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quinta-feira, 2 de maio de 2013

2380 - Os Três Mosqueteiros no Radio Memória

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4180                                    Data:  01 de  Maio de 2013
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NA RÁDIO MEMÓRIA, DIECKMANN SE LEMBRA DA LADY GAGA

Sérgio Fortes já dissera que o Dieckmann tentou se apoderar do programa Rádio Memória quando lá esteve no mês passado. Agora, que saiu de férias, Dieckmann faz nova tentativa; no entanto, o prevenido Jonas Vieira convidou também o violinista da OSB - Ópera e Repertório, que, além de médico aposentado, Luzer Machtynger, para repartir a apresentação do programa.
Eram, portanto três, como os mosqueteiros que, aliás, eram quatro, aqueles que escolheriam o repertório.
O programa se iniciou com piadas sobre a ida do Sérgio Fortes, de férias, a Europa. O que sei é que ele não pode sair do país que a casa cai, pois mal entrou no avião e o prefeito Eduardo Paes cortou 8 milhões de reais da verba da OSB. Covardia e imbecilidade.  E será que a casa também cairia na Roquete Pinto nesse último domingo do mês de abril sem o Sérgio Fortes? Era esperar para ver, ou melhor, ouvir.
Coube ao músico e médico escolher a primeira música do Rádio Memória.
-“Nada melhor do que George Gershwin para começar o dia” - disse. E anunciou a canção Love is Here to Stay, a última que ele compôs. Enalteceu o verso “for ever and a day”, sendo interrompido pelo Jonas Vieira: “Que poeta”. O poeta, no caso, era o irmão do compositor, Ira Gershwin.
A canção não era uma declaração de amor por uma mulher (George Gershwin foi apaixonado pela atriz Paulette Godard, musa do Charles Chaplin), e sim por um homem (*). Tudo bem, pois a sua melhor canção para mim é The Man I Love, que sensibilizou até o Caetano Veloso, que a gravou, mas prefiro mil vezes mais a Kiri Te Kanawa.
Love is Here to Stay foi ouvida na gravação de Michael Feinstell com a Orquestra Filarmônica de Israel.
-O programa foi aberto com chave de ouro. - concordaram todos.
Chegou, então, a vez do Dieckmann que, justiça se lhe faça, possui uma dicção que nos faz entender todas as letras de todas as palavras que pronuncia. Ele se reportou, surpreendentemente, aos diversos segmentos dos seus colegas da Petrobras, classificando-os como: universidade, científico, ginasial e maternal. E pediu para ouvir, atendendo ao desejo do “maternal”, Lady Gaga; e a música, que já teve  celebradas interpretações, foi Dancing in the Dark.(**)
  Na segunda-feira, contei isso para o “maternal” do meu trabalho, que já foi o do Dieckmann de outrora e me perguntaram? “Por que ele não pediu o original?... Por que não pediu a Madona?”
A clone da Madona é, de fato, afinadinha, mas o programa se chama Rádio Memória. Pedisse, então, uma canção da falecida Amy Winehouse, que possuía uma voz rara de contralto e talento para compor canções que eram uma mescla de jazz, soul e rhythm and blues.
Antes dessa escolha, vale lembrar, Dieckmann, para o desespero do apresentador do programa, revelou que o estúdio, “com suas candelas”, se chama Jonas Vieira.
-“Candelas às oito e vinte da manhã?” - imaginei o espanto e as palavras do Sérgio Fortes. (***)
Veio, então, a vez do anfitrião apresentar a sua música. E pediu bem: Dinorah, de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira. Parecia composição do Pixinguinha, e talvez fosse... Jonas Vieira preferiu a gravação de um organista americano que divulgou muito a música brasileira cujo nome me escapou.
E a opção voltou para o Luzer.  Ele se referiu ao conjunto Rabo de Lagartixa e ao corte de cabelo muito curto da excelente clarinetista Daniela Spielman, que inspirou seu colega, Luís Felipe de Lima, a compor o buliçoso Joãozinho na Gafieira.
Dieckmann entremeou comentários maliciosos com risos sobre o rabo da lagartixa, enquanto eu imaginava a inveja que as mulheres dos traseiros de silicone teriam das lagartixas com o seu poder de regeneração do rabo.
Sérgio Fortes voltou a ser lembrado, agora com a mala cheia de merrecas, na Europa. Momentos de alegria antes do austero intervalo sobre a origem do trigo.
A segunda parte do Rádio Memória principiou com o Dieckmann, que enalteceu as interpretações engraçadas, descontraídas, malandras, no bom sentido, do Moreira da Silva.
-Na gravação que vou pedir, Conversa de Botequim, de Noel Rosa, até que ele está contido. - comentou.
Creio que Noel Rosa, pelo conjunto da sua formidável obra, impõe um pouco de veneração nos intérpretes, até mesmo no Moreira da Silva, que o conheceu pessoalmente.
E os comentários se sucederam, depois que escutamos Conversa de Botequim.
-O Moreira da Silva personifica o carioca típico.
-O carioca que não mais existe; também não existem mais os cafés.
-Você pode ir a Buenos Aires, Jonas. - sugeriu o Dieckmann.
-Há também cafés em Viena.
Com essas palavras, a memória afetiva do apresentador de novo despertou:
-A essa hora, Sérgio Fortes toma o seu café, na Europa e ri-se de nós.
A escolha cabia agora a ele, Jonas Vieira. Reportou-se, então, ao magnífico instrumentista que levou o acordeão para o jazz, Art Van Damme. Chegaram, então, aos nossos ouvidos, uma gravação dele com um quinteto jazzístico, o clássico Slaughter on Fifty Avenue, que, antes, o professor de inglês, que também é nome de estúdio com as suas candelas, traduziu para Assassinato na Quinta Avenida.
Depois de soada a última nota do Slaughter on Fifty Avenue, Dieckmann não perdeu a piada e relacionou Art Van Damme com Thriller.(4*)
Era a vez do Luzer e ele discorreu, com a sua bagagem de integrante da Orquestra Sinfônica Brasileira, sobre um grande compositor argentino, que muitos conhecem suas criações, mas não o seu nome: Lalo Schifrin.
Dieckmann e Jonas Vieira aprovaram imediatamente e ele prosseguiu:
Lalo Schifrin compôs muito para o cinema, para seriados de televisão, como “Missão Impossível (1966)” e muitos não sabem que ele é o autor.  E aconselhou aos ouvintes que pretendem se introduzir na música clássica a começar com as audições de Lalo Schifrin.
-Seria ótimo para o maternal do trabalho do Dieckmann. - imaginei logo. (5*)
A gravação que se ouviu, em seguida, foi The Wig (A Peruca).
Na hora do Dieckmann, ele pediu Hi-de-ho com Blood and Tears.
-Que, traduzido do japonês?... - brincou o Jonas Vieira.
-Sangue e Lágrimas. - respondeu o Dieckmann. (6*)
Faltou o suor. - disse comigo mesmo.
Como costuma acontecer, Jonas Vieira sempre comenta, juntamente com o Sérgio Fortes, um acontecimento atual. E a falta do seu parceiro não o impediu de falar do brutal assassinato de uma dentista, incendiada viva.
-Passe para a música. - falei, mesmo sem ser ouvido, naquela bonita manhã de domingo.
E o Jonas Vieira pediu, para finalizar o programa, o fox-canção de Posford e Estothart, versão de Osvaldo Santiago, Na Balalaica.
E a esplendorosa voz do Orlando Silva de 1940 encantou a todos.
-Orlando Silva frequentou a minha casa. - informou depois que a última nota musical foi emitida.
-Jonas Vieira pretendia ser cantor, mas, depois que conheceu o Orlando Silva, desistiu. - interveio jocosamente o Dieckmann.
Pensei no Sérgio Fortes e de um texto do livro de Rogério Barbosa Lima sobre o grande barítono Paulo Fortes. Ele, Sérgio, cismou, numa fase da sua vida, em cantar óperas também, no entanto, seu pai exigiu tanto da sua voz que, no dia seguinte, ele não conseguia nem falar, o que o fez desistir definitivamente de ser tenor lírico.
Perdemos um Caruso.
No Rádio Memória, voltaram a se lembrar do Sérgio Fortes, mas o assunto era diferente do meu, ainda era o seu périplo pela Europa.

(*) antes que espíritos maledicentes e apressados façam questões, trata-se de declaração de amor entre irmãos, parceiros de toda uma vida, um na música e o outro nas letras. Realmente a letra tocou a todos nós e Jonas Vieira é um fã declarado dos irmãos Gershwin, daí o arrebatamento.

(**) A música apresentada foi “Dance in the Dark” e não “Dancing in the Dark”. Consultamos o Dieckmann várias vezes nesta edição, para que o Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO não caísse na eterna tentação farinácea de espicaçá-lo em definitivo, sem lhe dar o justo direito de réplica. Nada como ler as duas versões da mesma história, ainda mais que o redator ouviu o programa e o Dieckmann participou, foi testemunha, fez parte da História radiofônica. Ouçamos essa brilhante testemunha:
“Quando o maternal pediu a Lady GaGa, a música escolhida foi imediatamente suposta por mim como a “minha Dancing in the Dark”. Ledo engano, tratou-se de ignorância musical da minha parte. Não só a música não está no gerúndio e a Lady a compôs, como há outra “Dancing in the Dark”, de Bruce Springsteen.
Era minha intenção promover um pot-pourri de Dancings e Dances, mas ficaria longo demais e não mostraria as músicas em seu esplendor. Foi uma decisão dos três mosqueteiros apresentar somente a versão da Lady GaGa, que é musicalmente interessante, assim como a cantora. Só é preciso se abster do bateestaca de fundo.

(***) A esta altura, o leitor deste periódico já percebeu que se não é o Distribuidor, este Biscoito teria farinha de Dieckmann (integral, claro). Fique registrado que ninguém pediu a Madona, ou a Amy Winehouse, ambas igualmente respeitáveis e que terão a sua vez, agora que o Dieckmann já sabe dessas preferências. Diz o Dieckmann, já meio estupefato com a desmedida perseguição, a partir de consulta à Wikipedia:
“Uma candela é definida no Sistema Internacional (SI) como a intensidade luminosa emitida por uma fonte, em uma dada direção, de luz monocromática de frequência 540 x 1012 hertz e cuja intensidade de radiação em tal direção é de 1/683 watts por esferorradiano.
Ou seja, candela é uma unidade de intensidade de luz e faz parte do idioma português, podendo o termo ser usado a qualquer hora do dia.”

(4*) Foi preciso usar o maternal, primário e parte do ginasial para segurar a ira do Dieckmann. “Nem de longe eu me referi à música do Michael Jackson e sim ao thriller, gênero cinematográfico, teatral, literário, que quer dizer arrepiante, em tradução literal.”

(5*) Saberão disso!

(6*) Blood, Sweat and Tears é o nome do conjunto. Difícil o Dieckmann se esquecer de umas das palavras e impossível ter sido a dicção inaudível, como atesta o próprio redator. O que o Dieckmann cometeu foi um erro nas pronúncias de Blood e de Sweat, corrigidas no ar pelo impreterível Jonas Vieira, professor de Inglês. Prevaleceu a escrita do redator, questão de princípios deste Distribuidor.

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