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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4378 Data: 08 de março de 2014
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LENDO AINDA O
JORNAL
Leio no Globo, precisamente na coluna do
Ancelmo Gois que, no seu dia – 8 de março – o que as mulheres querem mesmo é
dar uma boa risada. Assim sendo, reproduzo uma piada que o meu amigo Luca me
contou, impressa num recorte de jornal que ele tirou de um envelope. Tratava-se
de um campeonato de futebol entre animais.
Jogavam as formigas contra as aranhas e
o primeiro tempo do certame se encerrou com as aranhas vencendo por 8 a 0,
porque faltavam pernas ao time das formigas. No segundo tempo, entrou a
centopeia em campo do lado das formigas e mudou o placar; as aranhas perderam o
jogo por um placar elástico. Os torcedores do time vencedor não entenderam por
que a centopeia só entrou em campo no segundo tempo e abordaram o técnico.
-Por que demorou tanto?...
E o técnico das formigas esclareceu
tudo:
-Demorou porque ela estava calçando as chuteiras.
Um carro, depois de capotar sete vezes
no Vão Central da Ponte Rio-Niterói, caiu no mar.
Esta
notícia eu ouvi, primeiramente, no radinho de pilha, enquanto caminhava na
quadra de futebol de salão da Praça Manet, poucos minutos depois do acidente.
-Morreram todos. - murmurei na hora.
No dia seguinte à quarta-feira de
cinzas, li essa notícia, no jornal, bem esmiuçada.
A jovem, única ocupante do carro,
resgatada por tripulantes de uma lancha de praticagem da Camorim, deve a sua
vida ao cinto de segurança, principalmente. Ao colidir com a mureta, o air-bag
foi eficaz, mas depois, com as sete capotagens que se seguiram, o cinto de
segurança impediu que ela ficasse solta dentro do veículo, com o corpo indo com
violência de encontro do painel e demais partes contundentes e, o que seria
fatal, que fosse cuspida para fora.
Não posso precisar o ano em que se
tornou obrigatório o uso do cinto de segurança nos carros neste país. Sei que
quando as autoridades homologaram a obrigatoriedade, algumas pessoas tidas como
inteligentes expressaram a sua oposição. Millor Fernandes foi visceralmente
contra, cometendo o erro crasso de argumentar com a exceção em vez da regra.
Outro fato que chamou minha atenção
desse acidente em que a vítima saiu sem uma fratura, apenas com lesão no baço,
foi a queda de 50 metros no oceano. Direi por que.
Num livro do escritor inglês Lawrence
Durell, que li anos atrás, havia um personagem, num penhasco que, para fugir, teria
de mergulhar de onde se achava para as águas. O seu dilema cruel, que
significava a sua sobrevivência, era saber a que altura o mar recebe com a
dureza de um concreto os corpos que nele caem. Com o livro nas mãos, tamanha
foi a empatia entre mim e esse personagem, que esse dilema passou para mim.
O romancista não dirimiu essa dúvida e
eu, então, catei a resposta nas publicações de Física; nada encontrei e a minha
curiosidade, com o correr do tempo, se desvaneceu.
Há uns seis meses, num programa didático
de um canal de TV a cabo, jovens alegres tocaram nessa questão. Falaram do
impacto dos objetos arremessados na água e do comportamento das suas moléculas
de acordo com a altura da queda. E despertaram a minha atenção aludindo ao
ponto em que o mar se tornava duro como uma rocha de granito.
-Enfim, vou saber... - animei-me.
E vieram as demonstrações dos jovens
mestres de Física. Uma geringonça içou uma massa e, em seguida, deixou-o cair
no mar. Ele se abriu e a recebeu. A geringonça ergueu mais alto outra massa e
largou, o mar de novo se abriu e a recebeu.
Como a tal geringonça só tinha autonomia
para levantar massas até 25 metros, perdi o meu tempo assistindo a essa aula de
Física.
Agora, com essa notícia da moça que caiu com o carro
do Vão Central da Ponte Rio-Niterói, fiquei, pelo menos, com uma certeza; a
altura em que o mar se torna duro como concreto para os corpos que nele
despencam é maior do que 50 metros. (*)
Pulei as páginas do noticiário sobre os
dias de carnaval, mas não há como fugir de uma imagem a não ser que se pulem
cadernos do jornal, o que só faço com os “Classificados”.
A imagem carnavalesca com que eu me
deparei é de um folião fantasiado de Batman pedalando uma bicicleta.
Aí está uma boa ideia: amoldar a cidade
de Gotham City ao ecologismo, trocando-se o Batmóvel pela... como direi,
Batbike.
É verdade que Coringa, Pinguim. Charada e Mulher-Gato,
com a vantagem da velocidade na fuga, gostariam de ver a cidade optando pelo
verde.
Esta notícia, como outra tratada na
última edição deste periódico, eu também li na coluna do Ancelmo Gois.
Devido à crise financeira no país
governado pela Cristina Kirchner, a torcida argentina ficará fora dos estádios
brasileiros na Copa do Mundo.
Até mesmo um pacote de viagem de ônibus
para o Brasil, ao custo de 6 mil dólares, está fora das possibilidades
financeiras do torcedor argentino. Apesar da rivalidade histórica entre nós e
os hermanos, que sempre desaparece quando assistimos a um casal dançando
a milonga, essa ausência será lamentável.
Nesse diapasão, aparecerá na Copa do Mundo apenas a entourage
ligada à presidente.
No segundo caderno do Globo, do dia 7 de
março, foi dedicada meia página à divulgação da Orquestra Sinfônica Brasileira,
o que certamente alegrou o nosso amigo Sérgio Fortes, diretor da mesma, que
apregoa o quanto pode as suas apresentações.
Quando, no programa Rádio Memória, eu
escutei o violinista Luzer, que lá foi um domingo como convidado do Jonas
Vieira e do Sérgio Fortes, destacar bem que tocava na Orquestra Sinfônica
Brasileira Ópera e Repertório, e confesso que estranhei. Fico sabendo agora,
com essa leitura do jornal, que se trata de uma orquestra surgida para abrigar
36 músicos que se negaram, em 2011, a se submeter a avaliações de desempenho
impostas pelo maestro Roberto Minczuk.
Recordo-me que, na época, Sérgio Fortes
remeteu umas trezentas mensagens
eletrônicas diárias para todos aqueles que possuíam computadores em casa,
inclusive eu, criticando o mencionado maestro.
Passaram uns meses, e deduzi que tudo
estivesse resolvido, mas sei agora que não o foi totalmente; houve apenas um
acordo temporário entre as partes conflitantes.
Também entendo, agora, por que o Sérgio
Fortes disse que o Luzer levitava de felicidade porque a OSB Música e
Repertório foi indicada para o International Opera Awards pela sua
performance na ópera “Sonhos de Uma Noite de Verão”, de Benjamin Britten,
realizada no Parque Lage.
Torceremos daqui que tudo termine
harmonicamente, como pede a boa música.
(*) Sem
pretender dar aula de Física ao redator do seu O BISCOTO MOLHADO, ou a seus
leitores, este Distribuidor informa que depende da velocidade com que o corpo
encontra a água. Essa velocidade deve aumentar com a altura, certamente, mas
não é a única componente que influi. A forma do objeto e seu peso específico
podem determinar alterações sensíveis na velocidade com que o objeto atinge a
água. Como exemplo, imagine-se uma gaivota de papel, por mais alto que se a
solte, ela chegará sempre com a mesma velocidade final.
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