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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

2542 - o Biscoito inflamável



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4342                         Data: 04 de janeiro  de 2014
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NAVEGANDO PELA INTERNET

Navegando pela Internet, por onde encontro muito lixo – mas qual o lugar que não está poluído? - também me deparo com coisas interessantes e até mesmo encantadoras.
“As maiores prendas do mundo” se inserem no rol das coisas interessantes. Entre elas, espantei-me com o vinho mais caro que existe, um “Chateau d' Ykem 1787, com o valor de 80 mil dólares. Mais assombroso do que o preço, por sinal, bem mais, está nestas palavras que acompanham o retrato da preciosidade: “É do ano em que James Watt desenvolveu a máquina a vapor, em que Maria Antonieta estava prestes a perder a cabeça e o ano em que Washington Luiz (sic) se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos da América”.
Minha Nossa Senhora!... Trocar a grande personalidade do país mais poderoso do mundo pela do Oresidente do Brasil deposto pelo tenentismo é de amargar.
George Washington, que comandava o exército dos Estados Unidos que derrotou os ingleses, teve toda a oportunidade de, como um Napoleão Bonaparte do Novo Mundo, coroar-se imperador e mandar a República às favas.  No entanto, a ideologia lhe falou mais alto do que a ambição e ele governou durante dois períodos - oito anos - consolidando a República, e foi um dos pais fundadores da nação.
Quanto ao nosso Washington Luís, quis impor o governador Júlio Prestes como seu sucessor, quebrando o acordo político intitulado Café com Leite. Desagradou a todos e foi, como se diz na gíria futebolística, para o chuveiro mais cedo.
É evidente, pela razoável erudição que se acha no texto de “As maiores prendas do mundo”, que o erro não foi proveniente da ignorância. Franco Montoro, ex-governador do estado de São Paulo, um dos homens mais cultos da política brasileira, trocava tudo: o jornalista Jânio de Freitas foi chamado por ele de Jânio Quadros, para citar uma entre mil barbaridades; até cunharam o verbete “montorite”. George Washington por Washington Luiz é uma “montorite” que superou o mestre.
Julguei que a “montorite” fosse um sintoma de senilidade, mas afastei essa ideia quando me lembrei que, com 30 anos de idade, eu já sofria de eventuais crises de “montorite”; a última foi chamar o decano da radiofonia brasileira, Jonas Vieira, de Jonas Rezende, o pastor evangélico. A vítima expressou o seu desagrado mais de uma vez no seu programa de domingo, todavia, foi também atacado de “montorite” e chamou o Sérgio Fortes de Sérgio Mandela.
Isso acontece com as melhores famílias. - diz-nos o velho truísmo;

No primeiro dia deste ano, postaram no Facebook uma interessante tabela de incentivo à poupança. Lá estão numeradas as 52 semanas de 2014, divididas em 4 colunas, com 13  linhas cada, fica, então, retratado o somatório do valor poupado com o acréscimo semanal de 1 real.  Na última semana de 2014, chega-se ao resultado desse procedimento: R$ 1 378,00.
Esqueceram-se da inflação.
Vivêssemos os anos anteriores a 1994, e a inflação teria abocanhado quase toda essa quantia. Veio o Fernando Henrique Cardoso com uma equipe de luminares em ciências econômicas e domesticaram a inflação – ela perdeu os dentes e suas mordidas perderam a virulência. Infelizmente, de uns anos para cá, a imperícia dos novos governantes, o descuido com que tratam a fera que tudo tragava, tem levado ao ressurgimento dos seus dentes. Digamos que, em 2014, a inflação cresça em 6%, então, não serão R$ 1378,00, e sim R$ 1295,32, ou seja, as 12 primeiras semanas de poupança evaporarão.

Persistindo na minha navegação pela Internet, topo com um cidadão indignado com a política petrolífera do Brasil. Eis o que se lê:
-“O Brasil é o único país autossuficiente em petróleo que não se beneficia de suas riquezas naturais”.
E essa assertiva é demonstrada na tabela abaixo com alguns países que produzem todo o seu petróleo e os preços da gasolina por lá praticados em reais por litro.
Venezuela: 0,03
Iran: 1,17
Arábia: 0,27
EUA: 1,71
Kuwait: 0,39
Brasil: 3,18

E a indignação desse cidadão e dos demais brasileiros bem informados é ainda maior porque o atual governo, para conter a inflação, achata o preço do litro da gasolina, que deveria estar mais alto do que R$ 3,18.
Brasil autossuficiente em petróleo?... O presidente Lula, com a cabeça nas próximas eleições, manchou as mãos de óleo e anunciou a autossuficiência do Brasil.
Nada contra os metalúrgicos, mas uma empresa como a Petrobras, não é para ser gerida por eles e seus apaniguados. De poços perfurados, não saem gasolina, diesel, querosene de aviação, nafta, etc; faz-se necessário o refino. Isso é elementar.
Por causa desse erro primário – o não investimento em refinarias – (não foi só isso...) o Brasil exporta o óleo cru para importá-lo beneficiado. Resultado dessa incompetência: o déficit da conta petróleo da conta petróleo, em 2013, foi de US$ 20, 277 bilhões. (*)
Isso posto, aqui vão algumas considerações nossas sobre os valores mostrados na tabela:
-o valor da gasolina brasileira é bem mais elevado do que os dos outros países porque o petróleo é retirado de águas profundas, com custos maiores, e devido aos muitos penduricalhos que o oneram ainda mais;
-o preço da gasolina na Venezuela é subsidiado;
-os Estados Unidos consideram o seu petróleo uma reserva estratégica e, por isso, importa bastante (o óleo cru, bem entendido).
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Como o monstro da inflação vem navegando atrevidamente também pela Internet, falemos da mensagem eletrônica concernente a uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à revista ISTOÉ, cujo mote é: os 20 anos que o Plano Real completará em 2014.
A entrevista não envereda apenas pelo passado, o denominado Pai do Plano Real alerta que, atualmente, “estamos lenientes com a inflação”, frase que é o cabeçalho dessa entrevista.
Comentá-la é enxugar gelo, pois o método didático do ex-presidente esmiúça os dados que, aparentemente, são mais complexos.
Contudo, queremos ressaltar o relacionamento dele com o Itamar Franco.
Sobre o grau de autonomia que o presidente Itamar Franco deu a ele, ministro da Fazenda, para a formulação do Plano Real, FHC reconhece que foi enorme, que mesmo discordando de alguns pontos, Itamar Franco não atrapalhou.
Quando houve a especulação sobre a nossa moeda, no segundo mandato do Fernando Henrique, na presidência da República, Itamar Franco, como governador de Minas Gerais, decretou a moratória do seu estado, jogando mais combustível na fogueira. FHC foi generoso, apenas aludiu de passagem a esse fato. Na realidade, Itamar Franco destilava ódio, agiu com o fígado, pois pretendia retornar como presidente em 1998; mandou os interesses do Brasil às favas, manchando irremediavelmente a sua biografia.

(*) Sem pretender discutir a falta de profissionalismo e excesso de populismo em muitas questões administradas pelo atual Governo, cabe reparar que não é exatamente a falta de refinarias que atrapalha a autossuficiência, ou que estabelece o preço alto da gasolina nos postos de venda. O perfil de consumo – erradíssimo no Brasil, mas não culpa só deste Governo – determina as refinarias que dispomos, só que a maior parte do óleo encontrado no Brasil não se adequa ao refino que precisamos. Então exportamos o óleo pesado, mais barato e importamos óleo leve, mais caro, para dar conta da demanda de gasolina e óleo diesel. Importamos também estes combustíveis já refinados, a preço internacional que é mesmo mais caro do que a dona Dilma manda vender.
A raiz do problema não será atacada – a falta de transporte marítimo e ferroviário – e a gasolina vai continuar sendo subsidiada para garantir a eleição. Quanto à Venezuela e Arábia, além de terem seus petróleos leves à vontade, a carga de impostos e encargos trabalhistas incidentes deve ser muito inferior à que temos no Brasil. Quando o prezado leitor abastece seu carro ele paga o petróleo, o necessário conteúdo nacional dos equipamentos, o óleo de fora para permitir o refino adequado, o trabalhismo, as péssimas estradas necessárias à distribuição dos destilados, enfim, uma soma bem grande, porque não existe almoço grátis.

      

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