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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

2543 - Tião Medonho St, 10



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4343                         Data: 05 de janeiro  de 2014
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NAVEGANDO PELA INTERNET
PARTE II

Depois de me deparar, navegando pela Internet, com Adamastor, isto é, com a inflação, sigo em frente e topo com outro monstro, a impunidade. O nosso amigo colecionador de carros antigos e de Mickey, Roberto Dieckmann, foi quem postou esta notícia de jornal no Facebook.
“DE VOLTA AO RIO
Filho de Ronald Biggs, Mike cogita trazer as cinzas do pai para serem lançadas ao ar no Rio de Janeiro, onde o “ladrão do século” viveu por cerca de 30 anos depois do assalto ao trem pagador entre Glasgow e Londres em 1963. Amigos de Biggs na cidade, como o jornalista Harold Emert, irão à Câmara dos Vereadores sugerir que a Rua Monte Alegre, onde Biggs morou, ganhe o nome do inglês.”
O assalto ao trem de pagamentos da Estrada de Ferro Central do Brasil, que aconteceu às 8h 30min do dia 14 de junho de 1960, próximo à estação de Japeri, levou a polícia a suspeitar de uma quadrilha de bandidos internacionais, pela ousadia do plano; contudo, foi chefiado pelo morador de favela Tião Medonho.
Já o assalto ao comboio ferroviário, que viajava de Glasgow a Londres, foi realizado, depois, por uma gangue de 15 homens liderados por Ronald Biggs, em 8 de agosto de 1963, mas há também quem diga que ele foi apenas um mero integrante da quadrilha.
Agora, pergunto: por que o Tião Medonho, que é coisa nossa, que, provavelmente, serviu de inspiração aos ladrões britânicos, que cometeram assalto parecido, não é nome de Rua no Brasil ou mesmo na Inglaterra?  Por que Downing Street, por exemplo, não passa a se chamar Tião Medonho? Onde mora o primeiro ministro da Inglaterra? Em Tião Medonho Street 10.
Não podíamos perder a piada, e compreendemos a ira incontida do Dieckmann com a ameaça de ter de passar com o seu Jaguar, no seu bairro, pela rua que homenageia um larápio.
Eu ficaria fulo de raiva se, em vez de caminhar pela Rua Van Gogh, eu caminhasse pela Rua Ronald Biggs.
Ele, em 2001, doente, retornou ao seu país com a crença que seria perdoado pela rainha passados quase 40 anos. Vã ilusão; o longo tempo que viveu no Brasil embaralhou as suas ideias e ele imaginou que a impunidade prevaleceria. Em lá chegando, foi para o xilindró.

Lá está na Internet a notícia: em troca de subsídios dados às empresas, trabalhadores receberiam 21 centavos por quilômetro percorrido. O governo gastará 20 milhões de euros e espera poupar 5,6 bilhões de euros na área da saúde.
Thierry Mariani, atual ministro dos Transportes retoma, assim, proposta de seu antecessor.
Um colega de trabalho, por coincidência de um órgão do Ministério dos Transportes, costumava ir e voltar de bicicleta para o trabalho, o que perfazia da sua casa, na Rua Cirne Maia ao Centro, ida e volta, cerca de 20 quilômetros. O seu maior problema era o banho de chuveiro, no trabalho, que foi solucionado quando o seu chefe, o inefável Roberto Dieckmann, cedeu-lhe seu banheiro privativo até 8h da manhã. Poucos anos depois, uma chefe tomou o poder e o banheiro não poderia mais ser usado para ele lavar o suor da sua ginástica.
Preocupado em trabalhar fedendo, o que não preocupa os ciclistas franceses, pois no seu país se encontram os melhores perfumes do mundo, nosso colega voltou a ser apertado nos ônibus lotados.
Como o mal nunca dura, tudo mudou e um banheiro foi franqueado para ele, que passou a vir e voltar de bicicleta. Quanto a receber um dinheirinho por isso, pode esperar sentado... no selim.


Postaram também no Facebook (as redes sociais impuseram mais um anglicanismo, como se vê, o verbo postar) as dez maiores canções dos Beatles segundo a revista Bula. Apesar de o nome nos remeter à medicina, trata de assuntos jornalísticos e culturais, e é de Goiás.
Ela arrolou algumas das melhores composições do quarteto de Liverpool que também o são para mim: “Yesterday”, “Something”, “Blackbird” e “A Day in The Life”. Entre as dez, destacaram “Hey Jude”, e afirmam: “ela é tão linda que não termina.” Frisa a Bula que é uma canção com começo e meio, sem fim. Por coincidência, Gina, minha cunhada, havia falado poucos dias antes que, ao cantá-la num concerto, depois de tanto lá lá lá lá, o Paul McCartney perguntou como ele pararia com aquilo.
Por isso mesmo, por ser interminável, considero-a aborrecida. (*)
O poeta Fernando Pessoa não escapou da Bula e lá se acham os seus dez maiores poemas: “Tabacaria” (essa era barbada), “Poema em  Linha Reta”, “Autopsicografia”, “O Dia do Meu Aniversário”, “Ode Marítima”... E houve uma imperdoável e inadmissível omissão “Pobre Velha Música”.
Se me pedirem para resumir os sete volumes do “Em Busca do Tempo Perdido”, do caudaloso Marcel Proust, em poucas palavras, eu citaria os dois últimos versos de “Pobre Velha Música!”:
“E eu era feliz? Não sei,
 Fui-o outrora agora.”
 


Depois, a mesma revista de Goiás aborda as quinze maiores composições da Música Popular Brasileira de todos os tempos (grifo nosso) A petulância foi tamanha que eu não deveria listá-la aqui, mas vou fazê-lo para que cada um tire as suas conclusões, inclusive eu.
1- Eu sei Que Vou Te Amar;
2- Águas de Março;
3- Chega de Saudade;
4- Metamorfose Ambulante;
5- Felicidade;
6- Rosa de Hiroshima;
7- Garota de Ipanema;
8- Panis et Circenses;
9- Construção;
10- O Mundo É Um Moinho;
11- Primavera;
12- Vapor Barato;
13- Carinhoso;
14- Asa Branca;
15- Ideologia.


Certa vez, perguntaram ao Nílton Santos, a Enciclopédia do Futebol, por que não prosseguiu na carreira de técnico de futebol. Ele respondeu que não pretendia lidar com jogadores que pensam que o futebol surgiu no ano em que começaram a se interessar por esse esporte. Foi esse caso que me ocorreu prontamente quando li as 15 maiores composições da Música Popular Brasileira de Todos os Tempos da revista Bula. Como o papel e a tela do computador tudo aceitam aqui estão elas relacionadas.
A Música Popular Brasileira tem mais de 200 anos e uma das suas figuras mais representativas, Ernesto Nazareth completou, em 2013, 150 anos. Essa revista de Goiás cita apenas duas músicas do passado: “Carinhoso”, música de Pixinguinha, cuja primeira gravação, ainda sem letra, é de 1928, e “Asa Branca”, toada gravada em 1947, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
E o criador do Choro, Joaquim Antonio Calado?... E Chiquinha Gonzaga?... E Jacob do Bandolim?... E os consolidadores do samba como Noel Rosa e Ismael Silva?... Algumas das criações desses autores deveriam se encontrar na lista das 15 maiores no lugar de algumas, que considero atabalhoadas, mas que não nomearei aqui.
Não sou preconceituoso, mas passei a ler com mais simpatia o ditado que diz: “Errar é humano, mas persistir no erro é goiano”.

(*) O Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO pensou em repassar sua escolha. Porém, depois de ler as quinze ‘melhores’ canções brasileiras, desistiu do intento.

  

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