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terça-feira, 21 de agosto de 2012

2206 - raquetadas em tempo real


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4006                                          Data: 14 de agosto de 2012
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SABADOIDO  OLÍMPICO
SEGUNDA PARTE

Como eu escrevera na edição anterior, Luca se ergueu da cadeira com ímpeto de orador.
-E o jogo do Federer?... O adversário fez o que quis, humilhou... Deu lençol...
-Você quer dizer Lob?
-Carlinhos, eu uso termos do futebol.
E prosseguiu expressando constrangimento na sua narrativa.
-Jogou bolinhas curtas que faziam o Federer correr à toa, como um bobo; enviou bolas para um lado enquanto o Federer ia para o outro...
-Passada. – intervim de novo.
-Isso se chama passada?...
E aquele jogo que decidiu a medalha de ouro marcou tanto o Luca, que ele chegou a pôr em dúvida a excelência do jogo do tenista suíço.
-Eu sou Federer, torço por ele, mas é tão bom assim?
-Ele possui o maior número de títulos do Grand Slam da história do tênis.
-E venceu esse mesmo rival em Wimbledon, semanas atrás, quando foi campeão. – reforçou as minhas palavras o Claudio.
-Sim, o Roger Federer já venceu várias vezes o Andy Murray.
 -Murray... Eu sabia que era Andy. —pilheriou o Luca.
-Roger Federer ficou esgotado com o jogo de dois dias atrás contra o argentino Del Potro, quando o tie-brake foi decidido em 16 a 14. - argumentei.
-O Del Potro ainda conseguiu a medalha de bronze.
-Eu vi, Claudiomiro.
-Ele é muito forte. – comentou o Vagner.
-O Andy Murray teve a torcida toda a seu favor por ser escocês. – trouxe outro motivo para o seu êxito nas olimpíadas o meu irmão.
-Eu vou lhes dizer uma coisa sobre o Federer que vocês não devem saber. – duvidei da afirmação do Luca, embora não me julgasse um conhecedor profundo do tenista.
-Federer é um grande jogador de pingue-pongue.
-Confesso que desconhecia esse talento dele.
-Meu irmão repetiu as minhas palavras enquanto o Vagner se mantinha calado.
Luca aproveitou o gancho do pingue-pongue e enveredou o diálogo para esse esporte.
-Vocês viram a mesatenista com um cotoco de braço? Terminava pouco depois do cotovelo...
-Eu não assisti a nada de pingue-pongue nessa olímpiada. – afirmou peremptoriamente o Claudio, o que não desanimou o Luca.
-Para sacar, ele prendia a bola entre o braço e o cotoco do antebraço... porque no tênis de mesa, tem-se de saltar a bola no ar para dar o saque.
-E, então. Luca?
-Ela largava a bola e metia a raquete, deixando-a cheia de efeito, porém, a chinesa neutralizava o efeito e respondia com raquetadas fortíssimas.
-Eu li o artigo do Francisco Bosco, no Globo, em que ele diz que, nas lutas de judô, chega a ter taquicardia de nervosismo e, por isso, muitas vezes grava, para assistir depois.
E arrematou o meu irmão:
-É o fim da picada! Como alguém se sente tão apreensivo com dois sujeitos se agarrando pelo quimono?
-Claudio, ele vê nuances na luta que nós não vislumbramos.
-É isso que o Carlinhos disse; há nuances que nós desconhecemos.- corroborou o Luca as minhas palavras.
-Ficar com taquicardia!?... Há esportes em que não sinto qualquer emoção: judô, pingue-pongue...
Gina, que às vezes se afastava e se aproximava, alertou que o jogo de futebol entre o Brasil e o México estava prestes a começar e rumou para a cozinha onde estava uma televisão.
Ninguém se abalou com o futebol, e a sessão do Sabadoido prosseguiu.
-Vocês estão vendo os gigantes dessa olimpíada?...  Não são desengonçados.  – abismou-se o Luca.
-Há muito atleta com mais de 2 metros de altura com coordenação motora apurada.
-México 1 a 0. – informou a Gina.
-Como era o nome daquela jogadora russa de basquete grandalhona?...
-Semenova.
-Isso, Claudiomiro: Semenova. Ela parecia um mondrongo na quadra.
-O basquete do Brasil teve o Emil Rached com 2 metros e 20. – lembrei.
-Ele era lento, desajeitado; poucas vezes foi aproveitado na seleção brasileira. - criticou meu irmão.
-Vocês viram o Usain Bolt?... Ele não bateu o recorde mundial dos 200 metros porque olhou para o lado só de farra. Aquele olhar representa a perda de alguns décimos de segundo preciosos, pois há uma perda de concentração.
-Ele tem 1, 93 metro. – interrompi o Luca.
-Ele faz tudo errado; sai mal...
-O arranque do Usain Bolt não é dos melhores. - aparteei de novo.
-Depois, ele acelera quando todos mantém a mesma velocidade. - disse meu irmão.
-Muito doida a comemoração dele. Coisa de jamaicano.
Entrei com uma piada como se fosse um corte comercial num programa televisivo de esporte:
-O José Simão disse que o culpado do mensalão foi o Fernando Gabeira porque trocou o embaixador americano pelo José Dirceu.
E o assunto passou a ser o mensalão com suas lorotas.
-O Roberto Jefferson, que denunciou o mensalão, disse que o Lula não sabia.
-Luca, como é que o Roberto Jefferson sabia que o Lula não sabia? – indaguei.
-É verdade. – concordou.
-O Roberto Jefferson emagreceu assustadoramente.- disse em seguida.
-Ele está chamando o câncer que tem de cancerzinho, mas quando ocorre no pâncreas as chances de escapar são remotas.
-Outro que tem de se cuidar é o Lula. - interveio meu irmão.
-Joaquim Barbosa lerá o voto dele na quarta-feira. - anunciei.
-Já começam a votar na quarta-feira o mensalão? - perguntaram.
Meu irmão de levantou para ir à cozinha, o que deu oportunidade para o Luca tecer comentários sobre a Rosa.
-Ela está danada com os versos que você atribuiu a ela. Faça um desmentido no Biscoito Molhado.
Será preciso?... Todos sabem que o filho é meu. – pensei.
Em seguida, ele me repassou os recortes da Folha de São Paulo sobre a descomunal montagem de “O Crepúsculo dos Deuses”, no Teatro Municipal paulista.
Com a volta do Claudio, falou-se da morte do Magro do MPB-4.
-Ele fez o arranjo vocal de várias composições, como “Roda Viva” do Chico Buarque.
-O momento giratório da “Roda Viva” foi criação do Magro. – interrompi.
-O Magro compôs com o Chico “Angélica”, em homenagem ao filho da Zuzu Angel.
-Foi o Miltinho. – corrigiu meu irmão.
-Um deles já havia saído do MPB 4.-  disse o Luca, enganando-se novamente com o nome do integrante do quarteto.
A Gina, então, ressurgiu para anunciar que as coisas estavam pretas para o futebol do Brasil, nas Olimpíadas de Londres.



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