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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4290 Data:
13 de outubro de 2013
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SABADOIDO COM MAIS MÉDICOS E MAIS DOENTES
PARTE I
-Justificando o programa “Mais Médicos”,
a Dilma declarou que não há necessidade de o médico e o paciente falarem a
mesma língua, que bastam umas apalpadelas e já se sabe o diagnóstico.
-A Dilma é uma anta. - arpoou a Gina,
recebendo um aceno afirmativo de cabeça do Claudio.
-A Dilma desconhece a anamnese.- concluí.
-Ela está com amnésia, Carlão?- entrou
no diálogo o Daniel com o seu jeito brejeiro.
-A anamnese é uma técnica, ou um método,
em que os médicos, conversando com os pacientes, chegam a um diagnóstico com
grande probabilidade de acerto. - expliquei.
-A anamnese, hoje, é um luxo. - bradou a
Gina.
-Sei, os médicos da velha guarda, como o
doutor Jerônymo e o diretor do São Lucas, recentemente, reclamaram da má
qualidade da medicina que é hoje praticada, porque os galenos, como diz a Rosa,
não dialogam mais com os doentes.
-Se você quer ficar uma hora com um
médico, vai ter de desembolsar mais de 300 reais de consulta. - interveio meu
irmão.
-Sei disso; hoje, eles dedicam quinze,
no máximo vinte minutos ao enfermo. É o tempo que eles precisam para pedir um
exame de sangue ou, então, para examinar o dito cujo. Se o colesterol está
alto, receitam estatina, se for a glicose, outro remédio de que não me lembro o
nome e assim vai.- manifestei-me.
-É a medicina de alta rotatividade. -
atalhou a Gina.
-Muitas vezes, as taxas de colesterol,
glicose e outras sobem devido ao estado emocional, mas como o médico não
conversa, só se interessa por um papel de laboratório, desconhece esse fator
importantíssimo e, assim, prescreve remédios sem necessidade.
-Ganham a indústria farmacêutica e o
médico, pois tempo é dinheiro. - aduziu o Claudio.
-E ainda vem a presidente da República
homologar essa esculhambação com declarações que apalpadelas resolvem problemas
de saúde. - lamentei.
-Ela quer trazer mais médicos cubanos
para o Brasil.- emendei.
-Carlão, não fale isso perto dos meus
colegas de trabalho, porque todos são PT e não gostam do Fernando Henrique que
quis privatizar a Casa da Moeda. - fingiu o Daniel apreensão ao sussurrar essas
palavras.
-Eu queria saber se seus colegas de
trabalho gostariam de enviar a parte substancial dos salários deles para o
governo, como os médicos cubanos fazem.
-Eu também gostaria. - juntou a Gina
suas palavras às minhas.
Logo, o clima se tornou mais
descontraído porque o assunto futebol entrou em cena.
-Assisti, ontem, na TV a cabo, a um
programa da Inglaterra, que reviveu o futebol na década de 80.
-Carlão, por que você não mudou de
canal, pois o Brasil passou em branco nesse período?
-Pois é, Daniel, mas tenho vocação para
historiador e, por isso, me interesso até pelas mazelas do passado.
-Nos anos 80, o Fluminense ganhou muitos
títulos. - falou o Claudio em tom de protesto.
-Velho, o Carlão se refere ao futebol
internacional.
-Nesse programa – fui mais objetivo -
eles falam da seleção brasileira de 1982. Estranhei quando o locutor inglês,
logo no pontapé inicial, enalteceu exageradamente aquele escrete. Porém, quando
mostraram a fatídica partida em que o Paolo Rossi enfiou três gols, o locutor
foi mais realista.
-Como assim? - interessou-se a Gina.
-Ele disse que o ataque do Brasil era
brilhante, mas a defesa parecia formada por palhaços.
-Falou besteira, pois o Serginho
Chulapa, centroavante, não era nenhum craque, enquanto o Leandro, lateral
direito, era.
-Sim, Claudio, mas o Leandro, depois do
meio de campo, ficava travado, o que não acontecia com ele quando participava
dos jogos do Flamengo.
E fui adiante:
-O Josimar, na Copa do Mundo seguinte,
avançou e meteu dois gols, ou seja, não deixou o lado direito do campo, no
ataque, despovoado.
-Ah, sei: o Telê escalava a seleção
brasileira sem ponta direita.
-Sim, Daniel, nessa época, um personagem
do Jô Soares popularizou o bordão “Bota ponta, Telê”.
-Era o Zé da Galera. - identificou-o de
imediato a Gina.
-Antes
de o Zagalo recuar para formar o 4-3-3, o Telê já fazia isso quando jogava no
Fluminense. - registrou o Claudio.
-Alguns profissionais do ramo afirmam
que, no Fluminense dirigido pelo Zezé Moreira, surgiu o 4-3-3, uma variação do
4-2-4, com o recuo do Telê.
-Os estudiosos sérios afirmam isso. -
acrescentou a Gina também levada pela paixão tricolor.
-O Telê, portanto, conhecia tática de
futebol, e foi um grande técnico. -frisou meu irmão.
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