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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4332 Data: 20 de
dezembro de 2013
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XI FRASES ORIGINAIS E
COMENTÁRIOS
“Uma feijoada só é
realmente completa quando tem uma ambulância de plantão.”
Para soltar o seu
talento de humorista, Sérgio Porto criou o pseudônimo Stanislaw Ponte Preta,
emprestado do Oswald de Andrade do livro “Memórias de Serafim Ponte Grande”. No
que ele denominou, parodiando o “Retrato de um artista quando jovem”, nome do primeiro
romance de James Joyce, de “Auto-retrato do artista não tão jovem”,
escreveu no que aludia às suas “qualidades paradoxais”: “Boêmio que adora ficar
em casa, irreverente que revê o que escreve, humorista a sério.”
No que diz respeito à
feijoada, os mais afoitos afirmam que a feijoada se originou com os escravos no
Brasil. Os senhores de café, das minas de ouro e dos engenhos de açúcar jogavam
para os escravos os restos dos porcos quando eles eram esfolados. O cozimento desses restos com feijão e água
resultou na feijoada. Porém, os especialistas em história e arte culinária
discordam frontalmente dessa versão e asseguram que o padrão alimentar do
escravo, do século XVIII para o XIX, não se alterou; continuava tendo como base
a farinha de mandioca ou de milho, com água, mais um e outro complemento que,
raramente, tinha a ver com o porco,
A feijoada se origina,
na verdade, do norte de Portugal, onde se cozinhava feijão branco do Minho ou
feijão vermelho de Trás-os-Montes, com tomate, cenoura ou couve, juntamente com
a carne de porco ou de vaca, acrescidos de chouriço, morcela ou farinheira. Cá
no Brasil, houve algumas alterações, com a inclusão do feijão preto, de outros
tipos de carne de porco e de vaca, mais a farofa, a couve refogada, o arroz e a
laranja fatiada. Os restaurantes portugueses que servem esse prato o denominam
de feijoada à brasileira.
Na literatura, Pedro
Nava se refere, na sua obra “Baú de Ossos”, à feijoada completa, afirmando que
é um prato tipicamente carioca e narra onde ela surgiu. Vamos, no entanto,
ficar por aqui, na frase plena de humor e verdade do Stanislaw Ponte Preta. Nos
meus tempos de glutão, o prato que me derrotou foi a feijoada; se ela fosse
completa, ou seja, se houvesse uma ambulância na porta do restaurante, talvez
eu me arriscasse a engolir até os últimos caroços de feijão.
“Possuía um dom para
a infelicidade, mas sempre sofria quando estava de caso com mais de um homem ao
mesmo tempo.”
Assim escreveu Roger
Vadim sobre aquela que conheceu quando era adolescente ingênua, lançou como
atriz de cinema e com quem se casou: Brigitte Bardot.
O franco-argelino Roger
Vadim foi cineasta, produtor e roteirista, mas se destacou mesmo como
descobridor de talentos e por ter casado com três deusas do cinema: Brigitte
Bardot, Catherine Deneuve e Jane Fonda.
Já no ostracismo e –
dizem – com pouco dinheiro, resolveu colocar em livro o seu convívio com essas
três mulheres que o público não esquece. Razão da frase que destacamos.
Eis um trecho da sua narrativa sobre o seu
relacionamento com a Jane Fonda:
-”Já a tinha despido
quase inteiramente e estávamos prontos para fazer amor no sofá quando de
repente ela escapou e correu para o banheiro. Voltou um minuto depois,
completamente nua e se deitou na cama.
Despi-me e me juntei a ela. Porém algo aconteceu e não consegui fazer
amor.'
“Já tinha lido que amor
em demasia pode tornar impotente um homem apaixonado, de modo que não me
intimidei. Ao fim de uma hora, no entanto, tive que encarar os fatos. Estava
bloqueado, humilhado e reduzido à total impotência.”
“Depois do súbito
impacto emocional no bar do estúdio e do namoro apaixonado no sofá, senti que a
fuga de Jane para o banheiro e a maneira prosaica com que esperava por mim na
cama eram, de certa forma, agressivas. O sonho repentinamente se tornou banal.
Era como se ela estivesse dizendo: “Está querendo fazer amor? Vá em frente!”
Brigitte Bardot e
Catherine Deneuve processaram seu ex-marido por violação de privacidade. E Jane
Fonda? Não, ela, que chegou a inibir o seu ex-consorte, não procurou os
tribunais.
A publicação do livro
foi retardada, mas Roger Vadim ganhou a causa e suas memórias de marido de três
ícones da sexualidade alcançaram grande sucesso.
E o caso das biografias
aqui no Brasil, que já chegou ao Supremo Tribunal Federal?... É melhor não
entrarmos nesse mérito, senão teremos de citar outra frase, essa atribuída a
Charles de Gaulle.
“Nunca espero nada
de um soldado que pensa.”
A frase acima, seria
desnecessário citar seu autor, pois todos a conhecem, é de Bernard Shaw.
Um soldado não deve
pensar, ou melhor, deve, mas em primeiro lugar deve estar a obediência, a
disciplina.
Na Primeira Guerra
Mundial, soldados australianos e neozelandeses foram designados pelo comando
inglês a tomarem dos turcos a península de Gallipoli. Um soldado que pensasse julgaria que se
tratava de um erro estratégico e até acreditamos que houve soldados que previram
o malogro dessa missão, mesmo assim seguiram as ordens do alto comando,
porque a bravura fala mais alto. E quase
todos foram mortos.
Esse é um dos muitos
exemplos de bravura na guerra, mas o que mais me toca é o Desembarque na
Normandia no dia 6 de junho de 1944. Nesse fato histórico, todos os soldados
aliados estavam conscientes que o risco de serem mortos era alto, mas tomados
de extremo heroísmo seguiram em frente.
Recentemente, enfrentei
a tempestade que inundou o Rio de Janeiro para chegar ao trabalho. Antes de
sair de casa, reportei-me aos soldados da Normandia; se eles enfrentaram uma
chuva de balas e bombas, por que eu não vou encarar uma chuva de água? Por mais esdrúxula que possa parecer minha analogia,
foi o que pensei. E sempre tenho de encarar o perigo, busco força na coragem
dos soldados.
Assim, considero o mais
belo discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o que ele
proferiu no Memorial Day (Dia do Veterano). Nunca é cansativo relembrá-lo:
“... É graças ao
soldado e não aos sacerdotes, que podemos ter a religião que desejamos. É
graças aos soldados e não aos jornalistas, que temos liberdade de imprensa. É
graças aos soldados e não aos poetas, que podemos falar em público. É graças
aos soldados e não aos professores que existe liberdade de ensino. É graças aos
soldados e não aos advogados, que existe o direito a um julgamento justo. É
graças aos soldados e não aos políticos, que podemos votar.”
Onde está escrito sobre a Brigitte Bardot que ela tinha o dom da infelicidade, leia-se infidelidade.
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