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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4864 Data: 07
de maio de 2014
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RÁDIO MEMÓRIA PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA
Logo depois do “Bom-dia, senhores
ouvintes”, o Jonas Vieira anunciou a ausência do Sérgio Fortes.
-Viajou para São Paulo. - foi a
justificativa apresentada.
Sérgio havia ido ajudar o governador
Geraldo Alckmin a resolver o problema da falta de água ou de chuva, embora o
Dieckmann afirme que não, que ele foi resolver o problema dos haitianos que o
finório do Tião Viana, do Acre, transporta para São Paulo.
Apesar da verve do Jonas Vieira, da sua
bagagem acumulada como decano da radiofonia brasileira, os ouvintes sentiriam a
falta do seu parceiro, principalmente na parte em que ele se transforma em
Homem-Calendário. Para suprir essa
lacuna, imaginamos o nosso amigo no seu papel. Vamos lá.
-Jonas, no dia 4 de maio de 1979, é
eleita Primeira-Ministra da Grã-Bretanha, pelo Partido Conservador, Margareth
Thatcher.
-Uma mulher dessas é que o Brasil
precisava, e não...
Sérgio Fortes corta a indignação do
Jonas Vieira e prossegue com as ocorrências de 4 de maio.
-Em 1888, almoçaram no Palácio Imperial
escravos fugidos das fazendas vizinhas de Petrópolis, segundo informações
obtidas do abolicionista André Rebouças.
-Dom Pedro II, como um homem de grande
cultura, um humanista, não era escravagista, Sérgio, mas tinha de se submeter
ao interesse dos abonados. Nessa questão, ele puxou o seu pai, Dom Pedro I, que
gostava dos negros.
-Em 1929, nasceu Audrey Hepburn.
-A minha preferida!... - interrompeu-o
Jonas, extasiado.
-E agora, a notícia triste. - disse o
Sérgio Fortes em tom menor.
-Em 1937, morria Noel Rosa.
-Uma perda irreparável. - lamentaram.
-Em 1982, o destróier inglês Shefield,
foi atingido por um exocet lançado por um avião argentino, na Guerra das
Malvinas e afundou.
-Sérgio, você, antes, se referiu a
Margareth Thatcher... Pois é, ela começou a destruir a Argentina e a Cristina
Kirshner está terminando o serviço.
-Os argentinos não dão sorte com as mulheres.
- concluiu o Sérgio Fortes.
-Em 1984, a polícia boliviana ocupou o
Banco Central de La Paz.
-Hoje, os bolivianos ocupam as
instalações da Petrobras. - acrescentou o Jonas Vieira.
-O
santo do dia... Xi, Jonas, esqueci de pesquisar...
-Ficamos
devendo, então, o santo de hoje.
Agora, o nosso Biscoito Molhado deixa a
ficção de lado para ser, como o Repórter Esso, “testemunha ocular da história”.
Jonas Vieira prometeu levar o programa
da melhor maneira possível, com a ajuda do maestro Marcos Riba e um reportório
bem variado. E anunciou a primeira atração: Linda Batista cantando um samba
carnavalesco da década de 50, “Madalena”, de Ari Macedo e Aírton Amorim.
Para que tudo ficasse em família, veio
Dircinha Batista com “Inquietação”, de Ari Barroso.
-O compositor foi grande amigo das duas.
Antes, informou que ele, Jonas, já
trabalhara com a Linda Batista no rádio.
-Agora, a primeira bronca. - interrompeu
o carnaval.
Depois da “Inquietação” da Dircinha
Batista, era a dele, ou melhor, a nossa. E, assim, desancou os protestos no
Brasil que, na realidade, são arruaças. Quando Jonas Vieira aludiu os policiais
assassinados, logo me veio à mente o espanto que eu sentia, quando garoto,
assistindo ao seriado de televisão “Os Intocáveis”: os mafiosos matavam muita
gente, mas não tocavam num “federal”. Foi a esse ponto que o Jonas Vieira
chegou, afirmando que, nos Estados Unidos, é “impensável” um bandido
desrespeitar um policial.
Miltinho, cantando três grandes sucessos
dos anos 60, de Luiz Antônio e, também de Djalma Ferreira, “Mulher de 30”,
“Menina-moça” e “Recado”, trouxe-nos de volta os bons tempos.
-Como Miltinho faz bem a saúde, vamos
ouvir agora “Só vou de mulher”, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa. - disse.
Depois, Jonas Vieira partiu para um
grande cantor americano que também foi um excelente pianista. Imaginei o Nat King Cole e, de fato, era ele.
Só não consegui acertar a música, pois se tratava de “spirituals”, que poucas
vezes foram tocados no rádio, mesmo no passado.
Era a hora do intervalo, da Pausa para
Meditação”, com o tema “O Dia do Trabalhador”.
Depois da pausa, Jonas Vieira vibrou com
a próxima atração musical:
-Uma dupla sensacional da década de 30,
que gravou uns vinte discos: Mário Reis e Francisco Alves: “Perdão, meu bem”,
de Cartola.
Para que os números não discrepassem,
foi tocada uma segunda gravação, de 1933, agora de Noel Rosa, “Fita Amarela”.
E com a justificativa que Linda Batista
faz um bem enorme e, de fato, faz, apresentou, com ela, mais um samba
carnavalesco, “Nega Maluca”, de Evaldo Rui e Fernando Lobo.
Como no primeiro tempo do programa, veio
a Dircinha Batista com “Aperto de Mão”, de Herondino Silva (o Dino Sete
Cordas), Jaime Florence e Augusto Mesquita.
O esquema parecia o mesmo da etapa
anterior, pois Miltinho foi a atração que se seguiu, agora com “Devaneio”, de
Djalma Ferreira e Luiz Antônio.
Como em time que ganha não se mexe,
Jonas Vieira colocou de novo em campo Nat King Cole, com a sua excelente
técnica vocal, nos “spirituals”.
Não foi difícil os ouvintes que madrugam
no domingo para não perder o “Almanaque” e o “Rádio Memória” adivinharem que o
próximo a mostrar a sua arte era o Mário Reis ou o Francisco Alves e, talvez,
os dois juntos. Dessa feita, era somente o Mário Reis com a criação de Sinhô
“Que vale a nota sem o carinho da mulher?”
-Mário Reis faz bem a saúde. - afirmou.
E como não tem contraindicação, segundo
suas palavras, deu-nos de novo Mário Reis com a gravação de “O Destino é Deus
quem dá”, de Nílton Bastos.
Jonas Vieira aproveitou o momento para
exibir, no bom sentido, o seu conhecimento de música popular brasileira:
-Nílton Bastos é um dos criadores do
samba batucado, que surgiu no Estácio com Ismael Silva à frente de todos. No
Estácio, o samba ganhou o seu contorno definitivo, era, até então, extremamente
influenciado pelo maxixe, os sambas eram amaxixados.
Qualquer um dos artistas relacionados,
nesse programa, estaria à altura do fecho de ouro, e Jonas Vieira preferiu
Mário Reis e a música, uma marchinha de carnaval, de João de Barros, o
Braguinha, era “Cadê Mimi?”.
O encerramento desse Rádio Memória foi
com o “demorado abraço”, dessa vez, pelas razões já expostas, sem a voz do
Sérgio Forte para formar o dueto e muito menos a do Dieckmann. Mas parece que
esse trio foi desfeito. Acontece. (*)
(*) Há
controvérsias. Nada como um dia após o outro, disse o Dieckmann a este
Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO. Cumpre acrescentar que é marca característica
do redator a caricaturização da fala de personagens reais. Isso ele faz como
ninguém (**) desde os tempos do Biscoito impresso por agulhas da SUNAMAM e esta
edição é prova cabal.
(**) Mas é
só.
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