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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4006 Data:
14 de agosto de 2012
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SABADOIDO
OLÍMPICO
SEGUNDA PARTE
Como eu escrevera na edição anterior, Luca se ergueu
da cadeira com ímpeto de orador.
-E o jogo do Federer?... O adversário fez o que quis,
humilhou... Deu lençol...
-Você quer dizer Lob?
-Carlinhos, eu uso termos do futebol.
E prosseguiu expressando constrangimento na sua
narrativa.
-Jogou bolinhas curtas que faziam o Federer correr à
toa, como um bobo; enviou bolas para um lado enquanto o Federer ia para o
outro...
-Passada. – intervim de novo.
-Isso se chama passada?...
E aquele jogo que decidiu a medalha de ouro marcou
tanto o Luca, que ele chegou a pôr em dúvida a excelência do jogo do tenista
suíço.
-Eu sou Federer, torço por ele, mas é tão bom assim?
-Ele possui o maior número de títulos do Grand Slam da
história do tênis.
-E venceu esse mesmo rival em Wimbledon, semanas
atrás, quando foi campeão. – reforçou as minhas palavras o Claudio.
-Sim, o Roger Federer já venceu várias vezes o Andy
Murray.
-Murray... Eu
sabia que era Andy. —pilheriou o Luca.
-Roger Federer ficou esgotado com o jogo de dois dias atrás
contra o argentino Del Potro, quando o tie-brake foi decidido em 16 a 14. - argumentei.
-O Del Potro ainda conseguiu a medalha de bronze.
-Eu vi, Claudiomiro.
-Ele é muito forte. – comentou o Vagner.
-O Andy Murray teve a torcida toda a seu favor por ser
escocês. – trouxe outro motivo para o seu êxito nas olimpíadas o meu irmão.
-Eu vou lhes dizer uma coisa sobre o Federer que vocês
não devem saber. – duvidei da afirmação do Luca, embora não me julgasse um
conhecedor profundo do tenista.
-Federer é um grande jogador de pingue-pongue.
-Confesso que desconhecia esse talento dele.
-Meu irmão repetiu as minhas palavras enquanto o
Vagner se mantinha calado.
Luca aproveitou o gancho do pingue-pongue e enveredou
o diálogo para esse esporte.
-Vocês viram a mesatenista com um cotoco de braço?
Terminava pouco depois do cotovelo...
-Eu não assisti a nada de pingue-pongue nessa
olímpiada. – afirmou peremptoriamente o Claudio, o que não desanimou o Luca.
-Para sacar, ele prendia a bola entre o braço e o
cotoco do antebraço... porque no tênis de mesa, tem-se de saltar a bola no ar
para dar o saque.
-E, então. Luca?
-Ela largava a bola e metia a raquete, deixando-a
cheia de efeito, porém, a chinesa neutralizava o efeito e respondia com
raquetadas fortíssimas.
-Eu li o artigo do Francisco Bosco, no Globo, em que
ele diz que, nas lutas de judô, chega a ter taquicardia de nervosismo e, por
isso, muitas vezes grava, para assistir depois.
E arrematou o meu irmão:
-É o fim da picada! Como alguém se sente tão
apreensivo com dois sujeitos se agarrando pelo quimono?
-Claudio, ele vê nuances na luta que nós não
vislumbramos.
-É isso que o Carlinhos disse; há nuances que nós
desconhecemos.- corroborou o Luca as minhas palavras.
-Ficar com taquicardia!?... Há esportes em que não
sinto qualquer emoção: judô, pingue-pongue...
Gina, que às vezes se afastava e se aproximava,
alertou que o jogo de futebol entre o Brasil e o México estava prestes a
começar e rumou para a cozinha onde estava uma televisão.
Ninguém se abalou com o futebol, e a sessão do
Sabadoido prosseguiu.
-Vocês estão vendo os gigantes dessa olimpíada?... Não são desengonçados. – abismou-se o Luca.
-Há muito atleta com mais de 2 metros de altura com
coordenação motora apurada.
-México 1
a 0. – informou a Gina.
-Como era o nome daquela jogadora russa de basquete
grandalhona?...
-Semenova.
-Isso, Claudiomiro: Semenova. Ela parecia um mondrongo
na quadra.
-O basquete do Brasil teve o Emil Rached com 2 metros e 20. – lembrei.
-Ele era lento, desajeitado; poucas vezes foi
aproveitado na seleção brasileira. - criticou meu irmão.
-Vocês viram o Usain Bolt?... Ele não bateu o recorde
mundial dos 200 metros
porque olhou para o lado só de farra. Aquele olhar representa a perda de alguns
décimos de segundo preciosos, pois há uma perda de concentração.
-Ele tem 1, 93 metro . – interrompi o Luca.
-Ele faz tudo errado; sai mal...
-O arranque do Usain Bolt não é dos melhores. -
aparteei de novo.
-Depois, ele acelera quando todos mantém a mesma velocidade.
- disse meu irmão.
-Muito doida a comemoração dele. Coisa de jamaicano.
Entrei com uma piada como se fosse um corte comercial
num programa televisivo de esporte:
-O José Simão disse que o culpado do mensalão foi o
Fernando Gabeira porque trocou o embaixador americano pelo José Dirceu.
E o assunto passou a ser o mensalão com suas lorotas.
-O Roberto Jefferson, que denunciou o mensalão, disse
que o Lula não sabia.
-Luca, como é que o Roberto Jefferson sabia que o Lula
não sabia? – indaguei.
-É verdade. – concordou.
-O Roberto Jefferson emagreceu assustadoramente.-
disse em seguida.
-Ele está chamando o câncer que tem de cancerzinho,
mas quando ocorre no pâncreas as chances de escapar são remotas.
-Outro que tem de se cuidar é o Lula. - interveio meu
irmão.
-Joaquim Barbosa lerá o voto dele na quarta-feira. - anunciei.
-Já começam a votar na quarta-feira o mensalão? -
perguntaram.
Meu irmão de levantou para ir à cozinha, o que deu
oportunidade para o Luca tecer comentários sobre a Rosa.
-Ela está danada com os versos que você atribuiu a
ela. Faça um desmentido no Biscoito Molhado.
Será preciso?... Todos sabem que o filho é meu. –
pensei.
Em seguida, ele me repassou os recortes da Folha de
São Paulo sobre a descomunal montagem de “O Crepúsculo dos Deuses”, no Teatro
Municipal paulista.
Com a volta do Claudio, falou-se da morte do Magro do
MPB-4.
-Ele fez o arranjo vocal de várias composições, como
“Roda Viva” do Chico Buarque.
-O momento giratório da “Roda Viva” foi criação do
Magro. – interrompi.
-O Magro compôs com o Chico “Angélica”, em homenagem
ao filho da Zuzu Angel.
-Foi o Miltinho. – corrigiu meu irmão.
-Um deles já havia saído do MPB 4.- disse o Luca, enganando-se novamente com o
nome do integrante do quarteto.
A Gina, então, ressurgiu para anunciar que as coisas
estavam pretas para o futebol do Brasil, nas Olimpíadas de Londres.
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