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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5040 Data: 04 de fevereiro de 2014
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NO RÁDIO MEMÓRIA NÃO CHOVE LÁ FORA
PARTE I
Inusitadamente, o Rádio Memória se
iniciou com “Balanço Zona Sul” na voz do Tito Madi. Depois, veio o calendário
com os acontecimentos do dia 1º de fevereiro através dos séculos na voz do
Sérgio Fortes, o que já foi registrado neste periódico.
Como
o Jonas Vieira, tentando reagir às provocações do Simon Khoury, disse que ele
só foi à Europa para reverenciar a santa padroeira da Irlanda, o tema passou a
ser esse continente.
-A Europa está mal. - diagnosticou o
Sérgio Fortes.
-A única vantagem é que daqui a 10, 20
anos, Paris vai estar lá, linda. Agora, está uma barra pesadíssima, muito
assalto, muita confusão.
Depois das palavras do Simon Khoury,
seguiram-se as do Sérgio Fortes.
-Está confusa a situação; e há países
em fase de deterioração. Se nós pararmos para pensar na situação da Grécia...
Está complicado.
-E o Brasil é a Grécia de hoje e de
amanhã, os mesmos erros. - ralhou o Jonas Vieira.
-Está pesado. - repetiu o Sérgio
Fortes.
-Mas Simon, você só viu isso na
Europa?... Não viu mais nada?- intentou o titular do programa pôr o Rádio
Memória no seu habitual clima de descontração.
-Fiz um cruzeiro com a família. Mas não
sei... Navio norueguês... eu não sei como eles fazem cocô porque a privada é ao
contrário. Existem as privadas de frente, mas, lá, você faz de lado.
-Simon, você leu as instruções direito?
Se as instruções estivessem na língua
norueguesa, certamente responderia afirmativamente ao Sérgio Fortes, mas ele
seguiu adiante sem responder.
-Navio é uma coisa muito esquisita; no
início, é bom, depois a comida fica parecida. E quando há brasileiro é uma
tristeza; eles lutam por comida, levam a comida para dentro do camarote, põem
na geladeira e juntam para trazer para casa.
-Meu Deus! - Deve ter levado as mãos à
cabeça o Sérgio Fortes
-Quanto tempo de viagem?- indagou ele.
-Doze dias de viagem; passei pelo
Mediterrâneo, fui à Bruxelas...
-Sei... sei... sei...
-Alô, Tito Madi. - entrou
intempestivamente a voz do titular do programa.
-Alô. - respondeu, ao telefone, o
cantor e compositor de tantos sucessos no passado.
Tratava-se da primeira grande façanha
do Jonas Vieira no Rádio Memória: surpreender os ouvintes mesmo com a presença
do Simon Khoury, o maior estraga-surpresas do rádio brasileiro.
-Tudo bem, garoto?
-Tudo, e você?
-Eu estou aqui, muito mal acompanhado,
com o Simon Khoury.
-Você está com ele?
-Estou, infelizmente; ele é o meu
carma.
Em seguida, Jonas Vieira deixou de
lado, momentaneamente, as brincadeiras.
-Bem, você abriu o programa com
“Balanço Zona Sul”. Você está lançando um disco, não é isso? Você e o Gílson
Peranzzetta.
Depois da confirmação, emendou a
pergunta:
-Como se chama o disco?
-”Quero Dizer Que Eu Amo”.
-Maravilha! Que título. - vibrou o seu
interlocutor.
-Pergunta para o Tito... - interferiu o
Simon Khoury.
-Pergunta você aí.
-... se ele ficou emocionado com aquela
coincidência incrível?... Nós estávamos no táxi, falando sobre música, das
coisas horríveis que hoje tocam: rap, funk, rock, um monte de músicas de má
qualidade. Conversando com o motorista, eu disse que a gente ia visitar o Tito
Madi. “Olha, ele aqui” - disse-nos o taxista - e nos mostrou “Cansei de
Ilusões”.
-Uma coincidência extraordinária. -
ratificou o Jonas Vieira.
-Tito, você está com Peranzzetta e
também com outros, como Nélson Carvalho que, infelizmente, já nos deixou.
Depois dos pesares, chegou o momento da
atração musical.
-Tito, você vai cantar agora para a
gente. Vamos ouvir? - conclamou.
E ouvimos “Mais do que sonhei”, de Tito
Madi e Délcio Carvalho.
-Gostou, Jonas?
-Demais.
-Eu queria reverenciar o Nélson
Carvalho, um gênio.
O titular do programa concordou e, em
seguida, passou a palavra ao Simon Khoury.
-Eu queria lembrar um fato com o Tito
Madi... aliás, o Tito Madi tem uma memória... Ele lembra de coisas do arco da
velha.
Com este programa, nós, ouvintes
assíduos do Rádio Memória, constatávamos que ele, Tito Madi, e Paulo Marquez,
eram os cantores octogenários que menos sentiram a passagem do tempo. O poeta
Ferreira Gullar também mostrou um invejável vigor para quem está com 84 anos,
mas ele não é cantor, pelo menos, até agora.
-Vamos apresentar o Sérgio. - teve o
Simon Khoury a boa ideia e foi em frente.
-O Sérgio é filho de um grande artista,
o barítono Paulo Fortes. Ele está aqui conosco.
-Prazer, Tito. Sinto-me honrado de
conversar com você.
-Eu também. - retribuiu aquele que
povoou de romantismo, com a sua voz e seus sambas-canções, a nossa
adolescência.
No dia 22 de julho de 2012, Arthur
Xexéo escreveu sobre o homenageado do Rádio Memória. Disse ele que, ouvindo as
suas gravações, é difícil notar o que ele fazia e o que depois de João Gilberto
ficou conhecido como Bossa Nova. Assinalou que o jeito de cantar do Tito Madi,
as harmonizações dos seus sambas-canções da sua obra artística já demonstravam
que a Bossa Nova já existia bem antes de ser batizada. Arthur Xexéo chamou a
atenção de “Não diga não”, de Tito Madi e Georges Henry para comprovar o que
disse. E enviou, pelo seu blog, um feliz aniversário para o artista que, na
ocasião, completava 83 anos de idade.
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