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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5224 Data: 04 de novembro de
2015
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CARTAS DOS
LEITORES
-O redator do Biscoito Molhado escreveu que, quando
achou um celular na academia da terceira idade, telefonou para o sobrinho
querendo saber como descobria o dono do achado ou do perdido, tanto faz. Quando
os dois se encontraram no Sabadoido não falaram sobre isso?... Pelo que li,
não. Josimar.
BM: Sim
falamos, mas esse tema foi retirado da ata do Sabadoido; vamos a ele, então.
Em dado momento, meu sobrinho falou que não precisava
de um I Pod, o que ele já possuía de aparelhos de informática
bastavam. Eu lhe disse que, por coincidência, acabara de ler que oito toneladas
de minério de ferro tinham o mesmo valor, em dólares, de um I Pod e que
a economia brasileira deveria agregar valor às suas matérias-primas.
Aproveitando a deixa, reportei-me ao celular que achara seis dias atrás. A
minha cunhada, pôs em dúvida a honestidade do Toninho a quem entreguei o dito
cujo:
-Será que ele vai entregar mesmo ao Vinícius, o
verdadeiro dono?.
-Gina, ele telefonou três vezes seguidas em menos de
dois minutos, ou seja, os dois devem ser muito amigos.
-O Toninho, agora, tem dois celulares. - insistiu ela na
sua descrença.
-Eu fiz o que tinha de fazer, se ele não vai devolver
ao verdadeiro dono, o problema já não é mais meu. - manifestei-me um pouco
irritado com tanta descrença na natureza humana.
-Ele vai devolver sim; e se não devolver, não lhe
interessa, você fez a coisa certa. - interveio o Claudio a meu favor.
E prosseguiu:
-Há pouco tempo, eu vi no chão de uma farmácia um
celular parecido com esse de que você falou. Peguei e não pensei duas vezes:
entreguei a balconista. Ela me olhou com a maior cara de espanto.
-Honestidade foi de quem achou o celular da Roberta
(sua sobrinha). Numa época em que o celular era um tijolão da Motorola, pesava
quase meio quilo, valia uma dinheirama e pouquíssima gente possuía um.
Eu e meu irmão percebemos que ela inventara uma
métrica para medir honestidade, diminuindo os nossos gestos, e contra-atacamos.
-Naquela época, Gina, os ladrões não roubavam
celulares.
-Os celulares só se tornaram atrativos com o advento
do chip.
-Eu já havia achado dois, mas sem chip; o primeiro foi
logo bloqueado, e não houve meio de descobrir o dono; o segundo, pertencia ao
Mamute.
-Mamute é nome de traficante, Carlão.
-Era um rapaz que morava no Jacaré; ele veio buscar
depois que o Claudio falou com a mãe dele e deu o endereço daqui.
-Então, Gina, bastava a Roberta bloquear o tijolão
dela que ele se tornaria imprestável.
Minha cunhada ainda insistiu na métrica da
honestidade, mas não tinha mais argumento plausível.
-No calendário do dia 1º de novembro, o Sérgio Fortes,
no Rádio Memória, não falou da entrada em vigor do Cruzeiro, como padrão monetário
do Brasil, em 1942, e da morte do jurista e político Francisco Campos,
conhecido por “Chico Ciência”, devido à sua cultura enciclopédica, em 1968. Maurício
BM: Somando
os comerciais com as pausas para meditação, Jonas Vieira e Sérgio Fortes têm
menos de 50 minutos para apresentaram as atrações musicais, resta, por isso,
pouco tempo para o calendário.
Mas concordo com o leitor; são duas datas que merecem
ser lembradas.
O cruzeiro entrou em vigor em 1942, mas se fala até
hoje em contos de réis. O presidente Sarney, de triste memória, foi ainda mais
para trás e reviveu o cruzado, moeda de troca do Brasil no século XIX.
Bem antes, 53 anos precisamente, Machado de Assis
escrevia, numa crônica, de 1889, que dava a ideia de chamar a moeda do Brasil
de cruzeiro. Eis um trecho dessa crônica:
“Tem a Inglaterra a sua libra, a França o seu franco,
os Estados Unidos o seu dólar, por que não teríamos nós a nossa moeda batizada?
Em vez de designá-la por um número e por um número ideal – vinte mil réis – Por
que lhe não poremos um nome – cruzeiro –
por exemplo? Cruzeiro não é pior que outros e tem a vantagem de ser nome e de
ser nosso. Imagino até o desenho da moeda; e de um lado a esfinge imperial, do
outro a constelação...Um cruzeiro, cinco cruzeiros, vinte cruzeiros. Os nossos
maiores tinham os dobrões, os patacões, os cruzados, etc., tudo isto era moeda
tangível; mas vinte mil réis... Que são vinte mil réis? (…)”
Não foi à toa que Gustavo Franco, presidente do Banco
Central do governo Fernando Henrique Cardoso, escreveu o livro “A Economia em
Machado de Assis – O Olhar Oblíquo do Acionista”.
Com a inflação crescente dos governos Juscelino
Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart, o cruzeiro perdeu três zeros, no
governo Castelo Branco e ganhou um adjetivo, passou a ser Cruzeiro Novo. A
inflação se deu por vencida, mas não por muito tempo, retornou nos governos
militares que se seguiram e se vitaminou ainda mais com os primeiros governos
da redemocratização. Com a inflação, o
cruzeiro se foi, voltou, se foi de novo, parece que, agora, definitivamente.
Quanto à inflação, foi-se, mas já está de volta, bem parruda, por sinal.
Ah, sim, o nosso caro leitor citou o “Chico Ciência”,
que morreu no dia 1º de novembro de 1968. Francisco Campos redigiu a
Constituição de 1937, do Estado Novo de Getúlio Vargas, conhecida como “A
Polaca”. Como se não bastasse, contribuiu com a redação do Ato Institucional
nº1 da Revolução de 1964.
Francisco Campos é, acima de tudo, o redator do Código
Penal (1940) e do Código de Processo Penal (1941) que vigoram até hoje com
poucas alterações. Por isso, ele recebeu o cognome de “Chico Ciência”.
-Na visita que o Carlos Manga fez à casa do redator do
Biscoito Molhado, falou-se que a primeira edição do videotape foi feito com o
Carlos Manga, em 1961, no programa do Chico Anísio. Foi isso mesmo? Paulinho
Criciúma.
BM: Foi sim,
e o programa era “Chico City” na TV Rio. Quando nós víamos – digo nós porque eu
estava diante da televisão – o Chico Anísio contracenando com ele mesmo,
julgávamos que aquilo era mágica, e não deixava de ser. Carlos Manga era o
mágico.
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