Total de visualizações de página

quarta-feira, 9 de abril de 2014

2597 - Era mesmo... agora, a Parte 2!



--------------------------------------------------------------------------
O BISCOITO MOLHADO
Edição 4847                                     Data: 08  de  abril de 2014
-----------------------------------------------------------------------

UMA CHORONA NO RÁDIO MEMÓRIA
2ª PARTE

-Quem é Seu Catirino? - indagou o Jonas Vieira.
Luciana Rabello explicou que Catirino saiu da imaginação de poeta do Paulo César Pinheiro para identificar um capoeirista.
Sérgio Fortes declarou que, de fato, Catirino é um nome perfeito para capoeirista. Quanto a nós, do Biscoito Molhado, concordamos que, às vezes, um nome faz um destino. Somente alguém com o nome de Napoleão seria capaz daquelas façanhas que estremeceram a Europa e o mundo.  Luís Napoleão, seu sobrinho, tentou algo parecido, quando deu o golpe de estado de 1851 e implantou o segundo império. Mas a história com ele, como disse Karl Marx, se repetiu como farsa. E Victor Hugo escreveria que ele foi “Napoleón, Le Petit”. Resumindo: o sobrinho foi muito mais Luís do que Napoleão (longe de nós depreciar os cidadãos de nome Luís).
Catirino era mesmo, com a concordância de todos, nome de capoeirista. E a certeza se solidificou quando a companheira do poeta Paulo César Pinheiro cantou essa faixa do CD. Era um maculelê, o que levou a compositora a uma confissão:
-Um maculelê... Ninguém esperava isso de mim, uma chorona.
Jonas Vieira, apesar da sua bagagem de muitos anos de MPB, ou por causa dela, não perdeu a oportunidade de se encantar:
-É impressionante o poder de criação do Paulo César Pinheiro. Ele cria, recria...
Logo após, foi tomado pela curiosidade:
-Você lida com ele há quantos anos?
E ela respondeu prazerosamente:
-Vamos fazer 29 anos de casados no dia 9 de abril.
E acrescentou uma instigante informação:
-Vamos comemorar com o lançamento deste disco no Solar de Botafogo às 8 horas da noite.
O diálogo derivou, então, para a obra ciclópica (um dos adjetivos da predileção do Sérgio Fortes) do Paulo César Pinheiro.
Com a palavra, a sua parceira do CD a ser lançado ao público afirmou que o seu esposo possui mais de duas mil músicas em parceria.
-É o recorde. - assombrou-se o Jonas Vieira.
Luciana ainda citou Braguinha como profícuo letrista da música popular brasileira, mas todos concluíram que ninguém chegou a pôr tantas sílabas em notas musicais quanto Paulo César Pinheiro.
E prosseguiu ela:
-Paulinho tem parceiros de cinco gerações a começar por Pixinguinha. Atualmente, coloca letras em melodias de garotos de dezesseis anos.
-Ele tem tudo isso arquivado? - preocupou-se o Sérgio Fortes.
-Ele é muito organizado. - garantiu ela.
E ficou assentado que, embora seja poeta, não é desleixado, pelo contrário, cataloga todas as suas criações.
-Ele toma conta de tudo o que faz.- ratificou.
O titular do Rádio Memória retomou a palavra para falar mais do Paulo César Pinheiro que, por justiça, merecia a atenção que lhe dispensavam apesar da premência do tempo. Como costuma repetir meu irmão, Jobiniano fanático, graças a Paulo César Pinheiro, a letra do “Matita Perê” deslanchou, pois Tom Jobim se perdera no meio da elaboração dos versos.
Manifestou-se o Jonas Vieira dizendo que não o via há algum tempo, até que, numa livraria do Largo do Machado, topou com ele. Do reencontro dos velhos amigos, tomou conhecimento do CD, ainda inédito, com músicas da Luciana Rabello e poesias suas; teve, então, a ideia de divulgá-lo no seu programa, o que, no momento, estava acontecendo.
Era tempo de a próxima atração musical ser apresentada.
-E agora, Luciana?
-”Candeia Branca”.
E Luciana Rabello se deteve em esclarecimentos sobre a criação do casal.
-Trata-se de uma ciranda. “Candeia Branca” é a própria lua; traz-me recordações da minha infância na Paraíba.
-O que você tem a ver com a Paraíba?
-Minha família é da Paraíba. - informou ao Jonas e aos ouvintes.
-Mas você é carioca?
-Sou carioca, mas passava as grandes férias escolares, aquelas de três meses, na Paraíba. Foi lá que aprendi a tocar violão.
-Da Paraíba vieram grandes violonistas.
Às palavras do Jonas Vieira, a sua convidada se reportou logo ao Canhoto. E outros grandes instrumentistas desse estado foram lembrados.
Sérgio Fortes, que julgávamos carioca com antepassados que aqui chegaram com Estácio de Sá, surpreendeu-nos ao falar dos seus ascendentes da Paraíba. Primeiramente, falou de Areias, uma cidade paraibana e, em seguida, reportou-se ao seu bisavô, originário de lá.
-Meu bisavô escreveu a primeira gramática da Paraíba.
E foi aventada a hipótese de parentes da Luciana Rabello terem estudado nela.
Aproveitando o caminho aberto pelo nosso amigo, revelamos que nossos ascendentes pela linha materna, até o nosso avô, ou são portugueses ou paraibanos.
E após a Luciana Rabello discorrer sobre “Candeia Branca”, Jonas Vieira nos surpreendeu anunciando “Em cada mágoa, um samba”.
-Mas depois, nós vamos para “Candeia Branca”. – disse ela meio apreensiva.
Com “Em cada mágoa, um samba” ouvido, houve elogios mútuos; os anfitriões consideraram a composição maravilhosa, e Luciana Rabello afirmou que programas como Rádio Memória fazem falta na radiofonia.
Retornando à “Candeia Branca”, ela aludiu à confusão que fazem entre ciranda e marcha-rancho, e frisou que, no caso,  se tratava de uma ciranda, e a diferença  era notada logo no início.
-A caixa já mostra que é a levada da ciranda. –frisou ela.
E soou a caixa de percussão e, logo após, o canto.
-Olha, Luciana, sensacional. Essa faixa vale por dois discos. – foram os louvores dos anfitriões.
E citaram os demais responsáveis por essa ciranda: arranjo de João Lira, Naílson no trumpete, Maurício Carrilho no violão, Marcos Tadeu na bateria. Luciana realçou que todos são professores da Escola Portátil de Música.
-Isso é muito bom; pois a mídia está quebrando tudo. Eles abusam da nossa paciência.
Depois da pausa para a indignação do Jonas Vieira, veio a pausa para meditação do Fernando Milfond, que abordou o “Ritual do Trabalho”
Na segunda parte, o titular do Rádio Memória pediu licença à convidada para homenagear musicalmente o cantor Francisco Carlos que, no dia 5 de abril, completaria 89 anos de idade.
Sérgio Fortes citou a biografia “muito boa, por sinal”, sobre o homenageado, que o seu parceiro no Rádio Memória lançou no ano anterior.
 “Romper da Aurora”, de Manezinho Araújo, cantada por aquele que foi “O Broto”, foi ouvido pela sua voz e a do Trio Irakitan. Seguiu-se “Balalaica”, de Jorge Moran.
Encerradas as homenagens, as atenções convergiram para a Luciana Rabello.
“Flor d’água” – disse ela; pedi ao Dori Caymmi para fazer o arranjo. Ele não só faz o arranjo como canta. Fiquei muito feliz, pois não se canta o que não se gosta.
-Sensacional! – exclamaram depois de soada a última nota de “Flor d’água”.
-É uma valsa, minha filha Aninha toca cavaquinho nesse arranjo. O Dori Caymmi é o padrinho dela.
-Isso é nepotismo...
Entremeado por risos, veio a conclusão do Sérgio Fortes.
-No bom sentido.
Na vez da faixa “Martelo da justiça”, Luciana Rabello fez uma resumida  introdução:
-É contra esse pessoal que está no poder fazendo besteira.
Jonas Vieira não ficou indiferente ao misticismo da poesia, e tamanha foi a sua impressão que, depois de cantar, ela teve de declamar os versos que musicara.
Garantindo que o marido é místico, embora ele diga que não – “Como um poeta não é místico?” – informou que, nessa gravação, Julião, seu filho, toca violão.
-Rafael Rabello aplaudiria de pé. – garantiu o Jonas Vieira.
A pedido do titular do Rádio Memória, ela informou mais uma vez que o lançamento do CD seria no Solar de Botafogo no dia 9 de abril.
E antes do “demorado abraço”, fecho do programa Rádio Memória, ainda  ouvimos mais uma música: “Teu amor”.
-A letra é minha e foi feita para ele (Paulo César Pinheiro). Fiz essa e não faço outra. – garantiu ela antes do seu canto ser ouvido.







Nenhum comentário:

Postar um comentário