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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5005 Data: 17 de dezembro de 2014
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RÁDIO MEMÓRIA CHEGANDO AO FIM DO ANO
-Muitíssimo bom-dia.
Como esta expressão já foi patenteada
pelo Jonas Vieira e ninguém quer correr o risco de lhe pagar direitos autorais,
não há necessidade de identificarmos quem fez essa saudação.
-Podemos afirmar que o ano acabou. -
disse o Sérgio Fortes.
-Desde fevereiro que estamos dizendo que
o ano acabou; agora, não tem mais jeito.
Ouvi os dois, mas não iludi os cachorros
da vizinhança, que têm uma audição cinco vezes maior do que a nossa, nem os
gatos e as pessoas de gosto refinado; o tenebroso foguetório do reveillon
ainda vem por aí. Por muito menor estrondo, o filósofo Schopenhauer, do século
XIX, cunhou a seguinte frase: “A soma de barulho que uma pessoa pode suportar
está na razão inversa de sua capacidade mental.”
-Jonas, vamos ao calendário.
-Vamos lá.
-Dia 14 de dezembro. Em 1939, a União
Soviética é expulsa da Liga Das Nações pela sua agressão à Finlândia.
-Voltou-se para o Jonas Vieira.
-A História se repete.
-O tempo todo. -concordou.
-É um ciclo.
Com o pensamento na Ucrânia, de hoje,
acrescentou:
-Vou usar uma expressão moderníssima: a
União Soviética é useira e vezeira em agressões.
-Um
povo tão inteligente... A literatura russa, a música, os enxadristas...
abismou-se o Jonas Vieira.
-De vez em quando surge lá um Putin. -
citou o seu companheiro de apresentação de programa esse nome dissonante.
E seguiu com o calendário:
-Em 1911, o Polo Sul é alcançado pela
primeira vez pelo explorador Roald Amundsen. Jonas, ele não parou com as estripulias
e, em 1928, saiu em busca do dirigível Itália e desapareceu também.
-Igual ao Ulysses.
Apesar de o Ulysses dado a aventuras mil
seja o de Homero, o Jonas Vieira se referia, certamente, ao político, pois
aquele não andava de aeronave e Penélope não o esperou por anos e anos o seu
retorno em vão.
-Em 1998, houve o referendo no qual os
habitantes de Porto Rico decidiram manter o estatuto de Estado Livre Associado
dos Estados Unidos.
-”I
like to be in America.”
-Nós sabemos, Jonas.
-Falo da música de Leonard Bernstein que
os porto-riquenhos cantam no “West Side Story”.
-Jonas, é o musical preferido do Carlos
do Biscoito Molhado.
-O meu também.
- Nascimentos. Jonas. Em 1503, nascia
uma figura a que você é ligado: Nostradamus, astrólogo e matemático francês.
Chamava-se Michel de Nostradame.
-Sérgio, esse cara vaticinou muita coisa
certa. Em uma das suas centúrias, ele fala que este é o último papa.
-É mesmo?!...
-E que vai haver uma série de colisões de
astros contra a terra. O fim do mundo.
Fui conduzido, por essas palavras, à
minha escola primária, agosto de 1958, quando, na hora do recreio, correu o
boato que, às 3 horas da tarde, o mundo iria acabar. Na verdade, estávamos
ainda assustados com as explosões nos paióis do Exército, em Deodoro, que
ecoaram por dezenas e dezenas de quilômetros.
Sérgio Fortes trouxe de volta a
costumeira descontração do Rádio Memória com um pergunta:
-Será que Nostradamus previu que a
Unimed deixaria o Fluminense?
-Um terror. - entrou logo o titular do
Rádio Memória no clima de descontração usual do programa.
Jonas Vieira, justiça seja feita pelo
Biscoito Molhado, não é daqueles místicos fanáticos, tem bom coração: perdoou o
Dieckmann, por ter escolhido uma gravação de Lady Gaga, convidando-o para
outros Rádio Memória, e a nós que, por erro de imprensa, o chamamos de Jonas
Rezende. Mas voltemos ao Homem-Calendário.
-Em 1895, nascia o Rei George VI, aquele
que tinha problema de gagueira. O pai da Rainha Elizabeth e da Princesa
Margareth.
Se citasse o filme “O Discurso do Rei”,
talvez todos identificassem George VI, que assumiu o trono porque seu irmão, Eduardo VIII, enrabichado por uma
americana divorciada, renunciou.
-Em 1933, a grande atriz Eva Wilma.
-A minha preferida. - afirmou o Jonas
Vieira.
-Em 1947...
O Homem-Calendário titubeou nesse
momento.
-Acho que vou pular essa, Jonas?
-Quem nasceu? - despertou a curiosidade
do parceiro.
-Dilma Rousseff.
-É melhor pular mesmo, Sérgio.
-Em 1952, Pedro Collor de Mello, também
conhecido como “O Cunhado”. Ele arranjou muita confusão.
Aqui, o subconsciente do nosso amigo
veio à tona, ele falou no irmão do ex-presidente do Brasil, com a cabeça na
Thereza Collor de Mello, “a cunhada”. Mas quem não pensaria nela, de
estonteante beleza, na época das delações que derrubaram o Fernando Collor de
Mello do poder?... Parodiando o Jonas Vieira, a minha cunhada preferida.
-Falecimentos. - virou a página do
calendário.
-Em 1799, uma figuraça, George
Washington, o primeiro presidente dos Estados Unidos da América.
Uma grande figura histórica, de fato;
tinha o Exército nas mãos, mas, em vez de se tornar o ditador que Napoleão
viria ser, lutou pele consolidação da democracia depois de ela sumir, dois mil
anos atrás, na Atenas de Péricles.
-Em 1861, Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, marido
da Rainha Vitória, príncipe consorte do Reino Unido.
Os dois apresentadores do Rádio Memória
não resistiram ao trocadilho consorte sem sorte. Com a cabeça ainda na Thereza
Collor de Mello, Sérgio Fortes arrasou com a beleza de Sua Majestade. Dos 21
até os 42 anos de idade, quando o
príncipe consorte faleceu, a Rainha Vitória não era feia, o problema veio na
terceira idade.
-Em
1966, morria Rubem Bertha, o primeiro funcionário e presidente da Varig.
Imagine, Jonas, se ele tivesse testemunhado esta derrocada da VARIG.
-Há uma coisa, foi a VARIG que
pressionou para acabar com a Panair do Brasil. -registrou o Jonas Vieira.
Um
adendo: a Panair do Brasil era um dos maiores orgulhos dos brasileiros, e a sua
cassação, em 1965, foi uma das medidas mais violentas da ditadura militar.
-Em 2006, falecia Sivuca, grande músico.
-Em 2013, falecia o ator irlandês Peter
O' Toole.
Chegava, agora, a parte final do
calendário,
-14 de dezembro é o Dia de São João da
Cruz. Dia do Ministério Público.
-A turma do Ministério Público está com
a corda toda. - comentou o Jonas Vieira.
-Todo o mundo que pintou e bordou o
Ministério Público está pegando.
-Estou vendo em que país eu me exilo. -
divertiu-se o Jonas Vieira.
-Alguma nós fizemos...
-Usaram o meu nome em vão.
Com a corrupção que afunda o nosso país,
só restou mesmo às pessoas honestas o humor.
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