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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4361 Data: 09 de fevereiro de 2014
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DIA 9 DE FEVEREIRO: RÁDIO MEMÓRIA E OFIDIÁRIO EM FESTA
Travestido de Homem-Calendário, Sérgio
Fortes desenrolou os acontecimentos de 9 de fevereiro no Brasil e no mundo.
-Em 1909, nascia Carmem Miranda;
-Em 1964, deu-se a primeira apresentação
dos Beatles na televisão americana;
-Em 1994, Nélson Mandela era eleito o
primeiro presidente negro da África do Sul;
-Em 1821, nascia Dostoievsky;
-Em 1964, morria Ary Barroso;
-Em 1874, morria a Condessa de Ségur.
Quando Sérgio Fortes informou que, em 9
de fevereiro de 1945, nascia Mia Farrow, veio-me logo o pensamento: o ofidiário
deve estar em festa.
Como o escabroso caso Woody Allen e Mia
Farrow, mesmo requentado, agita, atualmente, até as rotativas do New York
Times, os dois se detiveram nele:
-Para mim, a Mia Farrow age como uma
mulher rejeitada.
Jonas Vieira, por outro lado, disse que
até os filhos que ela não teve com o Frank Sinatra, quando casada com o
cineasta, eram do cantor de “Night and Day”.
Mas Rádio Memória é música acima de tudo
e Sérgio Fortes foi encarregado de apresentar a primeira gravação. E, dessa
vez, o momento Cole Porter chegou mais cedo com “You Do Something To Me”,
gravação de 1962, com leitura instrumental.
Roberto Freire... Quem é Roberto Freire?
É um amigo do Jonas Vieira que lhe recomendou a pianista Maíra Freitas. Ao
ouvi-la, o titular do programa ficou acachapado (por que ele não usou mais este
verbete?), e pediu para o desfrute dos ouvintes “O Voo da Mosca”, de Jacob do
Bandolim.
Se os russos têm o besouro com Rimsky
Korsakov, nós temos a mosca.
Só depois de soada a última nota do
piano, foi informado que ela é filha do sambista Martinho da Vila.
Em seguida, Sérgio Fortes lembrou o
aniversário do seu pai – o barítono nasceu em 7 de fevereiro de 1923 – e pediu
“Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro.
Dois anos atrás, num programa de
sexta-feira da Rádio MEC, que se iniciava às 18 horas, sobre os acontecimentos
musicais da semana, através da história, homenageou-se Paulo Fortes com a sua
gravação, no papel de Cambro, da Fosca de Carlos Gomes, da ária D'amore le
ebbrazze.
Agora, o momento de o Jonas Vieira
esbanjar seu conhecimento sobre a música popular brasileira, principalmente
quando o Orlando Silva é partícipe dela.
-”Pixinguinha tocava na Praça Tiradentes
e Orlando Silva, que lá estava, ouviu a música, que se chamava “Carinhos” e
pediu uma letra para cantá-la”. - foram mais ou menos essas as suas palavras.
E prosseguiu citando o Pedro Caetano
como o primeiro letrista a ser convocado, mas, como sabemos, todos, prevaleceu
o Braguinha.
Era a vez das melodias e, como já
anunciara, Jonas Vieira manteve a sua preferência, no início desse domingo,
pela Maíra Freitas. A música escolhida foi composta por Arlindo Cruz, Sombrinha
e Luiz Carlos da Vila e se chamava: “O Show Tem Que Continuar”.
Imaginei que ouviria o som de um piano,
mas uma voz agradável e afinada sobressaiu.
-Além de excelente pianista, é uma
grande cantora. - concordaram todos.
Com a chegada da Pausa para Meditação,
calaram-se todos: Orlando Silva, Frank Sinatra, queridinhas e pestinhas do
Sérgio Fortes, porque a voz do José Maurício reinou absoluta por cinco minutos.
Tema da pausa: “O ser humano já nasce
feito?”
Só Mozart, que já nasceu pronto. -
respondi, mesmo sabendo que ninguém me ouvia.
-Fernando Milfond já testemunhou o
início do universo, o surgimento da roda...
Jonas Vieira de sarcástico passou a
filosófico e discorreu sobre o paralelismo entre ciência e fé.
A música popular brasileira o tirou
desse momento que não direi nietzschiano, porque o alemão era materialista,
-Não tem a Carmem Miranda, mas temos
Aurora Miranda.
E festejou os 115 anos da mais famosa
artista brasileira através da irmã.
-Ela gravou “Cidade Maravilhosa”, em
1934, que se tornaria o hino do Rio de Janeiro.
Aurora Miranda canta com André Filho, o compositor.
E pediu que nós prestássemos atenção no
arranjo de Pixinguinha. No que me diz respeito, prestei atenção suficiente para
afirmar que Cidade Maravilhosa é de André Filho e Pixinguinha.
Nos meus tempos de folião de baile
carnavalesco, os primeiros acordes do nosso hino provocavam uma decepção
generalizada, pois todos sabiam que chegava o fim da folia no salão. Nos meus tempos de investidor da Bolsa de
Valores, as raposas felpudas do mercado quando diziam que estava sendo tocada
“Cidade Maravilhosa” significava que a festa acabou, ou seja, as ações
despencariam.
Sérgio Fortes anunciou o cantor que não
era cantor, mas que cantava muito, ou algo parecido, Fred Astaire. Os autores
eram os dois irmãos que se completavam artisticamente. Na música clássica,
tivemos Tchaikovsky, cujo irmão Modest, também homossexual, segundo os
mexeriqueiros, escreveu os libretos das suas óperas. Já na música americana,
tivemos os irmãos George e Ira Gershwin. George Gershwin foi apaixonado pela
atriz Paulette Goddard e Ira também se apaixonou por mulheres; mas não sei
porque falo disso.
A gravação solicitada era “I Can't Be
Bothered Now” em versão instrumental.
Jonas Vieira não deixou as mulheres,
Maíra, Aurora e, a seguir, Fernanda Canaud. E, para coroar a sua preferência
pelas damas, uma compositora, a maestrina Chiquinha Gonzaga. A música “Lua
Branca”.
Mais um momento pianístico.
Prosseguindo, Jonas Vieira trouxe de
volta o Pixinguinha, agora, não só como aquele que escreve arranjos, mas também
como compositor.
-”Marreco Quer Água”.
Com o calor que incinera o Rio de
Janeiro atualmente, nós também queremos água.
Falando sério: “Marreco Quer Água” é
dessas músicas que nem o Vinícius de Moraes ousaria pôr letra.
-O flautim... o flautim. - encantou-se o
Jonas Vieira, embora o arranjo fosse de uma riqueza tímbrica única.
Sérgio Fortes trouxe uma gravação de
1942 de “Night and Day”, criação de Cole Porter, com o Frank Sinatra.
Considerando que havia menos nicotina e álcool, no organismo do cantor, a sua
voz estava esplendorosa.
Jonas Vieira apresentou Cidade Mulher,
afirmando que essa criação do Noel Rosa é superior à do André Filho. Pediu
atenção para a letra, o que sempre deve ser feito quando se trata do poeta da
Vila. Ouvimos, em seguida, Ivan Lins e Caetano Veloso numa interpretação
soporífera.
-A primeira gravação de “Cidade Mulher”
foi com Orlando Silva, mas como marcha. - fez a ressalva.
Se colocassem a marcha, eu não teria
cochilado.
Antes de o Rádio Memória terminar,
Sérgio Fortes não deixou que se concretizasse uma omissão imperdoável como
Homem-Calendário:
-Em 9 de fevereiro de 1997, faleceu
Mário Henrique Simonsen.
-O que ele estaria dizendo sobre o
Brasil de hoje?... especulou, com malícia, o Jonas Vieira.
O Brasil de Guido Mantega... Deus do
céu!
Quem indicou a Maíra Freitas ao Jonas Vieira foi o Roberto Paiva, e não Roberto Freire.
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