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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3993 Data:
23 de julho de 2012
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64ª VISITA À MINHA CASA
2ª PARTE
-Mario Quintana, “O Aprendiz de
Feiticeiro” é o nome de um poema de Goethe. Você usou esse nome para intitular
uma obra sua de poesia?
-Sim, foi o meu quinto livro.
-Você não traduziu nada de Goethe?
-Eu não dominava a língua alemã; traduzi
autores que escreviam em inglês e francês.
-Nós lembramos Proust, mas um número
razoável de livros de Balzac foram vertidos para o português por você.
Qual!... - fez um gesto de
condescendência e acrescentou:
-Ele escreveu 88 livros, eu não traduzi
5% da sua obra completa.
Contei “Os sofrimentos do inventor”,
“Uma paixão no deserto”, “Os Proscritos” e “Seráfita”. Dei-lhe razão e
continuei:
-”O Aprendiz de Feiticeiro” foi
publicado em 1950; no ano subsequente, ”Espelho Mágico”. Em 1953, você
ingressou no “Correio do Povo”, e se responsabilizou por uma coluna diária até
1967. Era muito trabalho?
-Sim.
-Rubem Braga conta que, certa vez, sem
ideia para cumprir o compromisso de entregar uma crônica no jornal, entregou a
de um cronista mineiro, ainda desconhecido na Capital Federal, como se fosse
sua. Esse cronista era o Carlos Drummond de Andrade.
-Drummond era uma excelente pessoa, não
se aborreceu com ele, réu confesso.
-Manuel Bandeira escreveu, certa vez,
que todos os cronistas guardavam os voos mais altos para o poema, o que não
acontecia com Rubem Braga, por isso ele era o cronista maior.
-Há crônicas de Drummond de grande
beleza poética. - frisou.
-As suas crônicas, embora eu confesse
que não li muitas, não perderam a poesia.
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