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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4051 Data: 27 de outubro de 2012
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CARTAS DOS LEITORES
-“O redator do Biscoito Molhado
acompanha os programas do Sérgio Fortes com a OSB – Orquestra Sinfônica
Brasileira?” Lourdes Tocantins.
BM: É evidente; nós acompanhamos o Sérgio Fortes desde o
programa com os “loucos líricos” (termo cunhado por Arthur da Távola para os
aficionados por óperas). Na ocasião, Sérgio Fortes nos enviou uma mensagem
eletrônica em que dizia que faria concorrência com o programa televisivo do
Gugu. Depois de o Arthur da Távola ter deixado de ser o secretário das
Culturas, e o Lula se tornar presidente, nosso amigo largou o programa. Mais
tarde, apresentou “As maiores vozes do Mundo”, na Rádio Roquete Pinto. (*)
Agora, ele retorna à Rádio MEC, no mesmo
horário de antes (**), para divulgar as exibições realizadas pela Orquestra
Sinfônica Brasileira. No dia anterior, sábado, na mesma emissora, Arthur
Nestrovski, diretor artístico da OSESP, Orquestra Sinfônica de São Paulo, faz o
mesmo, enquanto tece comentários abalizados sobre cada compositor e solista da
música a ser executada pela orquestra paulista. Com Arthur Nestrovski
aprendemos muito, como as inovações criadas por Mozart, aos 21 anos de idade,
no concerto nº 9 para piano e orquestra, que seriam utilizadas por Beethoven no
seu quarto e penúltimo concerto.
Sérgio Fortes não fica atrás quando leva
convidados, como o que comentou a Sinfonia nº 5 de Dimitri Shostakovich
Para o dia 28 de outubro, ele promete um
programa menos erudito, mas nem por isso menos atraente, com músicas de filmes
compostas por autores judeus. Estaremos perto do rádio.
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-“Ilibado conterrâneo
Saboreando seus biscoitos frescos (no
bom sentido) esbarrei na leitura do alfarrábio “O Monge de Cister” de Alexandre
Dumas. Não sou erudita e meus esforços não alcançam as fímbrias de suas
vestes talares, mas tocou um sino de alarme: não é de Alexandre Herculano,
incluído na trinca horripilante com “O Bobo” e “Eurico, o Presbítero”? Este
vivia abarracado com a Hermengarda que se tornou rua no Méier. Não tenho como averiguar e esclarecer minha
dúvida, os 26 000 livros do 86 (rua Aristides Caire, 86) estão ornamentando a
Universidade na Novacap.
Seu arrazoado sobre pleonasmos me
lembrou o papá que vivia apavorado com eles, “à chacun sa verité” (cada um com
a sua verdade).
Estou com a pressão brincando de
montanha russa, deve ser a chegada da juventude porque a velhice já chegou há
muito tempo.
O Wagner, seu amigo, trouxe à baila uma
idiossincrasia; tenho um retrato do compositor na cozinha, local onde se faz de
tudo menos cozinhar, e é decorado com teias de aracnídeos.
Aquela madame do compositor russo que o
visitou (Tchaikovsky) era realmente apreciadora de sustenidos e bemóis, até
empregou o Debussy como preceptor dos filhos.
Não me queira mal se extrapolo com os
Alexandres, não tive como provar que a Hebe Camargo e o Joe Louis estiveram
flertando, “remembre”?
Na minha ignorância despede-se a R
BM: Fímbrias de suas vestes talares... Escuto horas e horas os ministros do Supremo
Tribunal Federal no julgamento da Ação Penal 470, vulgo mensalão, e nenhum
deles chega a esse requinte com o vernáculo. Fímbrias de suas vestes talares...
Aqui vai a tradução para o português popular, senão eu não prossigo: franjas
das vestes que chegam aos calcanhares.
Confesso que, mais uma vez, dou razão à
primeira missivista dessa edição, somos amigos há mais de 20 anos e ela logo me
apelidou de “Hortelino Troca-Nomes”. Depois de receber a visita do Alexandre
Herculano, dia desses, de ter lido “O Monge de Cister” com 17 anos de idade,
troco tudo e aparece o Alexandre Dumas?... Só não me arrependo do meu erro
porque a Rosa se animou a me remeter mais uma carta sempre estimulante em
termos culturais.
Quanto à sua pressão arterial irregular,
pare de comer miojo, que é impregnado de sódio. Como você aprendeu no Instituto
de Educação e eu no Visconde de Cairu, o sódio é um dos componentes da molécula
do sal da cozinha, um veneno para os hipertensos.
Você, Rosa. coloca o retrato de Wagner na cozinha...
Acredito que Rossini seria o compositor mais indicado, data vênia, pois o
compositor italiano foi também um gourmet, além de gourmand
(glutão), que deu até nome a um prato, Tournedos Rossini.
Sobre o mecenas de Tchaikovsky que Rosa
não citou o nome, aqui vai: Nadejda von Meck.
No verão de 1880, a
aristocrata russa contratou Debussy como professor de música dos seus filhos.
Em 1881, quando se reuniu com a família Von Meck, em Moscou, Debussy conheceu
melhor as obras dos russos, como as de Tchaikovsky e Rimsky-Korsakov, mas
preferiu Borodin.
Em seguida, a missivista se reporta a uma
dúvida que lancei sobre a sua prodigiosa memória quando escreveu que Joe Louis
e Hebe Camargo flertaram. Na ocasião, eu rebati afirmando que Joe Louis nunca
estivera no Brasil que, talvez, ele fizesse confusão com outro boxeador negro
que também alcançou o título mundial, Archie Moore. Renovo as minhas dívidas,
mas de uma coisa tenho certeza depois de ver uma foto da Hebe Camargo trintona
em pose de Marlene Dietrich: as suas pernas eram tentadoras. Os homens do mundo
do boxe e de outros mundos não resistiriam.
Antes de finalizar, agradeço à Rosa por
mais esta carta.
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-“Chovia naquele domingo, acho que a
grama estava pesada. Eu disse para a Regina: Vai ganhar o Bowling. Ela: Por
quê? Eu: Porque jóquei é o Juvenal e porque o Ricardinho escolheu o Bat
Masterson e desprezou o Bowling, que sobrou para o Juvenal e o Bowling vai se
vingar dele, Ricardinho, você vai ver. Ela: Mas você é muito bobo e tem muita
imaginação. Eu: Você vai ver.
Saiu a corrida. No final da reta oposta,
o Bowling vinha em último, o locutor anunciou. Ela olhou para mim com o maior
sorriso de desprezo, de “tá vendo, pura invenção sua...”. Eu disse então para
ela: Presta atenção, o Juvenal vai fazer o cavalo correr a partir de agora e
vai passar devagarzinho pelos outros, vai chegar aqui passando no final o que
estiver em primeiro e vai ganhar.
Minha imaginação se transformou em fato,
sob os meus olhos e os da Regina, pois foi exatamente isso que eu dissera a ela
o que aconteceu, Bowling veio, veio, veio e chegou primeiro.” Elio Fischberg
BM: O nosso amigo Elio Fischberg alude ao BM 2247 em que
comentamos as vitórias do Duraque e do Bowling no Grande Prêmio Brasil.
De fato, cometemos uma omissão
imperdoável. No nosso texto, lembrado agora pelo Elio: o vencedor tinha sido
preterido pelo Jóquei J. Ricardo, que optou por Bat Masterson.
O castigo veio a cavalo. Eu não podia
perder a piada, mesmo que infame.
E agora me despeço com as “fímbrias das
minhas vestes talares”.
(*) A Radio Roquette Pinto (94.1 FM) produz o programa Radio Memória e o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO, sempre informativo e solícito,
reproduz a sinopse a seguir:
Dom. às 8 da manhã, o
radialista Jonas Vieira e Sérgio Fortes, levam ao ar o Rádio
Memória - programa onde eles conversam e apresentam artistas e obras
que marcaram a música brasileira. Confira: Edição 28.10.2012
(**) O redator do seu O BISCOITO MOLHADO pensa que todos os leitores
sabem de cor o que seja a radio MEC, ou o Sergio Fortes, não exatamente nesta
ordem. O programa da Rádio OSB é radiodifundido às 16 horas de domingo, na MEC
FM, 98.9 no seu dial. Curta a programação no link: http://radiomec.com.br/radioosb/
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