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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5008 Data: 22 de dezembro de 2014
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RÁDIO MEMÓRIA NATALINO E ATLÉTICO
Sérgio Fortes e Jonas Vieira
estacionaram as renas nas imediações da Roquette Pinto e, de gorros e sacos
cheios de presentes para os ouvintes, se prepararam para apresentar o programa
de Natal.
Rou... rou... rou... rou... Roubaram
muito no Brasil.
-Sérgio, vamos ao calendário.
-Dia 21 de dezembro, o dia mais longo
do ano no hemisfério sul e, consequentemente, o mais curto no hemisfério norte.
-É o solstício. - assinalou o Jonas.
-Em 1937, estreava Branca de Neve e os
Sete Anões no cinema americano, o primeiro longa-metragem de desenho de
animação.
Antes de prosseguir com as datas, o
Homem-Calendário fez o seguinte comentário:
-Eu li que o Walt Disney, com toda a
sua genialidade, era um desenhista sofrível. Foi um grande empreendedor, isso
sim.
-Desenhista sofrível. - ratificou o
Jonas.
-Em 1942, Projeto Manhattan, início da
primeira reação nuclear em cadeia autossustentada. Já imaginou, Jonas, se a bomba
atômica chegasse às mãos dos nazistas?
-Deus do céu! - arrepiou-se.
-Seria pior do que andam fazendo com a
Petrobras.- comparou o Sérgio.
-Em 1988, o voo da PAN AM 103 explodiu
no ar em Lockerbie. Uma coisa de louco. Você pega o avião e um maluco colocou
um troço no porão.
-Karma coletivo. - afirmou seu
parceiro.
-Em 1995, houve a fundação do município
de Pingo d' Água no estado de Minas Gerais.
-Não adiantou nada, Sérgio, por que a
seca também chegou lá. - não perdeu a piada.
Sérgio Fortes não disse, altissonante:
“Nascimentos”; foi mais prolixo:
-Quem nasceu em 21 de dezembro.
-Em 1804, Benjamin Disraeli, político e
escritor.
Virou-se para o Jonas:
-Ele foi um político do Partido
Conservador, primeiro-ministro no reinado da Rainha Vitória. O maior oponente
dele foi o também primeiro-ministro, do Partido Liberal, Gladstone. Uma vez,
Disraeli disse: “Se Gladstone cair no Tâmisa será um infortúnio, mas se o
tirarem de lá, será uma tragédia.”
Enquanto o Jonas Vieira ria, nós, do
Biscoito Molhado, lastimávamos o fato de o Brasil ter o Rio Amazonas, bem mais
volumoso, e nenhum político cair nele.
-Em 1924, Altamiro Carrilho.
Altamiro Carrilho, a nossa flauta
mágica, como bem disse Gilberto Gil.
-Grande Altamiro! - exclamou o Jonas
Vieira.
-Em 1935, Lorenzo Bandini, piloto de
Fórmula 1 que, em Mônaco, bateu e o carro pegou fogo. Não há como apagar 300
litros de gasolina encapetadíssima com extintor de incêndio.
-Em 1936, Joelmir Beting, jornalista de
quem eu gostava muito. Almocei uma vez com Joelmir Beting em Hanover e falamos
de futebol. Ele era um palmeirense louco.
Nós, do Biscoito Molhado, ouvimos, na
primeira vez, palmeirense roxo, rebobinada a fita de gravação, notamos o nosso
engano. Ele seria, no máximo, palmeirense verde.
-Em 1937, Jane Fonda.
-Grande atriz. - extasiou-se o Jonas
Vieira juntamente com o Homem-Calendário.
Aqui, um adendo. Seu talento e beleza,
além de ser filha do renomado Henry Fonda, levaram ao esquecimento o seu
codinome de “Hanói Jane”, que recebeu quando viajou para o Vietnam do Norte, em
guerra contra o seu país, e posou para fotografias sentada num bateria
antiaérea. Os americanos foram bem mais generosos do que os franceses, na
Segunda Guerra Mundial, que rasparam a cabeça das francesas simpatizantes dos
nazistas durante a ocupação.
-Em 1940, o músico Frank Zappa.
Por que Frank Zappa?... Não é da
enfermaria do Sérgio, do Jonas Vieira, da minha, talvez seja do Dieckmann.
-Em 1944, um grande maestro, Michael
Tilson Thomas
-Em 1947, Paco de Lucia.
-Em 1948, o grande ator Samuel L.
Jackson. Você liga a televisão, e lá está Samuel L. Jackson. Ele aparece em
todas, até no programa da Xuxa.
Com a demissão da Xuxa, deve ficar
apenas ele, talvez substituindo a rainha dos baixinhos. - comentário nosso, não
do Sérgio Fortes, que já passara para o obituário.
-Em 1805, morria Bocage. Manuel Maria
Barbosa du Bocage.
-Oh! - lamentou o Jonas Vieira.
Nós, do Biscoito Molhado, por outro
lado, lamentamos a ausência do Simon Khoury que, com toda certeza, leria um
soneto de Bocage em homenagem ao poeta que tomou Camões como modelo. Na
verdade, ele foi um novo Camões, mas seguindo outros caminhos. Segue aqui um
dos muitos sonetos de Bocage que Simon Khoury recitaria, certamente, se
estivesse no Rádio Memória nesse domingo:
“Não lamentes, oh Nise, o teu estado;
Puta tem sido muita gente boa;
Putíssimas fidalgas têm Lisboa,
Milhões de vezes putas têm reinado:
Dido foi puta, e puta dum soldado;
Cleópatra por puta alcança a coroa;
Tu, Lucrécia, com toda a tua proa,
O teu cono não passa por honrado.
Essa da Rússia imperatriz famosa,
Que inda pouco morreu (diz a Gazeta)
Entre mil porras expirou vaidosa:
Todas no mundo dão a sua greta:
Não fiques, pois, oh Nise, duvidosa
Que isto de virgo e honra é tudo peta.”
De volta ao Homem-Calendário.
-Em 1940, morria Francis Scott
Fitzgerald, grande escritor.
-Em 1945, George Patton, figura muito
importante.
O general mais respeitado e temido
pelos alemães na Segunda Grande Guerra. - acrescentamos.
-Em 21 de dezembro de 1980, alguém que
considero gênio, gênio, gênio, Nélson Rodrigues.
Depois de enfatizar, com toda razão, o
incomensurável talento do Nélson Rodrigues, voltou-se para o Jonas Vieira:
-Você foi copy desk dele, não foi?
-Pois é, nem eu acredito.
-Em 2005, Aurora Miranda.
-O centenário dela é no próximo ano. -
atentou o titular do Rádio Memória para a efeméride.
Logo em seguida, Sérgio Fortes se
tornou ainda mais descontraído: as mortes acabaram.
-Jonas, hoje é o nosso dia, o Dia do
Atleta.
Com essa notícia, entendi porque, no
portal do Google, via-se remadores, ginastas, nadadores, saltadores de vara e
sem vara, arremessadores de discos da Preta Gil, etc, etc.
Os dois apresentadores do Rádio Memória
trocaram, rapidamente, as vestimentas natalinas pela camiseta regata, pelo
tênis e demais componentes do kit-atleta.
-Eu herdei o macacão com que o Lauro
Borges dava aula de ginástica no PRK 30. - revelou o Sérgio Fortes.
E finalizou o calendário com os santos.
-Hoje é Dia de São Pedro Canísio e São
Tomé.
Os dois não se estenderam sobre São
Tomé, um dos santos da nossa predileção por causa do seu lema: “Ver para crer”.
Preferimos ele ao escritor Zola que, testemunhando dois milagres na Gruta de
Lourdes, disse: “Vejo, mas não creio”.
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