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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

2697 – Proclamações




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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4947                                  Data: 16 de  setembro de 2014
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MAIS CARTAS DOS LEITORES

-”Li a reportagem dos dois correspondentes do Biscoito Molhado em séculos passados sobre o exílio do imperador Dom Pedro II e demais familiares próximos. Os dois, porém, contam a história a partir de um domingo, 17 de novembro de 1889. Eu gostaria de saber do que aconteceu dois dias antes, quando foi proclamada a República. José de Arimateia
BM: Caro leitor, a máquina do tempo largou nossos dois correspondentes no passado, como você leu, diretamente no cruzador Parnaíba, com isso, eles só puderam falar do exílio. Mas como você quer saber, pelo que entendi, sobre a reação da família imperial ao golpe militar, consultamos os alfarrábios e não nossos correspondentes que, parece, estão no meio de uma batalha entre o Rei Ricardo Coração de Leão e o sultão Saladino.
Dom Pedro II estava em Petrópolis, no dia 15 de novembro de 1889, quando recebeu do Visconde de Ouro Preto, presidente do Conselho de Ministros, uma carta sobre uma sublevação militar em São Cristóvão. Sem ideia da gravidade do problema, o imperador colocou a carta no bolso da casaca e nada disse, nem mesmo aos seus melhores amigos, que lá estavam com ele, o Conde Mota Maia e o Conde de Aljezur.
O telegrama que recebeu, depois do almoço, do ministro Ouro Preto, continha notícias para arrancá-lo da abulia: o ministério havia sido deposto pelos rebeldes.  Ordenou, então, que se preparasse um trem especial para trazê-lo ao Rio de Janeiro. Na viagem, lia jornais e revistas científicas, dizendo ao preocupado Conde Mota Maia, ao seu lado, que tudo se resolveria a contento.
A Princesa Isabel, com o seu consorte, quando tudo começou, estava no Palácio Laranjeiras. Eram 10 horas da manhã, quando correram para lá, alvoroçados, o Barão de Ivinheíma e o Visconde da Penha. As notícias eram as piores possíveis; tropas republicanas revoltadas e o ministro da Marinha, o Barão de Ladário, monarquista empedernido, morto, ou ferido gravemente.  Em pouco tempo, chegavam ao Palácio amigos da família imperial e informações terríveis.
Ao saber que Deodoro e Quintino Bocaiuva lideravam os sublevados no Quartel General do Exército, o Conde D' Eu se tornou pálido e disse que a monarquia estava perdida.
O engenheiro André Rebouças, amigo de todas as horas, e o Visconde de Taunay lá chegaram com um plano de resistência; no mesmo, Dom Pedro II deveria permanecer em Petrópolis, ladeado por grandes nomes da monarquia e formar um governo de enfrentamento aos rebelados. O Conde D' Eu, com a experiência de quem substituiu Caxias na Guerra do Paraguai, aprovou o plano. Tentaram, em seguida, contatar o imperador por telefone, mas não conseguiram; naquele tempo, os telefones funcionavam pessimamente para monarquistas e republicanos.
Apesar de heroica, pelos terríveis partos que enfrentou, a princesa Isabel não continha o desespero. Era filha da sobrinha-neta da rainha Maria Antonieta e conhecia bem o seu destino. Embora soubesse também que os brasileiros não eram truculentos como os revolucionários franceses, temia bem mais pelos filhos e quis que os três fossem para longe dali. E seu marido acedeu: os meninos foram enviados para Petrópolis, isso foi o porquê da espera do cruzador Parnaíba, naquela madrugada de domingo, dois dias depois, como já vimos.
Os pais seguiriam logo depois para Petrópolis, mas, nesse ínterim, receberam um telegrama com a notícia que Dom Pedro II já partira de lá. Assim sendo, rumaram para o Paço da Cidade e se depararam com o imperador, surpreendentemente tranquilo, afirmando que tudo não passava de fogo de palha. O Conde D' Eu ficou ainda mais surpreendido quando ele lhe disse que bastava dissolver as tropas rebeladas; seu genro argumentou que havia necessidade, antes de mais nada,  de constituir um novo governo, pois o anterior se demitira. Dom Pedro, fora da realidade, bradou que não aceitaria demissão alguma. 
O Visconde de Ouro Preto apareceu, enfim e logo informou ao imperador que não tinha mais a mínima condição de exercer o cargo de ministro. Quando todos concluíram que a República era irreversível, Dom Pedro se conformou dizendo que aceitava a aposentadoria, que já trabalhara muito e que, agora, iria descansar.
O jantar foi servido às 5 horas da tarde, como era costumeiro, e o imperador, diferentemente dos demais, saboreou cada porção de comida e cada gole que bebia.
A noite avançava e a Orincesa Isabel e o Conde D' Eu pressionaram o monarca até que, perto da meia-noite, ele permitiu que se reunisse o Conselho de Estado. Ficou, então, acordado, já na madrugada, que o conselheiro José Antônio Saraiva, que havia chegado da Europa, assumiria o cargo que fora do Visconde de Ouro Preto.
No dia seguinte, sábado, Deodoro repudiou o nome do novo ministro e o governo provisório foi constituído.
Às 10 horas da manhã desse dia, 16 de novembro de 1889, a guarda em frente ao Paço foi reforçada e ficou proibida a entrada e a saída de qualquer pessoa do palácio. Era a prisão.
O Conde D'Eu apresentou um plano de fuga ao imperador: fugiriam através de uma das saídas secretas do Paço e se refugiariam no navio do Chile, Almirante Cochrane, cujos oficiais foram celebrados, dias antes, na festa da Ilha Fiscal. A reação de Dom Pedro II foi de quem se sente ofendido; não admitia recorrer a estrangeiros sob hipótese alguma.
Depois, a resignação mesclada com apatia se apoderou dele. “Se tudo está perdido; que haja calma.” Mas somente ele não demonstrava desespero, contido ou não, quando o representante do governo provisório lhes informou do exílio na Europa.

“O rato Mickey surgiu no desenho “Steamboat Willie, de 1928 e foi personagem de uma série de desenhos animados que foram incorporando outros personagens. Daí para os quadrinhos foi um pulo e o auge dessa produção esteve nas décadas de 50 e 60. Hoje, as aparições do Mickey não se dão em histórias, e a aposentadoria dele veio em forma de mestre de cerimônias, quando teria sido melhor um par de bengalas. Certamente, as crianças de hoje não entendem o porquê do Mickey.”  Dieckmann
BM: Nosso amigo se reporta ao “Sabadoido Inusitado”, ocorrido numa festa infantil, no trecho em que as crianças deram as mais diversas respostas quando inquiridas sobre o personagem de filmes, que é um rato famoso e muito rico. A petizada respondeu Ratatouille, Stuart Little, e outros, sem citar o Mickey.
Dieckmann justifica a criançada, mas quanto à mãe de uma delas, que declarou não saber que o Mickey era um rato, não havia o que fazer. O caso dela é indefensável.

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