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O BISCOITO MOLHADO
Edição 5106 Data: 14 de
maio de 2015
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SABADOIDO DE PRÊMIOS E SENHAS
-Então, é isso, Daniel, se tivessem
seguido o que disse o Mário Henrique Simonsen sobre os lobistas - “Deem os 10%
e esqueçam o projeto”, a Petrobras não teria mais de 44 bilhões de prejuízo”.
-O PT não gosta do Simonsen, Carlinhos.
- interveio o meu irmão.
-Eles não gostam das pessoas
extremamente inteligentes. - acrescentei.
-Carlão, o Simonsen não era chegado a
um copo de uísque?
-Um copo?!... Ele era chegado a um
barril de carvalho cheio. - respondeu o Claudio ao filho.
Retomei a palavra:
-Um amigo meu, de serviço, engenheiro
que trabalhou na Transpetro, me disse que viu, certa vez, o Simonsen almoçando
num restaurante do Centro e ficou estarrecido.
-Carlão, estarrecido por quê?
-Daniel, ao lado do prato dele, estavam
um copo de uísque e um cinzeiro. Ele comia, bebia e tragava.
-Nunca vi isso.
-O Sérgio Fortes, um pouco antes de
apresentar o Clube da Ópera, na Rádio MEC, me enviou um longo e-mail E nós nem
nos conhecíamos ainda, em que disse que o Professor Mário Henrique Simonsen era
exagerado em tudo: inteligência, atitudes...
-Ele conheceu o Simonsen? - demonstrou
meu irmão curiosidade.
-Sim, como economista e também pelo
fato de o pai dele, o barítono Paulo Fortes, lhe ter dado aulas de canto.
Segundo o Sérgio Fortes, os dois cantavam o dueto da ópera Falstaff, de Verdi,
enquanto a secretária continha os jornalistas impetuosos, na antessala do
escritório, que queriam saber qual a opinião do mestre sobre mais um daqueles
pacotes do Delfim Netto.
-Era o tempo do PDS, o partido do
governo?
-Era o PDS, Daniel. A Arena e o MBD
acabaram em 1980, e surgiram outros partidos. O PDS absorveu, praticamente a
ARENA e o PMDB, o MDB. - respondeu o Claudio mais uma vez ao filho.
-Bem, hoje é sábado, dia do meu carro
tomar banho.- disse o Daniel erguendo-se da cadeira.
Com o Daniel no seu quarto,
permanecemos eu e meu irmão na cozinha.
-E a autobiografia do Bill Clinton,
Carlinhos?
-Estou na página 150, faltam ainda umas
800.
-Ele continua contando tudo até onde
você leu?
-Não, Claudio, porque ele já está com
20 anos de idade, ou seja, em 1968 e só se referiu a seus namoricos. Acredito
que ele era um “fauno de tapete”, usando uma expressão do Nélson Rodrigues,
como o seu ídolo, John Kennedy.
-Há uma foto dele, quando adolescente,
apertando a mão do presidente John Kennedy. Ele escreveu sobre isso?
-Claro que sim.
-Ele não lutou no Vietnã, embora os
americanos com a sua idade fossem convocados. - lembrou o Claudio.
-Eu me encontro nessa parte do livro:
ele é convocado, enquanto estudava na Universidade de Oxford na Inglaterra. Ele
escreve sobre as peripécias dessa convocação.
-Ele não vai, então, contar tudo, pois
não foi lutar no Vietnã. - deduziu.
-Bill Clinton e Fernando Henrique
Cardoso estão sendo, agora, homenageados, em Nova York, pela Câmara de Comércio
Brasil-Estados Unidos com o prêmio “Pessoa do Ano”.
-Carlinhos, o Lula está morrendo de
inveja.
-Ele tem a pretensão de se comparar ao
FHC, mas é, como dizia Agnaldo Timóteo, de uma maneira chula, mas precisa: “É
comparar o olho do cu com o olho do sol”.
-Eu me lembro... O Agnaldo Timóteo
disse isso numa entrevista ao Pasquim, quando o compararam a outro cantor, não
sei qual.
-O Orlando Dias. - palpitei.
-Brasileiro não pode fazer sucesso,
Carlinhos. Como dizia o Tom Jobim, “No Brasil, sucesso é ofensa pessoal”,
sucesso no exterior então...
-Tom Jobim também disse: “O brasileiro
cultua o fracasso.” - acrescentei.
-A Carmen Miranda alcançou um
estrondoso sucesso nos Estados Unidos e, quando retornou ao Brasil, até
hostilizada foi. - lembrou.
-”Disseram que voltei americanizada.” -
citei o samba de Luís Peixoto e Vicente Paiva.
-Há uma coisa, Carlinhos, de suma
importância: na sua primeira exibição no Brasil, no Cassino da Urca, de volta
dos Estados Unidos, ela cantou em inglês.
-Ela foi pessimamente assessorada;
mesmo assim, a reação não deveria ter sido tão agressiva. A verdade é que
aquela foi a primeira e última vez que ela se apresentou no Brasil após o
sucesso nos Estados Unidos. Ela ficou muito sentida. - comentou.
-No caso do Fernando Henrique Cardoso,
o reconhecimento que ele merecia no Brasil, está obtendo lá fora. Ele também
recebeu, há dois anos, o Prêmio Kluge, no valor de 1 milhão de dólares,
concedido pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
-É uma dinheirama.
-O leão brasileiro abocanhou 250 mil e
o FHC disse, na ocasião, que esperava que o governo o usasse bem. Era uma
ironia, Claudio.
E prossegui:
-Com o que sobrou, ele comprou um
apartamento em São Conrado.
-E o triplex do Lula em Guarujá, ele
comprou com que prêmio? - perguntou-me sarcasticamente.
Nesse instante, o Daniel reapareceu e,
surpreendentemente, se sentou.
-Você não ia lavar o carro? -
perguntei-lhe.
-Ele não perde por esperar.
-Então,
já investiu no Tesouro Direto?
-Carlão, eu tenho de refletir muito,
pois o Lula pensa em se desfazer do triplex do Guarujá de que vocês falavam,
talvez, eu compre.
-A minha senha de acesso ao Tesouro
Direto tem um cifrão, eles exigem que um dos caracteres da senha seja um sinal.
-Sabe por quê, Carlão?
-Porque aumenta o número de
combinações.
-Isso. - aprovou e foi em frente:
-Se você tem uma senha de 5 caracteres
só de algarismos são 100 mil as combinações. Caso seja apenas de letras, as
combinações possíveis serão quase 12 milhões.
-Não vão descobrir a minha senha.
-Ainda não terminei. - disse-me com o
seu jeito galhofeiro.
-Prossiga, mestre.
-Se nessa senha de 5 caracteres você
misturar algarismos, letras e sinais, como o cifrão, terá 9 bilhões de combinações.
-Um número sideral. - manifestei-me.
-Você mistura, Daniel? - perguntou-lhe
o Claudio.
-Quanto mais obstáculos se levantar
para os hackers melhor.
E respondeu em seguida:
-Não misturo, não.
-Eu tenho uma mesma senha para o
computador do meu trabalho, para o ponto eletrônico e, se pudesse, também seria
a mesma do Banco do Brasil e do Santander... Falando nela, esqueci a senha.
-Não se lembra da senha do Santander,
Carlão?
-Está anotada na minha agenda.
-Uma vez, você me telefonou perguntando
qual era a sua senha do Banespa.
-Isso foi há uns 10 anos, Daniel.
-Carlinhos, você que está sempre com o
Luca, diga a ele que ainda espero o telefonema de felicitações pelo meu
aniversário. - era a Gina juntando-se a nós.
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