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O BISCOITO MOLHADO
Edição 3980
Data: 03 de julho de 2012
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CARTAS DOS LEITORES
“A Rosa Grieco enviou mais estrofes de
seis versos, inspirados no Elio? Sou grande admirador desses versos. Roberto
Dieckmann.
BM: Dieckmann, pelos seus bons serviços prestados, aqui
vai um poema da Rosa saído do forno.
A sua pulcritude é um espanto,
Por isso pego minha lira e o canto.
Descendente da tribo de Israel
Tudo merece da terra e do céu.
Lembrando-o suspiro tanto ai,
Que subiria por ele o Sinai.
“Assisti a final da Eurocopa ora na TV
Globo, ora na TV Bandeirantes. No intervalo do 1º para o 2º tempo, eu
sintonizava o canal 4, quando o apresentador Escobar perguntou aos
especialistas Arnaldo César Coelho, Caio, Casa Grande e Júnior a que velocidade
chegou o atacante Jordi Alba, quando recebeu o passe do Xavi, para marcar o segundo
gol da Espanha. Nesse momento, faltou luz no meu bairro, e fiquei sem saber a
resposta certa. Será que vocês, do Biscoito Molhado, também assistiam a essa
cena e podem esclarecer essa dúvida que ficou comigo? Torres
BM: Caro amigo, a luz faltou no seu bairro e na mente do ex-árbitro de
futebol, Arnaldo César Coelho, pois ele respondeu 80 km/h. Surpreendido com
essa resposta, o Escobar retrucou: “A essa velocidade, Arnaldo, nem The
Flash”.
Segundo os estudiosos, a velocidade do
voo de um pombo-correio é 70 km/h. Com a média horária concebida pelo Arnaldo
César Coelho, um atleta correria a maratona em pouco mais de meia hora.
O espanhol Jordi Alba alcançou, na
realidade, a rapidez de 35 km por hora quando alcançou a bola e a chutou para
dentro do gol da Itália.
“O Biscoito Molhado sabe que o Sérgio
Fortes está apresentando um programa na Rádio MEC sobre a Orquestra Sinfônica
Brasileira, aos domingos, às dezesseis horas? Luiz Carlos
BM: Claro que sabemos. Ouvimos, na última semana, a Quinta
Sinfonia de Dimitri Shostakovitch. O convidado do nosso amigo discorreu sobre
muitos fatos da vida do compositor e da situação política da União Soviética,
por volta de 1937, que desconhecíamos. Pena que não houve tempo para se
assinalar que essa composição realça sobremaneira as cenas do filme “O
Encouraçado Potemkim”, que não podemos dissociar o filme da música. “O
Encouraçado Potemkim” é considerado, há décadas, um dos dez maiores filmes de
todos os tempos.
“Sei cinco ou seis obras do Lawrence
além da peritatética correspondência. O livro que lhe remeto me deixou abismada
com a ferocidade que demonstra em relação aos americanos e às mulheres urbe
et orbe. Tuberculose causa mau humor?
(…) Voltando ao tuberculino: baixou o sarrafo (aprendi há pouco essa
expressão) até no pobre Benjamin Franklin devidamente esfolado e assado no
espeto. “ R
BM: Rosa se refere ao livro que me deu de aniversário
“Literatura Clássica Americana”, de D.H. Lawrwnce. O escritor inglês, como indica a Rosa, inicia
a sua escrita desancando um dos pais da independência americana, Benjamin
Franklin. Escreve que ele elaborou uma lista de virtudes para uso próprio,
“depois mandou-as trotar em seu cercadinho como um cavalo velho no
potreiro.” O autor de “O Amante de Lady
Chatterley”, em seguida, reproduz a mencionada lista e faz as sua
considerações. Em certo momento, o escritor se assemelha a um personagem de
Dostoievsky e diz: “Eu sou um animal moral. Mas não sou uma máquina moral. Não
funciono a partir de um conjuntinho de manivelas e alavancas. O teclado
temperança-silêncio-ordem-determinação-frugalidade-industriosidade-sinceridade-justiça-moderação-asseio-tranquilidade-castidade-humildade
(itens da lista de virtudes) não vai me botar em movimento. Eu não sou, em
absoluto, uma pianola com Benjamin Franklin tirando melodias de mim. Eis o meu
credo, antagônico ao de Benjamin. É nisto que acredito.”
Detendo-se ainda nas críticas a Benjamin
Franklin e seus ideais, o escritor inglês
delira em certo momento:
“Eis o que aconteceu com Benjamin ao
extrair dinheiro da Corte de França. Ele estava dando os primeiros passos no
sentido de derrubar a Europa inteira, França inclusive.”
E prossegue:
“Eis sua oportunidade, Europa. Invista
com tudo e reconquiste o que é seu, reme sua própria canoa num novo mar, enquanto
a esperta América se espoja nos montes de esterco do seu ouro, estrangulada por
seu próprio arame farpado de ideais e moralismo baseados em não-deverás.
Enquanto ela sai para trabalhar como milhões de esquilos em milhões de gaiolas.
Produção! Vá com tudo e recupere o que é seu, Europa!”
D.H. Lawrence morreu em 1930, poucos
anos antes da ascensão de Hitler ao poder, não viu, portanto, a América salvar
a Europa na Segunda Grande Guerra Mundial.
“Li a visita que o professor Maurício
Campos de Medeiros lhe fez e fiquei impressionado com as suas façanhas no campo
da Medicina. - Evandro Ecológico
BM: E eu não contei tudo, caro amigo. Eu não disse, por exemplo, que
Maurício de Medeiros, na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil,
trouxe Danilo Perestrello para dar um curso centrado na Psicanálise, quando o
método desenvolvido por Sigmund Freud ainda era pouco conhecido.
Participou também de campanhas
educativas anti-alcoolismo, identificando o álcool como um dos principais
motivadores da criminalidade.
“Fiquei indignada quando soube que Marco
Antônio mandou cortar as mãos de Cícero, depois de assassinado e as pregar na
entrada do Senado de Roma. E eu que tanto o admirava depois que assisti Richard
Burton vivendo o seu papel no filme Cleópatra... Um monstro!” - Rita
BM:
Indigne-mais, Rita, pois
segundo Dão Cássio e não o historiador Plutarco, como muitos pensam, a mulher
do Marco Antônio, Fúlvia, foi também
cruel. Irada por causa dos discursos de Cícero contra a perfídia e devassidão
do seu consorte, ela pegou a cabeça de Cícero, arrancou-lhe a língua e
trespassou-a com seu gancho de cabelo, vingando-se da sua força oratória.
“Uma simples sugestão seria explorar
também o relacionamento entre Cícero e Spartacus.” - Elio Fischberg.
BM : Elio se reporta à visita que o grande Cícero da época
de César nos fez em Del Castilho.
Como sabem os que viram o filme de
Stanley Kubrick, com o roteiro de Dalton Trumbo, que caíra em desgraça com o
macartismo nos Estados Unidos, Spartacus comandou uma revolta de 150 mil gladiadores
e escravos, no sul da Itália. Eles
venceram os soldados romanos em várias batalhas; desceram mais para o sul e
negociaram com os piratas com o objetivo de tomar toda a Sicília.
Não se negocia com piratas; eles fugiram
com o dinheiro e a rebelião capitaneada por Spartacus sofreu um duríssimo
golpe. O pretor Crasso, enviado por Roma para esmagar os rebeldes, obteve êxito
ao encontrar Spartacus e seus combatentes em campo aberto. Porém, Pompeu, que
regressava da Espanha, chegou ao teatro da batalha e recebeu a glória de pôr
fim às pretensões adversárias.
Cícero, enquanto isso, advogava na
Sicília. Tornou-se ídolo popular por expor, com a sua brilhante retórica, a
corrupção que o governador Verres cometia contra a população siciliana. Sem
apoio, Verres foge para Marselha.
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