-----------------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 4207 Data: 12 de
Junho de 2013
---------------------------------------------------------------
A TAMOIO NA ROQUETTE PINTO
PARTE II
Ainda sobre a pausa para meditação,
Dieckmann afirmou que, como engenheiro, tudo se encaixava, ou seja, as explicações
sobre a Teoria da Relatividade estavam bem postas.
-Foi bom. Uma contribuição
tecnológica...
-E terminou na bomba atômica. -
aparteou o José Maurício.
Foi nesse instante que o Dieckmann se
referiu a piadinha (sic) do Sérgio Fortes com a bomba atômica.
-Quem tem medo da bomba atômica? -
parodiou o dramaturgo norte-americano Edward Albee, que escreveu “Quem tem medo
de Virgínia Woolf que, por sua vez, parodiou o desenho do Walt Disney. (*)
Inesperadamente, brotou na lembrança
dos dois a Mireille Mathieu.
-Eu a vi pela primeira no Festival
Internacional da Canção, cantando no Maracanãzinho. A música?... Minha
cabecinha não está com essa bola toda...
-Não seria “Fenêtre ouverte”?...-
tentou o Dieckmann socorrer a sua memória.
Não, não era janela aberta nem fechada.
-Falam que era a sucessora de Edith
Piaf, não sei... Mas eu gosto muito dela.
-Eu também, José Maurício, e no último
programa nós ouvimos com ela La Dernière Valse.
-The Last Waltz.- traduziu o
interlocutor do Dieckmann para o idioma da Barra da Tijuca.
Mas o mote do Rádio Memória desse
domingo era a Rádio Tamoio dos tempos idos e ouvidos, por isso, José Maurício
se reportou ao programa “Minha Música Por Favor”, que ia ao ar das 12 às 13h e
retornava das 15 às 16h. O prefixo era a gravação de Petite com a
orquestra de Perth Faith.
Mal soou a última nota, e se ouviu:
-Amigos ouvintes, vocês ouviram... -
era o Dieckmann que, depois de treinar o seu francês, treinava a sua locução
radiofônica.
-Esta é a Rádio Tamoio, peça a música e
nós atendemos.
-Peça agora a música que você ouvirá
amanhã neste horário.
Em seguida, José Maurício, demonstrando
que a sua memória estava tinindo, citou os números dos telefones (para aqueles
que tinham um, pois eles eram raros) fazerem seus pedidos.
-Ah, os telefones com seis números! Exclamou
o Dieckmann com laivos de saudosismo.
Sim, era tudo mais fácil; com telefone
de seis números, o personagem do Anselmo Duarte, do filme “Absolutamente
Certo”, conseguiu decorar a lista telefônica.
Dieckmann lembrou (**), então, o “Disco
Estrelinha”, que ficava entre um programa e outro.
-“Disco Estrelinha”, o disco que
começava a brilhar. -acrescentou aquele que foi um dos locutores da extinta
emissora.
A título de curiosidade, aqui vai um
curto trecho de uma entrevista do cantor Ronnie Von:
“Um dia eu estava
voltando do escritório, ouvindo o programa “Disco Estrelinha”, na rádio Tamoio
e, de repente, ouço “disco estrelinha, o disco que começa a brilhar” e era eu
cantando. Encostei o carro, pois não tinha condição para continuar dirigindo.
Ouvi a música até o fim.”
Agora, cabia ao Dieckmann tirar, por
minutos, o foco da Rádio Tamoio e escolher uma música. E a empolgação quase o
levou à tagarelice, mas justificável, como se verá.
-Eu vou pedir “Tiro ao Álvaro”, do Adoniran
Barbosa. Eu adoro essa música. O nome real do Adoniran Barbosa era João
Rubinato. Ele, que também foi humorista, apresentava um programa de rádio com
diversos personagens, entre eles, o Adoniran Barbosa. Então, a criatura engoliu
o criador.
Sou testemunha dessa fixação do Dieckmann
pelo “Tiro ao Álvaro”. Há uns dez anos, num restaurante, creio que era o Bareboat,
com colegas de trabalho, ele sacou um papel do bolso com a letra e a mostrou
com um sorriso. Para espicaçar, critiquei o “álvaro” por ter tomado o lugar do
alvo.
Na biografia que Ronaldo Costa Couto
redigiu sobre o magnata Francesco Matarazzo, ele se refere ao talentoso
compositor, humorista e ator, como um artista, filho de imigrantes de Treviso,
que tentava repercutir, na sua criação, a fala dos italianos apaulistados.
O disco solicitado foi com a
interpretação sapeca da Elis Regina e intervenções do compositor.
Depois dessa audição lúdica, José
Maurício trouxe de novo a Rádio Memória para os trilhos da Tamoio.
-Programa que ia ao ar às 13 horas, uma
da tarde, era “Pick-Up Sabido”.
Depois de o Peter colocar nas
carrapetas (ou deslizantes) o prefixo desse programa, Humoresque Boogie, com a
orquestra de Lawrence Welk, Dieckmann interveio para um esclarecimento à
mocidade; não se tratava do veículo pick up e sim de um aparelho para tocar
discos. Havia os toca-discos, as vitrolas e os ultra-avançados, na época,
pick-ups, que foram utilizados pelos disk-jockeys nas danceterias dos anos 80.
José Maurício se entusiasmou, e se
deteve mais nos pick-ups.
-Tinham agulhas que eram trocadas de
vez em quando. Tudo
era feito com muito cuidado para não sair da linha. Passava-se o dedo...
Conferia-se linha por linha. O som da Rádio Tamoio chegava a Juiz de Fora e lá,
o José Mauro, ficava atento.
Depois de uma intervenção do seu
interlocutor, José Maurício elogiou aquele que deveria ser o chefe da emissora,
e foi adiante.
-A gravação era feita em acetato, ali
na Avenida Venezuela, no Estúdio Santa Anita. Lá iam o Humberto Reis, o Nélson
Jabour para a gravação de determinados prefixos. O contra-regra conferia faixa
por faixa.
E essas reminiscências cessaram quando
o Peter, segundo ele, sinalizou que faltavam dez minutos.
Falou-se, então, das “Músicas na
Passarela” o programa que eu, particularmente, mais ouvia, de carona, é verdade,
porque o meu irmão Claudio não deixava de sintonizar a Rádio Tamoio às 16
horas. Minha fixação, que vai de 1963 até hoje, era a Rádio MEC, também minha
escola, que, diga-se de passagem, também
conta com o Sérgio Fortes na sua programação.
A hora das “Músicas na Passarela” era
quatro da tarde.
O que se ouvia agora no Rádio Memória
era Day by Day na orquestra de Ray Anthony.
Passaram, em seguida, para “Distração
Musical” com a música Un Amour Vient de Naître com Guy Luppaert,
que tinha três horários por dia: 8, 18 e 23h.
Dieckmann, antes de adjetivar a
gravação como arrebatadora, citou este periódico, “um jornal do submundo”, que
implica com a insistência com que ele usa “arrebatador”.
Veio, então, “Encontro Musical às 10
Com o Mais Belo da Discoteca”.
Antes de José Maurício pedir o prefixo Fim
de Noite, com o Coral de Ouro Preto, Dieckmann relacionou as cores que
correspondiam a cada gravação.
“Eram nessa ordem – disse ele: rosa,
verde, lilás, amarela, cinza, grená, marrom, hortênsia, branca, havana,
turquesa, vermelha, violeta, pérola, bege, escarlate e ciclâmen.
Ao citar ciclâmen, José Maurício
confessou que só agora, acessando o Google, descobriu que era uma cor com
nuances de roxo.
Não havia a fúcsia, cor citada por
Caetano Veloso na sua canção “Errática”: “... Se desenha entre as galáxias em
fúcsia...”.
Soaram 9h da manhã. Falou-se, em final
apoteótico, arrebatador também. E ficou a promessa que o próximo Rádio Memória
será apresentado pelo Jonas Vieira e Sérgio Fortes.
Será?...
(*) O
Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO imagina que seja “... quem tem medo do
Lobo Mau?”.
(**) “... nada
disso. Quem lembrou, durante a gravação de uma música, do Disco Estrelinha foi
o José Maurício. Eu só fiz a escada para ele abordar o assunto.” reportou o
Dieckmann a este Distribuidor, com suas manias por transparência e exatidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário