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quarta-feira, 29 de julho de 2015

2906 - o choque de Tesla


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O BISCOITO MOLHADO

Edição 5156                               Data:  27 de julho de 2015

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SABADOIDO

1ª PARTE

 

-Eu peguei a correspondência na caixa dos correios e lá estava um envelope com a imagem da Nossa Senhora de Fátima, e vi que a destinatária, a minha mãe, era chamada de dizimista.

-Qual é o espanto, Carlinhos? - interveio a Gina – a Igreja Católica também cobra dízimo, não são só os evangélicos.

-Na missa de sétimo dia do Vagner, passaram com uma sacola enorme para recolher dinheiro da gente. - manifestou-se o Claudio.

-As pessoas alardeiam mais os dízimos pagos pelos evangélicos.

E lembrei um vídeo que foi divulgado pela TV Globo em que aparece o bispo Macedo incitando os pastores a tirar o dinheiro dos fiéis.

-O lema do bispo Macedo era: “Ou dá ou desce”. Está lá no vídeo.

-Carlinhos, a Globo vislumbrou que ele se tornaria um concorrente, com um canal de televisão e tratou de desmoralizá-lo.

E prosseguiu meu irmão.

-A Globo faz tudo para quebrar os concorrentes e ficar sozinha no mercado. Lançaram o “Extra” para acabar com “O Dia”, mas não conseguiram.

Quando ele exemplificou com a derrocada do Jornal do Brasil, eu discordei.

-Claudio, eu trabalhei lá; o Jornal do Brasil se afundou quando investiu naquelas instalações suntuosas da Avenida Brasil 500. Antes, o Nascimento Brito, genro da Condessa Pereira Carneiro, comprou a Tribuna da Imprensa por um valor exagerado.

O espírito polemista do Claudio não arrefeceu:

-Mas o Jornal do Brasil sempre quis um canal de televisão e não conseguiu; o dedo da Globo deve estar aí.

-Bem, eu estranhei que os católicos tratassem seus seguidores de dizimistas. - voltei à correspondência remetida à minha mãe.

-Eles cobram, Carlinhos. - insistiu a Gina.

-Uma vez o bispo Macedo foi preso.

-Quando? - estranhou a minha cunhada, que é eleitora do Marcelo Crivela, mas não vai além disso, religiosamente falando.

-Foi sim, mas não me lembro do ano. Ele até escreveu um livro.

-Que livro, Claudio? - indagou a Gina com ceticismo na voz.

-Mein Kampf . - respondeu inesperadamente o Daniel que, até então, estava absorvido pela tela do seu celular.

Eu, que nesse exato momento, engolia um pouco da água no copo que me fora servido pela Gina, quase engasguei.

-Poxa, Daniel, deixa-me engolir a água para, depois, fazer as suas piadas.

-Carlão, se eu fosse esperar por você, eu perderia o “timing” da piada.

Transcorridos alguns minutos, anunciei que ia urinar. Se eu não me referir às minhas idas ao banheiro, a Rosa Grieco, que me chama de “Fontana dei Quattro Fiumi”, por causa dos meus esguichos, não acreditaria na veracidade deste Sabadoido, Quando retornei do banheiro, a minha cunhada falava de uma tal de Vilma.

-O marido dela tinha tanto medo de ser eletrocutado, que tomava banho de chuveiro elétrico com os tamancos nos pés.

Agora, era a vez de o Daniel rir de causar abalos sísmicos na barriga.

-Eu me lembro que o pai usava tamancos, mas nunca tomou banho com eles.- entrei no espírito de descontração.

-Eu não me esqueço dos seus tamancos por causa de uma tamancada que ele me deu nas costas e que a Tia Esmeralda, quando era nossa vizinha, tratou.

-E eu me lembro, porque você varejou um sobre mim e quebrou meu dente.- acrescentei.

-Esses tamancos não vão adiantar nada numa descarga elétrica. - afirmou meu irmão.

-Cláudio, por que as aves não morrem quando pousam nos fios de alta tensão?

Era uma pergunta retórica, pois a própria Gina respondeu.

-Porque o circuito não se fecha nelas; a eletricidade passa (*). O fio terra é seguro porque leva o escoamento da descarga elétrica para a terra, fazendo que ele passe pela gente como pelas aves.

Claudio recordou, então, uma tragédia ocorrida com dois trabalhadores da Light que mexiam na fiação da Avenida Suburbana esquina com a Rua Chaves Pinheiro.

-Eu estava com a Rosângela quando os dois foram eletrocutados. Ela passou mal, mas não era para menos.

-Eu estava em casa quando ouvi o estrondo, saí para ver e vi um deles grudado no poste, pegando fogo. O cheiro era de churrasco. As botas deles caíram. O outro ainda foi lançado ao chão, onde morreu. - foi a vez de a Gina narrar a cena dantesca que testemunhou.

-A borracha é melhor isolante. - manifestou-se o Daniel lembrando os pneus do seu carro nas horas dos raios dos temporais.

-Seria mais seguro se ele tomasse banho com sandálias de borracha. - disse a Gina.

-Hoje, há um circuito que desliga automaticamente quando os trabalhadores vão lidar com fios de alta tensão. - disse meu irmão.

-Esses dois morreram como condenados à cadeira elétrica. Vocês devem saber que foi Thomas Edison que inventou a cadeira elétrica.

-Inventou a lâmpada e outras coisas. - seguiram-se as palavras do Daniel às minhas.

-Edison estava mais interessado no dinheiro que ganharia com os inventos elaborados pela equipe dele. Ele era mais empresário do que inventor. - comentei.

-É uma tese.

-Quando a lâmpada foi inventada, a ambição dele era iluminar Nova York e, depois, o mundo, com usinas de eletricidade. O problema é que seria usado a corrente contínua, o que aumentaria os custos, pois seriam necessárias muitas dessas usinas para chegar às lâmpadas. Então, Westinghouse, outro empresário, comprou a ideia de Nikola Tesla sobre a corrente alternada, que seria bem mais econômica.

Em seguida, tentei discorrer sobre as duas correntes elétricas, mas minhas palavras saíram titubeantes e meu irmão me gozou.

-Claudio, eu não domino esse matéria. Resumindo: Edison, para mostrar o perigo que representava a corrente alternada, inventou a cadeira elétrica e eletrocutou elefantes.

-Eletrocutou elefantes?

-Daniel, há documentários que mostram essa maldade e eu vi.

-Tudo por dinheiro. - criticou a Gina.

-Quando Nikola Tesla mostrou a energia alternada passando por ele, como passa pelos passarinhos, o Westinghouse ganhou a guerra das correntes, iluminou Nova York, todo o país e o mundo. - concluí.

-Carlão, quem entende muito de energia elétrica é a Dilma Rousseff.

-Falando nela, vamos desligar a luz que a conta está cada vez mais cara. - ralhou meu irmão.

 

(*) Um amigo do Distribuidor do seu O BISCOITO MOLHADO informa que se uma ave pousar com uma perna (membro posterior) em cada um dos fios de transmissão de energia não isolados, ela morrerá, seja um deles fio terra, ou não. Como os pássaros, que estão vivos, pousam em apenas um dos fios, não há diferença de potencial elétrico entre cada perna e não passa nenhuma corrente pelo corpo. Qualquer um de nós, se voasse, poderia se dependurar em um fio e nada aconteceria. Mas não poderia esbarrar em mais nada. Se Nikola Tesla se dependurou assim, sobreviveu, mas não foi encontrado nenhum registro a respeito desse teste.

 

 

 

 

 

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