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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3991 Data: 21
de julho de 2012
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CARTAS DOS LEITORES
-Li a edição deste periódico sobre os 77
anos da Brigitte Bardot, quando foram transcritas algumas observações de Cícero
sobre a velhice. Ora, ele cultivava a tranquilidade dos filósofos. Eu gostaria
de conhecer a avaliação sobre a terceira idade daqueles que viveram paixões
efervescentes antes dos cabelos embranquecerem, se é que tinham cabelos. Thor
BM: O leitor conhece o senador Bernardo Cabral que, de
acordo com os mexeriqueiros, dançou, quando ministro da Justiça do governo
Collor, de rosto colado o bolero Besame Mucho com a ministra da Economia
Zélia Cardoso de Mello. O leitor também conhece o economista Roberto Campos,
que foi esfaqueado por uma amante, fato que ele omitiu da sua formidável
biografia “A Lanterna na Popa”. Conta Bernardo Cabral que conversava com
Roberto Campos, quando uma atraente mulher passou pelos dois.
-Estou ficando velho. - lamentou Roberto
Campos.
Bernardo Cabral narra que pousou a mão
sobre o seu ombro e lhe disse:
-A velhice é o armazenamento da
juventude.
Então, segundo Bernardo Cabral, Roberto
Campos retrucou:
-A velhice mantém o desejo, mas perde a
oportunidade.
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-Não nego que vibrei de contentamento
quando li a declaração do Delfim Netto sobre o motivo de ele doar a sua biblioteca
de mais de 250 mil livros para a Universidade de São Paulo: “A USP vai ficar,
eu não”. Odin
BM: Se eu estou com o controle remoto da televisão no meu
poder, zapeando os canais, eu paro sempre que aparecem o Fernando Henrique
Cardoso e o Delfim Netto, apesar de um ser a antítese do outro.
Delfim Netto, quando se tornou Ministro
da Agricultura do governo João Batista Figueiredo, mostrava um apetite
descomunal pelo cargo do Mário Henrique Simonsen, o Ministério do Planejamento
(“Meu negócio é número” - bordão do Dr. Sardinha, personagem de Jô Soares/ Max
Nunes que retratava o Delfim).
Quando o mundo entrou em crise com o
segundo choque do petróleo, Simonsen pensou em preparar o país para o
enfrentamento com rigidez das dificuldades, mas foi atropelado pelo discurso
desenvolvimentista do Delfim Netto. Simonsen saiu e o Dr. Sardinha, aplaudido
pelo empresariado da FIESP, assumiu o seu cargo, O lema era: o Brasil é uma
ilha de tranquilidade num mar de tormenta.
“Meu negócio é número...” Metade das
importações brasileiras era constituída de petróleo. Os juros da dívida externa
brasileira chegaram a 21% com a política de Paul Vocker no FED, durante o
governo Reagan.
Delfim Neto, que decretara uma
maxidesvalorização do cruzeiro diante do dólar em 1979, decretou outra, de
igual valor, em 1981, quebrando inúmeras empresas endividadas na moeda
americana. Decretou ele que a correção monetária e a inflação seriam de 40 e
45%, a inflação ultrapassou os 100%. Em 1982, o Brasil quebrou, entrando em
moratória.
As grandes cidades foram tomadas pelos
camelôs que ainda hoje vicejam, desempregados que procuraram sobreviver na
informalidade.
Hoje, eu me impressiono com o
malabarismo intelectual do Dr. Sardinha para justificar as medidas que tomou no
tempo em que foi o czar da economia brasileira.
Delfim Netto, octogenário, caiu nos
braços do Lula, mas a sua inteligência falou mais alto, e agora o critica no
terreno econômico; recentemente, enaltece o Itamar Franco. A má vontade com o
Fernando Henrique Cardoso é pétrea, afinal foi ele que geriu o Plano Real que
limou a hiperinflação que tinha recebido um incentivo e tanto do Czar do tempo
do Figueiredo... Delfim Netto não o perdoa por ter desfeito muito das suas
lambanças.
Outro dia, ouvi o Fernando Henrique
Cardoso referir-se a Delfim Netto, quando citou os grupos de acadêmicos da
Universidade de São Paulo.
Não sou tão extremado quanto o Odin.
Creio que Delfim Netto se redime de muitos pecados quando se propõe a doar os
seus mais de 250 mil livros para quem quer estudar.
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A propósito do BM que tratou da origem
dos táxis, Dieckmann escreveu um asterisco que aqui transcrevemos uma parte em
forma de carta.
“Os riquixás surgiram no Japão por volta de 1868, no início da Restauração Meiji.
Eles logo se tornaram um meio de transporte popular, pelo fato de serem mais
rápidos que as liteiras
utilizadas anteriormente (e o trabalho humano era consideravelmente mais barato
do que a utilização de cavalos).
A identidade do inventor (se houve um)
permanece incerta. Algumas fontes citam o ferreiro estadunidense Albert
Tolman, a quem é atribuída a invenção do riquixá por volta do ano de 1848 em Worcester
(Massachusetts) para um missionário.
Outros afirmam que Jonathan
Scobie (ou W. Goble), um estadunidense missionário
para o Japão, inventou riquixás por volta de 1869 para transportar sua esposa
inválida pelas estradas de Yokohama.
Outros ainda dizem que o riquixá foi
projetado por um pastor evangélico americano em 1888. Essa hipótese certamente está incorreta, pois
um artigo de 1877 de um correspondente do The
New York Times declarava que o "jin-riki-sha,
ou carruagem de tração humana" estava sendo popularmente utilizado, e
tinha sido inventado provavelmente por um americano em 1869 ou 1870.”
Dieckmann.
BM:
Meu caro Dieckmann, não quero desconsiderar a sua fonte, mas muitos
“inventos” já existiam na China e foram
conhecidos por nós alguns séculos depois, talvez o riquixá seja um deles. Eis o
que eu colhi em outra fonte:
“Um meio de transporte característico da China é o riquixá, riquexó
ou rickshaw que é de tração humana, em que uma carroça de duas rodas
onde se acomodam uma ou duas pessoas, normalmente usada como “táxi”.
Quanto ao carrinho de mão,
não resta dúvida, quase mil anos antes de os europeus o conhecerem já existia
na China. Atribui-se ao general Jugo Liang , que viveu na dinastia Han, o
invento.
O carrinho de mão chinês
era, evidentemente, utilizado nas guerras.
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-Como terminou a expedição de Pedro
Álvares Cabral depois de descobrir o Brasil e guerrar em Calecute? Jord
BM: Cabral se aproveitou da rivalidade entre os governantes de Cochim,
onde desembarcou em 24 de dezembro de 1500 e Calecute, e fez ótimos negócios.
Com as embarcações carregadas de especiarias, rumou de volta para o leste da
África, onde um dos navios encalhou num banco de areia. Como não havia mais espaço para carga em
outras embarcações, a nau foi incendiada por ordem de Cabral.
A
frota fez uma parada em Moçambique, para enfrentar dias depois, a passagem pelo
Cabo da Boa Esperança. A mais veloz caravela da frota partiu na frente para
levar ao rei as alvíssaras da viagem, comandava-o Nicolau Coelho. Em 22 de maio, em Bezeguiche, que se chamaria
Dakar, encontraram-se com a nau de Diogo Dias, desaparecida há um ano, quando
houve uma tenebrosa tempestade. Nela se encontravam apenas sete homens
esfarrapados, um deles morreu de emoção ao ver os companheiros.
A nau capitânia, que partiu em 9 de
março de 1500, chegou a Portugal em 21
de julho de 1501; Nicolau Coelho desembarcara em 23 de junho desse ano. Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam
plenamente carregados e seis foram perdidos.
Após as especiarias serem vendidas, as
receitas cobriram os custos de equipamento e dos navios perdidos. A frota gerou
lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa.
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