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quinta-feira, 19 de junho de 2014

2637 - certeza de chegar machucado


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O BISCOITO MOLHADO
Edição 4887                                 Data:  16  de  junho de 2014
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DEPOIS QUE A BANDA PASSOU NO RÁDIO MEMÓRIA
PARTE I

Em 15 de junho de 1502, Colombo fez a sua última viagem à América.
Essa foi a primeira incursão do Homem-Calendário no Rádio Memória desse domingo.
Em 15 de junho de 1520, o Papa Leão X  excomungou Martinho Lutero.
E o Sérgio Fortes veio avançando no tempo.
-Em 15 de junho de 1667, foi feita a primeira transfusão de sangue.
Sérgio Fortes não se limitou só a esse fato.
-A transfusão foi feita com sangue de ovelha e redundou na morte do doente.
Sorte daqueles que vieram a ganhar dinheiro com doações de sangue; não seriam substituídos pelo gado ovino.- pensei.
Quando o Sérgio Fortes se referiu à chegada de Sacadura Cabral e Gago Coutinho ao Rio, no dia 15 de junho de 1922, ao Rio de Janeiro, num hidroavião, a sua veia satírica já se salientara.
-Saíram de Portugal no dia 30 de março; devem ter vindo a pé.
Jonas Vieira se acumpliciou com o piadista, mas nós, data vênia, como dizem os causídicos, temos de fazer justiça aos patrícios. Charles Lindbergh se tornou herói nacional – milhões o receberam na sua chegada a Nova York – porque atravessou o Atlântico, de avião, em 1927, ou seja, cinco anos depois do feito lusitano. A dupla de portugueses merecia versos épicos de um Camões, mas, pelo que se vê, as musas são bem mais marítimas do que aéreas.
O Homem-Calendário encerrou a sua participação lembrando que 15 de junho é o Dia da Conscientização da Violência Contra Idosos.
Em seguida, a voz roufenha do Simon Khoury se fez ouvir. Ele narrou, surpreendendo a nós, ouvintes, um caso de desentendimento automobilístico na zona sul, vivido entre ele e o Jonas Vieira contra uns jovens mal intencionados, que nos remeteu à perseguição de carros pelas ruas de São Francisco, Califórnia, do filme “Bullitt. Perseguição essa que, segundo o Dieckmann, não disfarça algumas imperfeições, como mudanças do painel do Mustang e das calotas.  No caso, agora, Simon Khoury era o Steve McQueen, naturalmente.
-Andar com Simon Khoury é certeza de chegar. - concluiu.
Como houve até capotagem na aventura que por ele descrita, Sérgio Fortes aproveitou a deixa:
-É certeza de chegar machucado.
-Hamleto...
Não pôde prosseguir porque o Sérgio Fortes interveio:
-O Simon inverte a pauta do programa.
E como inverteu! Revelou o nome do convidado do Rádio Memória antes dos apresentadores do mesmo. Fiquei, assim, na dúvida: será o Hamlet de Shakespeare, que alguns tradutores abilolados traduzem para Hamleto?
Como a oratória deixara, até o momento, a música sem espaço, Jonas Vieira foi objetivo.
-Qual é a música?
Era “Aroeira”, que chegou imediatamente aos nossos ouvidos.
Para recuperar o tempo musical perdido, emendou logo o pedido:
-Mais música.
-Querem ouvir o tema dele para “Passarim”, de Tom Jobim? - indagou o Simon Khoury.
-Vamos lá. - disse em uníssono a dupla de apresentadores.
Bem, caros leitores, as composições de Tom Jobim cada vez que são escutadas comprovam que ele foi o maior compositor brasileiro dos últimos 50 anos, como Ernesto Nazareth foi dos últimos 150 e Pixinguinha dos últimos 100.
Agora, sim, detiveram-se no convidado: Hermeto Stamato.
-Você tem um lugar fixo para tocar?- perguntou-lhe o Jonas Vieira.
Não, não tem; o Hermeto Stamato Trio, como saberemos, é um autêntico nômade da música instrumental.
No próximo dia 11 de julho, nós tocaremos no Contact TriOZ, Centro Cultural Brasil-Austrália, na rua Conde Lages 19, às 21 horas.
Ah, essa rua de tantas histórias!... O governador Carlos Lacerda chamou o então presidente Castelo Branco de “Anjo da Conde Lages”, porque nos quartos das prostitutas havia a imagem de um anjo. Mas isso é outra história.
E Hermeto Stamato prosseguiu:
-Neste mês de junho, muita gente se apresentará, em bares, num circuito de bossa nova, jazz, choro.
Deduzimos, assim, que a Lapa, principalmente, se transformará num bairro, como o centro de Paraty, que deleitará, com boa música, brasileiros e estrangeiros que vieram assistir à Copa do Mundo.
-Você tem cuidado com as mãos, a sua matéria-prima? - a pergunta partiu do Simon Khoury.
Respondeu que não toma todos os cuidados que deveria; faz alongamentos dos dedos, mas não é sempre, por causa do esquecimento, e informou que já sofreu com uma tendinite. Nada sério comparado com o que houve com Robert Schumann, no século XIX, que,  pretendendo, na mocidade, ser um virtuose do piano, usou uma geringonça para alargar o alcance dos dedos das mãos e as danificou irreversivelmente. Perdeu-se um virtuose, mas ganhou-se um dos maiores compositores da era romântica.
-Você não pode brigar? - provocou-lhe o Jonas Vieira, sentindo, talvez, o rescaldo da sua aventura automobilística com o Simon Khoury.
-Não; eu sou da paz.
A palavra retornou ao Simon Khoury:
-Tenho impressão que o Hamleto se apresentou mais mais lá fora do que aqui, no Brasil. Esteve na Rússia.
E voltou-se para ele:
-Foi mais gratificante tocar para as meninas do Balé Bolshoi ou com o Hermeto Pascoal?
-São momentos diferentes. Fui à Rússia vinte anos atrás, no começo da minha carreira, com o Fogueira Trio que, para mim, foi uma escola.

2 comentários:

  1. Corrigindo: Fogueira Três e não Fogueira Trio.

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    1. Em alguns momentos, o nome do Hamleto está trocado por Hermeto.

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