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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4342 Data: 04 de
janeiro de 2014
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NAVEGANDO
PELA INTERNET
Navegando pela
Internet, por onde encontro muito lixo – mas qual o lugar que não está poluído?
- também me deparo com coisas interessantes e até mesmo encantadoras.
“As maiores prendas do
mundo” se inserem no rol das coisas interessantes. Entre elas, espantei-me com
o vinho mais caro que existe, um “Chateau d' Ykem 1787, com o valor de 80 mil
dólares. Mais assombroso do que o preço, por sinal, bem mais, está nestas
palavras que acompanham o retrato da preciosidade: “É do ano em que James Watt
desenvolveu a máquina a vapor, em que Maria Antonieta estava prestes a perder a
cabeça e o ano em que Washington Luiz (sic) se tornou o primeiro presidente dos
Estados Unidos da América”.
Minha Nossa
Senhora!... Trocar a grande personalidade do país mais poderoso do mundo pela
do Oresidente do Brasil deposto pelo tenentismo é de amargar.
George Washington, que
comandava o exército dos Estados Unidos que derrotou os ingleses, teve toda a
oportunidade de, como um Napoleão Bonaparte do Novo Mundo, coroar-se imperador
e mandar a República às favas. No
entanto, a ideologia lhe falou mais alto do que a ambição e ele governou
durante dois períodos - oito anos - consolidando a República, e foi um dos pais
fundadores da nação.
Quanto ao nosso
Washington Luís, quis impor o governador Júlio Prestes como seu sucessor,
quebrando o acordo político intitulado Café com Leite. Desagradou a todos e
foi, como se diz na gíria futebolística, para o chuveiro mais cedo.
É evidente, pela
razoável erudição que se acha no texto de “As maiores prendas do mundo”, que o
erro não foi proveniente da ignorância. Franco Montoro, ex-governador do estado
de São Paulo, um dos homens mais cultos da política brasileira, trocava tudo: o
jornalista Jânio de Freitas foi chamado por ele de Jânio Quadros, para citar
uma entre mil barbaridades; até cunharam o verbete “montorite”. George Washington
por Washington Luiz é uma “montorite” que superou o mestre.
Julguei que a
“montorite” fosse um sintoma de senilidade, mas afastei essa ideia quando me
lembrei que, com 30 anos de idade, eu já sofria de eventuais crises de
“montorite”; a última foi chamar o decano da radiofonia brasileira, Jonas
Vieira, de Jonas Rezende, o pastor evangélico. A vítima expressou o seu
desagrado mais de uma vez no seu programa de domingo, todavia, foi também
atacado de “montorite” e chamou o Sérgio Fortes de Sérgio Mandela.
Isso acontece
com as melhores famílias. - diz-nos o velho truísmo;
No primeiro dia deste
ano, postaram no Facebook uma interessante tabela de incentivo à poupança. Lá
estão numeradas as 52 semanas de 2014, divididas em 4 colunas, com 13 linhas cada, fica, então, retratado o
somatório do valor poupado com o acréscimo semanal de 1 real. Na última semana de 2014, chega-se ao
resultado desse procedimento: R$ 1 378,00.
Esqueceram-se da
inflação.
Vivêssemos os
anos anteriores a 1994, e a inflação teria abocanhado quase toda essa quantia.
Veio o Fernando Henrique Cardoso com uma equipe de luminares em ciências
econômicas e domesticaram a inflação – ela perdeu os dentes e suas mordidas
perderam a virulência. Infelizmente, de uns anos para cá, a imperícia dos novos
governantes, o descuido com que tratam a fera que tudo tragava, tem levado ao
ressurgimento dos seus dentes. Digamos que, em 2014, a inflação cresça em 6%,
então, não serão R$ 1378,00, e sim R$ 1295,32, ou seja, as 12 primeiras semanas
de poupança evaporarão.
Persistindo na minha
navegação pela Internet, topo com um cidadão indignado com a política
petrolífera do Brasil. Eis o que se lê:
-“O Brasil é o único
país autossuficiente em petróleo que não se beneficia de suas riquezas naturais”.
E essa assertiva é
demonstrada na tabela abaixo com alguns países que produzem todo o seu petróleo
e os preços da gasolina por lá praticados em reais por litro.
Venezuela: 0,03
Iran: 1,17
Arábia: 0,27
EUA: 1,71
Kuwait: 0,39
Brasil: 3,18
E a indignação desse
cidadão e dos demais brasileiros bem informados é ainda maior porque o atual governo,
para conter a inflação, achata o preço do litro da gasolina, que deveria estar
mais alto do que R$ 3,18.
Brasil autossuficiente
em petróleo?... O presidente Lula, com a cabeça nas próximas eleições, manchou
as mãos de óleo e anunciou a autossuficiência do Brasil.
Nada contra os
metalúrgicos, mas uma empresa como a Petrobras, não é para ser gerida por eles
e seus apaniguados. De poços perfurados, não saem gasolina, diesel, querosene
de aviação, nafta, etc; faz-se necessário o refino. Isso é elementar.
Por causa desse erro
primário – o não investimento em refinarias – (não foi só isso...) o Brasil
exporta o óleo cru para importá-lo beneficiado. Resultado dessa incompetência:
o déficit da conta petróleo da conta petróleo, em 2013, foi de US$ 20, 277
bilhões. (*)
Isso posto, aqui vão
algumas considerações nossas sobre os valores mostrados na tabela:
-o valor da gasolina
brasileira é bem mais elevado do que os dos outros países porque o petróleo é
retirado de águas profundas, com custos maiores, e devido aos muitos
penduricalhos que o oneram ainda mais;
-o preço da gasolina
na Venezuela é subsidiado;
-os Estados Unidos
consideram o seu petróleo uma reserva estratégica e, por isso, importa bastante
(o óleo cru, bem entendido).
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Como o monstro da
inflação vem navegando atrevidamente também pela Internet, falemos da mensagem
eletrônica concernente a uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
à revista ISTOÉ, cujo mote é: os 20 anos que o Plano Real completará em 2014.
A entrevista não
envereda apenas pelo passado, o denominado Pai do Plano Real alerta que,
atualmente, “estamos lenientes com a inflação”, frase que é o cabeçalho dessa
entrevista.
Comentá-la é enxugar
gelo, pois o método didático do ex-presidente esmiúça os dados que,
aparentemente, são mais complexos.
Contudo, queremos
ressaltar o relacionamento dele com o Itamar Franco.
Sobre o grau de
autonomia que o presidente Itamar Franco deu a ele, ministro da Fazenda, para a
formulação do Plano Real, FHC reconhece que foi enorme, que mesmo discordando
de alguns pontos, Itamar Franco não atrapalhou.
Quando houve a
especulação sobre a nossa moeda, no segundo mandato do Fernando Henrique, na
presidência da República, Itamar Franco, como governador de Minas Gerais,
decretou a moratória do seu estado, jogando mais combustível na fogueira. FHC
foi generoso, apenas aludiu de passagem a esse fato. Na realidade, Itamar
Franco destilava ódio, agiu com o fígado, pois pretendia retornar como
presidente em 1998; mandou os interesses do Brasil às favas, manchando
irremediavelmente a sua biografia.
(*) Sem
pretender discutir a falta de profissionalismo e excesso de populismo em muitas
questões administradas pelo atual Governo, cabe reparar que não é exatamente a falta de
refinarias que atrapalha a autossuficiência, ou que estabelece o preço alto da
gasolina nos postos de venda. O perfil de consumo – erradíssimo no Brasil, mas
não culpa só deste Governo – determina as refinarias que dispomos, só que a
maior parte do óleo encontrado no Brasil não se adequa ao refino que
precisamos. Então exportamos o óleo pesado, mais barato e importamos óleo leve,
mais caro, para dar conta da demanda de gasolina e óleo diesel. Importamos
também estes combustíveis já refinados, a preço internacional que é mesmo mais
caro do que a dona Dilma manda vender.
A raiz do
problema não será atacada – a falta de transporte marítimo e ferroviário – e a
gasolina vai continuar sendo subsidiada para garantir a eleição. Quanto à Venezuela
e Arábia, além de terem seus petróleos leves à vontade, a carga de impostos e encargos
trabalhistas incidentes deve ser muito inferior à que temos no Brasil. Quando o
prezado leitor abastece seu carro ele paga o petróleo, o necessário conteúdo
nacional dos equipamentos, o óleo de fora para permitir o refino adequado, o
trabalhismo, as péssimas estradas necessárias à distribuição dos destilados,
enfim, uma soma bem grande, porque não existe almoço grátis.
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