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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5119 Data: 03 de
junho de 2015
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HENRY MANCINI NO RÁDIO MEMÓRIA
PARTE II
-Eu tenho uma surpresa para vocês
agora.
-Outra, Simon? - surpreendeu-se o Jonas
Vieira.
-Humphrey Bogart...
-Bogart. - voltou o titular do programa
ao seu tempo de professor de inglês ao corrigir a pronúncia do Simon Khoury.
-Ingrid Bergman...
-Bergman. - ensinava-lhe, agora, a
pronúncia sueca.
Como o Simon Khoury não citou, em
seguida, nenhum nome polonês, o Sérgio Fortes permaneceu silencioso.
-Os dois fizeram um filme juntos e a
música seria de Max Steiner, mas o produtor não gostou, queria um tema
diferente, uma coisa bonita, melodiosa.
E prosseguiu o filho da Anna Khoury:
-Havia um baú com uma série de músicas
rejeitadas, elas ficavam lá até que um dia pudessem ser aproveitadas ou não.
Assim, pegaram desse baú uma música para esse filme que se tornou famosa em
todo o mundo. Mancini veio e deu um colorido todo especial a ela. Não vou dizer
o nome porque é por demais óbvio.
Deleitamo-nos com “As Time Goes By”.
-”Casablanca” é de que ano?
Com essa pergunta, Sérgio Fortes
rechaçava a observação ferina do Dieckmann de que ele não assiste a filmes em
preto e branco.
-1942.
Depois, o programador musical do Rádio
Memória desse domingo informou que a canção “As Time Goes By” foi composta por
Herman Hupfeld; o ano, 1931.
-Muito bem. - aprovou tudo o Jonas
Vieira.
A palavra retornou ao empolgado Simon
Khoury.
-Perceberam o nosso jogo?... uma música
instrumental de Mancini e de outro compositor, arranjada por ele, porque era
generoso; gravou mais temas dos outros do que dele próprio.
-O gênio é assim. - assinalou o decano
dos radialistas do Rio de Janeiro.
Nos programas em que o Simon Khoury
participa, sempre histórias são contadas por ele, mas, dessa vez, quem tomou a
iniciativa foi o Jonas Vieira.
-Há uma do Einstein que, para mim, é
uma delícia. Em mil novecentos e vinte e pouco, ele costumava sair para
conferências, palestras; mas não gostava de andar no carro dele, de dirigir;
contratou, então, um motorista de táxi para levá-lo a esses eventos.
Einstein falava e o motorista ficava com ele, assistindo a todas essas
palestras. Um dia, indo a determinado lugar, ele disse que não suportava mais
falar sobre o mesmo assunto. O motorista, então, lhe disse: ”Não tem problema,
eu já ouvi tanto o senhor falar que já sei tudo de cor e salteado. Eu falo por
você.” O cientista concordou e eles trocaram de roupa. Quando o motorista
terminou a palestra, vieram muitas palmas e alguém se levantou e lhe fez uma
pergunta terrível. O motorista disse que aquela pergunta era tão simples, que
ele ia pedir ao seu motorista para respondê-la.
-Há também uma história muito conhecida
do Einstein. - interveio o Simon Khoury enquanto riam da primeira.
-Ele estava no ponto de ônibus de
cuecas, uma moça, quando o viu, o interpelou: “O que é isso?... O senhor não
tem vergonha, não?” E Einstein: “Desculpe-me. Qual é o nome da menina?” A
moça respondeu: “Albertina Einstein, não é papai?”. Ele era muito distraído.
Depois da “Pausa para meditação”, Simon
Khoury retornou no mesmo diapasão de entusiasmo.
-Mais uma surpresa para vocês. Henry
Mancini fez sucesso com vários seriados na televisão: “Peter Gunn”, “Mister
Lucky” e outros. Ele ousou, então, criar um arranjo para “Mister Lucky” em ritmo
de Cha-Cha-Cha. Como se não bastasse, ele colocou cordas, toda a parte de
percussão e, vejam só, o órgão, que ninguém usa por medo, é difícil pra burro
de tocar, eles preferem pegar essas coisas eletrônicas que todo o mundo faz.
Após o “Mister Lucky”, Jonas Vieira
justificou o “atualidades”, que é um dos componentes anunciados do programa
Rádio Memória, e investiu contra a criminalidade.
-Ouvintes,
nós batalhamos, mas, infelizmente, as coisas vêm acontecendo. Mais um caso
terrível, escabroso, que foi o assassinato desse médico, na Lagoa, por um
pivete, um criminosozinho protegido por ONGs e por pensamentos absolutamente
doentios; de gente doente que deveria fazer as pazes com a vida. Eu gostaria
que a Marieta Severo e outros levassem esses meninos para cuidar; mas não
querem, eles querem que os outros cuidem. Por que o Chico Buarque não faz isso?
-Por que a Marieta Severo? - aparteou o
Simon Khoury.
A resposta foi dada pelo Sérgio Fortes:
-Ela deu uma entrevista no segundo
caderno do Globo. Foi um azar tremendo, coitada, é bem verdade, porque na
véspera desse episódio, ela falou loucamente contra a maioridade penal aos 16
anos.
Feito o esclarecimento ao Simon Khoury,
expôs seu parecer:
-É um negócio de uma obviedade; você
prende um menino desses que já foi preso 15 vezes.
-15 vezes, e não é punido. -
acrescentou o Jonas Vieira.
-Punido, nada. Na casa dele, havia 9
bicicletas, uma montanha de facas.
Jonas Vieira retomou a palavra:
-E essas ONGs, e essa gente, juristas,
não sei o quê, defendendo... Vai piorar. A cidade tem de ser defendida. Não
pode ficar a mercê desses criminosos. Tira de circulação e aí, faz um colégio,
bota as freiras para ensinar, para todos eles ficarem santos. Eu não aguento
mais essa coisa! Está insuportável! A mídia é outra culpada, contribui para
isso porque noticia essas coisas, dá grande destaque às facadas, como aquela no
Centro da cidade. Por que noticia essas coisas? Isso incentiva mais o crime.
Poxa! Você vê, depois, uma série de crimes com faca na mão, tudo por causa da
mídia que dá um espaço enorme à violência. Tomara que o Congresso tome uma
providência. Tenho netos, filhos, amigos que estão expostos a isso.
A palavra voltou para o Sérgio Fortes:
-Jonas, esse médico, que foi
brutalmente assassinado, já estava no chão, absolutamente dominado e foi
esfaqueado diversas vezes. Esses anjinhos... Qual o pressuposto? Você coloca
num lugar, e eles viram congregados marianos?...
-Essa leniência tem de parar, não só
com menores, mas de um modo geral. Um cara com 90 anos de condenação é solto...
Veio um juiz e soltou essa figura... É brincadeira.
-Jonas, houve um que saiu no Dia das
Mães e não voltou mais.
-Porque o Brasil é uma mãe, Sérgio.
Parodiando o Jonas Vieira e o Sérgio
Fortes: pior do que isso só no inferno.
Depois do desabafo, o titular do
programa se voltou para o fã nº1 do Henry Mancini:
-Simon Khoury, vamos abrandar o
programa.
Mas quem se manifestou foi o Paulo
Fortes:
-Simon Khoury, você falava de um CD de
1991, intitulado “French Collection”...
-”Connection”
-Você escreveu “Collection”.
-Errei sim, manchei o seu nome. - citou
o Simon Khoury um grande sucesso da Dalva de Oliveira.
Sérgio Fortes perguntou, e ele mesmo
respondeu:
-Quais são as músicas? “Crown, o
Magnífico”, “Era Uma Vez, um Verão”, “Love Story” e “Um Homem e Uma Mulher”.
Nesse CD, Mancini dirige, não é pouca coisa, a London Symphony Orchestra e
homenageia Michel Legrand e Francis Lai.
E a música reinou absoluta.
-Esse pout-pourri é de uma beleza extraordinária. - não se
conteve o Jonas que, em seguida, se voltou para o seu parceiro.
-Creio, Sérgio, que chegamos ao final
do nosso encontro com Henry Mancini.
-Há mais uma música. - interveio o
Simon Khoury. Um filme de 1970, dirigido por Victorio De Sica com Sofia Loren e
Marcelo Mastroiani.
Embora o tempo urgisse, ele contou a
sinopse do filme, Girassóis da Rússia, para, em seguida, anunciar a última
gravação do programa num inglês de jogador de futebol brasileiro com um mês na
Inglaterra.
Ouvida a bela música, tema da fita,
Jonas Vieira pediu que ele repetisse o nome.
Como não foi entendido, Simon Khoury
soletrou: L-O-S-S-O-F-L-O-V-E. Depois, juntou tudo numa pronúncia parecida com
a do técnico Joel Santana.
-Perdoai, Pai, ele não sabe o que diz. -
foi a reação do Jonas Vieira.
Bem, leitores do Biscoito Molhado, este
foi o Rádio Memória do dia 24, transmitido às 5h da manhã, que só a coruja da
nossa redação ouviu e gravou. No dia 31, ele foi bisado no seu costumeiro
horário. Ainda bem, pois programa assim não é coisa que se perca.
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