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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5216 Data: 24 de
outubro de 2015
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125ª VISITA
À MINHA CASA
-Vou acender a luz. - disse a Thomas Edison logo que
ele surgiu à minha frente.
-Se quiser acender a vela, não haverá problemas para mim.
-Uma brincadeira?... - indaguei sorrindo.
-Não, não é. Eu, quando fiz a primeira demonstração
pública da lâmpada, disse que nós iríamos fazer a eletricidade tão barata que
somente os ricos iriam acender velas. Eu me referia aos abonados que faziam uso
de castiçais nos jantares suntuosos para manter a tradição aristocrática.
-Mas a minha casa é muito modesta para que se faça uso
de castiçais.
-Evidentemente que esses ricos tinham luz elétrica nas
suas casas e incontáveis números de lâmpadas.
-Falando nelas, as lâmpadas incandescentes, depois de
mais de cem anos, não serão mais fabricadas.
-E o que vai substituir as minhas lâmpadas de
filamento de carbono? - não conteve a indignação. (*)
-A lâmpada fluorescente.
-Nicolai Tesla de novo! - deu um murro na mesa tal a
sua irritação.
-Eu li que ele inventou a lâmpada fluorescente, que
entrou em alguns mercados na década de 30. A grande vantagem dela é possuir
mais energia eletromagnética em forma de luz do que calor.
-E a sua grande desvantagem é que quando elas se
quebram emitem vapores tóxicos de mercúrio que impregnam todo o ambiente e é
necessário que todos fiquem longe, no mínimo, por 30 minutos para que não haja
sérias consequências no organismo.- contra-atacou.
-Basta tomar cuidado, como no caso da corrente alternada.
-Depois do invento da lâmpada elétrica, eu pretendia
iluminar o mundo com a corrente contínua, bem menos perigosa, mas o
Westinghouse, um empreendedor milionário, comprou a ideia do Nicolai Tesla
sobre a corrente alternada e frustrou meus planos.
-Mas você ganhou muito dinheiro com a G.E. Você
registrou a patente da lâmpada em 1880 e aumentou a vida útil dela para 600
horas; antes, havia desenvolvido um dínamo que fornecia energia elétrica para
um bairro inteiro.
-Quando o megainvestitor John Pierpoint Morgan meteu
dinheiro nas nossas ideias, claro, para ter um retorno financeiro pra lá de
compensador, a empresa se tornou uma multinacional.
-Nesse momento, fundiram-se a Edison General Electric
Company e a Thomson-Houston Company e surgiu a General Electric Company?
-Sim – disse ele – e a marca GE, monograma e logotipo
foi registrada em 1900.
-Enquanto isso, você pensava em outras invenções.
-Sim, eu pensava.
-Você e a sua equipe, não foi assim? Você liderava uma
formidável equipe de inventores e pesquisadores, os melhores que havia, entre
eles, Nicolai Tesla, considerado um gênio, que o deixou e foi municiar o seu
grande rival George Westinghouse, Jr.
-Essa guerra das correntes, alternada versus contínua,
foi muito desgastante.
-Tão desgastante que um elefante foi eletrocutado e a
cadeira elétrica foi inventada.
Não me honrou com um comentário sobre isso.
-Penso, devo estar errado, que você se assemelha,
profissionalmente, com o Walt Disney.
-Quem é Walt Disney?... Não conheci.
-Walt Disney, como desenhista, criou o Mickey Mouse,
talvez o personagem de desenho animado mais famoso do mundo. Mas Walt Disney
era, acima de tudo, um empreendedor. Com a equipe que estava por trás dele,
outros personagens tão emblemáticos foram criados; vieram gibis, televisão,
cinema, até superparques temáticos que atraem turistas de todo o mundo.
-Ah, estou lembrando... ele já fazia sucesso na década
de 20. Quando eu morri, em 1931, não havia superparque algum. Certo, eu sou um
empreendedor como ele, mas sou, primeiramente, inventor.
-Criar novos objetos mexia com a sua imaginação desde
a infância?
-Sim; nasci em Ohio, cidade de Milan, em 1947; eu era
o caçula de sete filhos. Na escola, fiquei três meses porque a professora me
considerava meio retardado.
-Na verdade, você tinha problema de audição.
-Possessa, a minha mãe me retirou da escola e passou a
me dar aulas.
-Quando vocês foram para Michigan?
-Quando eu estava com 12 anos de idade. Lá, vendi
doces, jornais e verduras nos trens. Claro que não me limitei a isso; nas horas
vagas, eu ia para o vagão de bagagens e fazia umas experiências químicas.
-E quando você publicou e comercializou o “Grand Trunk
Herald”?
-Mais ou menos nesse período. As minhas vocações para
o empreendedorismo e para a invenção surgiram quase ao mesmo tempo.
-Os seus biógrafos assinalam que a virada na sua vida
se deu quando você salvou um menino de ser atingido por um trem desgovernado.
-Eu tinha 15 anos de idade. Agradecido, o pai do
garoto, que trabalhava na estação do trem, me ensinou a operar telégrafo. Era a
primeira vez que eu lidava com componentes elétricos. Fiquei fascinado e, por
um tempo, fui operador de telégrafos da Western Union.
-E depois?
-Dediquei-me a pôr em prática o que estava na minha
imaginação.
-Dedicou-se aos inventos?
-Qual o primeiro deles?
-Patenteei um gravador elétrico de votos para
facilitar as votações no Congresso. Não obtive o triunfo que eu desejava.
-E quando colheu o seu primeiro triunfo?
-Foi em 1874, eu estava com 27 anos de idade; inventei
um novo modelo de telégrafo e vendi os direitos autorais para a Western Union
por 10 mil dólares.
-Uma bolada de dinheiro na época. Calculo que,
atualizados, seriam uns 250 mil dólares.
-Com essa dinheirama investi; fundei um laboratório
especializado em pesquisa industrial e inovações tecnológicas em Menlo Park no
estado de Nova Jersey.
-Você seria conhecido como “o mago de Menlo Park”.
-Os inventores não deveriam trabalhar sozinhos, os
obstáculos são muito mais difíceis para serem vencidos, assim, eu recrutei os
melhores para trabalharem comigo.
Inventou o “ghost inventor”. – não verbalizei o que
pensara.
-Como foi a invenção do fonógrafo, o primeiro aparelho
capacitado a registrar a voz humana, que o tornou conhecido nacional e
internacionalmente?
-Nós trabalhávamos no aperfeiçoamento de outros
inventos, como o telefone do Graham Bell ou do Antonio Meucci... sei lá, não me
interessa! Então, descobri uma maneira de registrar a minha voz.
-Aqui, no Brasil, tínhamos um imperador, Dom Pedro II,
sempre antenado com as inovações tecnológicas, por isso, foram os membros da
família imperial os primeiros a terem as vozes gravadas. Comercialmente, o
tcheco Frederico Figner introduziu o fonógrafo e compositores como Chiquinha
Gonzaga deixaram de vender partituras de porta em porta.
-Não deitei nos louros e parti para a invenção da
lâmpada elétrica.
-O acendedor do lampião a gás inspirou poemas, aparece
em óperas célebres... Sairiam de cena.
-Começamos a trabalhar no fim do século XIX para que a
Era do Carvão desse lugar à eletricidade.
-Os Irmãos Lumière não estavam na sua equipe, viviam
na França e ficaram conhecidos como os inventores do cinema em 1895.
-Antes, em 1891, eu havia inventado o cinetoscópio,
que era uma máquina que tinha dentro um filme com fotografias em série.
-Sei, Edison; olhava-se por um buraco, enquanto se
girava uma manivela e as imagens entravam em movimento.
-Já no ano seguinte, fundei a Edison Studios. Foram
produzidos mais de mil filmes até 1918.
-Enquanto você viveu, quantas patentes foram
registradas no seu nome.
-Mais de mil.
-Mil e noventa e três, diz aqui no Google.
-Se eu estivesse vivo, todos esses criadores do mundo
dos computadores, teriam trabalhado para mim. – disse, enquanto partia.
(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO
MOLHADO repudia essa ideia do redator de que Thomas Edison pudesse estar mal
informado.
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