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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

2687 - incontáveis barcas


 

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O BISCOITO MOLHADO

Edição 4937                                      Data:  01  de  setembro de 2014

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CALENDÁRIO E MÚSICA NO RÁDIO MEMÓRIA

1ª PARTE

 

Caramba, o Rádio Memória começou e eu estou atrapalhado com a gravação. Se ainda fosse com fita cassete, era uma atenuante para a minha enrolação, mas não, tratava-se de um celular de tecnologia um tanto avançada.

Não tenho a memória de Mozart que, com 14 anos de idade, ao ouvir o Miserere de Allegri, na Capela Sistina, onde era proibido fazer anotações da missa, decorou todas as notas e as reproduziu integralmente. Além disso, o programa não era nada católico, embora o Simon Khoury lá não estivesse, nem o titular, o Jonas Vieira.

-Creio que é uma espécie de vingança, porque faltei na semana anterior, então, o Jonas falta nesta.

Essas palavras acima, eu guardei na retentiva e também as referências ao Peter, cuja voz nunca escutamos.

-No dia 31 de agosto de 1846, foi descoberto o planeta Netuno.

Demonstrou o seu espanto com essa descoberta no meado do século XIX e passou, se não me engano, para o primeiro assassinato cometido por “Jack, o Estripador”, em 1888.

-Peter, “Jack, o Estripador” não teria sido um personagem de ficção?

Talvez essa dúvida levantada pelo Sérgio Fortes advenha do fato de o criminoso ficar impune na Inglaterra; caso ele fosse brasileiro, não haveria anormalidade alguma.

Parece-me que o Homem-Calendário não citou que, em 1915, na Primeira Guerra Mundial, Alemanha e Áustria dividiram a Polônia em dois distritos: Varsóvia para os alemães e Kielce para os austríacos. Nós, do Biscoito Molhado, fazemos esse registro para salientar que temos mais uma amostra da repetição da história, pois, na Segunda Grande Guerra, o mesmo aconteceu, apenas saindo os austríacos para entrarem os russos.

-Em 31 de agosto de 1951 - disse o Sérgio Fortes em tom sonoro – surgia o primeiro long-play, LP, apresentado pela empresa alemã Deutsche Grammophon.

Por coincidência, nas páginas “Tecnologia”, da revista Veja, da semana passada, faz-se, ainda que de passagem, alusão ao LP. Nelas, há duas frases que transcreveremos aqui:

”Qualquer gravação perde qualidade ao ser transferida para os formatos que permitirão ouvi-la. Só ao vivo se percebem todas as nuances de uma música, como os ápices e baixos de frequência e a superposição de um instrumento a outro.”

Então, através de um gráfico cartesiano, vemos 100% atribuído à fidelidade ao som original, 70% ao disco de vinil, 50% ao CD, e 99% ao que há, atualmente, de gravador tecnologicamente mais avançado, o HRA (High Resolution Audio) ou Áudio em Alta Definição.

  O regente romeno Celibidache, que odiava gravações e Herbert von Karajan pela sua ganância fonográfica, se vivo estivesse, certamente aceitaria ouvir as suas memoráveis gravações em HRA.

Sérgio Fortes saltou, agora, 18 anos, para 1969 e assinalava que Costa e Silva caía doente e era afastado da Presidência da República.

-Graças a Deus! Consegui me entender com o celular e já posso fazer a gravação.

Intempestivamente, Sérgio Fortes anuncia a primeira atração musical do Rádio Memória, “As rosas não falam”, de Cartola, pelo “Choro na Feira” e pede atenção para o violoncelo.

E a música reinou soberana até a última nota.

-Peter, esse violoncelo arrepiante é do David Chew. Ele é extraordinário.

Em seguida, nomeou os integrantes do grupo: Marcelo Bernardes (clarineta, sax soprano, sax tenor); Franklin da Flauta (flauta em dó e em sol); Ignez Perdigão (cavaquinho); Clarice Magalhães (pandeiro); Bilinho Teixeira (violão e banjo).

E acresceu:

 -Todo sábado de manhã, o “Choro na Feira” se apresenta na feira da Rua General Glicério, em Laranjeiras. São músicos transcendentais que costumam aparecer para dar uma canja.

E voltou ao David Chew.

-Ele é tricolor e toca na OSB distante do rubro-negro Luzer, que é violinista, mas ao lado do violoncelista Luís Carlos Hack, flamenguista fanático, que ensaia com a camisa do Flamengo. Há que aturá-lo.

De novo, o Homem-Calendário:

-Em 1990, foi assinado em Berlim o tratado que reunificou as duas Alemanhas, uma notícia que não foi boa para o Brasil, pois eles ficaram mais fortes e deram uma lavada de 7 a 1 na gente.

E foi adiante:

-Em 1997, morria Diana, a princesa de Gales, num acidente inexplicável. Essa história está mal contada, Peter. Aparentemente, o motorista bebeu desesperadamente.

Embora seja afeito aos carros, juntamente com o Dieckmann, CAT e outros, Sérgio Fortes não se referiu ao piloto de Fórmula 1, Jean-Pierre Beltoise,  que, a pedido de uma rede de TV francesa, refez o trajeto do Mercedes da princesa no túnel de L´Alma, local da tragédia, e declarou que só um piloto profissional, conhecedor da pista, poderia sair ileso com a velocidade que foi imprimida pelo motorista bebum – quase 200 quilômetros por hora.

De novo, o parceiro e substituto do Jonas Vieira.

-Agora, um cantor em início de carreira, com futuro bastante promissor: Frank Sinatra. A canção: Young at heart, de Michael Buble.  

Depois da música, teceu comentários sobre a longevidade da carreira do Frank Sinatra, que durou mais de 50 anos.

-Ela não durou tanto quanto a do Tony Bennett que, com 80 e muitos anos, ainda canta.

E com a Lady Gaga – pensei cá comigo – um pedaço de mau caminho, como se dizia no tempo em que o Frank Sinatra namorava a Ava Gardner.

-Hoje, o calendário será em pílulas para deixar o redator do Biscoito Molhado tonto. - avisou um tanto tardiamente.

Tudo bem, Sérgio, você inova daí que eu inovo daqui, as mudanças são bem vindas, principalmente nesta hora em que vamos eleger o presidente da República.

-Em 161, da Era Cristã, nascia o imperador Cômodo.

Sérgio passou batido pelo nascimento, em 12 d.C, do imperador  Calígula, isso deixará, certamente, a Rosa Grieco amuada, pois ela batizou um dos seus gatos mais queridos com esse nome.

-O irmão dele devia ser o “Acomodado”.

Mark Twain escreveu que a pior forma de humor é o trocadilho, mas quem resiste a um?... Nem mesmo Shakespeare resistia.

E continuou com as datas significativas:

-Em 1834, nascia Amilcare Ponchielli, autor da belíssima ópera “Gioconda”, com um balé exuberante, “A Dança das Horas”. Ponchielli é um daqueles compositores, que produziu apenas um grande sucesso; passaram 30, 40 anos e eles não conseguiram reeditar outro êxito.

Sérgio Fortes lembrou, então, dois conhecidos casos: Mascagni, que compôs “Cavaleria Rusticana”, na casa dos 20 anos, e nunca conseguiu triunfo igual, e Leoncavallo, que ficou conhecido apenas pelo sucesso de “Os Palhaços”. Não foi lembrado Arrigo Boito, autor do “Mefistófeles” (“Nerone” caiu no ostracismo), talvez porque Sérgio Fortes considerasse os dois magistrais libretos que ele escreveu para Verdi compor duas obras-primas: “Otello” e “Falstaff”.

-De novo, a agenda musical: Lucho Gatica. A sua voz é sensacional, não sei se ele já passou dos 100 anos de idade... Lucho Gatica canta uma música que eu adoro: “A Barca”, de Roberto Camporal. Ouvi umas 50 versões, mas nenhuma supera a dele.

Sérgio Fortes não nos surpreendeu, pois no seu programa “As Melhores Vozes do Mundo”, colocou a “Barca” do Lucho Gatica para navegar incontáveis vezes. 

 

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