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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

2790 - Tito Madi


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5040                                     Data: 04  de  fevereiro de 2014

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NO RÁDIO MEMÓRIA NÃO CHOVE LÁ FORA

PARTE I

 

Inusitadamente, o Rádio Memória se iniciou com “Balanço Zona Sul” na voz do Tito Madi. Depois, veio o calendário com os acontecimentos do dia 1º de fevereiro através dos séculos na voz do Sérgio Fortes, o que já foi registrado neste periódico.

 Como o Jonas Vieira, tentando reagir às provocações do Simon Khoury, disse que ele só foi à Europa para reverenciar a santa padroeira da Irlanda, o tema passou a ser esse continente.

-A Europa está mal. - diagnosticou o Sérgio Fortes.

-A única vantagem é que daqui a 10, 20 anos, Paris vai estar lá, linda. Agora, está uma barra pesadíssima, muito assalto, muita confusão.

Depois das palavras do Simon Khoury, seguiram-se as do Sérgio Fortes.

-Está confusa a situação; e há países em fase de deterioração. Se nós pararmos para pensar na situação da Grécia... Está complicado.

-E o Brasil é a Grécia de hoje e de amanhã, os mesmos erros. - ralhou o Jonas Vieira.

-Está pesado. - repetiu o Sérgio Fortes.

-Mas Simon, você só viu isso na Europa?... Não viu mais nada?- intentou o titular do programa pôr o Rádio Memória no seu habitual clima de descontração.

-Fiz um cruzeiro com a família. Mas não sei... Navio norueguês... eu não sei como eles fazem cocô porque a privada é ao contrário. Existem as privadas de frente, mas, lá, você faz de lado.

-Simon, você leu as instruções direito?

Se as instruções estivessem na língua norueguesa, certamente responderia afirmativamente ao Sérgio Fortes, mas ele seguiu adiante sem responder.

-Navio é uma coisa muito esquisita; no início, é bom, depois a comida fica parecida. E quando há brasileiro é uma tristeza; eles lutam por comida, levam a comida para dentro do camarote, põem na geladeira e juntam para trazer para casa.

-Meu Deus! - Deve ter levado as mãos à cabeça o Sérgio Fortes

-Quanto tempo de viagem?- indagou ele.

-Doze dias de viagem; passei pelo Mediterrâneo, fui à Bruxelas...

-Sei... sei... sei...

-Alô, Tito Madi. - entrou intempestivamente a voz do titular do programa.

-Alô. - respondeu, ao telefone, o cantor e compositor de tantos sucessos no passado.

Tratava-se da primeira grande façanha do Jonas Vieira no Rádio Memória: surpreender os ouvintes mesmo com a presença do Simon Khoury, o maior estraga-surpresas do rádio brasileiro.

-Tudo bem, garoto?

-Tudo, e você?

-Eu estou aqui, muito mal acompanhado, com o Simon Khoury.

-Você está com ele?

-Estou, infelizmente; ele é o meu carma.

Em seguida, Jonas Vieira deixou de lado, momentaneamente, as brincadeiras.

-Bem, você abriu o programa com “Balanço Zona Sul”. Você está lançando um disco, não é isso? Você e o Gílson Peranzzetta.

Depois da confirmação, emendou a pergunta:

-Como se chama o disco?

-”Quero Dizer Que Eu Amo”.

-Maravilha! Que título. - vibrou o seu interlocutor.

-Pergunta para o Tito... - interferiu o Simon Khoury.

-Pergunta você aí.

-... se ele ficou emocionado com aquela coincidência incrível?... Nós estávamos no táxi, falando sobre música, das coisas horríveis que hoje tocam: rap, funk, rock, um monte de músicas de má qualidade. Conversando com o motorista, eu disse que a gente ia visitar o Tito Madi. “Olha, ele aqui” - disse-nos o taxista - e nos mostrou “Cansei de Ilusões”.

-Uma coincidência extraordinária. - ratificou o Jonas Vieira.

-Tito, você está com Peranzzetta e também com outros, como Nélson Carvalho que, infelizmente, já nos deixou.

Depois dos pesares, chegou o momento da atração musical.

-Tito, você vai cantar agora para a gente. Vamos ouvir? - conclamou.

E ouvimos “Mais do que sonhei”, de Tito Madi e Délcio Carvalho.

-Gostou, Jonas?

-Demais.

-Eu queria reverenciar o Nélson Carvalho, um gênio.

O titular do programa concordou e, em seguida, passou a palavra ao Simon Khoury.

-Eu queria lembrar um fato com o Tito Madi... aliás, o Tito Madi tem uma memória... Ele lembra de coisas do arco da velha.

Com este programa, nós, ouvintes assíduos do Rádio Memória, constatávamos que ele, Tito Madi, e Paulo Marquez, eram os cantores octogenários que menos sentiram a passagem do tempo. O poeta Ferreira Gullar também mostrou um invejável vigor para quem está com 84 anos, mas ele não é cantor, pelo menos, até agora.

-Vamos apresentar o Sérgio. - teve o Simon Khoury a boa ideia e foi em frente.

-O Sérgio é filho de um grande artista, o barítono Paulo Fortes. Ele está aqui conosco.

-Prazer, Tito. Sinto-me honrado de conversar com você.

-Eu também. - retribuiu aquele que povoou de romantismo, com a sua voz e seus sambas-canções, a nossa adolescência.

No dia 22 de julho de 2012, Arthur Xexéo escreveu sobre o homenageado do Rádio Memória. Disse ele que, ouvindo as suas gravações, é difícil notar o que ele fazia e o que depois de João Gilberto ficou conhecido como Bossa Nova. Assinalou que o jeito de cantar do Tito Madi, as harmonizações dos seus sambas-canções da sua obra artística já demonstravam que a Bossa Nova já existia bem antes de ser batizada. Arthur Xexéo chamou a atenção de “Não diga não”, de Tito Madi e Georges Henry para comprovar o que disse. E enviou, pelo seu blog, um feliz aniversário para o artista que, na ocasião, completava 83 anos de idade.

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