite, ele permitiu que se
reunisse o Conselho de Estado. Ficou, então, acordado, já na madrugada, que o conselheiro
José Antônio Saraiva, que havia chegado da Europa, assumiria o cargo que fora
do Visconde de Ouro Preto.
No dia seguinte, sábado, Deodoro repudiou o
nome do novo ministro e o governo provisório foi constituído.
Às 10 horas da manhã desse dia, 16 de novembro
de 1889, a guarda em frente ao Paço foi reforçada e ficou proibida a entrada e
a saída de qualquer pessoa do palácio. Era a prisão.
O Conde D'Eu apresentou um plano de fuga ao
imperador: fugiriam através de uma das saídas secretas do Paço e se refugiariam
no navio do Chile, Almirante Cochrane, cujos oficiais foram celebrados, dias
antes, na festa da Ilha Fiscal. A reação de Dom Pedro II foi de quem se sente
ofendido; não admitia recorrer a estrangeiros sob hipótese alguma.
Depois, a resignação mesclada com apatia se
apoderou dele. “Se tudo está perdido; que haja calma.” Mas somente ele não
demonstrava desespero, contido ou não, quando o representante do governo
provisório lhes informou do exílio na Europa.
“O rato Mickey surgiu no desenho “Steamboat
Willie, de 1928 e foi personagem de uma série de desenhos animados que foram
incorporando outros personagens. Daí para os quadrinhos foi um pulo e o auge
dessa produção esteve nas décadas de 50 e 60. Hoje, as aparições do Mickey não
se dão em histórias, e a aposentadoria dele veio em forma de mestre de
cerimônias, quando teria sido melhor um par de bengalas. Certamente, as
crianças de hoje não entendem o porquê do Mickey.” Dieckmann
BM: Nosso amigo se reporta
ao “Sabadoido Inusitado”, ocorrido numa festa infantil, no trecho em que as
crianças deram as mais diversas respostas quando inquiridas sobre o personagem
de filmes, que é um rato famoso e muito rico. A petizada respondeu Ratatouille,
Stuart Little, e outros, sem citar o Mickey.
Dieckmann justifica a criançada, mas quanto à
mãe de uma delas, que declarou não saber que o Mickey era um rato, não havia o
que fazer. O caso dela é indefensável.
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