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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

2513 - um fofoqueiro de mudança



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4313                           Data: 16  de novembro  de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

-Existiam diferenças entre Camus e Sartre além das de cunho político? Toniato
BM: Sim, havia outras, como as de cunho filosófico. Por ocasião do centenário de Albert Camus, o filósofo Jean-François Mattéi assinalou o que se segue: “Em “A Náusea”, Jean-Paul Sartre tem vontade de vomitar quando vê a raiz de um castanheiro sair da terra em um jardim público. Sartre sente náusea quando vê a natureza. Camus, ao contrário, quando vê a natureza tem o sentimento de pertencer a um tipo de cosmos no qual se reconhece. Ele se banha no mundo. Isto era desconhecido nos anos 1940-50, e mesmo após os anos 60.”
Há um fato inusitado na vida de Camus, que foi a admiração que ele provocou num agente do FBI que tinha a função de espioná-lo por ocasião das palestras que ele proferiu, em Nova York, no ano 1946. Além de o espião registrar que Camus era um dos intelectuais mais generosos da sua geração, fez uma resenha da obra do espionado, escrevendo que Camus prega que se viva com lucidez no absurdo, desfrutando-se a vida plenamente, pois ela é privada de sentido e que devemos gozar a liberdade plena, aqui na Terra, porque não existe liberdade eterna.

-Exemplar riquíssimo de tudo que é bom gosto, principalmente tea for two, que me conduziu à bela debora kerr, sobretudo na sua fala final de chá e simpatia, anos 50, valeu lembrar “please, be kind”, ela era a cara da minha mãe amilda, deus a tenha. Fernando Borer
BM: Participante bissexto do programa Rádio Memória, Fernando Borer não usa as maiúsculas, questão de estilo, José Saramago na “Viagem do Elefante”, deixa todo mundo, inclusive reis e arquiduques, com minúsculas; Fernando Borer está em boa companhia.
Ele se reporta ao programa em que o Sérgio Fortes só contou com a companhia do Peter, o operador de áudio e colocou a gravação de “Tea for Two”, do musical “No, No, Nanette”. Enquanto o Sérgio era conduzido à lembrança de Doris Day, cantora, atriz e paixão do Jonas Vieira (nesta ordem), o missivista cibernético foi à Debora Kerr do “Chá e Simpatia”.  O que deflagrou a sua memória afetiva foi o chá, pois os filmes e protagonistas e comprimários dos dois filmes são outros. Da Débora Kerr, veio-lhe a recordação da mãe, devido à semelhança física.
Passo agora para o meu primo Dudu, já falecido e citado em exemplares recentes do Biscoito Molhado. Cinéfilo inveterado que, desde menino, criava fachadas de cinema em caixas de sapato, afirmava que a sua tia, minha mãe, era parecida com a Jean Simmons.  Era?
Assistindo ao “Spartacus”, no cinema Roulien superlotado, do Méier, e com dor no pescoço, pois só consegui sentar na primeira fileira com a tela na minha cara, eu me perguntava, todas as vezes que a Jean Simmons aparecia, se o Dudu tinha razão. Não, não tinha, meu primo estava, certamente, agradecido à minha mãe porque, inúmeras vezes, ela foi sua babá, enquanto a irmã mais velha dela ia bater pernas na rua.
O fato de eu me convencer que o meu primo estava errado, deu-me a liberdade de me encantar com a Jean Simmons sem me sentir com complexo de Édipo.
Eu comparava e ainda comparo a minha mãe com a Rainha Elizabeth II, da Inglaterra; não pela semelhança de rostos, mas porque nasceram no mesmo ano. Quando eu a vejo em fitas dirigindo, com o frescor dos 19 anos de idade, ambulâncias na 2ª Grande Guerra Mundial, vem-me à mente a minha mãe, nesse mesmo ano, com a mesma vivacidade da juventude. E assim vai; surge um documentário que a mostra em 1952, quando morreu o seu pai George VI e ela assumiu o trono, e, inevitavelmente, sou conduzido à minha mãe com a mesma tenacidade dos 26 anos. Nesses últimos anos, tenho constatado que a Elizabeth II está mais saudável do que a minha mãe, bem, isso seria inevitável, pois ela conta com o respaldo do império britânico.
Pausa para um chá e, depois, vamos para a carta seguinte.

-Volta e meia o redator do Biscoito Molhado escreve que o Dieckmann tem a mesma mania do Pelé de falar de si mesmo na terceira pessoa. E o redator, não tem nada que lembre o Pelé?  Estelita
BM: Com a bola nos pés, eu lembro Pelé tanto quanto lembro Bach com uma partitura na mão, embora Pelé se compare, modestamente, a Beethoven. Em campo, eu chutava bolas divididas, mergulhava a cara na lama, ajustava-me, perfeitamente, à frase que o cronista Nélson Rodrigues cunhou com a sua sabedoria: “Todo perna de pau é um abnegado.” Assim era eu nos campos de pelada.
Há, porém, certa semelhança entre mim e o Pelé, no que diz respeito à troca de nomes. Eu já chamei o Jonas Vieira de Jonas Resende, a tenista Billie Jean King, de B.B. King, o guitarrista; o músico Moacir Silva, de Moacir Franco, o humorista e por aí vai. Pelé já chamou o lateral direito Cafu de Cafuringa, ponta direita do Fluminense, falecido há anos, e, recentemente, trocou o nome do grande jogador português, Cristiano Ronaldo, por Cristiano Geraldo.
Eu disse “certa semelhança entre mim e o Pelé” e paro aí, porque ele já chegou a um ponto ainda inatingível para mim, como, certa vez, comentando um jogo entre escretes nacionais, disse:
-”A Nigéria não é nenhum bicho babão.”

-”Não ouvir me traz prejuízos incalculáveis, além de me deixar incomunicável, me priva de gratuitas diversões. Fatos ocorridos no 3ºandar: mulher briga com o marido e troca as chaves da porta, ele quebra o armário do extintor e com este arromba a porta. Outra madame apanha do marido e sai berrando pelo “couloir” que ele é broxa. Isso tudo durante o dia, eu em casa e nada ouvi. Desaforo!
A cerveja Stella Artois é comum na Bélgica e li que é valorizada no Brasil; nos primeiros dias bruxelenses, pensei que fosse uma rede de botecos, letreiros por todo o lado. Há uma feita pelos frades, dizem que são os melhores fabricantes, chamada “trappiste”. Provei um gole e comecei a dormir de imediato.”
Rosa

BM: Rosa, quando almocei com o Luca e o Elio, uns quinze dias atrás, na “Brasserie Rosário”, bebi a Stella Artois, que tanto me deleitou. Pensei em pedir um segundo copo, mas resisti à tentação; eu também dormiria.
Mas vamos ao mais importante. Há algum apartamento vago no prédio em que você mora? Se houver, avisa-me, morando lá não me faltarão assuntos para o Biscoito Molhado. 



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