O BISCOITO MOLHADO
Edição 4212 Data: 18 de
junho de 2013
A RÁDIO J.B. NO RÁDIO MEMÓRIA
Não, não foi a voz do Dieckmann que
anunciou mais um Rádio Memória, nesse domingo e sim a do titular do programa.
Quando seu parceiro Sérgio Fortes interveio, foi para negar que a sua ausência
do último programa se deveu ao fato de ter ido ao Ponto da Cerveja, em Porto Alegre, para se
embebedar. Esteve na cidade, mas não perto das garrafas e latinhas e, muito menos,
na Sala Dieckmann.
Feito esse esclarecimento, Jonas Vieira
apresentou um amigo de longa data, Simon Khoury, que traria de volta os bons
tempos da Rádio Jornal do Brasil durante uma hora.
-Radialista, jornalista, produtor,
pesquisador, colecionador, entrevistador, apresentador...
E Sérgio Fortes acrescentou escritor.
Simon Khoury, antes de abrir a cortina
do passado (copyright Ary Barroso), queixou-se de as rádios brasileiras não
tocarem as boas músicas que ainda são compostas atualmente, e, como presente,
trouxe para ser ouvida uma valsa com solo de banjo e excelente orquestração.
Depois, frisou que, hoje, só existe música de qualidade nas Rádios MEC e
Roquette Pinto.
Jonas Vieira se referiu, então, ao
programa “Noturno”, na Rádio Jornal Brasil, produzido pelo seu convidado.
-Era apresentado pelo Sérgio Chapelin e
Eliakim Araújo que, depois, foram para a TV Globo. - disse.
E prosseguiu o Simon Khoury dizendo que a base do programa era a
música popular brasileira e o prefixo era uma Bossa Nova na orquestra de Quincy
Jones, “Samba Jazz”.
Depois dessa gravação ter ido ao ar, ele
se reportou também ao programa “Gosto não se discute”... Aqui,um parêntese: de
fato, gosto não se discute, se lamenta.
Os entrevistados – disse ele – nomeavam
as dez músicas que o marcaram na vida e por quê. Entrevistou grandes nomes (alguns nem tanto)
das mais diversas áreas, e os nomeou: Hélio Peregrino, Rivelino, Tonia Carrero,
Paulo Autran, Fernando Sabino, o pintor Glauco Rodrigues, um alfaiate, uma
prostituta...
A curiosidade do Jonas Vieira não foi
contida e ele quis saber o nome da prostituta. Bem, o primeiro nome, ou
apelido, apesar de os três pronunciarem, não consegui identificar (só entendi o
Maçaneta) por isso, aqui vai “Chuchuzinho”.
-Chuchuzinho Maçaneta, porque todos
colocam a mão. - respondeu no meio das gargalhadas do Jonas Vieira e do Sérgio
Fortes.
Depois, Simon Khoury passou a falar como
encontrou o formato para o seu programa de maior sucesso, que durou de 1972 a 1977. Quando disse
que todos os integrantes da emissora sofriam de úlcera e, por isso, desceu para
tomar um copo de leite, foi interrompido pelo Sérgio Fortes:
-Ficava na Avenida Rio Branco?...
Depois da confirmação, ele prosseguiu:
encontrou-se que estava com o Tito Madi cuja mão estava machucada. Depois de o
cantor lhe explicar que aquelas feridas advinham de dois papagaios
heterossexuais, que ele julgou um casal, pediu-lhe para subir até a rádio. Lá,
Tito Madi foi entrevistado pelo Sérgio Chapelin e, em seguida, cantou “Não diga
não”. Essa raridade se achava nos seus arquivos, e os ouvintes do Rádio Memória
a desfrutaram.
Mas havia mais, muito mais.
Fernanda Montenegro foi lá para divulgar
a peça “Computa, computador, computa” em que cantava “Flor Amorosa”, que Joaquim
Callado (*) compôs inspirado na Chiquinha Gonzaga. Por uma feliz coincidência,
a excelente violonista Rosinha da Valença, que tinha gravado para a Elenco,
também estava presente. Assim, nós fomos
brindados com a atriz, passando por cantora, acompanhada pelo violão da Rosinha
da Valença.
Sérgio Fortes expressou, em seguida, o
privilégio que era ouvir a Rádio J.B. Jonas Vieira, por sua vez, falou dos
vários livros escritos pelo Simon
Khoury.
-A série “Bastidores”. - disse o autor.
Bem, Simon Khoury foi apresentado no
Rádio Memória como um profissional de talento multifacetado, mas omitiram um
dos seus dons mais marcantes, que constatamos no decorrer do programa, o de
contador de casos. Um desses casos, que contou, se deu com a Rogéria ou Astolfo
Barroso Pinto.
Disse-lhe a atriz transformista que a
maioridade penal deveria ser com 10 anos de idade, pois, com 12, seduziu o tio
e sabia muito bem o que estava fazendo. Também se opunha à Parada Gay, porque
as músicas eram de mau gosto, deveriam ser clássicas, de preferência Tchaikovsky,
que era homossexual.
E a narrativa com ela ou ele (não havia
a diferenciação de sexos como os dos papagaios do Tito Madi) continuou:
Quando Rogéria se apresentava no Egito,
recebeu um telefonema do Agildo Ribeiro que lhe aconselhou, de maneira
contundente, a parar de se exibir para camelo. Exigiu, praticamente, que
voltasse para o Rio de Janeiro e que, juntos, fizessem um show; para tanto,
enviou-lhe 5 mil dólares. Com tanto dinheiro em seu poder, precaveu-se para não
ser roubada, assim... Bem, aquele que leu “Papillon”, a história verídica de
Henri Charrière sobre um prisioneiro da Ilha do Diabo, sabe onde Papillon
guardou seu dinheiro para não ser roubado pelos outros presos. Não sabemos se a Rogéria leu o livro, ou
visto o filme de 1973, mas o lugar foi o mesmo.
O seu medo, segundo o contador de casos,
era soltar gases e voar dólares para tudo que é lado no avião.
Por mera coincidência, Simon Khoury
passou para a casa de espetáculos “Monsieur Pujol”, onde se apresentava Rosinha
de Valença.
Monsieur Pujol não era flautista, era
flatulista, aquele que alcançou, nesse campo, o mais sonoro sucesso já visto e,
principalmente, ouvido. Possuía o dom de controlar os músculos abdominais, o
que lhe permitia flatular como queria (péter, em francês, peidar, em
português não tão castiço assim). O
“talento” de Monsieur Pujol, em Marselha, atingiu tamanha repercussão que
chegou a Paris, onde foi trabalhar, ou flatular, precisamente no Moulin Rouge,
em 1892.
Monsieur Pujol não atraiu apenas o
público rústico, personalidades como Edward, Príncipe de Gales, Leopoldo II,
rei da Bélgica, e Sigmund Freud, pai da psicanálise, foram vê-lo atuar.
Quando morreu, a Sorbonne ofereceu uma
pequena fortuna à sua família para estudar o seu corpo, mas foi recusada.
Dizíamos nós que a Rosinha de Valença se
apresentava no “Monsieur Pujol”, quando foi à Rádio Jornal do Brasil. Lá,
cantou, embora ressaltasse antes que não era cantora, “De Conversa em
Conversa”, acompanhando-se no violão.
Essa gravação foi mais um presente que o Simon Khoury trouxe para os
ouvintes do Rádio Memória.
(*)
depois de uma discussão sobre a autoria de Flor Amorosa com este Distribuidor
do seu O BISCOITO MOLHADO, o redator apresentou esta mini-biografia de Joaquim
Caladdo, que, possivelmente por não ser grandiloquente o suficiente para abrir
o nome, não registrou as músicas como deveria ser.
Joaquim
Antônio da Silva Callado Júnior (Rio de Janeiro, 11 de julho de 1848 —
Rio de Janeiro, 20 de março de 1880)
foi um músico compositor e flautista
brasileiro. Deixou quatro filhos com Feliciana Adelaide
Callado: Alice Callado Corrêa, Luiza Callado Ribeiro de Castro, Elvira Callado
e Arthur da Silva Callado.1
Os
historiadores o consideram como um dos criadores do choro
ou como o pai dos chorões. Por volta de 1870, Callado formou um dos grupos mais
famoso que se chamou " Choro Carioca", era constituído por um
instrumento de solo, no caso sua flauta de ébano,
dois violões e um cavaquinho, onde os acompanhantes, ou os
três instrumentistas de cordas, tinham boa capacidade de improvisar sobre o
acompanhamento harmônico, que é a base do choro.
O
compositor trabalhou e conviveu com inúmeros chorões, que se destacaram naquela
fase de fixação da nova maneira de interpretar as modinhas,
lundus,
valsas
e polcas.
Dentre eles, o seu amigo e aluno, o flautista Viriato Figueira e sua também amiga Chiquinha Gonzaga.
Morreu
aos 31 anos no Rio de Janeiro de meningo-encefalite perniciosa.2
Composições
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Adelaide
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Ai, que gozos
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Aurora
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Capricho característico
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Caprichosa
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Carnaval de 1867
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Celeste
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Choro
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As cinco deusas
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Como é bom
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Como é bom o que é bom!
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Conceição
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Consoladora
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Cruzes, minha prima!
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A dengosa
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A desejada
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Ermelinda
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Ernestina
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Família Paul
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Fantasia para flauta
·
Flor amorosa (com letra posterior de Catulo da Paixão Cearense)
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