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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4360 Data: 07 de fevereiro de 2014
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CARTAS DOS LEITORES
-“Lendo a entrevista que o Roberto
Marinho concedeu ao Biscoito Molhado, fiquei intrigado com a citação do romance
“O Amor no Tempo do Cólera”, do Gabriel Garcia Marques, quando se aludiu à
terceira esposa do jornalista.”Margarida
BM: Como ficou registrado, Roberto Marinho viu Lily pela primeira vez em
1942, casada com o também jornalista Horácio de Carvalho, do Diário Carioca.
Lily de Carvalho havia sido Miss França e, no ano mencionado, ainda era muito
bela. Roberto Marinho se apaixonou, mas a sua declaração de amor só veio depois
que ela enviuvou; Horácio de Carvalho. faleceu em 1983. Roberto Marinho e Lily
se casaram em 1991, ou seja, ele esperou por ela durante, praticamente, meio
século.
Agora, leiam este trecho de “O Amor no
tempo do Cólera” traduzido por Antonio Callado: “Florentino Ariza esperou por
Firmina Daza por 51 anos, 9 meses e 4 dias.”
Roberto Marinho, justiça lhe seja feita,
não recuava com o passar do tempo. Recomeçou com 60 anos, quando colocou todos
os seus bens como garantia de uma dívida, participou de uma disputa de
equitação com 78 anos e se casou com 84 anos.
É verdade que nessa disputa ele se
machucou, mas isso só projeta os seus méritos.
-”Preciso
de um poliglota: o Ariel Sharon pode ser o da “Tempestade”, mas há uma
frequência de “ELS” nos judeus, Rafael, Gabriel, Samuel e pela aí.” Rosa
BM: Shakespeariana desde tenra idade, Rosa Grieco, naturalmente, ligou o
nome do político de Israel ao Ariel da peça “Tempestade” - espírito servil e
assexuado. A criançada e os admiradores dos bons desenhos animados se
lembrariam da Ariel, a Pequena Sereia.
Quanto à dúvida da Rosa, estamos também
na mesma situação, e acrescemos mais um nome, Jezebel. Acreditamos que o Elio
Fischberg seja esse poliglota.
-”Ouvi o Rádio Memória que o Biscoito
Molhado repercutiu com o do Dia da Marmota no título. Ora, o Sérgio Fortes,
como Homem-Calendário, desenrolou uma
série de acontecimentos em 2 de fevereiro. Por que, então, este
periódico se fixou apenas no animal que, pelo que sei, nem habita o Brasil?
Petúnia
BM: Depois de acionado, o Departamento de Pesquisas do
Biscoito Molhado que, às vezes, atende pelo apelido de Google, tentaremos
atender à sua curiosidade.
O Dia da Marmota é uma festa tradicional
nos Estados Unidos e no Canadá, celebrada no dia 2 de fevereiro. De acordo com
a tradição, deve-se observar a toca de uma marmota, se o animal sair dela por
estar nublado significa que o inverno terminou mais cedo, porém, se pelo
contrário, o dia for ensolarado, a marmota se assusta com a própria sombra,
retorna à toca, o que indica a duração por mais seis semanas do inverno.
Resumindo: a marmota tem o poder de
prever a duração do inverno.
O Dia da Marmota é o tema do filme do
filme “O Feitiço do Tempo”. Sinopse:
-Um repórter é escalado para cobrir as
festividades do Dia da Marmota numa pequena cidade da Pensilvânia nos Estados
Unidos. Ele pretende voltar logo para casa, mas o inesperado acontece, ele cai
no “feitiço do tempo”, e todos os dias que se seguem passam a se repetir sempre
iguais ao Dia da Marmota. Ao perceber o feitiço, passa a tirar vantagem da
situação, mas vem o tédio e o sentimento de frustração por não conseguir
escapar desse sortilégio.
As estações do ano exercem marcante
influência sobre nós e até mesmo no Natal, que era uma festividade pagã -
chamava-se Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invencível). Tratava-se
de uma homenagem ao deus persa Mitra, que era muito popular em Roma. As
comemorações ocorriam no solstício de inverno, o dia mais curto do ano. No
hemisfério norte, o solstício não tem data fixa, costuma ser no dia 22 de
dezembro, podendo cair no dia 25 desse mês. A data foi cristianizada e
passou-se a comemorar o nascimento de Cristo a partir do ano 354.
-”Debret, que retratou tantas coisas do
Brasil, era mesmo primo do pintor oficial do imperador Napoleão Bonaparte?
Senti-me mais orgulhoso de ser brasileiro ao ler no Biscoito Molhado a história
da Maria Leopoldina, embora eles sejam franceses, e ela austríaca. Violeta
BM: A pintura mais divulgada de Jacques-Louis David é a da coroação de
Napoleão Bonaparte. Antes de nos determos numa peripécia no trabalho do primo
de Debret, relembremos como se deu essa coroação.
A opinião pública foi mobilizada pelos
bonapartistas que pretendiam a implantação da França Imperial. Em plebiscito
realizado em 1804, aprovou-se a nova fase da era napoleônica com 60% dos votos
ou quase isso. Assim, o regime monárquico foi reinstalado na França, e Napoleão
o indicado a ocupar o trono.
A festa de coroação foi realizada dia 2
de dezembro de 1804 na Catedral de Notre Dame. O Papa Pio VII veio de Roma
especialmente para a cerimônia, mas, num gesto inesperado, Napoleão Bonaparte
retirou a coroa da mão do Pontífice e ele mesmo se coroou, em seguida, coroou
também Josefina como imperatriz; com esse gesto mostrou que não toleraria
autoridade alguma acima dele.
Coube a David retratar, artisticamente,
esse fato histórico e ele pôs logo mãos à obra.
Letícia Bonaparte detestava a sua nora
e, por isso, não compareceu à coroação do filho. Napoleão Bonaparte ordenou,
então, ao seu pintor que a colocasse na cerimônia e David, evidentemente,
obedeceu. Até o Papa Pio VII, se pintasse, obedeceria naquele contexto
histórico.
-”O prazer da leitura empata com as
alegrias gastronômicas. Voltei de Bruxelas na 1ª classe do “Pasteur”, tomado no
Havre, garantindo uns doze dias de acepipes, café, almoço, lanche, jantar e
ceia (estou salivando). Arranjei um tempinho para ler um pós-Rebecca da Du
Maurier e ocupar “toute seule” o salão de música. Valeu!
Na Bélgica, morrendo de frio, jurei
nunca mais reclamar do calor, tremia hermeticamente vestida, botas, saia e
ceroula de lã, suéter, mantô, cachecol e até um chapéu de feltro. Cheguei a
chorar.
Bem, vou trocar a água dos gatos, já
deve estar morna.” Rosa
BM: Rosa Grieco, com o calorão que nos estorrica há mais de um mês, não
duvido que a água dos seus gatos entrou em ebulição.
Aposto que você quebrou o juramento
feito na Bélgica. Abraços
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