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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

2791 - Tito Madi 2


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5041                                    Data: 05  de  fevereiro de 2014

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NO RÁDIO MEMÓRIA NÃO CHOVE LÁ FORA

PARTE II

 

Mas retornemos ao programa de 1º de fevereiro de 2015, apresentado pelo Jonas Vieira e o Sérgio Fortes, contando com a presença do Simon Khoury, vindo de recente viagem pela Europa.

Agora, um causo do Simon, mais um, este, porém, era um tanto longo.

-Telefonou-me um homem muito importante de uma cidade do Paraná, Cascavel. Informou-me ele que ia inaugurar um hotel com uma boate de luxo dentro. “Simon -disse-me ele – está uma briga danada aqui dentro para trazer A, B, C... Quem eu poderia trazer para abrilhantar a estreia desse hotel e da boate?” Perguntei-lhe, então: “Qual o tipo de público?” E ele me respondeu que era classe A e B.

Todos ouviam o Simon com interesse crescente.

-”Tito Madi”. - recomendei. Ele explodiu de alegria. Liguei para o Tito Madi que me disse que cobrava 10 mil de entrada e 10 mil quando acabasse o show. Os caras mandaram os 10 mil, Tito foi, três meses depois voltou. Tito me ofereceu 2 mil dizendo que ainda fez quatro shows por lá; não aceitei, se ele me entregasse o cheque, eu rasgaria. O que o Tito Madi fez; telefonou para a minha mãe falando que me devia 2 mil reais; pegou com ela o número da minha conta e depositou o dinheiro.

E concluiu:

-Esse é o Tito Madi.

-Você ouviu tudo isso aí, Tito? Você confere? - duvidou o Jonas Vieira que, segundo o Sérgio Fortes, briga com o Simon Khoury há cinquenta anos.

-Confirmo tudo o que o Simon disse. Simon sabe da minha vida mais do que eu.

-Quase que nós somos parentes, Tito; você ia casar com a minha irmã.

Simon Khoury mostrava, com essas palavras, que discordava inteiramente do Brizola que, pretendendo uma mudança constitucional, pois o irmão da sua esposa estava no poder, lançou o slogan “Cunhado não é parente, Brizola para presidente”.

O quase cunhado do Simon Khoury se manifestou:

-A mãe do Simon era quase uma mãe para mim. Eu adorava a mãe dele. Era uma senhora maravilhosa.

Todos sabiam que a Anna Khoury fundou a Rádio Eldorado e a Rádio Imprensa, além de ter trazido as Frequências Moduladas para a radiofonia brasileira, mas poucos sabiam quem era Renata Lúcia, o que justifica a pergunta que veio do Jonas Vieira:

-Ô Tito, quem é Regina Lúcia?

-Regina Lúcia é como se fosse a minha sobrinha. Ela foi dama de companhia do meu casamento. Depois de um tempo, pediu-me letras para pôr melodias.

-Vejam só!

Jonas Vieira reagiu com encantamento e, em seguida, anunciou a próxima atração musical:

-De Regina Lúcia e Tito Madi: “Será”.

Logo após a audição, é citado Mauro Senise, saxofonista, flautista, arranjador e professor de música.

-Grande Mauro Senise! - exclamou o homenageado do Rádio Memória.

-Você se lembra desta música aqui? - perguntou-lhe o Jonas Vieira.

Ouviram-se, primeiramente, as cordas da orquestra, em seguida, entrou a voz intimista do Tito Madi.

Simon Khoury se manifestou:

-Ô Tito, nesta música “Carinho e Amor”, você fez a música junto com a letra?

-Sim, eu fiz tudo junto. Mas aí tem o arranjo e as cordas do grande Lyrio Panicalli, o meu mestre.

-Você, normalmente, faz a música primeiro e depois encaixa a letra? - emendou o Simon Khoury outra indagação:

-Ou pode acontecer o contrário?

-Nesta (“Carinho e Amor”), eu fiz tudo junto.

-Aliás, você faz tudo junto, é o seu modo de compor, não é isso? - interveio o Jonas Vieira.

-Às vezes, vem tudo junto.

-Não saia daí, Tito. - pediu-lhe o Jonas Vieira e foi feita a habitual “Pausa para Meditação”, crônica do Fernando Milfont.

Quem pagará o custo dessa ligação telefônica?... - meditamos. Não será o Simon Khoury que, na Europa, deve ter gastado todo o seu dinheiro distribuindo esmolas, embora o seu amigo garanta que ele tem um crocodilo no bolso.

Para o júbilo dos ouvintes, o Rádio Memória retornou com o Tito Madi no telefone, no entanto, a música que se ouviria não era na sua voz.

-Simon conseguiu trazer uma raridade dos Estados Unidos. Tito e os ouvintes do programa escutem. Vocês vão ter de adivinhar.

-É um presente que estamos trazendo para você, Titinho. - disse o Simon Khoury.

Entram os instrumentos de percussão e, em seguida, uma voz de muitos recursos, de timbre raro.

-Gostou, Titinho?

-Gostei. Quem é?

-Johnny Mathis estreando em 1955.  - esclareceu aquele que trouxe a raridade.

Johnny Mathis, desde menino, demonstrava um talento musical raro, foi, por isso, conduzido pelo pai ao estudo do canto, quando se aventurou até pela ópera. Mas, como todos sabem, se fixou na música popular.

-Diferente, não é? - disse o convidado.

-A música é de Duke Ellington, “Caravan”. - continuou o Simon.

-Johnny Mathis era o cantor preferido da Lúcia.

-Lúcia é a esposa do Tito. - explicou  o  Simon Khoury a informação do cantor.

-Ele era um cantoraço. O que ele faz com a voz é impressionante, extraordinário. - exultou o Jonas Vieira.

-É verdade. - concordaram todos.

-Vamos voltar ao seu disco com o Gílson Peranzzetta: “Quero Te Dizer Que Eu Amo”, música sua com Sérgio Natureza.

-Grande Sérgio Natureza, letrista maravilhoso. - não se conteve o Tito Madi em elogiar o seu parceiro.

-”Flor de Mim”. - anunciou o Jonas Vieira.

Depois da gravação e de renovados elogios ao letrista, Jonas Vieira alteou a voz:

-Agora, uma coisa antiga, mas que foi um dos seus maiores sucessos. De quem é esta composição?

Tratava-se de uma música que tanto inflamou o nosso romantismo de adolescente até a vida adulta na sua voz e na de Miltinho: “Menina Moça”.

-De quem é essa música, Tito Madi? - repetiu.

-Luiz Antônio; ele era coronel do Exército.

-Muita gente confunde; acha que a música é sua. Você fica orgulhoso, não é?

-Muita gente acha, Simon, mas eu desminto logo. Respeito muito o Luiz Antônio, um grande amigo.

Jonas Vieira interveio:

-Luiz Antônio, um grande compositor. Coronel do Exército, foi do gabinete do João Goulart.

-Você sabe que o Tito Madi escreveu “Chove lá Fora” para mim?- reiniciou o Simon Khoury a troca de farpas com o Jonas Vieira.

-Para você?... Por que, era você que estava chovendo?

Gracejos que provocaram sonoras gargalhadas do Sérgio Fortes.

A seriedade retornou, momentaneamente, com a intervenção do Simon Khoury:

-Tito, aqui está uma composição da sua autoria apenas: “Quero Te Dizer Que Eu Amo”.

-Gosto muito desta música. A primeira parte foi cantada pelo Gílson, eu canto a segunda parte.

Depois de todos exultarem com a gravação, Jonas Vieira indagou:

-Onde se encontra este disco?

-Eu acho que em todas as lojas; tem, com certeza, na “Toca do Vinícius” do nosso querido Carlos Alberto.

-Tito, para a gente se despedir da sua participação maravilhosa um sucesso seu no Brasil, no exterior, em todo lugar: “Chove lá fora”.

-Chove? - animou-se o Sérgio Fortes que, como nós todos, vinha sofrendo com a canícula que castiga o Rio de Janeiro desde dezembro.

Não choveu lá fora, a não ser na música, mas dois dias depois sim, e até hoje, passada uma semana, ainda chove, e nós todos ficamos ainda mais deslumbrado com o Tito Madi: ele trouxe a chuva.

Beleza.

 

 

 

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