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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4013 Data: 24
de agosto de 2014
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DO BRIC AO FIM
Apareceu na minha caixa eletrônica um
texto apócrifo sobre economia. Acredito que se trata de um coluna especializada
de alguma publicação da imprensa cujo internauta, não citando o autor, agiu como muitos disk-jokeys (ou dee jays)
das rádios brasileiras que põem os discos para tocar, mas omitem os nomes dos
compositores.
O texto tem o seguinte título: “Sucesso
dos Brics gerou proliferação de siglas econômicas”.
Antes de prosseguirmos, vamos adiantar um esclarecimento: não se trata do
sucesso dos países que compõem o BRIC, pois um ou dois deles não andam bem das
pernas, mas da sigla propriamente dita.
Depois de escrever que novas siglas ou
acrônimos vêm aparecendo com frequência no noticiário econômico, o autor
oculto, ou ocultado, lança duas perguntas e uma resposta que são o ponto alto
do seu escrito:
“Os Brics podem salvar os Pigs? Talvez
com a ajuda dos Cement. Com isso, Civets, Mints, Mist, Carbs e Cassh poderão
continuar crescendo?”
Reportei-me, ao ler essa questão ao
curso que fiz no COMCONTRAM (Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo),
quando me vi enrolado por um cipoal de siglas e acrônimos.
Em 2002, o economista-chefe do Banco
Goldman Sachs, Jim O’ Neill, criou o acrônimo BRIC para denominar quatro países
de dimensões gigantescas que cresciam aceleradamente – Brasil, Rússia Índia e
China; no caso da China, o crescimento era e é alucinado.
Em 1974, o economista Edmar Bacha, que
participaria da concepção do Plano Real, cunhou o neologismo Belíndia – o
Brasil, segundo ele, era uma mistura da Bélgica e da Índia – e, assim,
destacava a nossa extrema desigualdade social. A Índia daquele tempo estava
longe do crescimento acentuado recente e Calcutá convergia a atenção do mundo
pela miséria.
O neologismo, ou palavra-valise, de
Edmar Bacha, alcançou tanta repercussão nas fronteiras do Brasil, que muitos
economistas e até políticos resolveram imitar o consagrado economista. Recordo-me que disseram, sob o torpor mental
do Plano Cruzado, que o Brasil agora era o Suipão – inflação da Suíça com o
crescimento do Japão. Depois que se configurou o fracasso desse Plano do
Sarney, vieram as palavras-valises depreciativas.
Isso, no século XX, agora, no século
XXI, Jim O’ Neill criou os BRIC e tem alcançado um grande sucesso com a sua
criação, como se vê. Surgiram, então, aqueles que usam o seu método de resumir
os nomes de quatro ou mais países em uma única sigla ou acrônimo.
O autor anônimo do texto em questão
ressalta que a sigla ou acrônimo se utiliza, em alguns casos, do trocadilho.
BRIC, por exemplo, soa como brick
(tijolo, em inglês).
Quando se agravou a crise da dívida dos
países da zona do Euro, poucos anos atrás, em que constavam a Grécia, a
Irlanda, Portugal e Espanha, não se perdeu tempo, e foi lançado o PIGS
(porco,em inglês): Portugal, Ireland, Greece and Spain). A
Itália, com a administração do Sílvio Berlusconi, político de opereta, não
demorou a entrar nesse grupo, que mudou, então, para PIIGS (estragou o porco,
mas não, o trocadilho).
Os críticos do BRIC, não da sigla, e sim
da maneira como crescem desigualmente o Brasil, a Rússia, a Índia e a China,
criaram o CEMENT (cimento (*) em inglês), abreviatura de Countries in Emerging Markets Excluded by New Terminology (Países nos Mercados
Emergentes Excluídos pela Nova Terminologia). Enfatizam os críticos do BRIC
(tijolo) que esses países dependem, para o seu crescimento, que os países emergentes
que não estão nessa sigla, os CEMENT, também cresçam. E concluem: “Sem cimento,
os tijolos não servem para nada”.
Isso está no texto que recebi pela
internet com comentários. Tentarei, na medida do possível, reproduzir outras
partes:
“A maioria das siglas que apareceram nos
últimos tempos tem sentido positivo. Os CIVETS (nome em inglês dos cervos
almiscareiros) reúnem Colômbia, Indonésia, Vietnã, Egito, Turquia e South
Africa; sigla essa criada pela Economist Intelligence UNIT (EIU), páginas de
pesquisas da revista The Economist, para agrupar países emergentes com
economias dinâmicas, diversificadas e com populações jovens. São os CIVETS, de
alguma maneira, complementares ao BRIC.”
E prosseguem:
“Outra adição recente ao rol dos
acrônimos econômicos é o CARBS (abreviação em inglês para carboidratos), que
reúne Canadá, Austrália, Rússia, Brasil e South Africa. O acrônimo foi cunhado
pelo Citigroup que, em relatório publicado este mês, chamado Carbs make you strong ( Carbs fazem você
forte), argumentou que esses cinco países têm economias e moedas sensíveis às
variações dos preços das commodities.”
É verdade, posso afirmar no que diz
respeito ao nosso país. Depois de sofrer com a menor demanda da China,
beneficiou-se com o aumento das mercadorias por causa da seca nos Estados
Unidos.
A lista de siglas, na esteira da criação
do economista-chefe do banco Goldman Sachs, não para de aumentar e nós
pretendemos cooperar com esse aumento e na língua que Olavo Bilac chamou de
“esplendor e sepultura”.
COVA – Cuba, Oman, Venezuela e
Argentina.
Cuba – como Gabriel Garcia Marquez é o
único socialista conhecido que gosta de ficar semanas e meses no país dos
irmãos Castro, não preciso comentar por que Cuba está na COVA.
Oman - país que dependia, no passado, da
agricultura, do comércio de camelos e caprinos, além da pesca. Desenvolveu-se
com a descoberta do petróleo. Com as reservas do ouro negro em queda, o país
tenta reagir, porém vai para a COVA porque não encontramos outra nação em pior
estado econômico-financeiro começando com a letra “O” para substituí-lo.
Venezuela – o ditador Hugo Chaves se
encarregou de levar o país para a COVA fazendo com o dinheiro do petróleo o que
os mercantilistas espanhóis e portugueses fizeram com o ouro das Américas no
século XVI, ou seja, fizeram tudo, menos gerar riqueza para as suas nações.
Argentina – não adiantam a fertilidade
da terra, o petróleo, o número incrível de livrarias em Buenos Aires se, na
política, o populismo dos governantes é uma tônica na vida política argentina.
Em 2005, deram um calote de 80 bilhões de dólares na dívida externa e perderam
o crédito.
Atualmente, os hermanos são
presididos pela peronista (mais um) Cristina Kirchner. Sofrendo com a acentuada
escassez de dólares, ela lançou a política do
uno por uno – para cada dólar importado, tem-se de exportar um dólar,
assim, operadoras de celular, que dependem de componentes vindos do exterior,
têm de exportar vinho. Restaurantes japoneses são fechados porque os
ingredientes vêm de fora. O dólar no câmbio negro supera o oficial em 48%. A inflação
de 9% ao ano, anunciada pelo governo,
está, na realidade, em 25%. Por esses dados e outros, a Argentina está na COVA.
Existem outras siglas ou acrônimos a ser
citadas, por exemplo:
LAPIDE: Libéria, Argentina, Panamá,
Irlanda, Djibuti e Equador;
INERCIA: Indonésia, Nicarágua, El
Salvador, República Dominicana, Colômbia, Islândia e Argentina;
DESDITA: Dominica, Eritreia, Suazilândia,
Djibuti, Iraque, Tonga e Argentina;
BABEL: Brasil, Argentina, Bolívia,
Equador e Líbia. O Brasil continuará na BABEL se a influência da política assistencialista
e protecionista do Lula persistir no governo
da Dilma Rousseff.
E, finalmente...
FIM: França, Inglaterra e Mônaco.
Segundo a projeção de estudiosos, daqui
a 50 anos, um em cada quatro moradores da Europa será imigrante ou descendente
de estrangeiro de outro continente. Assim, o europeu que conhecemos desde as
obras de Shakespeare, Balzac, Victor Hugo, Stendhal está em extinção.
(*) Cement é
uma palavra que em inglês serve para cola e cimento. Procurei uma definição na
língua de Shakespeare e a reproduzo a seguir, pois considero importante
conhecê-la. Mas nada que modifique o sentido empregado pelo redator do seu O
BISCOITO MOLHADO.
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For other uses, see Cement (disambiguation).
Not to be confused with Concrete.
In the
most general sense of the word, a cement is a binder, a substance that
sets and hardens independently, and can bind other materials together. The word
"cement" traces to the Romans,
who used the term opus caementicium to describe masonry
resembling modern concrete that was made from crushed rock with burnt lime
as binder. The volcanic ash and pulverized brick additives that
were added to the burnt lime to obtain a hydraulic binder were later referred
to as cementum, cimentum, cäment, and cement.
Cement
used in construction is characterized as hydraulic or non-hydraulic.
Hydraulic cements (e.g., Portland
cement) harden because of hydration,
chemical reactions that occur independently of the mixture's water content;
they can harden even underwater or when constantly exposed to wet weather. The
chemical reaction that results when the anhydrous
cement powder is mixed with water produces hydrates that are not water-soluble.
Non-hydraulic cements (e.g. gypsum plaster) must be kept dry in order to retain their strength.
The most
important use of cement is the production of mortar and concrete—the
bonding of natural or artificial aggregates to form a strong building
material that is durable in the face of normal environmental effects.
Concrete should
not be confused with cement, because the term cement refers to the
material used to bind the aggregate materials of concrete. Concrete is a
combination of a cement and aggregate.
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