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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4304 Data: 31 de
outubro de 2013
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CARTAS DOS LEITORES
Li as últimas
peripécias do Sabadoido, mas o que me chamou mais a atenção foi a referência ao
desafio que os amigos de Hemingway fizeram a ele de escrever uma história
dramática com menos de dez palavras: “Vendem-se sapatos de bebê nunca usados”. Claude
BM: Isso mesmo, Claude, houve o desafio dos amigos do
escritor, num restaurante, que o escritor Arthur Clark testemunhou.
Eu admito que também
admirei o poder de concisão do escritor americano. Dias depois de reproduzir
essa frase que, na verdade, tem seis palavras: “For sale: baby shoes, never
worn”, fui surpreendido pelo Joãozinho da piada. Foi proposta a ele uma
questão ainda mais complexa que a do Hemingway: escrever um texto com menos de
dez palavras que envolvesse sexo, Presidência da República, religião e
mistério. E ele não decepcionou:
-“Comeram a Dilma. Meu
Deus!! Quem foi?”
Mais uma vez a
Europa... digo, os Estados Unidos se curvam diante do Brasil.
-Sobre o Biscoito
Molhado que alude a confusão feita entre os viajantes da máquina do Tempo, se o
inspirador da marchinha da “careca do Dudu”, era Artur Bernardes ou Marechal
Hermes; quero aditar que Artur Bernardes tinha o apelido de Mé desde a infância
em Minas Gerais e inspirou outra
musiquinha. Jacques
BM: Os viajantes ouviram os tenentes cantando a marchinha
de Freire Júnior e Luiz Nunes Sampaio que obteve tanto sucesso no carnaval
carioca, mas os solavancos da máquina do tempo, provavelmente, impediram que
eles se referissem a ela. O autor, com medo de retaliações, lançou-a com o
pseudônimo “Canalhas do Rio”.
Os foliões a cantaram
arrebatados pela alegria, os tenentes, não eram só contentamento quando a
entoaram, marchando; a ameaça deles a Artur Bernardes estava acima da alegria.
Aqui vai a marchinha:
“Ai, Seu Mé! Ai, Mé Mé!
Lá no Palácio das
Águias, olé,
Não hás de pôr os pés.
Como disse um velho
professor meu de História, contrariando o tenentismo, ele pôs os pés no Palácio
do Catete, os quatro...
-Sofri horrivelmente
com as sete cirurgias a que fui submetido, e você, do Biscoito Molhado, ainda
escreve que foram dezenas?!... Tancredo Neves do Além.
BM: Desculpe-me, Presidente;
a nossa errata cresce a olhos vistos, mais ainda que a do Globo, que a chamam
de “Autocrítica”. Mas se você resistisse mais, o Professor-Doutor Henrique
Walter Pinotti lhe meteria a faca dezenas de vezes.
O anestesista da
maioria dessas cirurgias, Ruy Vaz Gomide, não só desancou a leviandade do
citado professor-doutor, mas assinalou o erro fundamental que o senhor cometeu:
não ter procurado assistência médica quando as dores abdominais começaram a
incomodá-lo e de ter se automedicado com antibióticos. Mesmo nós, que sofremos
da síndrome do jaleco branco, teríamos, no seu lugar, ido ao médico.
-O que você acha de o
presidente Obama espionar a Dilma, a Angela Merkel e, ao que parece, até o Papa
Francisco? Edouard
BM: Espionagem sempre existiu. Lembra-se de “Giselle, a
espiã nua que abalou Paris”?... Fernando Moraes narrou bem essa história. David
Nasser, revoltado porque seu patrão, Assis Chateaubriand, atrasava
costumeiramente seu salário, resolveu matá-la nas folhas do Diário da Noite,
onde a sua história era escrita em capítulos diários. Foi obrigado pelo “Rei do
Brasil” a ressuscitá-la, porque a tiragem do jornal caiu drasticamente. Ou
seja, o povo gosta de uma espionagem.
Mesmo o Obama não tendo
a plasticidade da Giselle, nua ou vestida, acredito que, depois dessas
revelações, a sua popularidade até aumentou.
Eu, para ser sincero,
até me esqueço desse noticiário todo sobre pessoas que vêm sendo espionadas.
Isso até foi prejudicial para mim, pois perdi um dia de trabalho porque os
arquivos de dois exemplares do Biscoito Molhado foram corrompidos e eu me vi
obrigado a reescrevê-los. Nem me passou
pela cabeça pedir o back up ao Obama.
-Sobre a querida Norma
Bengell, recentemente falecida, o Biscoito Molhado, aproveitando um comentário
do Sérgio Fortes no Rádio Memória, disse que ela era afinada por ser filha de
um afinador de piano. É muito pouco. Eu a vi no filme “O homem do Sputnik”, de
1959, do Carlos Manga e achei que ela era tão exuberante quanto a Brigitte
Bardot. Roger
BM: você está coberto de razão, Roger. Não me permitiram assistir a “E Deus criou a
mulher”, no Cinema Cachambi, mas fui recompensado com o filme que você citou.
Ela era filha de um
simples afinador de pianos, um alemão, que se casou com uma jovem de família
endinheirada, da zona sul, que, por isso, foi deserdada. A futura atriz viveu, então, em condições
humildes, em Copacabana, até os pais se separarem. Porque a mãe não pôde
sustentá-la, foi levada pelo pai à Alemanha, onde os avós a educaram no fim da
infância e na adolescência.
Bem, não vamos escrever
aqui a sua biografia, ainda mais agora, que até os compositores que defendiam a
liberdade pretendem censurar os biógrafos. Vamos dizer apenas que nem tudo
foram flores com os avós paternos, que a internaram em um colégio de freiras, e
de lá foi expulsa, voltando, então, para o Brasil e para perto da mãe.
Lançou-se, então, como modelo, vedete de teatro de revista e cantora, nessa
ordem.
Vi a Norma Bengell no
primeiro nu frotal do cinema brasileiro, não em 1962, quando foi lançado “Os
Cafajestes”, pois, por muito menos, proibiram a minha entrada no cinema (“E
Deus criou a mulher”), vi muitos anos
depois. Confesso que ainda hoje a considero mais erotizada como a Brigitte
Bardot brasileira do que no filme do Ruy Guerra.
Praia de nudismo, aliás,
só fez a minha cabeça no tempo em que impediam a minha entrada em filmes
proibidos para menores.
“... “En passant”, diga
ao Carlos que festejei que o Toulouse-Lautrec morresse aos 36 ano;, se fosse
aos 70, eu ficaria sem o umbigo onde apoiava o livro.
Esse “Os 7 Pacados
Capitais” era muito bom, o episódio do Orgulho era aquele conto do Maupassant
com o colar, a Preguiça. Descrevia um fulano que, sendo assediado por mulheres
lindas, não as topava porque dava muito trabalho tirar a roupa, a Gula seguia
uma família que ia a um enterro comendo pela estrada. E terminava com um 8º
pecado: a imaginação.
Houve um “drive-in”, no
Cachambi, bancos de madeira e clientes
nada “drive”, todos pedestres. “Rosa Grieco
BM: Rosa se detém, primeiramente, na biografia (Que Gil,
Caetano, Roberto Carlos e Chico não nos ouçam) do Toulouse-Lautrec. Um
cartapácio que, lido sobre o umbigo da nossa amiga, fez estragos. Ela tem toda
razão: se Toulouse-Lautrec vivesse mais 36 anos, a cicatriz no seu ventre sofreria
ainda mais.
Quanto aos comentários
sobre os “Sete Pecados Capitais”, filme francês de 1962, em que cada pecado
coube a um diretor, nós, num BM pretérito, aludimos apenas à Preguiça. Segundo
um crítico de cinema, a única coisa filmada por Godard que prestou foi esse
episódio. Nós, que vimos esse filme no “Cinema de Arte”, da extinta TV
Excelsior, nos lembramos apenas desse pecado. Que dirá então do “drive-in”, no
Cachambi, bem anterior a 1962?!...
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