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terça-feira, 25 de março de 2014

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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4378                              Data: 08   de março de 2014
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LENDO AINDA  O JORNAL

Leio no Globo, precisamente na coluna do Ancelmo Gois que, no seu dia – 8 de março – o que as mulheres querem mesmo é dar uma boa risada. Assim sendo, reproduzo uma piada que o meu amigo Luca me contou, impressa num recorte de jornal que ele tirou de um envelope. Tratava-se de um campeonato de futebol entre animais.
Jogavam as formigas contra as aranhas e o primeiro tempo do certame se encerrou com as aranhas vencendo por 8 a 0, porque faltavam pernas ao time das formigas. No segundo tempo, entrou a centopeia em campo do lado das formigas e mudou o placar; as aranhas perderam o jogo por um placar elástico. Os torcedores do time vencedor não entenderam por que a centopeia só entrou em campo no segundo tempo e abordaram o técnico.
-Por que demorou tanto?...
E o técnico das formigas esclareceu tudo:
-Demorou porque ela estava calçando as chuteiras.

Um carro, depois de capotar sete vezes no Vão Central da Ponte Rio-Niterói, caiu no mar.
 Esta notícia eu ouvi, primeiramente, no radinho de pilha, enquanto caminhava na quadra de futebol de salão da Praça Manet, poucos minutos depois do acidente.
-Morreram todos. - murmurei na hora.
No dia seguinte à quarta-feira de cinzas, li essa notícia, no jornal, bem esmiuçada.
A jovem, única ocupante do carro, resgatada por tripulantes de uma lancha de praticagem da Camorim, deve a sua vida ao cinto de segurança, principalmente. Ao colidir com a mureta, o air-bag foi eficaz, mas depois, com as sete capotagens que se seguiram, o cinto de segurança impediu que ela ficasse solta dentro do veículo, com o corpo indo com violência de encontro do painel e demais partes contundentes e, o que seria fatal, que fosse cuspida para fora.
Não posso precisar o ano em que se tornou obrigatório o uso do cinto de segurança nos carros neste país. Sei que quando as autoridades homologaram a obrigatoriedade, algumas pessoas tidas como inteligentes expressaram a sua oposição. Millor Fernandes foi visceralmente contra, cometendo o erro crasso de argumentar com a exceção em vez da regra.
Outro fato que chamou minha atenção desse acidente em que a vítima saiu sem uma fratura, apenas com lesão no baço, foi a queda de 50 metros no oceano. Direi por que.
Num livro do escritor inglês Lawrence Durell, que li anos atrás, havia um personagem, num penhasco que, para fugir, teria de mergulhar de onde se achava para as águas. O seu dilema cruel, que significava a sua sobrevivência, era saber a que altura o mar recebe com a dureza de um concreto os corpos que nele caem. Com o livro nas mãos, tamanha foi a empatia entre mim e esse personagem, que esse dilema passou para mim.
O romancista não dirimiu essa dúvida e eu, então, catei a resposta nas publicações de Física; nada encontrei e a minha curiosidade, com o correr do tempo, se desvaneceu.
Há uns seis meses, num programa didático de um canal de TV a cabo, jovens alegres tocaram nessa questão. Falaram do impacto dos objetos arremessados na água e do comportamento das suas moléculas de acordo com a altura da queda. E despertaram a minha atenção aludindo ao ponto em que o mar se tornava duro como uma rocha de granito.
-Enfim, vou saber... - animei-me.
E vieram as demonstrações dos jovens mestres de Física. Uma geringonça içou uma massa e, em seguida, deixou-o cair no mar. Ele se abriu e a recebeu. A geringonça ergueu mais alto outra massa e largou, o mar de novo se abriu e a recebeu.
Como a tal geringonça só tinha autonomia para levantar massas até 25 metros, perdi o meu tempo assistindo a essa aula de Física.
Agora, com essa notícia da moça que caiu com o carro do Vão Central da Ponte Rio-Niterói, fiquei, pelo menos, com uma certeza; a altura em que o mar se torna duro como concreto para os corpos que nele despencam é maior do que 50 metros. (*)


Pulei as páginas do noticiário sobre os dias de carnaval, mas não há como fugir de uma imagem a não ser que se pulem cadernos do jornal, o que só faço com os “Classificados”.
A imagem carnavalesca com que eu me deparei é de um folião fantasiado de Batman pedalando uma bicicleta.
Aí está uma boa ideia: amoldar a cidade de Gotham City ao ecologismo, trocando-se o Batmóvel pela... como direi, Batbike.
É verdade que Coringa, Pinguim. Charada e Mulher-Gato, com a vantagem da velocidade na fuga, gostariam de ver a cidade optando pelo verde.

Esta notícia, como outra tratada na última edição deste periódico, eu também li na coluna do Ancelmo Gois.
Devido à crise financeira no país governado pela Cristina Kirchner, a torcida argentina ficará fora dos estádios brasileiros na Copa do Mundo.
Até mesmo um pacote de viagem de ônibus para o Brasil, ao custo de 6 mil dólares, está fora das possibilidades financeiras do torcedor argentino. Apesar da rivalidade histórica entre nós e os hermanos, que sempre desaparece quando assistimos a um casal dançando a milonga, essa ausência será lamentável.
Nesse diapasão, aparecerá na Copa do Mundo apenas a entourage ligada à presidente.

No segundo caderno do Globo, do dia 7 de março, foi dedicada meia página à divulgação da Orquestra Sinfônica Brasileira, o que certamente alegrou o nosso amigo Sérgio Fortes, diretor da mesma, que apregoa o quanto pode as suas apresentações.
Quando, no programa Rádio Memória, eu escutei o violinista Luzer, que lá foi um domingo como convidado do Jonas Vieira e do Sérgio Fortes, destacar bem que tocava na Orquestra Sinfônica Brasileira Ópera e Repertório, e confesso que estranhei. Fico sabendo agora, com essa leitura do jornal, que se trata de uma orquestra surgida para abrigar 36 músicos que se negaram, em 2011, a se submeter a avaliações de desempenho impostas pelo maestro Roberto Minczuk.
Recordo-me que, na época, Sérgio Fortes remeteu umas trezentas mensagens eletrônicas diárias para todos aqueles que possuíam computadores em casa, inclusive eu, criticando o mencionado maestro.
Passaram uns meses, e deduzi que tudo estivesse resolvido, mas sei agora que não o foi totalmente; houve apenas um acordo temporário entre as partes conflitantes.
Também entendo, agora, por que o Sérgio Fortes disse que o Luzer levitava de felicidade porque a OSB Música e Repertório foi indicada para o International Opera Awards pela sua performance na ópera “Sonhos de Uma Noite de Verão”, de Benjamin Britten, realizada no Parque Lage.
Torceremos daqui que tudo termine harmonicamente, como pede a boa música.

(*) Sem pretender dar aula de Física ao redator do seu O BISCOTO MOLHADO, ou a seus leitores, este Distribuidor informa que depende da velocidade com que o corpo encontra a água. Essa velocidade deve aumentar com a altura, certamente, mas não é a única componente que influi. A forma do objeto e seu peso específico podem determinar alterações sensíveis na velocidade com que o objeto atinge a água. Como exemplo, imagine-se uma gaivota de papel, por mais alto que se a solte, ela chegará sempre com a mesma velocidade final.


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