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segunda-feira, 26 de maio de 2014

2625 - você já foi a Dunquerque?



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4875                                    Data:25  de  maio de 2014
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RÁDIO MEMÓRIA NO DIA DA TOALHA
1ª PARTE

Depois das saudações iniciais, Sérgio Fortes relacionou acontecimentos históricos que ocorreram no dia 25 de maio, como a Batalha de Dunquerque, em 1940, e não tão históricos, como a estreia de “Star Wars” (Guerra nas Estrelas) e, nesse ponto, teceu alguns comentários:
-Eu não consigo gostar desses filmes de ficção científica.
Aqui, um aparte: somos dois, Sérgio, desde garoto eu não trocava um gibi do Flecha Ligeira por três do Flash Gordon. É verdade que, na época, eu desconhecia o talento do desenhista Alex Raymond e não imaginava que algumas previsões daquela historinha em quadrinhos se realizariam, como a vídeo-conferência.
Deixou para o final os santos desse domingo, mas, antes, anunciou, abismado, que era o Dia da Toalha. Caramba, saltou-me da tumba da memória a Denilma Bulhões dando uma surra de toalha molhado no marido, Geraldo Bulhões, então governador de Alagoas, por ter arrumado uma amante. Sofríamos, naquele período, com a República de Alagoas liderada pelo Fernando Collor de Mello. Arf!!!
Pelas palavras que seguiram do nosso homem-calendário, esse dia surgiu por causa de Douglas Adams (Denilma Bulhões nada tem a ver com isso, como elucubrei), pelo fato de ele ser o autor de “O Guia do Mochileiro das Galáxias” e mostrar a importância da toalha no espaço sideral. Coisa de abilolado.
Com tantas menções interplanetárias, não podemos omitir, como desejávamos, uma data assinalada pelo Sérgio Fortes:
-No dia 25 de maio de 1961, o presidente John Kennedy prometeu que os Estados Unidos colocariam o homem no mundo da Lua antes do fim da década. Fisicamente falando, é verdade, pois muitos já estavam lá.
Também era o Dia do Sapateado. A essa informação, Jonas Vieira teve o seu momento de Dieckmann, ou seja, deixou a modéstia de lado, e revelou que era um ótimo sapateador. Ele, que já dera algumas canjas aos ouvintes cantando (Lili Marlene e Laura), dessa vez não foi benevolente, e não ouvimos o som dos seus sapatos batendo no chão, como faziam Fred Astaire e os bailarinos espanhóis.
Além das toalhas e dos sapatos, também era o Dias dos Cus de Ferro, mas como o Sérgio Fortes é extremamente recatado, recorreu ao termo americano “Nerd”.
Então, a voz do titular do programa se tornou séria e solene, quebrando o clima de descontração:
-Pixinguinha, João da Baiana, Altamiro Carrilho e Clementina de Jesus se juntaram para fazer um disco antológico.  Nós vamos ouvir, de João da Baiana, “Cabide de Molambo”. Atentem para a letra que trata de um homem da rua resignado com a pobreza.
Sob o efeito dessa atração musical, a primeira do programa, Sérgio Fortes perguntou:
-Onde está essa criatividade?
 Nem adiantava seguir a sentença de Cristo -”Procura e Achará”, pois Ele não nos enviou substitutos à altura de Pixinguinha, Altamiro Carrilho e outros da Velha Guarda.
Ao Sérgio Fortes coube apresentar a segunda atração musical.
-A pianista Fernanda Canaud é especialista em Radamés Gnattali. Mas vamos ouvir com ela “Odeon”, de Ernesto Nazareth.
O ritmo buliçoso, a alegria que provém dessa composição executada admiravelmente no piano, não fez o Jonas Vieira esquecer os distúrbios que ocorrem presentemente no Brasil.
-Grupos promovem badernas pelas ruas e impedem o direito do cidadão de ir e vir. Agora mesmo em São Paulo, com essa greve de ônibus...
-Está tudo errado.
Sérgio não pôde prosseguir na sua intervenção.
-Se fizessem isso nos Estados Unidos...
E deu um conselho aos vândalos:
-Querem protestar?... Vão para uma praça e, lá, esculhambem com quem vocês quiserem. Assim, exercem o direito de falar e não prejudicam a locomoção de ninguém.
Provavelmente, ao expor tal pensamento, encontrava-se no subconsciente do Jonas Vieira o Hyde Park, embora seja mais do que uma praça, é um parque. Cabe aqui um desvio pela história, já que não fugiremos do assunto:
-Em 1855, um grupo contrário à política estabelecida, passou a usar o Hyde Park para promover protestos. A polícia londrina se opôs, os rebeldes não recuaram e os embates perduraram durante 17 anos. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, então, tirou da cartola a solução que atendeu a gregos e troianos: uma lei que permitia atos públicos numa área determinada do parque, que ficaria conhecida como a Esquina do Orador. Ali, qualquer cidadão tem o direito de expor seus pensamentos; assim, ele pode protestar contra tudo e contra todos sem atrapalhar a vida dos demais cidadãos. É citada como uma das maiores manifestações lá ocorridas, precisamente em 2003, a que reuniu cerca de 1 milhão de pessoas contrárias à guerra do Iraque.
Não sei precisar, no momento, se o primeiro-ministro que assinou lei tão engenhosa foi Benjamin Disraeli, do Partido Conservador, ou seu oponente eterno, William Gladstone, do Partido Liberal. Falando nos dois mais destacados políticos da Era Vitoriana, lembramo-nos de uma frase de Disraeli sobre o seu rival: “A diferença entre um infortúnio e uma calamidade? Se Gladstone caísse no Tâmisa, seria um infortúnio; entretanto, se alguém o tirasse de lá, seria uma calamidade.”
Voltemos ao Rádio Memória desse domingo, 25 de maio, mormente agora que Jonas Vieira, para retornar ao clima de descontração com muita arte, anunciou mais um trecho do disco que ouvíramos minutos antes, que reuniu, em 1968, a “Gente Antiga” para homenagear o grande  Pixinguinha.
-Com Clementina de Jesus, “Estácio, Mangueira”, que é folclore, não traz o nome dos autores.
Não foi a voz de rainha africana, como a denominava Hermínio Belo de Carvalho da Clementina de Jesus  que se sobressaiu, também se destacaram as firulas da flauta de Altamiro Carrilho e os contracantos geniais do Pixinguinha no saxofone.


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