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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

2504 - cafajestes gauleses



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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4304                                 Data: 31 de outubro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES

Li as últimas peripécias do Sabadoido, mas o que me chamou mais a atenção foi a referência ao desafio que os amigos de Hemingway fizeram a ele de escrever uma história dramática com menos de dez palavras: “Vendem-se sapatos de bebê nunca usados”. Claude
BM: Isso mesmo, Claude, houve o desafio dos amigos do escritor, num restaurante, que o escritor Arthur Clark testemunhou.
Eu admito que também admirei o poder de concisão do escritor americano. Dias depois de reproduzir essa frase que, na verdade, tem seis palavras: “For sale: baby shoes, never worn”, fui surpreendido pelo Joãozinho da piada. Foi proposta a ele uma questão ainda mais complexa que a do Hemingway: escrever um texto com menos de dez palavras que envolvesse sexo, Presidência da República, religião e mistério. E ele não decepcionou:
-“Comeram a Dilma. Meu Deus!! Quem foi?”
Mais uma vez a Europa... digo, os Estados Unidos se curvam diante do Brasil.

-Sobre o Biscoito Molhado que alude a confusão feita entre os viajantes da máquina do Tempo, se o inspirador da marchinha da “careca do Dudu”, era Artur Bernardes ou Marechal Hermes; quero aditar que Artur Bernardes tinha o apelido de Mé desde a infância em  Minas Gerais e inspirou outra musiquinha. Jacques
BM: Os viajantes ouviram os tenentes cantando a marchinha de Freire Júnior e Luiz Nunes Sampaio que obteve tanto sucesso no carnaval carioca, mas os solavancos da máquina do tempo, provavelmente, impediram que eles se referissem a ela. O autor, com medo de retaliações, lançou-a com o pseudônimo “Canalhas do Rio”.
Os foliões a cantaram arrebatados pela alegria, os tenentes, não eram só contentamento quando a entoaram, marchando; a ameaça deles a Artur Bernardes estava acima da alegria. Aqui vai a marchinha:
“Ai, Seu Mé! Ai, Mé Mé!
Lá no Palácio das Águias, olé,
Não hás de pôr os pés.

Como disse um velho professor meu de História, contrariando o tenentismo, ele pôs os pés no Palácio do Catete, os quatro...

-Sofri horrivelmente com as sete cirurgias a que fui submetido, e você, do Biscoito Molhado, ainda escreve que foram dezenas?!... Tancredo Neves do Além.
BM: Desculpe-me, Presidente; a nossa errata cresce a olhos vistos, mais ainda que a do Globo, que a chamam de “Autocrítica”. Mas se você resistisse mais, o Professor-Doutor Henrique Walter Pinotti lhe meteria a faca dezenas de vezes.
O anestesista da maioria dessas cirurgias, Ruy Vaz Gomide, não só desancou a leviandade do citado professor-doutor, mas assinalou o erro fundamental que o senhor cometeu: não ter procurado assistência médica quando as dores abdominais começaram a incomodá-lo e de ter se automedicado com antibióticos. Mesmo nós, que sofremos da síndrome do jaleco branco, teríamos, no seu lugar, ido ao médico.

-O que você acha de o presidente Obama espionar a Dilma, a Angela Merkel e, ao que parece, até o Papa Francisco? Edouard
BM: Espionagem sempre existiu. Lembra-se de “Giselle, a espiã nua que abalou Paris”?... Fernando Moraes narrou bem essa história. David Nasser, revoltado porque seu patrão, Assis Chateaubriand, atrasava costumeiramente seu salário, resolveu matá-la nas folhas do Diário da Noite, onde a sua história era escrita em capítulos diários. Foi obrigado pelo “Rei do Brasil” a ressuscitá-la, porque a tiragem do jornal caiu drasticamente. Ou seja, o povo gosta de uma espionagem.
Mesmo o Obama não tendo a plasticidade da Giselle, nua ou vestida, acredito que, depois dessas revelações, a sua popularidade até aumentou.
Eu, para ser sincero, até me esqueço desse noticiário todo sobre pessoas que vêm sendo espionadas. Isso até foi prejudicial para mim, pois perdi um dia de trabalho porque os arquivos de dois exemplares do Biscoito Molhado foram corrompidos e eu me vi obrigado a reescrevê-los.  Nem me passou pela cabeça pedir o back up ao Obama.

-Sobre a querida Norma Bengell, recentemente falecida, o Biscoito Molhado, aproveitando um comentário do Sérgio Fortes no Rádio Memória, disse que ela era afinada por ser filha de um afinador de piano. É muito pouco. Eu a vi no filme “O homem do Sputnik”, de 1959, do Carlos Manga e achei que ela era tão exuberante quanto a Brigitte Bardot. Roger
BM: você está coberto de razão, Roger.  Não me permitiram assistir a “E Deus criou a mulher”, no Cinema Cachambi, mas fui recompensado com o filme que você citou.
Ela era filha de um simples afinador de pianos, um alemão, que se casou com uma jovem de família endinheirada, da zona sul, que, por isso, foi deserdada.  A futura atriz viveu, então, em condições humildes, em Copacabana, até os pais se separarem. Porque a mãe não pôde sustentá-la, foi levada pelo pai à Alemanha, onde os avós a educaram no fim da infância e na adolescência.
Bem, não vamos escrever aqui a sua biografia, ainda mais agora, que até os compositores que defendiam a liberdade pretendem censurar os biógrafos. Vamos dizer apenas que nem tudo foram flores com os avós paternos, que a internaram em um colégio de freiras, e de lá foi expulsa, voltando, então, para o Brasil e para perto da mãe. Lançou-se, então, como modelo, vedete de teatro de revista e cantora, nessa ordem.
Vi a Norma Bengell no primeiro nu frotal do cinema brasileiro, não em 1962, quando foi lançado “Os Cafajestes”, pois, por muito menos, proibiram a minha entrada no cinema (“E Deus criou a mulher”), vi  muitos anos depois. Confesso que ainda hoje a considero mais erotizada como a Brigitte Bardot brasileira do que no filme do Ruy Guerra. 
Praia de nudismo, aliás, só fez a minha cabeça no tempo em que impediam a minha entrada em filmes proibidos para menores.

“... “En passant”, diga ao Carlos que festejei que o Toulouse-Lautrec morresse aos 36 ano;, se fosse aos 70, eu ficaria sem o umbigo onde apoiava o livro.
Esse “Os 7 Pacados Capitais” era muito bom, o episódio do Orgulho era aquele conto do Maupassant com o colar, a Preguiça. Descrevia um fulano que, sendo assediado por mulheres lindas, não as topava porque dava muito trabalho tirar a roupa, a Gula seguia uma família que ia a um enterro comendo pela estrada. E terminava com um 8º pecado: a imaginação.
Houve um “drive-in”, no Cachambi,  bancos de madeira e clientes nada “drive”, todos pedestres. “Rosa Grieco
BM: Rosa se detém, primeiramente, na biografia (Que Gil, Caetano, Roberto Carlos e Chico não nos ouçam) do Toulouse-Lautrec. Um cartapácio que, lido sobre o umbigo da nossa amiga, fez estragos. Ela tem toda razão: se Toulouse-Lautrec vivesse mais 36 anos, a cicatriz no seu ventre sofreria ainda mais.
Quanto aos comentários sobre os “Sete Pecados Capitais”, filme francês de 1962, em que cada pecado coube a um diretor, nós, num BM pretérito, aludimos apenas à Preguiça. Segundo um crítico de cinema, a única coisa filmada por Godard que prestou foi esse episódio. Nós, que vimos esse filme no “Cinema de Arte”, da extinta TV Excelsior, nos lembramos apenas desse pecado. Que dirá então do “drive-in”, no Cachambi, bem anterior a 1962?!...


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