Total de visualizações de página

terça-feira, 2 de julho de 2013

2417 - mais calado do que nunca 3


----------------------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 4217                                  Data:  27  de  junho de 2013
--------------------------------------------------------------

A MÃE DA RÁDIO FM E DO SIMON KHOURY

Quando o Jonas Vieira anunciou mais um programa com o Simon Khoury, logo me assanhei prevendo que mais casos com celebridades do mundo artístico seriam contados, ainda mais quando o Sérgio Fortes interveio para falar da grande repercussão do programa no domingo passado, porém o titular do programa assinalou que tratariam, ali, da introdução das frequências moduladas nas nossas emissoras. E a mãe do Simon Khoury, Anna Khoury, foi o nome fundamental para esse avanço na radiofonia brasileira.
Jonas Vieira se reportou à grande amizade que nutriu por ela, houve piadas de que foi mais do que a amizade, mas Simon Khoury retrucou com a impotência do amigo. Depois desse momento de descontração, passaram à seriedade que a história exige.
-Anna Khoury fez uma rádio FM com música instrumental apenas. - acentuou o titular do programa.
-Mamãe não queria aqueles anúncios: “Casas Bahia!...” Coisa horrorosa, que ferem os ouvidos. Ela queria os reclames musicados e, assim, juntamente com Radamés Gnatalli, criou inúmeras vinhetas.
Jonas Vieira pediu a primeira música a ser ouvida naquele “Rádio Memória” ao filho da Anna Khoury. A gravação era “Valsa das Fores”, que, informou ele, com a orquestra de um dos maridos da Lana Turner. Não sei por que, mas sempre que falam nos consortes da atriz que, somados com seus amantes, enchem um estádio de futebol, vem-me logo à mente o gangster Jonnhy Stompanato, talvez por ter sido esfaqueado até a morte pela enteada quando surrava a sua mãe.
 Ouvido o último compasso ternário, Simon Khoury investiu contra as “titicas” que, hoje, são chamadas de bandas. Sérgio Fortes e Jonas Vieira teceram loas às orquestras do passado, o convidado do programa aludiu às boas músicas instrumentais que, no exterior, ainda são compostas e revelou o quanto está apavorado com a atual situação da música popular brasileiro.
Na verdade, neste mundo globalizado, o Brasil escancarou as portas para o lixo musical que vem do estrangeiro, não bastasse o nosso, que não é pouco.
Mas o assunto do Rádio Memória era Anna Khoury e a sua importância em amplitude modulada e, principalmente, em frequência modulada. Assim, Simon Khoury seguiu com seu depoimento.
-Quem ajudou muito mamãe foi Tancredo Neves.
Em seguida, ele passou do ministro da Justiça do governo Getúlio Vargas para o presidente Eurico Gaspar Dutra.
-Eurico Gaspar Dutra vinha almoçar com a mamãe, em Copacabana, vindo a pé de Ipanema. Hoje, os deslocamentos são de helicópteros. Papai recebia o presidente de pijama.
Enquanto Jonas Vieira e Sérgio Fortes riam, nós assinalamos que o seu pai se chamava Michel Khoury, destacado criador de peças em metais preciosos. Depois, Simon Khoury falou da simplicidade do presidente da República e o Jonas Vieira da influência que Dona Santinha, a Carmela Dutra, exercia sobre o marido.
-Ela era muito religiosa, fez com que ele acabasse com o jogo...
-Entre muitas outras bobagens...
Esses e outros comentários sobre o casal foram feitos pelo trio até que Jonas Vieira informou que ela entregava papéis que o presidente assinava sem ler. Lembrei-me, então, de um conhecido que investia em ações na extinta Corretora Caravello, dizendo que o Largo da Carioca era chamado pelos populares de “Balaio da Dona Santinha”.
Segundo Edoardo Pacelli (depois falaremos mais dele), Anna Khoury, pelos esforços envidados, recebeu o direito de possuir sua própria emissora, ainda em AM e, para coroar seu sonho dourado, denominou “Rádio Eldorado”.
-Mamãe combinou com Gilberto Martins que os anúncios seriam em vinhetas, com eu já disse.
-A Rádio Eldorado foi um “boom”. - interveio o Sérgio Fortes.
-A Rádio Eldorado só perdia para a Rádio Nacional.
E o filho tinha toda razão de se orgulhar da mãe, pois a Rádio Nacional tinha toda a força do governo federal por trás dela.
-E, agora, musicalmente, Simon Khoury?- cobrou-lhe Jonas Vieira.
-Aprendi a mexer com a internet. - foi a sua introdução antes de anunciar a próxima gravação.
-E tenho descoberto muitas coisas. - acrescentou.
Assim, fez a ligação da valsa com banjo, que fora ouvida no programa passado no Rádio Memória com o compositor do filme “Românticos Anônimos”, Pierre Adenot.
-Ouçam como ele gosta da nossa música, é pura Bossa Nova.
Sim, ali estava as batida da Bossa Nova, com uma bela melodia e harmonização que o Sérgio Fortes e o Jonas Vieira exaltaram.
Então, voltou-se a falar do grande passo dado na radiofonia brasileira pela Anna Khoury.
-Então, a Rádio Eldorado se transformou na Rádio Imprensa. - disse o Jonas Vieira.
-Mamãe fez bobagem. Para levar a Rádio Eldorado para São Paulo, ela entrou em sociedade com um diretor do Estado de São Paulo de 18 milhões, ficando com a metade. Esse diretor passou a metade das ações ao Herbert Levy...
Simon Khoury não se deteve nas patranhas dessas sociedades em que as raposas, através de subscrições esmagam o(s) sócio(s) menos endinheirados para alijá-lo(s) do negócio. Foi o golpe baixo que deram na Anna Khoury.
-Com o dinheiro que restou, o que fez mamãe?... Viajou pelo mundo e retornou com uma novidade: a rádio FM. Era uma rádio sem estática.
Nesse instante, eu relembrava a minha agonia para ouvir a Rádio Ministério da Educação, principalmente nas transmissões das óperas do Teatro Municipal. Emissora que melhorou bastante com o ministro Sérgio Motta, justiça seja feita.
Mas prossigamos com o valioso depoimento:
-Ela procurou Assis Chateaubriand, que gostou dela, mas considerou que era desequilibrada emocionalmente. Mamãe procurou, então, Nascimento Brito. Nada. Roberto Marinho. Nada. Então, sozinha, ela fundou a primeira rádio FM da América Latina.
-A Rádio Imprensa. - antecipou-se o Sérgio Fortes.
Como se trata do depoimento do seu filho, vamos repercutir um trecho de uma página do Edoardo Pacelli.
“... Quem nasceu pioneira, todavia, não pode se render a uma derrota (a rasteira dos sócios, registro nosso). Aceitando o desafio, fundou, em janeiro de 1955, a Rádio Imprensa, a primeira emissora em modulação de  frequência do País e, como sentia que sua tarefa era a de inovar, criou o serviço de música ambiente, que permanece no ar 24 horas, funcionando por assinatura, como canal privativo irradiado simultaneamente na mesma banda da emissora principal. Aí nasceu o primeiro serviço de teledifusão por assinatura: os receptores eram locados a clientes que ouviam música no ambiente de trabalho”.

 Continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário