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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4919 Data: 05 de agosto de
2014
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CARTAS DOS LEITORES
“No Concerto da Juventude de 8 de junho, a Orquestra
Sinfônica Brasileira também interpretou “Ínguesu”, obra do compositor mexicano
Enrico Chapela. Esta obra foi comissionada em 2003 pelo Sistema Nacional de
Fomento Musical para ser interpretada pela Orquestra Sinfônica Carlos Chaves.
Seu tema central é uma partida de futebol: a vitória do México sobre o Brasil
na Copa das Confederações de 1999. O maestro Marcos Arakaki conduz a Orquestra
Sinfônica Brasileira.” Sérgio Fortes
BM: Meu caro Sérgio, será que algum argentino compôs alguma obra
celebrando uma vitória da Argentina sobre o Brasil? Se compôs, deve ser uma
cacofonia dos diabos com o coro esgoelando que “Maradona és más grande que
Pelé”.
O jogo que inspirou o Chapela me deixou
curioso e fui, então, consultar os alfarrábios, digo, o Google. Tratava-se da
final dessa Copa das Confederações registrada por você, disputada no estádio
Asteca, com um público de 110 mil torcedores, em que os mexicanos nos
derrotaram por 4 a 3. Quanto ao significado de “Ínguesu”, não houve Google que
desvendasse esse mistério; até cogitei em perguntar ao João, mas o “Pergunte ao
João” já não existe mais, não é citado nem no Rádio Memória e no programa
Almanaque da Rádio Roquette Pinto.
Ouvindo a música do Enrico Chapela... Se
os componentes da Orquestra Sinfônica Brasileira tiveram a desportividade de
executá-la e você de apresentá-la, por que eu não iria ouvi-la? Como eu dizia,
ouvindo a música do Enrique Chapela, impressionou-me a quantidade de apitos.
Deve ter havido muitas faltas nessa partida; foi, provavelmente, um jogo
“escamado”, como os comentaristas de futebol dizem. Não sei qual foi o músico da OSB encarregado de
apitar, mas se saiu bem, o Mário Vianna (com dois enes) não o chamaria de
soprador de apito.
Quando se fala em decisão futebolística,
logo me vem à mente o clássico chorinho “1 a 0”, que Pixinguinha compôs com
pouco mais de 20 anos de idade. A seleção brasileira existia há apenas cinco
anos, quando disputou a finalíssima do Sul-Americano de 1919, no estádio do
Fluminense, contra o Uruguai. Foram necessárias duas prorrogações de 30 minutos
para que saísse o celebrado gol do Friedenreich, jogador que ganhou o apelido de
“El Tigre” dos seus adversários.
O grande Pixinguinha tinha de
imortalizar esse feito épico o que fez magistralmente. Não há apitos, nem
barulho de torcedores e sim um buliçoso ritmo que nos faz lembrar os dribles
dos jogadores dessa final Brasil 1 x Uruguai
0.
Espero, Sérgio, e você deve esperar também, que nenhum
compositor alemão tenha ficado inspirado com o jogo Brasil e Alemanha da Copa
do Mundo de 2014.
-”Homenagem a Lamartine (não – Babo),
não é poeta da minha predileção, é muito choroso, mas acertou ao dizer: “Un
seul être vous manque et tout est dépeuplé”.
Estou recebendo os jornais com atraso.
Lamento.” Rosa Grieco
BM: Minha, cara Rosa, primeiramente, vamos traduzir esse verso do grande
poeta do romantismo francês, Lamartine, ou, pelo menos, dar uma ideia do seu
significado:
“Basta a falta de uma só pessoa para
tudo ficar despovoado.”
Como ainda estou com a cabeça no futebol
por culpa das músicas que o Sérgio Fortes coloca no seu programa da Rádio MEC,
reportei-me logo ao jogo em que a Alemanha derrotou o Brasil por 7 a 1. Faltou
o Thiago Silva e a defesa brasileira parecia despovoada. Não quero dizer com
isso que, se ele estivesse em campo, escaparíamos da humilhante derrota, mas,
acredito, o primeiro gol, originado de uma batida de escanteio, não
aconteceria. Perderíamos de apenas 6 a 1.
Quanto ao “choroso” poeta Lamartine, ele
chegou a ser membro do governo provisório e ministro do Exterior em 1848, o que
prova que, também na França, quem não chora não mama.
Como nunca esquecemos a música,
assinalamos que “Os Prelúdios”, de Franz Liszt, cujo motivo de fanfarra da
marcha final era tocada pelos alemães para anunciarem suas vitórias nas
batalhas da Segunda Guerra, foram inspirados num poema de Lamartine.
Quanto ao fato de você receber os jornais com atraso,
Rosa, a culpa, dessa vez, não é do Dieckmann.
-”O Distribuidor do seu O BISCOITO
MOLHADO teve sua memória acionada com esses registros numéricos ligados ao
Egito. Lembrou-se, espanando muita poeira, do filme 5 Covas no Egito. Um filme
de guerra no deserto (óbvio, em se tratando do Egito) em que alimentos,
sobressalentes e combustíveis foram armazenados antes da guerra, para a
eventualidade de serem necessários. O local das covas era a posição de cada uma
das letras de “EGYPT” Em um mapa conhecido.” Dieckmann
BM: Nosso amigo Dieckmann alude ao exemplar do nosso periódico em que a
Sinfonia nº 1 de Rachmaninoff foi comparada pelos críticos mordazes às “Sete
Pragas do Egito”.
Como ele escreveu “esses registros numéricos
ligados ao Egito” acionaram a sua memória, lembrou-se do filme “Cinco Covas no
Egito.” Dieckmann, por sua vez, acionou a nossa memória, pois assistimos a esse
filme alguns anos atrás. Na verdade, só conseguimos retirar da nossa cabeça que
se tratava de um filme dirigido pelo Billy Wilder, no meio da Segunda Guerra
Mundial e que o General Rommel era um personagem de destaque. Não nos lembrávamos mais do significado de
cada uma das letras “Egypt”, de elas
representarem, num mapa, as cinco covas em que se achavam bens
necessários para um confronto bélico, aliás, não nos recordávamos nem do mapa.
Filmes de Billy Wilder, quando se
esconde no porão da nossa memória, têm de ser revistos e é o que faremos com
“Cinco Covas no Egito”, logo que surgir a oportunidade.
Quanto a “As Sete Pragas do Egipo”,
reporta-nos a outra fita de cinema, “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B.
DeMille. Tantos foram os acontecimentos
relacionados a essa película que ela ficou na nossa retentiva, a começar com o
dia em que assistimos a ela: Cine Mascote, no Méier, superlotado. Eu, com meus
irmãos, levado pela minha mãe, obrigado, antes, a ver “Absolutamente Certo”,
porque o presidente Jânio Quadros obrigava que, a cada filme estrangeiro, fosse
à tela um filme nacional. Mais de cinco horas dentro de um cinema lotado, não
dá para esquecer. A expressão iluminada do Charlton Heston depois de falar com
Deus me impressiona até hoje. Outra coisa: a careca do Yul Brynner sempre foi
para mim uma referência mnemônica. Algumas vezes, no meio da garotada, nós
comentávamos mais aquela careca do que os próprios filmes em que ele atuava.
Para encerrar, aqui vão as Sete Pragas
do Egito: Sangue, Rãs, Piolhos, Moscas, Peste no rebanho, Tumores em seres
vivos e Chuva de pedra.
Quanto às pragas que assolam o Brasil,
são em muito maior quantidade, mas não vamos arrolá-las aqui, pois não queremos
ser injustos, esquecendo algumas delas.
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